Capítulo 45



NO CAPÍTULO ANTERIOR...




- Cara, eu fiz besteira. Eu estou ferrado! – disse, parecendo estar aflito. soube que se tratava de coisa séria e mudou rapidamente de atitude.
- O que aconteceu? – o olhou, preocupado.
- Ontem a noite eu... – hesitou dizer. – Eu não sou mais virgem, cara. – falou de uma vez.
- O que? – arregalou os olhos e sorriu. – Está brincando? – começou a rir. – Porque está ferrado? – sabia que isso era quase uma vitória para um homem. – Se é por causa do , relaxa. Ele não vai descobrir. Você não está ferrado! – tentou tranquilizar o amigo.
- Foi com a Amber. – jogou a bomba na cara do amigo. – Eu dormi com a Amber! – repetiu, pois pareceu não ter entendido da primeira vez.
- Cara, você está muito ferrado! – olhou sério para o amigo e negou com a cabeça como se estivesse reprovando a sua atitude.





Capítulo 45 – Conteúdo Misterioso



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- É o que eu estou dizendo! – abriu os braços e deu um longo suspiro. – Eu... – Ele não sabia como continuar.
- Cara, eu não quero te deixar ainda pior, mas... – olhou para o amigo, sério. – Eu conheço a e ela nunca, nunca vai te perdoar por isso. – Apesar de ter feito besteira, não estava com raiva do amigo.
- Me perdoar? – Apontou pra si mesmo. – É, pelo jeito você não está sabendo de toda história. – sorriu, sarcástico.
- Que história? – ficou ainda mais sério que antes.
- Lembra que a disse que viria pra cá ontem? – se aproximou do amigo, sentando em um dos degraus da escada da varanda da casa de .
- Sim, o aniversário de namoro. – se recordou.
- Aniversário de namoro? É... – fez careta e negou com a cabeça.
- Qual é o problema? – continuava sem entender.
- O problema é que ela não veio. – olhou para ver a reação de .
- Eu sei. Ela teve alguns problemas no hospital. – não achou que o problema fosse aquele.
- Não, não foi por isso. – rapidamente me desmentiu.
- Como não foi? Ela disse. – estranhou e ficou de frente pro , esperando que ele o olhasse. - Ela mentiu! – disse grosseiramente, depois de levantar o seu rosto para olhar seu amigo. – Ok? Ela mentiu... como sempre! – Ele reafirmou.
- Porque ela mentiu? – queria que fosse mais claro.
- Porque ela estava com medo! Ela estava morrendo de medo de me enfrentar, de olhar na minha cara depois de tudo o que ela fez! – dizia tudo com tanta raiva, que deixava ainda mais confuso.
- Tudo o que ela fez? , eu não estou entendendo nada! Diz logo o que aconteceu! – estava ficando maluco.
- O que aconteceu foi que ontem eu recebi uma carta dela. Na carta ela dizia que estava terminando o nosso namoro porque conheceu outro cara! Foi isso que aconteceu! – não conseguia controlar a sua raiva quando falava daquele assunto.
- Não... – demorou para processar a informação. – Ela não... – negou com a cabeça.
- Sim! Ela me traiu! – reafirmou para ver se a ficha de caia. – A ingênua, a inocente e pobre me traiu! – Ele ironizou.
- Eu não consigo acreditar. – ficou conturbado. – Eu não esperava por isso. Ela...- não continuou a frase, pois estava extremamente perplexo.
- Se ela não contou pra você, aposto que não contou pra ninguém. Ela sabe que o que fez não foi certo. – rolou os olhos.
- Mas... e você? – finalmente se deu conta de que não devia estar nada bem com o término. – Você está bem com tudo isso? – o olhou, sério.
- Eu estou bem. – não deu muito atenção e ergueu os ombros para demonstrar indiferença.
- Está mesmo? Porque aparentemente o que aconteceu na noite passada foi uma consequência desse ‘bem’ que você diz sentir. – estava tentando cavar mais fundo. Uma hora acabaria cedendo.
- Você está achando que eu fiquei com a Amber pra me vingar da ? – A grosseria de ia diminuindo aos poucos.
- Sinceramente? Acho. – foi sincero. não pareceu ter gostado da afirmação, mas a única coisa que fez foi negar com a cabeça.
- Cara, eu senti tanta raiva dela. – mordeu o lábio inferior por alguns segundos. – Eu ainda sinto e eu não se algum dia isso vai passar. Eu confiava nela, eu me joguei de cabeça nisso e ela sabia como eu me sentia. Ela sempre soube o que eu senti por ela. – estava feliz por não sentir vontade de chorar ao voltar a falar daquele assunto. Não é como se ele tivesse superado, mas a raiva era muito grande. – Ontem a noite eu estava me sentindo um idiota por ter deixado ela me passar pra trás. – Ele explicou.
- É você quem sempre faz isso, certo? Todas aquelas garotas que costumavam a se jogar aos seus pés. Nenhuma delas te fez passar por isso. – não disse por mal, mas foi uma coisa que ele não pode deixar de pensar na hora.
- Não, eu nunca dei esperança pra nenhuma delas. Cada uma delas sabia que não passaria de um beijo. Elas sabiam que não existia sentimento, mas a sabia. Ela sabia o quanto eu amava ela, o quanto eu queria ela. Parece que ela ficou comigo só pra me dispensar. – apoiou os cotovelos nas coxas e as mãos dele eram encaradas por seus olhos. – Ela encontrou um cara melhor que eu e eu me senti um lixo. Ontem a noite eu só conseguia pensar que eu não era bom o suficiente. Eu senti como se eu não tivesse sido suficiente pra ela, eu senti como se eu fosse... nada. Foi então que a Amber apareceu. – riu rapidamente de si mesmo sem emitir som. – Era tudo o que eu precisava naquele momento. Alguém que levantasse a minha autoestima e voltasse a me dizer o quão bom eu era. – explicou sem se orgulhar do que estava dizendo.
- Amber sempre foi apaixonada por você. Ela sempre gostou de você! É claro que ela tinha as melhores coisas para falar sobre você. – negou com a cabeça. Para ele é como se Amber tivesse se aproveitado de um momento de vulnerabilidade.
- Eu estava vulnerável e ela estava lá por mim. Não foi difícil ela conseguir o que queria. Ainda mais porque ela estava usando um shorts muito curto e apertado. – rolou os olhos e riu rapidamente.
- E agora você está arrependido. – concluiu.
- Arrependido não, porque na hora eu quis. Eu não estava bêbado, ela não se aproveitou de mim. Eu quis! Talvez não tenha sido pelos motivos certos, mas eu quis. – não podia colocar toda a culpa na Amber também.
- Então qual é o problema? O que você está fazendo na minha porta ás 6 da manhã? – abriu os braços.
- O problema é que tem uma garota seminua na minha cama e eu não quero lidar com isso. – suspirou. – Eu só dormi com ela e não a pedi em casamento. – fez careta.
- , é você? – olhou de um jeito engraçado pro .
- Não! É sério! Eu preciso mesmo assumir um compromisso com ela agora? Porque eu não amo ela! Eu não estou e nem nunca estive apaixonado por ela. – explicou o seu grande dilema.
- E você não pensou nisso ontem a noite? Não sabia que não era ela que você queria? – começou a julgar .
- Sabe o que é pior? Eu pensei! Eu pensei que não era ela quem eu queria. Eu estava bem ciente de quem eu queria. – voltou a negar com a cabeça. – Eu sei o quão ridículo isso vai soar, mas... eu pensei na . Eu estava ali com a Amber e a única coisa que eu conseguia pensar era o quanto eu queria que fosse a ali. Eu tentei lutar, mas eu sou fraco! Eu sou fraco mesmo! Que se dane! – parecia que voltaria a ficar irritado. – A acabou comigo, ela me jogou no fundo do poço! Porque eu deveria deixar com que ela interferisse nas minhas atitudes, nas minhas ações? Eu não devo mais nada a ela! – A raiva definitivamente voltou.
- Você não falou com ela depois da carta? – perguntou.
- Acha mesmo que eu ia ligar pra ela? Acha mesmo que eu ia atrás dela dessa vez? Eu quero que ela se ferre! Ela encontrou outro trouxa? Que se dane! Duvido que o pobre rapaz ature mais de uma semana! – parecia ter tirado uma tonelada de suas costas depois de dizer aquilo.
- Então é assim? Você não vai querer uma explicação? Você não quer falar umas verdades pra ela? – não acreditava que aquela carta ia ser o nosso último contato.
- Eu não quero saber de porra alguma. Eu não quero nada dela! Ela é adulta, ou pelo menos acha que é. Deve saber o que está fazendo! Se não sabe, ela que sofra as consequências sozinha. Sozinha não, né! – sorriu ironicamente e rolou os olhos.
- Ok, você odeia ela! Eu já entendi, mas e a Amber? O que vai fazer com ela agora? – resolveu focar no problema principal.
- Eu esperava que você me dissesse! – abriu os braços ao olhar desajeitadamente para o amigo.
- Eu? – apontou pra si mesmo e riu. – Bem, você não sente nada por ela? – insistiu.
- Ela é a minha amiga ou era, não sei. – parecia confuso. –Mas nunca passou disso. Eu nunca senti nada no sentido amoroso por ela. Nunca chegou nem perto disso. – explicou.
- Nunca? Nem quando você quase namorou ela? – pareceu mais surpreso do que deveria.
- Nunca... – negou com a cabeça e olhou para o amigo. – Eu sei que ela é bonita. Eu sei o jeito que os caras olham pra ela, mas isso não me faz querer agir como eles, isso não muda o que eu sinto por ela. – foi extremamente sincero. – Ela é importante pra mim. Nós sempre nos demos bem, gostamos das mesmas coisas e nos divertimos muito juntos, mas eu não quero que tenhamos nada além disso. – Ele finalizou.
- Isso não mudou nada depois de ontem? Quer dizer, você não olha pra ela com outros olhos agora? O que aconteceu ontem a noite... – não sabia como dizer. – Você não quer que aconteça de novo? – Ele perguntou.
- Honestamente? Não. Eu não sei nem como olhar na cara dela agora. Eu não sei como dizer pra ela que o que aconteceu ontem a noite foi mais auto ajuda do que prazer. – parecia muito incomodado com o assunto. – E eu sei o quanto isso soa egoísta. Eu sei! Eu devo ser o cara mais idiota e insensível de todo o mundo, mas eu não quero ficar enganando a mim mesmo de uma coisa que eu não sinto e pior, eu não posso enganá-la. – Ele negou com a cabeça.
- Quer saber o que eu penso? – só diria se realmente estivesse interessado em ouvir.
- Quero. – nem hesitou.
- Eu acho que você está machucado. Eu acho que você não superou e não vai superar tão cedo o fato de que a garota que você ama não te ama mais. Eu também acho que o que aconteceu ontem a noite não foi por maldade sua. Na verdade, eu acho que a maior vitima disso tudo é você e não a Amber. Você precisava se sentir amado, você precisava recuperar a sua autoestima e saber que alguém ainda te queria. Você precisava saber que o problema era a e não você e a Amber te disse isso. A Amber sempre te disse isso. Ela sempre achou que você era bom demais para a garota que ela odiou a vida toda. O ódio dela se juntou ao seu e quando eles se tornaram um só, você achou que isso era bom. Bom o suficiente pra te convencer de que você poderia levá-la pra cama. – fez uma breve pausa. – E então você acordou hoje de manhã e descobriu que não havia ódio algum. Era mágoa o tempo todo. – Quando disse isso, viu concordar com a cabeça. – Em um dia você acordou pensando em uma garota e no dia seguinte acordou ao lado de outra. Pode até ter sido bom, mas você nunca vai saber por que não foi com quem você queria que fosse. O fato da não ter sido parte disso torna isso quase que uma noite qualquer pra você. – estava dizendo a dura verdade.
- Eu queria poder esquecê-la. Eu juro que se tivesse um jeito de apagar cada lembrança, eu apagaria. – abaixou o rosto ao dizer aquela frase dolorosa.
- Sabe que eu nem me lembro como você era antes de gostar dela. Você gosta dela desde sempre. – comentou e sorriu.
- Nem eu... – concordou ainda com um fraco riso no rosto. – Mas eu vou me lembrar. – Ele disse, convicto.
- Mas antes disso, você tem que lidar com a Amber. – voltou a realidade. – Eu acho que você devia ir pra casa e ser honesto com ela. Você disse que ela é importante pra você, então você tem que fazer isso por ela. – Ele aconselhou.
- É, eu acho que você está certo. – afirmou com a cabeça.
- Eu acho que você não pode confundir a raiva pela com o afeto pela Amber. – disse.
- Eu entendi. – se levantou, certo do que tinha que fazer. – Eu vou até lá então. – Ele parou na frente do amigo.
- Espera, eu posso perguntar uma coisa? – estava curioso demais para deixar passar.
- Pela sua cara, já sei que vai ser uma idiotice, mas vai em frente. – segurou o riso ao ver a cara engraçada que fazia.
- Como foi? – ficou meio sem jeito, mas ele era cara de pau mesmo. – Quer dizer, dizem que a primeira vez é uma merda, então... – começou a rir.
- Como foi? – riu sem imitir som. – Como eu posso te explicar? – Ele disse, pensativo. – Lembra daquele aniversário do em que nós fomos na casa dele? A casa estava cheia de convidados, estava toda decorada e tinha aquela mesa enorme de doces que só podiam ser comidos depois do parabéns. – começou a contar e parecia se lembrar.
- E nós tivemos a brilhante ideia de roubar os doces para comer antes da hora. – começou a rir ao se lembrar da cena.
- Sim e quando nós fomos roubar os doces, nós sem querer esbarramos na mesa e derrubamos tudo. Nós praticamente acabamos com a decoração que a mãe dele devia ter levado uma semana pra fazer. – também começou a rir.
- Eu acho que a mãe dele nos odeia até hoje por isso. – não conseguia parar de rir.
- Se lembra daquela sensação que tivemos depois que tudo aconteceu? Se lembra que nós nos sentíamos os piores garotos do mundo? – perguntou.
- Eu lembro! Eu me senti horrível! – recordou.
- A noite passada foi bem parecida. Na hora de comer foi incrível, mas depois você para e pensa e vê o quão idiota e patético você foi, porque você não fazia ideia do que estava fazendo. – disse e só faltou rolar no chão de tanto rir com aquela comparação.
- Cara, você já pensou em escrever um livro? Isso foi brilhante! – estava se controlando para parar de rir.
- E você ainda nem ouviu a moral da história. – agora estava rindo da reação de .
- E qual é? – segurou o riso para ouvir.
- Se você for roubar um doce em festa, roube um que também está esperando ser comido pela primeira vez. Dois mal comidos é melhor que um. – disse e voltou a cair na gargalhada.
- Olha pra mim, eu estou chorando! – disse, enquanto secava os olhos encharcados de tanto rir.
- Espero que tenha entendido o meu recado e que siga o meu conselho. – estava feliz pelo fato de que pelo menos a sua desgraça havia servido para alegrar .
- Eu entendi! Mais claro que isso impossível. – segurou o riso.
- Beleza, então agora eu vou pra casa. Eu tenho um problema pra resolver. – suspirou, desencorajado para fazer o que tinha que fazer.
- E eu tenho que dormir. – arqueou a sobrancelha, insinuando novamente que havia acordado ele.
- Desculpa ter te acordado e obrigado por tudo isso. Ajudou muito. – foi até o amigo e estendeu a mão. estendeu a sua mão e eles fizeram o seu rotineiro toque de mãos.
- Não tem problema, cara. Só... – hesitou dizer. – Se cuida, ok? Você não precisa passar por isso sozinho. Eu estou aqui por você. – Ele sorriu fraco.
- Eu vou ficar bem. Você sabe que eu vou. – forçou um sorriso para que ficasse menos preocupado.
- Me liga. – disse, vendo começar a se afastar.
- Só se eu ficar carente. – gritou de longe, enquanto continuava caminhando em direção ao carro.
- Promete? – voltou a gritar e não respondeu, apenas olhou para trás e riu.

entrou em seu carro e seguiu em direção a sua casa. Ele tentava elaborar um bom discurso, mas tudo parecia patético ou insensível demais. Pensou no quanto tudo aquilo era desnecessário. Porque foi fazer aquilo na noite passada? Porque havia complicado as coisas que já estavam complicadas até demais? Chegou em seu prédio e parou o carro na garagem. estava dentro do elevador e ainda sim estava torcendo para que Amber já tivesse ido embora. Ele adiaria aquela conversa o máximo que pudesse. Saiu do elevador e depois de ir até a porta de seu apartamento, a encarou por um tempo. Amber estava lá ou não estava? Tocou a maçaneta, esperando que a porta não se abrisse. A porta abriu e ele rolou os olhos e negou rapidamente com a cabeça. Abriu a porta por completo e viu que Amber não estava por ali. Fechou a porta e foi andando lentamente pela casa. A casa estava vazia, mas ainda faltava checar o seu quarto. Abriu a porta e colocou os pés dentro do quarto e logo avistou Amber sentada em uma cadeira que havia ali. Os braços dela estava em torno de suas pernas e os pés também estavam sobre a cadeira. O queixo de Amber estava apoiado em um de seus joelhos. Mesmo percebendo que estava ali, Amber não se moveu. Só o fato dela não ter se movido já fez perceber que ela já havia entendido tudo o que estava acontecendo ali. Pronto! já estava se sentindo um merda.

- Aqui está você! – disse, dando alguns passos e direção a cama, que ficava em frente a cadeira que Amber estava sentada.
- Não se preocupe, eu já estou indo. – Amber se levantou rapidamente da cadeira e nem sequer olhou para o . Ele rapidamente a alcançou e segurou um de seus braços.
- Espera! Vamos conversar. – fez ela voltar alguns passos.
- Conversar sobre o que? Sobre o seu arrependimento de ontem a noite? – Amber o olhou, furiosa.
- Vai com calma, ok? Senta. – pediu, afastando-se e sentando na beirada de sua cama. Amber fez o mesmo, mas sentou-se na cadeira, ficando de frente para o .
- Eu só quero saber de uma coisa, ! Você se arrepende? – Amber tinha lágrima nos olhos.
- Amber, eu... – não conseguiu continuar, porque não sabia como continuar.
- SE ARREPENDEU OU NÃO? – Amber gritou, furiosa.
- Não! – responde, sentindo pressionado. – Eu não me arrependi, ok? – respirou fundo para se acalmar. – Mas... – Ele suspirou longamente. Era difícil dizer.
- Mas o que? – Amber insistiu.
- Eu não sei se eu faria de novo. – deixou de olhá-la porque não se orgulhava do que estava dizendo.
- E como isso pode não ser um arrependimento? – Amber rolou os olhos, impaciente.
- Olha, eu não sou hipócrita. Seria bem mais fácil pra mim dizer que eu me arrependo porque eu estava fora de mim, mas eu sei que na hora eu quis. Foda-se os meus motivos, mas droga! Eu quis! – demonstrou a raiva que estava de si mesmo. – Mas hoje, depois de pensar sobre tudo isso, eu sei que isso não deveria ter acontecido. – Ele tentava ser mais sensível possível.
- Seus motivos... – Amber ironizou com uma falsa risada. – Você acha que eu não sei o que isso quer dizer? – Amber voltou a olhá-lo, enquanto secava as lágrimas em seu rosto.
- Eu sei o que parece. – se sentia cada vez pior com aquela situação.
- Que vingança seria melhor do que dormir com a garota que a mais odeia no mundo, não é? – Amber negou com a cabeça, novamente ironizando.
-Você falando assim até parece que eu planejei tudo isso. – deixou de olhá-la. – Aconteceu. – ergueu os ombros.
- Aconteceu? Simples assim? Então as minhas roupas foram tiradas misteriosamente do meu corpo? – Amber não dava descanso.
- Eu já falei que eu quis, ok? Você acha o que? Que eu vou fingir que nada aconteceu? – voltou a olhá-la, irritado. – Eu me lembro de tudo e eu sei de tudo o que eu fiz. – respondeu grosseiramente.
- Ah, lembra? Então me tira uma dúvida! – Amber mudou o seu posicionamento na cadeira para que pudesse olhar o rosto de de mais perto. – Você pensou nela ontem a noite? – Ela o observou. – Em nenhum momento você pensou no quanto ela ficaria machucada ao saber o que você estava fazendo e com quem estava fazendo? – Ela refez a pergunta.
- Nós temos mesmo que falar dela? – fugiu da pergunta, mas Amber percebeu.
- Você pensou! – Amber suspirou longamente, negando com a cabeça.
- ESQUECE ELA, OK? – se exaltou. – Ela já era! Ela é passado! Nada mais do que eu faço é pensando nela, então acho que está na hora de você fazer o mesmo. – foi propositalmente estúpido. Ele não queria mais falar em nada que estivesse relacionado a mim.
- Sabe quantas vezes eu já te ouvi dizer isso? – Amber voltou a enfrentá-lo.
- É diferente dessa vez! Dessa vez é pra valer e eu nunca falei tão sério em toda a minha vida. – olhou seriamente para a Amber.
- Então porque você está agindo assim? – Amber se sentiu um pouco melhor com relação a tudo. Pelo menos eu já era carta fora do baralho.
- Porque eu não sei se essa noite significou pra mim o quanto significou pra você. – foi extremamente sincero.
- Isso é normal! Foi a sua primeira vez. – As lágrimas nos olhos de Amber aos poucos foram desaparecendo.
- Não tem a ver com isso. – logo tratou de acabar com o resto de esperança que Amber fazia questão de manter.
- Então tem a ver com o que? – Amber perguntou, impaciente.
- Tem a ver com o jeito que eu me sinto sobre você. – retrucou no mesmo instante. Amber o encarou, sentindo medo de fazer a pergunta que queria fazer.
- E como você se sente sobre mim? – Amber engoliu seco, nervosa. a odiou por dois segundos por ela estar forçando ele a falar uma coisa que não queria dizer.
- Amber... – hesitou e deixou de olhá-la por poucos segundos. – Eu não amo você. Não do jeito que você quer. Você é a minha amiga e eu me importo muito com você. É só por isso que eu não quero que você crie falsas esperanças sobre isso. – falou da melhor forma que conseguiu. – Desculpa... – Ele negou a cabeça, odiando a si mesmo.
- Se você se sente assim, como foi que aconteceu tudo aquilo ontem a noite? – Amber não conseguia entender.
- Aconteceu porque eu estava mal e muito carente. Eu sei o quão ruim isso soa. – riu rapidamente de si mesmo. – Eu me sinto um cafajeste agora. – Ele mordeu um lábio inferior.
- E quem garante que isso não vai acontecer de novo? Você está solteiro agora e vai viver carente agora. Prefere acabar com a sua carência com uma qualquer? – Amber perguntou e a olhou, surpreso.
- Você... – arqueou a sobrancelha e riu. – Você está falando sério? – Ele terminou a pergunta.
- É claro que eu estou! – Amber segurou o riso.
- O que isso quer dizer? – abriu os braços, confuso. – É sério! Me explica porque eu definitivamente não entendi. – não achou que tivesse escutado direito.
- Quer dizer que... – Amber sorriu sensualmente e levantou-se da cadeira. Foi até a beirada da cama em que estava sentado e em um momento de extrema ousadia, sentou-se em seu colo, colocando uma perna em cada lado do corpo dele. – Por mim tudo bem se eu tiver que ser o seu brinquedinho de carência. – Amber apoiou seus braços nos ombros de .
- Meu o que? – arqueou a sobrancelha, afastando seu rosto do dela.
- Qual é, ! – Amber rolou os olhos. – Você está solteiro! Eu estou solteira! Porque não podemos sair as vezes e nos divertir. Já ouviu falar de amizade colorida? – Amber voltou a aproximar seu rosto do dele.
- Ok, espera. Espera um pouco. – segurou a sua cintura por poucos segundos e a tirou de seu colo, jogando ela delicadamente na cama. Ele se levantou e virou-se pra ela. – Mesmo depois de tudo o que eu disse você ainda quer isso? – Ele perguntou, incrédulo.
- Você está mesmo surpreso? – Amber revirou os olhos. – Você sabe como eu me sinto. – Ela explicou.
- É exatamente esse o problema. Eu não sinto! – disse novamente para o caso de ela não ter escutado da primeira vez.
- Eu não estou te pedindo pra sentir nada! Estou pedindo pra que você dê uma chance pra que possamos passar um bom tempo juntos. – Amber dizia como se fosse a coisa mais normal do mundo. – Eu não estou pedindo pra que você assuma um compromisso e nem pra você colocar uma aliança no meu dedo. Estou pedindo pra irmos vivendo isso quando tivermos vontade. – Ela ergueu os ombros.
- Eu não sei... – deixou de olhá-la, pensando em como dizer um ‘não’ educado. – Eu acabei de sair de um relacionamento. Eu não quero me envolver em nada agora. – Ele olhou pra ela novamente para saber a reação dela ao ouvir aquilo.
- Então não se envolva! – Amber forçou um sorriso. – Quando um não quer, dois não brigam, né? – Amber levantou-se da cama.
- Não vai ficar brava, né? – perguntou ao vê-la começar a vestir sua roupa.
- O que você acha, ? – Amber olhou pra ele, irritada.
- Inacreditável. – suspirou, imaginando se tem alguém mais ferrado que ele no mundo. Tudo dá errado!
- Sabe o que é inacreditável, ? – Amber colocou sua blusa e deu alguns passos em direção a ele. – É ver você desperdiçando a sua vida por causa dessa garota patética que nunca deu a mínima pra você! É ver você perdendo todas as suas oportunidades de ser feliz, enquanto ela está com outro na cama dela! – Ela sabia o quão dura estava sendo.
- E o que você quer que eu faça? – disse um pouco mais alterado que o normal. Era só falar no meu nome que tudo mudava.
- Eu quero que se permita viver! Eu quero que se permita gostar de outra pessoa. Como você vai esquecê-la se você não quer esquecê-la? Como você vai esquecê-la sem se envolver com outras garotas? – Amber disse grosseiramente.
- O que está dizendo? Está dizendo que se eu sair hoje a noite e beijar 10 garotas que eu nunca vi na vida eu vou conseguir esquecer a ? – ironizou.
- Não! Estou dizendo que talvez uma garota seja o suficiente. Basta você permitir! Basta você deixar de ser tão cabeça dura e tão, tão... – Amber procurou a palavra certa. – Tão certinho como a sempre fez você ser. – Ela desabafou.
- Certinho? – apontou pra si mesmo. – Parece até que você não me conhece, né? – Ele riu da amiga.
- Eu conhecia o outro ! O divertido! Aquele que fazia o que queria, na hora que queria e que não estava nem ai para o que os outros iam pensar, que não estava nem ai para o que a ia pensar! – Amber disse, deixando sem palavras. Ele a olhou, furioso.

Ouvir a verdade em um momento tão critico como esse nem sempre é uma boa coisa. Ele sabia muito bem que tudo o que Amber estava dizendo era verdade. Ele sempre soube quem ele era antes de nós ficarmos juntos. Ele adorava ver as garotas se jogarem aos seus pés e adorava ser o cara mais desejado da escola. Todos os garotos queriam ser ele. Todas as garotas queriam estar com ele. A verdade é que ele era o rei da escola e de qualquer outro lugar por onde ele passava. Ele gostava de se sentir daquele jeito. Ajudava a sua autoestima e o seu ego.

- Desculpa, mas você tinha que ouvir isso. – Amber pegou o seu celular e olhou em volta para ver se já tinha pego tudo o que era seu. Ela se aproximou de , que ainda procurava uma resposta. Amber colocou seu rosto bem próximo ao dele e o olhou nos olhos. – Quando você decidir parar de agir como se fosse a putinha dela, você me liga. – Amber se aproximou ainda mais, roubando um selinho dele. Saiu pela porta sem olhar pra trás.
- Era só o que me faltava. – esbravejou, jogando-se na cama.


Era domingo e agora eu já tenho 19 anos. Quem se importa? Foi o pior aniversário de toda a minha vida. Era um pouco mais de 10 da manhã e eu já estava acordava. Não se precisa acordar quando não se dormiu a noite toda. Talvez eu tenha tirado alguns cochilos, mas dormir? Não. Não de verdade. Não sei se já havia sentido tanta pena de mim mesma de uma só vez. Me olhar no espelho e ver meus olhos vermelhos e inchados me fez sentir pena. Eu acho que nunca fui tão dependente de uma pessoa quanto eu havia me tornado dependente do . As vezes eu acho que tudo valeu a pena e que poucas pessoas vão ter a chance de viver um amor como aquele. Outras vezes eu acho que nenhum grande amor vale a pena tanto sofrimento. Nada é para sempre e eu deveria ter pensado nisso quando me apaixonei por aquele capitão do time de futebol idiota. Como eu poderia saber que todo aquele amor quase que platônico que ele sempre sentiu por mim acabaria. Então sim. Eu preciso de alguns dias, talvez algumas semanas para superar isso.

- Ei! – A voz de pareceu ter me tirado de um transe. – O que está fazendo aqui sozinha? – perguntou, sentando-se do meu lado e um das cadeiras que havia no quintal da minha casa.
- Eu estava só...pensando. – Eu forcei um sorriso e voltei a encarar a piscina em minha frente. Estava um pouco frio, então eu estava encolhida.
- Pensando... – afirmou com a cabeça. Já sabia quem era o dono dos meus pensamentos.
- Sabe que às vezes eu acho que ele vai aparecer na minha porta, quebrando tudo e me falando um monte de besteiras. – Eu olhei pra e aos poucos um sorriso surgiu em meu rosto. – E depois de toda gritaria, ele acabaria cedendo e começaria a falar aquelas coisas que ele sempre diz e me faria aceitá-lo de volta. – Eu sorri sem mostrar os dentes.
- E se ele vier? – não descartava aquela possibilidade.
- Ele não vai vir. Não dessa vez. – Eu descartei totalmente aquela possibilidade.
- Porque não? – quis saber.
- Porque diferente das outras vezes, ele aprendeu a viver em mim. Todos esses meses sem me ver e convivendo com outras pessoas, convivendo com ela... – Eu não quis dar nome aos bois, ou melhor, as vacas. – Ele se acostumou. Ele não precisa mais de mim. – Eu finalizei.
- Você nunca sabe o que se passa na cabeça de um cara. – não queria que eu desistisse de tudo assim tão rápido.
- Acontece que esse cara é o , então sim, eu sei bem. – Eu suspirei demonstrando desanimo. - Eu não quero pensar nisso. Eu não quero ficar criando esperança. – Eu deixei de olhar a piscina para olhá-la. – Chega de decepções. – Eu sorri sem mostrar os dentes para que não soasse tão dramático.
- O pior de te ver assim é saber que daqui a pouco vou ter que ir embora e você vai ficar sozinha. – fez bico, arrancando até um sorriso sincero de mim. Eu aproveitei que ela estava sentada ao meu lado e me aproximei para abraçá-la.
- Não se preocupa. Eu vou ficar bem. – Eu disse, enquanto mantinha meus braços em torno do corpo dela. Fechei os olhos por poucos segundos, querendo acreditar em minhas próprias palavras.
- Eu sei que está dizendo isso só pra tranquilizar. – negou com a cabeça ainda durante o nosso abraço.
- Não é nada disso. – Eu terminei o abraço para poder olhar em seu rosto. – Eu prometo, ok? Vai dar tudo certo. – Eu pisquei pra ela e riu. Parecia até que era eu quem estava consolando ela.
- Vai dar certo. – devolveu a piscada de olho. – Você é forte, bonita e está em Nova York. Você tem tudo para superar tudo isso no melhor estilo. – disse, bem humorada.
- É isso ai! – Eu fingi estar empolgada com as palavras dela.
- Não acredito que vou ter que voltar pra Atlantic City. – fez careta. – Não acredito que vou ter que olhar pra cara do depois de tudo isso. – Ela rolou os olhos, furiosa.
- Não, não faz isso. – Eu rapidamente a repreendi. – Eu não quero que faça isso. – Eu reafirmei.
- Como assim? Você quer que eu aja normalmente com o depois disso tudo? – perguntou, surpresa.
- Por favor, ! – Eu segurei as mãos dela para demonstrar o quanto aquilo era importante. – Esse problema é só meu e dele. Eu não quero que você se envolva ou que você o puna por causa de mim. – Eu a olhei, séria. – Eu não quero que nada disso envolva as amizades dele com ninguém. É por isso que você vai ser a única a saber da verdade! Eu sei que você vai me entender. – Eu esperei que ela concordasse e aceitasse o meu pedido.
- Você não vai contar pra mais ninguém? – perguntou, incrédula.
- Ele vai dizer pra todo mundo que eu trai ele. Foi nisso que eu queria que ele acreditasse e é isso que eu tenho que manter. Como eu vou explicar que eu inventei uma traição só pra que ele me odiasse pra sempre, só pra que ele não viesse atrás de mim mais uma vez? Como eu vou explicar pra todo mundo que eu inventei tudo isso para tirá-lo dessa relação que nunca vai funcionar e para fazer ele querer se afastar de mim, porque eu simplesmente nunca conseguiria me afastar dele? – Eu questionei. – Isso é um problema só meu e eu não quero envolver mais ninguém. Eu não quero que todos saibam da verdade e que façam ele vir atrás de mim. Eu não quero que você faça isso, . – As lágrimas começaram a beirar os meus olhos. – Se ele vier atrás de mim, eu quero que ele faça por si mesmo. – Eu olhei nos olhos dela. – Me prometa que você não vai dizer nada pra ninguém, principalmente pra ele. Me prometa que mesmo que eu te ligue chorando no meio da noite dizendo que estou sentindo falta dele você não vai fazer nada. Você não vai falar nada pra ele. Você vai tratá-lo normalmente. – Eu disse, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. – Eu preciso que você me prometa! – Eu estava praticamente implorando por aquela promessa. hesitou por algum tempo. Sabia que seria uma promessa muito difícil de se cumprir.
- Está bem! – cedeu. – Eu prometo. Ele não vai saber de nada. Ninguém vai saber de nada. – Ela finalmente disse o que eu queria ouvir. – Agora para de chorar ou eu não vou conseguir ir embora. – começou a passar seus dedos pelo meu rosto para secar as lágrimas.
- Que droga! Eu não consigo parar de chorar. – Eu forcei um sorriso, enquanto passava as mangas da minha blusa por todo o meu rosto.
- Só mais uma pergunta: o que você vai dizer pra eles quando eles perguntarem sobre esse cara que não existe? – perguntou, pois não queria que nós contássemos versões diferentes.
- Eu vou inventar um nome, não sei. Falo que já acabou e que não foi importante. – Eu ergui os ombros. Esse era o menor dos meus problemas.

cuidou de mim durante todo o final de semana. Ela se preocupou em me distrair e ouviu meu choro e desabafos quando eu quis conversar. Não sei se ela entendeu os meus motivos, mas ela me apoiou todo o tempo. Eu não sei se Mark faz noção do quanto ele me ajudou trazendo-a até Nova York. Eu não sei como eu passaria por isso sem a minha melhor amiga.

- Eu queria que você viesse morar em Nova York comigo. A casa é bem grande. – Eu disse apoiada na porta do quarto, enquanto via arrumar sua bolsa.
- E eu queria te levar pra Atlantic City comigo. – virou-se e sorriu pra mim.
- Atlantic City é o último lugar que eu quero pisar hoje. – Eu revirei os olhos.
- Os seus amigos estão lá e a sua família também. Você não pode puni-los por causa de um idiota. – disse, fechando a sua bolsa. Ela já estava pronta para ir.
- Os meus amigos e a minha família podem vir me visitar quando quiserem. Como eu disse, a casa é grande. – Eu disse e nós trocamos olhares.
- Certo, eu entendi. – quase riu, rolando os olhos. – Então, você vai ficar bem? – colocou a bolsa em um dos seus ombros.
- Eu já prometi que vou. – Eu até forcei um sorriso para deixar minha frase mais convincente.
- Não adianta prometer se você não cumprir. – disse apenas para brincar.
- Eu vou cumprir! – Eu rolei os olhos e ela riu.
- Ótimo. – disse, enquanto descíamos as escadas.
- Ai, que droga! Eu esqueci a chave do carro lá em cima. Eu vou pegar e já volto. – Eu cheguei a subir um degrau, mas ela me segurou pelo braço.
- Não, não precisa! Eu já liguei pra um taxi. Deve estar chegando. – afirmou.
- Como assim ligou pra um taxi? – Eu estranhei.
- Eu peguei um número na sua agenda, enquanto você estava tomando banho. – explicou, achando minha reação engraçada.
- Eu ia te levar! – Eu disse, voltando a descer os degraus. – Você veio até aqui por causa de mim. Era o mínimo que eu podia fazer. – Eu afirmei.
- Você ainda não está bem. Me desculpe, mas você não está! – sabia que eu ficaria brava com aquela afirmação. – Eu não quero que saia dirigindo pela cidade desse jeito. – Ela disse, quando um barulho de buzina chamou a nossa atenção.
-Já chegou? – Eu tentei olhar pela janela.
- Chegou! – afirmou, me abraçando repentinamente. – Eu tenho que ir. – Ela afirmou.
- Eu não acredito que você não vai nem deixar eu te levar no aeroporto. – Eu disse, abraçando-a.
- Não se preocupe comigo. Se preocupe com você! – me deu uma bronca. Terminou o abraço e olhou em meu rosto. – Entendeu? Pense em você, cuide de você mesma. Você deve ser a pessoa com quem você mais se preocupa! Ok? – deu o seu último conselho antes de ir.
- Ok! Eu entendi. – Eu sorri pra ela, agradecida. Cuidando de mim até o último segundo.
- Certo, então suba e descanse. Amanhã você vai estar melhor. Eu te ligo mais tarde. – beijou o meu rosto e eu devolvi o beijo.
- Obrigada, ! Por tudo! – Eu segurei a mão dela antes de ela se afastar.
- Eu sempre vou estar aqui por você. – sorriu e piscou um dos olhos. Soltou a minha mão e andou apressadamente até a porta. – Vejo você em breve! – Ela mandou um beijo de longe, antes de bater a porta.

saiu da casa, mas ela ainda parecia ter algo a fazer. Foi até o taxi e pediu para o taxista esperar mais um minuto. Olhou para a casa e viu que eu não estava esperando ela ir ou qualquer coisa do tipo. Andou rapidamente até a casa ao lado e bateu na porta. Estava prestes a bater na porta pela segunda vez quando a porta foi aberta.

- ? Oi! – Mark sorriu, surpreso com a visita. Achava que ela já estivesse ido embora.
- Mark, eu estou indo embora. – apontou para o taxi. – Eu não podia ir embora sem antes te pedir uma coisa. – Ela o olhou, séria.
- Claro! Qualquer coisa. – Mark sorriu, sem entender. O que seria tão importante?
- Cuide dela, ok? – Havia preocupação nos olhos de . – Eu estou indo pra casa e ela não tem ninguém aqui. – Ela pediu.
- Ela tem a mim. – Mark rapidamente respondeu.
- Eu sei que sim. Eu confio em você. – sorriu para o garoto em sua frente. – Escuta, ela vai negar e vai dizer que está bem, mas ela não está. Mantenha os seus olhos nela e qualquer coisa me ligue. Pode fazer isso? – queria uma resposta definitiva de Mark.
- Posso! Eu faria mesmo se você não pedisse. – Mark sorriu para .
- Ainda bem! – suspirou, aliviada. – Obrigada, Mark. Mesmo! – o abraçou rapidamente.
- Tudo bem. – Mark riu, negando com a cabeça.
- Agora eu tenho que ir. – riu de toda a sua pressa. Ela mal o abraçou direito. – Nós vamos nos falando. Obrigada de novo. – Ela sorriu antes de virar de costas e correr para o taxi.

Mesmo com toda a preocupação, pegou o avião e seguiu para a sua cidade. Outra coisa que a preocupava era pensar em alguma forma de atender o meu pedido e tratar normalmente depois de tudo. Seria mais fácil lidar com a Amber. Elas não eram tão próximas. sim é um amigo de longa data e pra ela era muito triste saber que ele traiu a garota que ele tanto dizia amar. sabia que ele e Amber estavam próximos, mas não tão próximos! Ela não esperava essa atitude de .

Digamos que eu segui exatamente o conselho e o pedido de . Eu passei o domingo todo dormindo e descansando como ela queria. Só em pensar que eu teria que trabalhar e ir pra faculdade no dia seguinte eu já sentia desespero! Eu estava extremamente triste com tudo o que havia acontecido, mas eu também estava irritada por pensar que eu era a única que estava sofrendo com aquele término. deve estar nos braços da Amber rindo de mim. Como eu posso sofrer por uma pessoa como ele? Uma pessoa que me traiu da pior forma possível? Certo, ele tinha os seus motivos, mas ele poderia pelo menos ter sido homem o suficiente de terminar com algo que não estava satisfeito. Porque ele não terminou de uma vez? Isso me atormenta o tempo todo.

A raiva do era a única certeza que ele tinha até agora. Ele tinha raiva da minha fraqueza e da minha falta de consideração de não ter terminado aquele namoro de uma forma mais decente. Ele tinha raiva porque, de certa forma, eu havia sido a culpada pela besteira que ele havia feito na noite anterior. Não que ele não tivesse culpa no cartório, mas as minhas recentes atitudes o fizeram ficar fora de si. Agora também havia o que Amber havia falado. Eu tinha mesmo feito ele agir igual a um idiota nos últimos meses? Eu o havia mudado? Certo, antes o era um pegador, um galinha ou chame do que quiser. Só porque ele deixou de ser um idiota quebrador de corações, quer dizer que ele deixou de ser quem ele realmente era? Quem disse que o de antes era quem ele realmente era? Amber fez o trabalho de casa de novo. Mais um motivo para colocá-lo contra mim. Mais um motivo pro me odiar. Eu o havia feito agir como um idiota sem sal. Eu o havia feito agir exatamente do jeito que eu queria. Era isso que estava passando pela sua cabeça agora.

- Já chega... – suspirou, enquanto encarava o teto de seu quarto. Ele estava tentando dormir há alguns minutos. – Chega de ser esse idiota. Não há mais motivos pra ser um idiota. – Ele convenceu a si mesmo daquelas palavras. Era hora de trazer o antigo de volta.


Eu já estava acordada quando o despertador tocou. Eu havia acordado há uns 15 minutos atrás. 15 minutos tentando encorajar a mim mesma a viver e a enfrentar novamente o mundo lá fora. Eu me sentei na cama e olhei em volta. No criado-mudo ao lado da cama ainda havia um porta-retrato. Eu o havia virado de frente para a parede na noite anterior e ele continuava do mesmo jeito. Me aproximei ainda mais do criado-mudo, o peguei e o virei pra baixo. Eu não queria olhar a foto que estava ali. Abri a gaveta e o coloquei lá dentro. Ao me observar colocar o porta-retrato dentro da gaveta, percebi que ainda estava com a aliança de compromisso. Trouxe a minha mão para mais perto do meu rosto e a encarei por um tempo, enquanto os meus olhos se enchiam de lágrimas. Neguei com a cabeça antes de tirar lentamente aquele anel do meu dedo. Depois de tirá-la, eu não quis ficar tanto tempo com ela nas mãos e resolvi guardá-la na mesma gaveta em que havia guardado o porta-retrato. É oficial: é a partir de hoje é proibido abrir aquela gaveta. O que é passado, fica no passado.


Antes mesmo de chegar na faculdade eu já sabia que não prestaria atenção alguma em qualquer matéria. Ao chegar na sala, vi que Meg já estava lá. Eu fico ou corro? Eu fico, porque mesmo que eu corra os problemas vão vir atrás de mim. Não há como e nem porque fugir. Me sentei ao lado da Meg e ela me olhou com um grande sorriso. O meu falso sorriso deve ter mostrado a ela que algo havia dado errado.

- Como está se sentindo com 19 anos? – Meg sussurrou, enquanto o professor entrava na sala.
- Honestamente, eu achei que seria melhor. – Eu sorri, frustrada. Meg me encarou, confusa. Não sabia o que estava acontecendo, mas resolveu não fazer perguntas tão diretas.
- E então? Como foi? – Meg perguntou, voltando a ficar empolgada. Ela queria saber de tudo. Ela estava falando baixo por causa do professor.
- Não foi. – Eu respondi sem nem olhá-la, mas percebi quando o sorriso dela murchou.
- Como assim ‘não foi’? – Meg continuava sussurrando.
- Eu te conto depois da aula. – Eu sussurrei de volta, vendo que o professor ia começar a aula.

Caso ainda não fosse óbvio, eu não consegui prestar a atenção em uma só palavra que os professores disseram naquele dia. A curiosidade de Meg também não deixou que ela prestasse atenção em nada. Ela criou mil teorias, mas nenhuma parecia ser a certa. Não é como se eu não quisesse contar tudo pra ela, mas em todo esse tempo Meg foi a única pessoa que tentou me fazer enxergar quem o realmente era. Se eu tivesse seguido os seus conselhos, eu não estaria tão machucada agora.

- Vamos almoçar em um restaurante aqui perto antes de irmos para o hospital? – Meg perguntou, enquanto guardávamos nosso material dentro de nossas bolsas.
- Pode ser. – Eu concordei, sem olhá-la.
- Vamos com o seu carro, né? Não vim com o meu hoje. – Meg perguntou, já que aquele era o meu dia de dar a carona.
- Claro, vamos. – Eu concordei, colocando uma das alças da minha bolsa em um dos meus ombros. Meg me acompanhou em silêncio até o carro e seguimos em silêncio até o tal restaurante. Eu sei que ela estava me levando para aquele restaurante para nós conversarmos.
- O que vai comer? – Meg perguntou, enquanto olhava o cardápio.
- Eu não estou com muita fome. Vou pegar só uma salada e um refrigerante. – Eu disse e Meg me olhou, estranhando.
- Certo... – Meg sorriu, desconfiada. Ela ainda sabia que havia algo muito estranho acontecendo. – Onde está o garçom? – Ela olhou em volta. Meg fez o seu pedido e enquanto isso eu me preparava para voltar a falar daquele assunto. – Esse garçom é meio lerdo. – Ela rolou os olhos, assim que o garçom deu as costas.
- É, ele era. – Eu forcei um sorriso, apenas para não deixá-la no vaco. Meg percebeu que eu nem estava dando atenção para o que ela estava dizendo.
- E então? – Meg me olhou, séria. – As pessoas costumam vir a um restaurante para ter conversas sérias. Nós estamos aqui. – Ela ergueu os ombros.
- Eu não sei nem por onde começar. – Eu rolei os olhos, mantendo um desajeitado sorriso no rosto.
- Sexta-feira você estava feliz da vida porque ia ver o e agora que você viu, você está com essa cara. Você está... triste. – Meg parecia tentar ler meus pensamentos.
- Triste? – Eu repeti e neguei ligeiramente com a cabeça. – Pra ser sincera, nem eu mesma sei como eu estou e o que eu estou sentindo. – Eu deixei de olhá-la e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Já sei! Você e o brigaram de novo. – Meg tentou adivinhar. Nunca foi tão doloroso ouvir aquele maldito nome. Eu encarei o prato em minha frente, enquanto procurava coragem para olhar pra ela e força para não chorar.
- Nós não brigamos. – Eu suspirei, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. Levantei o meu rosto e voltei a olhá-la. – Nós... terminamos. – Eu suspirei longamente para ver se a vontade de chorar passava. As lágrimas em meus olhos fizeram Meg ficar em silêncio por algum tempo.
- Vocês... – Meg pausou. – Mas por quê? O que aconteceu? – Ela tinha tantas perguntas que não sabia bem por qual começar.
- Eu fui pra Atlantic City e descobri que... – Eu respirei fundo para terminar a frase. – Eu descobri que ele está com a Amber. – Eu finalmente disse.
- Não! – Meg cerrou imediatamente os olhos. – Filho da mãe! – Nem ela parecia se conformar. – Sério? Aquela vadia? – Meg não se conformou.
- Ela finalmente conseguiu o que queria! – Eu disse, demonstrando raiva.
- , me diz, por favor, que foi você que terminou esse namoro! Me diga que foi você! – Meg me olhou, ansiosa para que eu dissesse.
- Fui eu que terminei. – Eu respondi e vi ela suspirar, aliviada.
- Oh, ainda bem! – Meg comemorou rapidamente. – Agora me diga que saiu dessa relação pisando nele com salto 20. Me diga que você acabou com ele antes de voltar pra Nova York! – Ela olhou atentamente em meus olhos.
- Eu... – Eu cheguei a sorrir, porque sabia que ela ia gostar dessa parte. – Eu disse pra ele que tinha conhecido outro cara aqui. Ele não sabe que tudo isso foi por causa da Amber. – Eu expliquei.
- , eu te amo! – Meg sorriu pra mim. – Sério! A partir de hoje eu sou a sua fã número um. – Ela brincou, me fazendo rir.
- Agora parece bom, mas na hora não foi. Eu nem consegui dizer isso na cara dele. Eu deixei uma carta. – Eu voltei a explicar detalhes sobre o ocorrido.
- Ótimo! Ele não merecia nem te ver de novo depois do que ele fez. – Meg esbravejou.
- Então, foi isso. Eu tive o pior aniversário de toda a minha vida e meu final de semana foi um lixo porque eu não conseguia ficar 5 minutos sem chorar. – Eu cheguei a rir da minha própria desgraça, quando percebi que meus olhos continuavam cheios de lágrimas. – E como você pode ver, eu ainda não consegui parar. – Eu disse, passando meu dedo pelos meus olhos para secar as lágrimas antes que elas escorressem pelo meu rosto.
- Ei, olha pra mim. – Meg pediu e eu olhei. – Não chore por ele. Ele não merece um segundo do seu dia, muito menos suas lágrimas. Chore só por quem merece. Chore de felicidade. – Meg sorriu, sem mostrar os dentes.
- Eu sei! Eu sei disso, mas é que ele prometeu que me esperaria. Ele disse que me esperaria! Eu confiava nele. Eu apostei tudo nele e agora eu estou sem nada. Eu não sei como lidar com isso. É difícil pra mim perder uma pessoa que eu achava que estaria do meu lado pro resto da vida. Quer dizer, é estranho pra mim pensar que o cara que até semana passada dizia que me amava, hoje está com outra garota. – Eu tentava explicar pra ela, pois não achei que ela entenderia tão facilmente.
- Eu sei como você se sente. Eu sei que nada do que eu ou qualquer outra pessoa disser vai fazer você se sentir melhor, mas eu posso tentar te dizer que esse tipo de coisa só serve pra te fortalecer e pra te ensinar que as coisas nem sempre são como deveriam ser. Você é incrível e vai encontrar alguém que vai dar valor a isso. – Meg até se impressionou com o seu discurso. – E eu espero que antes que você encontre esse alguém, você já tenha cometido algumas insanidades. Ser solteira tem as suas vantagens. – Ela disse, arrancando um novo sorriso de mim.
- Você já está pensando em me arrastar para as baladas. – Eu neguei com a cabeça, ainda achando graça.
- Que tal na semana que vem? – Meg riu comigo. – Viu só? Você chora, mas você também sorri. Não está tudo perdido. – Ela fez careta.
- Só você mesmo, Meg. – Eu rolei os olhos.

Não tínhamos tanto tempo para conversar. Deveríamos estar no hospital em meia hora. Eu comi a minha salada e Meg comeu o seu lanche. Seguimos para hospital e eu parecia estar um pouco melhor. Estar com a Meg sempre me fazia bem porque eu acabava rindo dela ou com ela. Confesso que não esperava tanta compreensão vinda dela, mas foi super bem vinda.

Chegamos no hospital e colocamos os nossos jalecos. O hospital parecia lotado e o nós não podíamos perder tempo. Nós apenas atendíamos os casos menos graves e sempre estávamos presentes na sala de exames, principalmente na área de injeções e vacinas. Aquele dia não estava sendo diferente. Meg e eu estávamos tirando sangue de uma dezena de pessoas e a fila de pacientes parecia não acabar.

Horas haviam se passado e Meg já estava em seu 23° paciente e eu estava tentando me livrar do 16°. Eu estava terrivelmente desastrada naquele dia. Deixei algumas seringas caírem no chão e demorei mais de 10 minutos para achar a veia de alguns pacientes. Estava tudo dando errado. Eu simplesmente não conseguia me concentrar no que eu estava fazendo.

- , eu posso falar com você um pouquinho? – Meg se aproximou, depois de ver a minha série de besteiras.
- Claro. – Eu forcei o sorriso para o paciente que eu estava tirando o sangue e ele me fuzilou com os olhos. Não era pra menos. Eu já furei ele algumas vezes e não consegui achar a sua veia. – Eu já volto. – Eu fui para fora da sala ao lado da Meg.
- O que foi? – Eu perguntei, temendo que o diretor do hospital nos visse.
- Se você demorar mais um minuto pra achar a veia daquele cara, ele é quem vai tirar sangue de você! – Meg segurou o riso.
- Eu sei! – Eu rolei os olhos. – Eu não sei o que está acontecendo. – Eu deixei de olhá-la e neguei com a cabeça.
- Você realmente não sabe? – Meg arqueou a sobrancelha.
- Então é isso? Toda essa porcaria vai arruinar a minha vida, o meu emprego e os meus estudos? Tudo por causa daquele idiota? É isso que está me dizendo? – Eu estava furiosa com aquela possibilidade. Eu estava muito furiosa por deixar ter tanta influencia na minha vida.
- Você é a única que pode consertar isso! – Meg achou que estava me dando uma solução.
- Como? Basta me dizer como e eu faço! – Eu estava disposta a fazer qualquer coisa.
- Porque não começa tentando? – Meg disse, insinuando que eu já não estivesse tentando.
- E você acha que eu já não tentei? Acha que não estou tentando? – Eu perguntei, irritada.
- Está? Porque a única coisa que você me contou até agora foi o quanto sofreu nesse final de semana. Só se você esqueceu de me contar a parte em que você jogou tudo o que te lembra ele no lixo e a parte em que você se distraiu para pensar em qualquer outra coisa, menos nele. Oh, e não me diga que você foi em uma balada ontem, dançou como nunca e chegou a pensar na possibilidade de deixar algum outro cara chegar perto de você! – Meg ironizou.
- Quer saber? Porque não fala de uma vez o que você quer tanto dizer! – Eu suspirei, insatisfeita com o que havia escutado. Apesar de tudo, eu sabia que ela estava certa.
- Dizer o que? – Meg não entendeu o que eu quis dizer.
- ‘Eu te avisei!’. Vamos, diga! – Eu abri os braços. – De todas as pessoas, você foi a única que esteve contra ele e a favor de mim o tempo todo. Você pensou em mim até mais que eu mesma. Você me avisou sobre a Amber, sobre ele. Então vai em frente! Fala! – Eu desabafei.
- Você sabe muito bem que eu não sou exatamente o tipo de pessoa que perde a oportunidade de dizer o que pensa. Se eu realmente quisesse ter dito, eu teria dito. – Meg me olhou, séria. – Presta a atenção! Eu não quero te magoar ou te deixar brava. Eu sou a sua amiga e só estou tentando te tirar do fim desse poço que ele te jogou. – Ela respirou fundo. – Você tem que deixar ele ir. Essa parte dele que ainda está em você... – Meg negou com a cabeça. – Você precisa se livrar dela. Você precisa querer se livrar dela. – Ela sorriu carinhosamente.
- O que eu devo fazer? – Eu precisava de ajuda. Eu não conseguia sozinha.
- Me diga você! Se fosse você no meu lugar, o que acha que eu deveria fazer? Como você me ajudaria? – Meg perguntou.
- Eu... – Eu hesitei por alguns segundos. – Eu diria pra você... viver. Sem planos. Você sabe, um dia de cada vez. Eu diria para você lutar por você mesma e diria que a cada novo dia a sua preocupação não deve ser em como você vai esquecê-lo ou como vai deixar de sentir falta dele e sim, como vai se permitir ser feliz. – Eu sorri sem mostrar os dentes ao terminar a frase. – Você deveria se dar a chance de ser feliz de novo. – Eu acrescentei, confusa com as minhas próprias palavras.
- Esse é um ótimo conselho. – Meg sorriu e piscou um dos olhos.
- Eu entendi. – Eu afirmei com a cabeça.
- Beleza, então agora vá até a máquina de café e beba o mais forte que tiver. Nós temos muito trabalho pra fazer. – Meg disse mais séria.
- Sim, senhora. – Eu disse, me afastando e ela fez careta, enquanto rolava os olhos.

Eu sabia exatamente como superar, eu só não sabia como fazê-lo. Não era tão fácil fazê-lo, mas eu nunca me empenharia tanto quanto agora. Eu vou superá-lo, nem que seja na marra! Eu tenho uma vida pra viver, trabalho pra fazer e uma faculdade pra terminar. Eu não tenho tempo para ficar agindo como uma adolescente de coração partido. Eu tenho sim um coração partido, mas há mil maneiras de consertá-lo e eu vou trabalhar nisso.

já não olhava a faculdade da mesma forma depois que ficou solteiro. As garotas de lá começavam a lhe chamar a atenção ou pelo menos era disso que ele queria se convencer. Ele também não era mais virgem. Isso quer dizer que agora ele também vê algumas coisas de formas diferentes, especialmente as garotas. As sensações e vontades são mais fortes do que antes, mas ele não explorava nada daquilo e o motivo era nada menos que a Amber. Ela não abria sequer uma abertura para que qualquer outra garota se aproximasse do . Amber quase o perdeu da outra vez que se descuidou e ela não cometeria esse erro de novo.

- Você pode pelo menos disfarçar? – Amber esbravejou, cruzando os braços.
- Eu não preciso disfarçar, Amber. Eu estou solteiro, lembra? – rolou os olhos. Aquela devia ser a 5° vez que Amber reclamava de seu comportamento naquele dia.
- Só fazem 2 dias e você já quer se candidatar a gigolô da faculdade. – Amber retrucou.
- Você não queria o velho de volta? Então sente-se, observe e aprenda a lidar com isso. – se levantou da mesa, pois havia visto passar logo a frente. Ela também o havia visto, mas fingiu que não viu. – ! – apressou-se para alcançar a amiga. Amber apenas o observou, ainda tentando superar a forma com que ele havia lhe tratado.
- Oh, droga... – sussurrou para si mesma, enquanto andava mais depressa em direção a sua sala. Ela não queria falar com o .
- ! – voltou a gritar. Ele estava logo atrás dela. Ela resolveu parar e virou-se para olhá-lo, já ensaiando um sorriso. – De quem você está correndo? – perguntou, referindo-se a pressa dela.
- Correndo? De ninguém. – sorriu como se aquilo fosse algo absurdo.
- E você, está bem? – a observou. Estava tentando descobrir se ela já sabia de tudo. Ele sabia que as chances de eu já ter contado tudo pra ela eram grandes.
- Estou! Não vou nem perguntar de você. Você parece ótimo! – alfinetou.
- Você tem falado com a... – hesitou em dizer o meu nome.
- Sua ex-namorada? – entregou de uma vez que já sabia de tudo.
- Ela te contou! – afirmou com a cabeça. Era óbvio que ela já sabia.
- Ela é a minha melhor amiga, né? – ironizou. estranhou o comportamento da amiga, mas não achou que fosse algo pessoal.
- Como... ela... – não sabia como perguntar. Ele não queria perguntar.
- Ela está bem, . Eu me certifiquei disso pessoalmente. – forçou um sorriso. Ela estava e segurando para não falar tudo o que queria.
- Você foi pra lá? – perguntou, surpreso.
- Sim, eu estive lá. – afirmou friamente. imaginou por alguns segundos como nós duas havíamos nos divertido naquele final de semana que tinha sido uma droga pra ele. Perguntou –se se conhecia o meu novo’ cachorrinho de estimação’.
- Legal. Eu posso imaginar o quanto vocês se divertiram. – foi mais irônico do que quis parecer.
- Eu não sei por que isso seria um problema já que, como eu disse, você parece ótimo. – repetiu, esforçando-se para que aquilo não soasse como uma crítica.
- Ótimo? – deixou de olhá-la e forçou um sorriso. – Como pode ter tanta certeza? Por causa do meu sorriso? – Ele apontou para o seu rosto. – Ou é o fato dos meus olhos não estarem inchados de chorar? – a olhou nos olhos. – Talvez seja o fato de eu estar falando sobre esse assunto da forma mais natural do mundo. – Ele prensou os lábios um contra o outro, afirmando com a cabeça. o encarou, surpresa com as poucas lágrimas que conseguiu ver nos olhos dele.
- A sua namorada te trocou por outro cara. Você está parecendo mais forte do que deveria. – continuava acusando-o indiretamente.
- A força que você vê em mim, não é a mesma que eu sinto. – encarou o chão por poucos segundos. – Ninguém! Ninguém sabe como eu estou me sentindo. – Ele ergueu o rosto para voltar a olhá-la. – E ninguém vai ficar sabendo. A força que costumam enxergar em mim me ajuda a acreditar que ela realmente existe em algum lugar. – ainda não conseguia ter certeza de que aquilo era verdadeiro, mas parecia. – E quando não houver mais força, eu tento o ódio. Tem de sobra pro resto da minha vida. – Ele ficou mais sério ao dizer aquilo.
- Ódio? – afirmou com a cabeça ao ouvir aquela palavra. – Impressionante, né? Como uma má decisão de outra pessoa pode fazer da sua vida uma completa bagunça. Como uma traição, uma decepção pode transformar todas as memórias, todo o amor em ódio tão facilmente. – estava usando os meus sentimentos contra ele.
- As memórias não. – negou com a cabeça. – Elas continuam intactas. Elas nunca estiveram tão presentes na minha cabeça. – Ele apontou um de seus dedos para a sua cabeça. – Essa é a pior parte. – Ele fez uma breve pausa. – Ninguém pode me ajudar, porque está tudo aqui. – Ele voltou a pontar para a sua cabeça. – Dentro de você. – Ele finalizou. Por um segundo, acreditou em toda aquela dor que transparecia através de seus olhos.
- Isso parece ser difícil. – nem sabia ao certo o que dizer. Ela estava mais confusa do que deveria.
- Não importa. Isso já é passado. Ela já é passado. – voltou a manter a imagem de machão.
- Eu tenho certeza que sim. – afirmou, referindo-se indiretamente a Amber.
- Eu tenho adiado a minha vontade de esquecê-la durante todos esses anos e eu nunca tive tantos motivos e tanta determinação para fazer isso quanto agora. – disse, visivelmente determinado.
- Eu acho que essa é a melhor coisa para vocês dois. – não tinha certeza se era aquilo que queria falar, mas era aquilo que eu queria que ela falasse.
- Você está certa. – não concordou com tanta facilidade. Você achar que deve desistir de uma garota é diferente do que ouvir a melhor amiga dela dizendo que você tem que fazer isso. Foi como se naquele momento ele tivesse certeza de que eu o queria mesmo fora da minha vida.
- Então, eu vou pra aula. Nos falamos depois. – forçou um sorriso, vendo afirmar com a cabeça.
- Vejo você por ai. – respondeu, observando ela se afastar. Ele ainda estava tentando se dar conta das novas conclusões que ele foi obrigado a chegar.

Aquela quase confirmação de de que era realmente um caso superado pra mim ficou entalado pra ele. torceu para que eu tivesse sofrido pelo menos 10 minutos por aquele término. Ele torceu para que eu tivesse parado só por um minuto para me lembrar de todos os momentos que nós vivemos juntos. Doía ainda mais saber que para mim foi como apertar um botão. Um botão que deletava todas as minhas memórias e todos os sentimentos que eu sentia por ele.

A aula estava desinteressante e ele já havia deixado de copiar a matéria da lousa há alguns minutos. Os olhos estavam fixos em qualquer lugar da sala de aula, mas a caneta permanecia entre os seus dedos. lembrou-se do meu término com o Peter. Ele se lembrou do quanto eu sofri com aquilo. Ele estava lá. Foi ele quem me consolou. De todos, ele foi o único que conseguiu me fazer superar. Mesmo não estando namorando mais o Peter, demorou para que me fizesse olhar pra ele com os olhos com que ele sempre me olhou. Porque isso não aconteceu dessa vez? Porque eu pareço ter sofrido mais com o término do Peter do que com o término com o ? Talvez eu não o amasse tanto quanto dizia. Talvez eu só me obriguei a viver essa história para ter um idiota correndo atrás de mim. não tirava isso da cabeça. Ele não conseguia pensar que foi mais doloroso pra mim perder um imbecil como o Peter do que ele. Afinal, eu já o substitui, até mesmo antes do que deveria.

Os pensamentos explodiam em sua cabeça e o ódio apenas aumentava. parecia ter dado um conselho para que seguisse em frente. Ela mesma disse que seria melhor para ambos. com certeza conheceu o mais novo idiota do pedaço. viu que eu estava feliz e logo tratou de pedir para seguir em frente. Foi essa a conclusão que tirou de toda aquela conversa com .

- Eu aposto que foi aquela abusada da que pediu pra me dizer aquilo! – disse, furioso. bem que percebeu que algo o estava incomodando.
- Por quê? – não estava entendendo.
- Você não conhece a sua melhor amiga? Me trair, terminar comigo não foi o suficiente! Ela tinha que me mandar um falso consolo apenas para esfregar na minha cara que ela está feliz com o palhaço que ela anda beijando! – esbravejou. Eles estavam em um dos corredores da faculdade. O sinal da última aula já havia batido, mas ele precisava desabafar.
- O que a disse exatamente? – perguntou, já arrumando um jeito de colocar a culpa na mais tarde.
- ‘É bom você esquecê-la mesmo. É melhor pra vocês dois.’ – tentou imitar a voz de . – Ah, dá um tempo! – Ele rolos os olhos.
- E porque acha que foi a que pediu pra ela te dizer isso? – voltou a perguntar.
- Por quê? Ela acha que eu estou sofrendo por ela. Aposto o que você quiser que ela está se divertindo muito sabendo o quanto eu estou sofrendo por tudo isso. – sorriu com sarcasmo. – O galinha, o pegador da escola que foi traído pela única garota que ele se apaixonou na vida. Isso soa poético pra você? – disse com um falso sorriso no rosto.
- Na verdade, soa como carma, mas eu acho que dá pra usar o termo ‘poético’. – arqueou as duas sobrancelhas.
- Acontece, amigo, que eu também sei fazer as coisas parecerem poéticas. – também arqueou uma das sobrancelhas. – Me diz, o que rima com ‘mulheres’, ‘festas’ e ‘álcool’? – abriu os braços, enquanto mantinha um sorriso malandro no rosto.
- Ei, vai com calma, garoto dos doces mal comidos. – segurou o riso.
- O velho está de volta! Onde vamos comemorar? – quase riu com a brincadeira do .
- Eu não sei. Nós poderíamos ir em alguma balada, não sei. – disse, pensativo. Se o seu amigo precisava superar o chute da namorada, ele o ajudaria. – Nós podíamos ir no boliche! – afirmou, inicialmente achando uma ótima ideia. o olhou por dois segundos e já se tocou da burrada que havia dito. A última vez que eles estiveram no boliche, eu e estávamos juntos. certamente não iria querer voltar lá agora. – Oh, não. Esquece! Lá não! Tem tantos outros lugares. – sorriu, sem jeito.
- Não! Vamos até lá! Qual o problema? – ergueu os ombros como se realmente não desse a mínima para aquilo. – Aliás, é o lugar perfeito para comemorar e pegar alguma gostosa! Eu te disse, adoro quando faço as coisas parecerem poéticas ou... carma. – sorriu.
- Oh, você não presta, cara! – riu, dando alguns tapinhas no ombro do amigo.
- Quem é que não presta? – Amber apareceu entre eles. até chegou a responder um ‘você!’ mentalmente.
- Ele está tentando puxar o meu saco. – apontou a cabeça pro .
- Bem, eu acho que ele tem conserto. – Amber tratou logo de se colocar no assunto.
- Eu também achava que ele tinha, mas eu acho que ele perdeu a única pessoa capaz de fazer essa proeza. – fez questão de jogar aquilo na cara da Amber.
- Todo mundo pode ser substituído. – Amber retrucou.
- Eu fico feliz que já tenha aceitado essa realidade. – sorriu falsamente para Amber. Ela devolveu o sorriso de maneira ainda mais falsa, deixando claro que não havia gostado do que disse.
- Mas me contem! – Amber deixou de olhar pro para olhar pro . – O que você vai fazer que o torna tão imprestável? – Ela era curiosa demais.
- Eu... – hesitou dizer. Não tinha a menor intenção de levá-la para a comemoração.
- Nós vamos sair! – respondeu pelo amigo. Amber voltou a olhar pro e aproveitou que ela não estava vendo para fazer algumas caretas e gestos para . Ele não queria que Amber soubesse que eles iam sair.
- É mesmo? – Amber voltou a olhar pro , que parou imediatamente com os gestos.
- É! Nós vamos sair. – confirmou. Não tinha mais jeito. – Se... você quiser ir. – Não havia nada que ele pudesse fazer. Agora que ela já sabia, teria que convidá-la.
- É claro! Onde? – Amber topou de imediato.
- Nós vamos jogar boliche naquele lugar que sempre vamos, sabe? – perguntou. Amber já tinha ido lá com ele e seus amigos várias vezes.
- Sei! Faz muito tempo que eu não vou lá. – Amber sorriu, empolgada. – Que horas? – Ela perguntou.
- 20hrs?- olhou pro , pois não tinha certeza do horário.
- Pode ser. – ergueu os ombros.
- Beleza. Vou ver se apareço por lá! – Amber sorriu para ambos. – Vejo vocês por ai. – Ela se despediu, descendo apressadamente as escadas. e a observaram por um tempo.
- Até parece! É claro que ela vai aparecer. – negou com a cabeça.
- Ela está desesperada. – riu por alguns segundos.
- Você também acha? Wow, achei que fosse o meu ego! – também riu.
- Pelo jeito você ainda não se resolveu com ela. – ainda não sabia como havia sido a conversa pós-sexo.
- Eu tentei! Eu fui honesto e cheguei a dar o fora nela, mas ela não entendeu. Veio com uma história de ‘amizade colorida’. – explicou como se estivesse achando aquilo um absurdo.
- Tentador, mas você sabe que ela gosta de você! – não achou que fosse uma boa ideia.
- Eu sei! Ela está confundindo tudo e está tentando usar o fato de que é gostosa pra me convencer a fazer isso. Quem ela pensa que eu sou? – arqueou uma das sobrancelhas.
- O velho ? – fez careta.
- Você me conhece! – riu, olhando no relógio. – Escuta, eu tenho que ir. Vou me atrasar para o trabalho. Está tudo certo, então? Hoje, ás 20hrs no boliche? – perguntou, enquanto começava a se afastar.
- Tudo certo! Eu vou avisar os caras! – disse um pouco mais alto para que pudesse ouvir.
- Beleza! Até mais tarde! – gritou, acenando rapidamente e virando de costas.

topou ajudar o amigo, mas isso não quer dizer que ele não estava preocupado. Essa história de ‘velho ’ nunca acabava bem. É nessa parte em que o pega toda e qualquer garota e depois a descarta sem mais nem menos. Ele não se importa se está quebrando o coração de alguém ou não. Ele apenas faz!

- Hey! ! – gritou, assim que viu descer as escadas em sua frente. Ela ouviu, mas fingiu que não ouviu. – ! – Ele voltou a gritar, quando já estava prestes a alcançá-la. – Hey! Está surda? – Ele entrou na frente dela.
- Não, eu estava ignorando mesmo. – forçou um sorriso.
- Que gracinha. – ironizou.
- O que você quer? – foi grossa e direta.
- Dá pra parar de ser grossa por um minuto? É um assunto importante. – a olhou, impaciente.
- Fala! – também não estava agindo com tanta paciência.
- Eu estou preocupado com o . – disse logo o que queria
- Por quê? Porque ele levou um chute da namorada? – ironizou.
- Eu estou falando sério! Ele não está bem! – mostrou-se preocupado.
- Eu tenho certeza que ele vai superar logo. – piscou um dos olhos e saiu, deixando falando sozinho. Ele estranhou seu comportamento. Não deixaria ela sair daquele jeito.
- Ei! – voltou a alcançá-la. – Qual é o seu problema? Ele é o seu amigo! – Ele a recriminou.
- E a é a sua melhor amiga! – se esqueceu por um segundo que não sabia exatamente o que havia acontecido.
- Eu sei! Eu... – suspirou. – Eu ainda não consegui ligar pra ela. Eu não sei o que dizer. – nunca me julgaria, mas ele não sabia muito bem como encarar o fato de que eu havia traído o . Ele não esperava por isso. – Você tem falado com ela? – Apesar de tudo, ele se importa demais comigo.
- Eu estive lá em Nova York no final de semana. – explicou.
- Sério? E como ela está? – perguntou de imediato.
- Ela... – não sabia o que dizer. Como ela diria que eu estava mal, sendo que fui eu quem terminei o namoro e todos acham que eu estou com outro cara? – Ela está bem. – mentiu. Eu a fiz prometer que aquele seria um segredo só nosso.
- É claro! – suspirou. – Olha, eu sei que é difícil pra você ver os dois lados, mas tente! foi quem saiu pior dessa relação e ele precisa de toda a ajuda. – Ele não precisou ser grosso. Fazia tempo que eles não tinham uma conversa tão civilizada.
- Ele não parece tão mal assim, ok? Eu vi ele cheio de graça pra cima da Amber hoje. – resistia! Nada faria ela concordar com as atitudes de .
- É claro! Esse é o primeiro impulso quando se leva um pé na bunda. Você quer superar e a melhor forma de se fazer isso é... – ia dizendo, mas o interrompeu.
- Deixe-me adivinhar! Vadias? – forçou um sorriso e afirmou com a cabeça. – Tão previsível! – Ela rolou os olhos.
- Ele não precisa que você concorde com as atitudes dele. Ele só precisa do seu apoio, ok? – tentou relevar o que havia dito. – Comece hoje a noite! Nós combinamos de ir ao boliche. Eu vou chamar os caras e você pode ir, porque eu acho que a também deve ir. – Ele esperou por sua resposta.
- Está me convidando pra sair? – cerrou os olhos.
- É claro que não! – fez careta.
- Ótimo! Porque se estivesse, eu não aceitaria. – voltou a ser grosseira. – Que horas? – Ela perguntou.
- 20hrs! – respondeu.
- Eu vou estar lá, mas é só por causa do . – aceitou apenas porque percebeu que estava um pouco mal na conversa que eles tiveram naquele dia mais cedo. – E não se preocupe, eu mesmo chamo o taxi dessa vez. – provocou e saiu, deixando-o falando sozinho novamente. a observou e olhou para cima, impaciente.
- Dai-me paciência! – suspirou, furioso.

estava completamente pronto para a sua nova fase. Ele até havia se esquecido como era estar solteiro. Estava dirigindo em direção ao trabalho, quando resolveu ligar o rádio. O seu antigo cd dos Beatles continuou a tocar, já que tinha vindo escutando ele no caminho de casa para a faculdade. ‘Hey Jude’ foi a música exata que começou a tocar. A música o fez encarar o rádio por alguns segundos e desligá-lo com uma certa violência em seguida.

O dia no trabalho também não foi nada fácil. A sua agenda fez mais falta do que deveria. Ele não havia encontrado ela em lugar nenhum. Todos os seus compromissos foram perdidos. O telefone não parava. Os gerentes que pretendiam contratar os serviços de sua empresa ligavam irritados, reclamando do atraso dele. As circunstâncias o fizeram ter que comprar uma outra agenda. Pelo menos até ele ter uma secretária. O que o consolava era que mais tarde ele sairia com os seus amigos e iria esquecer de todos os problemas.

O seu horário de trabalho havia acabado e ele tinha um pouco mais que uma hora para ir para casa e se arrumar. Chegou em casa e depois de cuidar de Buddy, apressou-se para se arrumar para a grande noite. Tomou um longo banho e foi trocar de roupa. Uma camiseta preta com gola v pareceu uma boa opção junto com o seu jeans escuro e seu tênis. Estava prestes a arrumar o cabelo, quando o seu celular começou a tocar.
- Fala, ! – disse depois de ver o nome do amigo no visor de seu celular.
- Eu falei com os caras. Todos eles vão e o vai levar a e a também deve ir. – explicou rapidamente.
- Beleza! Eu estou terminando de me arrumar. – ficou feliz por ter todos os seus amigos lá.
- Só que eu não contei nada pra nenhum deles e eu acho que a também não contou. – fez careta. Não queria ter que falar daquele assunto naquela noite.
- Entendi. – rolou os olhos. Era tão obvio pra ele que eu não teria coragem para contar pra ninguém a besteira que eu havia feito.
- Vejo você daqui pouco. – disse, antes de desligar o celular.

A noticia de que teria que contar a todos a bomba do momento não tirou o seu entusiasmo para aquela noite. Ele voltou a se arrumar. Fez questão de arrumar o seu cabelo com gel e tudo. Nunca exagerou tanto no perfume quanto naquela noite e colocou alguns acessórios também como um cordão no pescoço, um relógio e uma pulseira simples no outro pulso. Encarou o espelho mais uma vez para conferir se estava tudo certo. Despediu-se do espelho e foi em direção a mesa da sala, onde encontrou as chaves do carro, a carteira e o seu celular. Colocou a carteira em um dos bolsos da calça, pegou a chave e ao pegar o celular, percebeu que havia uma mensagem de texto. Não ficou surpreso ao ver que a tal mensagem era da Amber. Ela estava pedindo para que ele a esperasse em frente ao boliche.

- Ótimo. – suspirou, guardando o celular em seu outro bolso. Despediu-se de Buddy antes de sair e seguiu em direção ao carro. Olhou no relógio e viu que faltava apenas 5 minutos para o horário marcado. Mais um motivo para se apressar.

Amber também estava ansiosa para aquela noite. Ela sabia muito bem qual era a intenção de ao ir ao boliche naquela noite e ele não deixaria isso acontecer. Ela esperava sim que saísse de lá acompanhado, mas não seria com qualquer outra garota que não fosse ela. Para conseguir tal proeza, ela caprichou no visual. Vestiu uma saia pregada extremamente curta e uma blusinha que mais parecia um top. Ela deixava a sua cintura totalmente descoberta. Amber também exagerou no salto e na maquiagem. Prendeu o seu cabelo em um rabo alto, talvez para que ele não escondesse seus seios. Ela estava disposta a conquistar de vez.

chegou no local marcado e se surpreendeu com a quantidade de pessoas que estavam lá. A fila terminava do lado de fora do estabelecimento. Era segunda-feira! Porque estava tão lotado? Deixou o carro no estacionamento do local e foi até a frente do local. Só entendeu o porquê de estar tão lotado quando viu uma placa, que dizia que as segundas-feiras a hora do boliche era 50% a menos do preço normal. Inicialmente, ele não gostou da lotação. A fila estava enorme e demoraria horas só para conseguir entrar no estabelecimento, mas por outro lado, havia muitas garotas andando pra lá e pra cá. Uma nova mensagem em seu celular fez com que ele tivesse que fazer o sacrifício de parar de olhar para as garotas para olhar em seu celular. A mensagem era de e nela ele avisava que ele e os amigos já estavam na fila do boliche há alguns minutos e pedia para que os encontrasse lá quando chegasse. A noticia deixou mais aliviado. Ele aproximou-se um pouco mais da fila e virou-se para tentar localizar os amigos. Não os encontrou.

- Procurando alguém? – rapidamente reconheceu a voz de Amber. Virou-se novamente para frente e deu de cara com a possível ex-melhor amiga. Ele não pode deixar de olhá-la da cabeça aos pés. Ela estava realmente muito gostosa, quer dizer, bonita.
- Eu... – perdeu até as palavras. Os caras passavam por eles e quase quebravam o pescoço para olhá-la. – Oi! – Ele sorriu, malandro.
- Como eu estou? – Amber abriu os braços. Ela precisava de elogios.
- Bem, você está... alta. – quase riu. O salto dela era realmente enorme. – Eu estou brincando. Você está muito bonita e...alta. – Ele riu dessa vez.
- Valeu! Você também está maravilhoso. – Amber praticamente o comeu com os olhos.

já havia se arrependido de ter dado a ideia do boliche. Ele, , , e já estavam ali há alguns minutos e a fila nem sequer havia andado. Eles cogitaram a possibilidade de ir a outro lugar, mas estavam esperando chegar para decidir.

- Você já ligou pro ? – estava impaciente.
- Pela milésima vez: ele está chegando! – suspirou.
- Fiquem de olho! Não vai ser fácil nos achar aqui. – orientou a todos. Eles olhavam em volta, tentando achar .

A fila aumentava a cada minuto e ainda não tinha ido ao encontro de seus amigos. Todos já estavam impacientes, mas Amber não parecia estar com tanta pressa assim. Estava a alguns minutos contando para os motivos dela ter se atrasado. Quem se importa?

- Você está me esperando há muito tempo? – Amber perguntou, dando o seu melhor sorriso.
- Eu não sei. Fazem uns.. – olhou no relógio. – 10 minutos. – Ele disse.
- Sério? Me desculpa. – Amber mordeu o seu lábio inferior.
- Tudo bem. O que importa é que você está aqui agora. – foi gentil, apesar de estar com pressa. – Vamos? – apontou a cabeça em direção a fila. Ele deu alguns passos, mas ela segurou o seu braço.
- Espera! Eu quero te falar uma coisa. – Amber disse, quando ele virou-se para olhá-la.
- Falar o que? – sorriu e arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu... – Amber riu, sem jeito. – Eu sei que tenho sido uma chata nesses últimos dias. Me desculpe, mas é que... – Ela hesitou. Ajeitou o cabelo e fez o charme de sempre. – Depois daquela noite e depois daquele beijo, eu... eu não suporto a ideia de ver você fazendo aquilo com outra garota. – Amber deu alguns passos, aproximando-se de .
- Amber... – olhou o seu rosto de perto.
- Não precisa dizer nada. – Amber adiantou-se. – Eu só queria que soubesse que eu não consigo tirar o seu beijo da minha cabeça e isso está me deixando maluca. – Ela riu de si mesma. Os olhos dela encaravam os lábios dele e ele tentava ter coragem para se desvencilhar daquela tentação. – E eu acho que o único jeito de me acalmar é me dando outro beijo daquele. – Amber mal respirou depois de dizer aquilo e já partiu pra cima dele. As mãos dela seguraram o rosto dele para que ele não impedisse o beijo. A burrada estava feita! havia cedido aos encantos e aos beijos de Amber. Carência é mesmo uma merda. O beijo rapidamente tornou-se intenso.

Não é segredo para ninguém que era o mais impaciente da turma. Ele estava a beira de um colapso! Já fazia mais de 20 minutos que disse que estava chegando. já pensava em todos os palavrões que diria ao quando ele chegasse. disfarçava, mas estava morrendo de medo que Amber chegasse antes de e contasse a novidade a todos.

- Ele não deve estar nos achando. – deduziu.
- Porra! Só tem uma fila! Não é tão difícil de achar! – resmungou. – Chega! Eu vou ligar pra ele. – Meu irmão pegou o seu celular e começou a procurar o número de em seu celular. Achou o número e o discou, colocando o celular no ouvido em seguida. O celular começava a chamar e enquanto isso, olhava em volta para ver se finalmente o encontrava.
- Está chamando? – perguntou, olhando pro .
- Filho da puta. – repentinamente disse com os olhos fixos em algum lugar. Ele havia acabado de ver e Amber aos beijos. tirou o celular de sua orelha, sem nem ao menos piscar.
- O que aconteceu? – olhou pro , sem entender tamanha reação. Sua expressão havia mudado completamente.
- Eu vou arrebentar esse filho da puta. – colocou o celular no bolso e começou a andar em direção ao e a Amber. Quem visse o ódio em seus olhos acharia que ele mataria o .
- Mas o que... – olhou pro , sem entender nada. seguiu a direção em que olhava e enxergou o problema de longe.
- Merda! – negou com a cabeça, sem saber o que fazer. , e também olharam para a mesma direção e viram e Amber no maior amasso! – Vem, ! Me ajuda! – deu um rápido tapa no braço de e saiu correndo atrás de . fez o mesmo, deduzindo o que estava acontecendo.
- Não acredito! – colocou as mãos na boca, chocada.
- Eu acredito! – negou com a cabeça. Foi a confirmação que ela esperava. Eu estava certa! estava mesmo com a Amber.

O beijo entre e Amber já estava mais intenso do que nunca! já havia perdido as contas de quantas vezes havia tentado parar o beijo, mas Amber não deixava. Aquele era um problema que resolveria. Ele estava furioso! Quando chegou onde Amber e estavam, ele não hesitou em puxá-la, interrompendo bruscamente o beijo. Mal deu tempo de ver o que estava acontecendo e ele já sentiu alguém agarrar com força a sua camiseta e empurrá-lo para trás, chocando o seu corpo contra um poste.

- Seu desgraçado! Sentindo falta da minha irmã? – continuava pressionando contra o poste. não disse nada, apenas encarou o amigo demonstrando que não havia se intimidado nem um pouco.
- ! – gritou, aproximando-se rapidamente dos dois amigos. chegou logo atrás.
- Não encosta em mim! – gritou, antes que e fizessem qualquer coisa para afastá-lo do . – Isso não é problema de vocês! Deem o fora! – Meu irmão disse, furioso. Ele voltou a focar em . Todos em volta já haviam parado para ver a briga.
- Vamos conversar, ok? – se esforçou para manter-se calmo.
- Conversar é o caralho! – desencostou o corpo de do poste e voltou a empurrar o seu corpo, mas dessa vez com mais força. – Eu deveria saber! Eu deveria saber que não devia ter deixado você se aproximar dela! – estava respirando ódio.
- Me solta! – A afirmação de começou a fazer perder a paciência. continuava encarando-o de igual pra igual.
- Eu deveria saber o merda que você sempre foi! – olhou nos olhos de com todo o desprezo que conseguiu.
- Eu mandei soltar! – disse em um tom um pouco mais alto. Todos em volta perceberam que estava prestes a explodir.
- Você não a merece! Nunca mereceu! – apertou ainda mais contra o poste.
- Cala a boca! – estava machucado demais para ouvir aquele tipo de coisa. Cerrou um pouco os olhos ao encarar de .
- Você sabe que é verdade! Você sabe que nunca foi bom o bastante pra ela! – foi ainda mais a fundo. Essa era definitivamente a última coisa que queria ouvir. Ele vem tentando se convencer do contrário nós últimos dias, porque foi exatamente desse jeito que ele se sentiu quando soube que eu havia colocado outro cara em seu lugar.
- CALA A MALDITA BOCA! – gritou, tirando as mãos de de sua camiseta e o empurrando pra trás. e aproveitaram que o empurrão de levou para perto deles e ambos seguraram o meu irmão. imediatamente tentou se desvencilhar das mãos dos amigos, mas não conseguiu. – SOLTEM ELE! – fuzilou o amigo com os olhos. – Vamos! Eu não tenho motivos para não devolver o soco dessa vez! – ameaçou, referindo-se ao soco que havia levado de quando ele descobriu que nós estávamos juntos. voltou a ameaçar com os olhos.
- O que aconteceu com você!? Eu confiei em você! Eu confiei a minha irmã a você! – gritou, enquanto ainda era segurado pelos dois amigos.
- Confiança? Engraçado você falar sobre isso logo agora! – foi extremamente sarcástico.
- O que você quer dizer? – negou com a cabeça, achando que aquilo não havia feito o menor sentido.
- Eu quero dizer que a pessoa que você acha que eu sou, na verdade é a sua irmã! – afirmou com um ódio visível.
- Sério? Você realmente quer falar dela agora? Na minha frente? – ameaçou. Ele jamais permitiria que falasse mal de mim perto dele.
- Falar o que? Falar que ela é igual todas as outras garotas que eu já conheci? Falar que ela não é nada do que eu pensei que fosse? Falar da moralidade que ela sempre cobrou de mim sendo que ela não tem nenhuma? – foi dizendo, enquanto via se contorcer para se desvencilhar das mãos de e .
- Como pode fazer isso com ela? Ela amava você! – negou com a cabeça.
- E eu? – bateu no peito. – Acha que eu não amava ela? Acha que eu queria que tudo isso tivesse acontecido? – deu alguns passos em direção ao , parando em frente a ele. – Acha que eu estou gostando disso? Droga! – estava praticamente cuspindo tudo na cara do meu irmão.
- Eu não sei o que aconteceu e nem o que ela fez com você, mas... – não deixava a arrogância de lado nem por um segundo. – Eu tenho certeza que você mereceu! – terminou a frase com um fraco sorriso, que foi destruído pelo rápido soco que deu em seu rosto.
- ! – largou e empurrou pra trás. – Está maluco, cara? Qual é! – deu uma bronca das grandes.
- Eu não merecia estar ouvindo isso. Você sabe que eu não merecia! – respirava rapidamente e havia algumas poucas lágrimas em seus olhos.
- Ele não sabe! Lembra? Ele não sabe do que está falando, cara! Ele não sabe! – tentou achar um jeito de acalmar .

ainda segurava , mas ainda não sabia ao certo o que estava acontecendo. Apesar da raiva, não usou toda a sua força naquele soco. não havia se abalado tanto com o soco, mas um dos lados do seu rosto estava vermelho. O soco de não havia aumentado a sua raiva e sim a sua decepção.

- Sabe que não vou deixar você chegar perto dela de novo, não sabe? – gritou, vendo conversar com .
- É um favor que você me faz! – respondeu, olhando por cima dos ombros do .
- Caralho! Você não me ouviu? – voltou a dar uma bronca em .
- Sabe, ... – A raiva de estava diminuindo. – Eu realmente cheguei a acreditar que você era o melhor cara pra ela. O jeito com que você a tratava, eu achava que não haveria ninguém tão idiota como você. – chegou a sorrir, enquanto negava com a cabeça. – Você acabou não sendo quem eu achei que fosse, quem ela achou que você fosse. – Ele demonstrou-se decepcionado.
- Dá pra calar a boca, ? – virou-se para . – Você não sabe de toda a história. – estava irritado. Odiava ver os amigos brigando.
- Então me conta! Me conta logo! – pediu, impaciente. olhou pro , que negou insistentemente com a cabeça. Ele olhou para o céu por um tempo. não acreditava que teria que repetir aquela maldita história de novo. - Eu não tenho o dia todo! – percebeu que era algo grave.

Depois de algum tempo tomando coragem e procurando forças para repetir toda aquela porcaria, voltou a olhar para o seu ex-cunhado. o olhava, sem deixar o olhar de julgamento de lado. Olhou mais atrás e viu e , que também o julgavam com o olhar. estava completamente perdido no meio daquela confusão. Estava na hora de todos saberem da verdade.

- Solta ele, . – pediu, esforçando-se para ficar mais calmo.
- Esquece! – negou com a cabeça. Ele tinha certeza que não esperaria um segundo para partir pra cima do .
- Ele vai escutar tudo o que eu tenho pra dizer e se depois ele ainda quiser quebrar a minha cara, tudo bem. Se depois de tudo, ele ainda me achar um merda eu prefiro que ele me devolva o soco, porque isso seria melhor do que ouvi-lo dizer mais uma vez que eu nunca fui bom o bastante pra irmã dele. – disse pro , mas olhou pro o tempo todo.
- Pode soltar. – pediu ao , visivelmente mais calmo. cedeu e soltou , que ficou exatamente onde estava. – Eu estou ouvindo. – Ele abriu os braços.
- O nosso aniversário de namoro foi nesse final de semana. Nós havíamos combinado de nos encontrar. – demonstrava a dificuldade de dizer aquilo. - Eu tinha dito a ela que não queria presente, mas eu sabia que ela não me escutaria. Ela sempre foi teimosa demais, então eu tinha certeza que ela me daria um presente de qualquer jeito. Eu estava certo. – pausou por alguns segundos. – Sabe qual foi o meu presente? Sabe qual foi o maldito presente que eu merecia por tudo o que eu já fiz feito por ela? Uma carta! – mordeu o lábio inferior, rindo da sua própria ironia. – A porcaria de uma carta em que ela me dizia que queria terminar o nosso namoro porque ela simplesmente tinha encontrado outro idiota pra colocar no meu lugar! – finalmente explicou tudo e a expressão no rosto de rapidamente mudou.
- O que? – estava extremamente surpreso.
- Não! – negou com a cabeça e chegou até a rir por um momento. – Isso é impossível! Deve ter alguma coisa errada. – Ele não conseguia acreditar. Não era do meu feitio.
- Por quê? – abriu os braços, aproximando-se de . – Porque ela é perfeita demais pra errar? Porque ela é boa demais para magoar alguém? Porque ela é confiável demais para trair alguém que ela dizia amar? – tinha todos os argumentos do mundo. Era o cúmulo para ouvir tudo calada.
- Eu conheço a minha irmã! – ainda lutou com a verdade.
- Eu também a conhecia! Eu fui apaixonado por ela por 7 anos! Eu sabia absolutamente tudo sobre ela! Pelo menos, eu achava que sabia. – negou com a cabeça. – Eu não entendo essa fé cega que você tem nela! Você sempre a coloca em um pedestal porque você acha que ela nunca vai cometer erros. – deixou de olhá-lo apenas por alguns segundos. – Bem, eu tenho uma novidade pra você! Ela comete erros e ela decepciona pessoas. Na verdade, eu diria que ela faz isso muito bem. – olhou rapidamente para , e depois pra . Nenhum deles pareciam acreditar no que ele estava dizendo. estava se sentindo muito mal agora, não sabia se era por saber o que a sua irmã havia feito ou se era pelas coisas que havia dito ao . – Então, me poupe dessa baboseira, ok? Porque assim como eu sabia que ganharia aquele presente de qualquer jeito, eu sei que você, aliás, todos vocês... – olhou rapidamente para cada um de seus amigos. – Vão ficar do lado dela como sempre ficaram! – Ninguém se manifestou. – Não se preocupem. Eu vou ficar bem. – não conseguiu dizer com toda a raiva que queria. Engoliu a vontade de chorar e olhou para Amber, antes de virar-se de costas e sair de dentro daquela roda que havia se formado entre ele e . Ele estava indo embora.
- , espera! – Amber gritou, dando alguns passos em direção a ele.
- Não! Eu quero ficar sozinho. – nem a olhou direito e a deixou pra trás, seguindo em direção ao seu carro.

Amber, assim como todos os outros observavam ele se afastar. Todos se sentiam mal por, de certa forma, julgá-lo. A culpa não era dele dessa vez e ele tinha todo o direito do mundo de estar beijando a Amber. era o que se sentia pior. Não era como se ele fosse ficar contra mim, mas ele também não poderia ficar contra o . Ele estava sofrendo e precisava do apoio de todos os amigos. A raiva de apenas aumentou. Todo esse drama que o está fazendo... Quem ele acha que está enganando? Como queria ir atrás dele e jogar em sua cara que não houve traição nenhuma da minha parte e sim da parte dele. Infelizmente, ela tinha uma promessa pra cumprir.

- Qual o problema de vocês? Ele já não sofreu o bastante? – Amber esbravejou, falando com todos os amigos de . fazia careta, enquanto passava a mão no local onde tinha levado o soco.
- Vai se ferrar, vadia. – disse com o maior desprezo e descaso do mundo. Amber apenas o olhou, chocada. adorou. Ela aproximou-se de seu namorado.
- Vai ficar ai parado? – perguntou, assim que chegou ao lado do .
- Ele me deu um soco! – fez careta, passando a mão no local em que havia lhe dado o soco.
- Oh, pare de choramingar! – agarrou na camiseta de e começou a puxá-lo na direção em que tinha ido. – Vamos logo! – Ela continuou a puxá-lo.
- Qual é! Isso não é necessário! – gritou, sem querer acompanhá-los. e também tinha ido com eles. – Que droga! – resmungou, porque ninguém lhe deu ouvidos. Só foi atrás deles para não ficar sozinha.

havia andado até o estacionamento e havia acabado de chegar em seu carro. Entrou e bateu a porta com força. Encarou o volante, pensando no quão idiota havia sido. Porque havia deixado Amber beijá-lo e pior, porque deixou todos saberem que aquele assunto, que a minha traição o havia deixado tão desorientado? Ele também estava furioso com o fato de nunca ter os amigos do seu lado, nem mesmo quando eu fiz a maior besteira da minha vida. também estava odiando o fato de tê-lo obrigado a lhe dar um soco. Ele nunca pensou que precisasse fazer aquilo com o seu melhor amigo.

- Se ela está tentando arruinar a minha vida, ela está conseguindo! – suspirou, dando um soco no volante de seu carro. Largou os volantes e passou as mãos pelo seu rosto, tentando acalmar a si mesmo. Depois de alguns segundos, finalmente ligou o carro e acendeu os faróis. Ao acender os faróis, viu os amigos na frente de seu carro. Rolou os olhos, impaciente.
- QUAL É! – voltou a socar o volante, negando com a cabeça. Não desligou o carro, mas abaixou o seu vidro. – Deem o fora! – Ele gritou, olhando para os amigos da janela.
- Nós queremos falar com você! Desce do carro! – gritou, sem sair da frente do carro. , , e estavam junto com ele.
- Saiam da frente! – voltou a gritar, acelerando o carro, sem tirá-lo do lugar.
- VAI MESMO PASSAR POR CIMA DOS SEUS AMIGOS, SEU IDIOTA? – gritou, olhando pro através do vidro da frente do carro. os encarou, furioso. Sabia que eles não sairiam da frente, enquanto não fosse falar com eles. Depois de alguns segundos de resistência, desligou o carro.
- Só pode ser brincadeira. – Ele suspirou, antes de sair do carro de forma brusca e bater a porta com força. – O que vocês querem? – olhou rapidamente para todos.
- Nós sentimos muito, ok? – foi a única que teve coragem de começar aquela conversa.
- Só isso? – não deu a mínima.
- Para de agir como um idiota, Jonas. – achava que ele podia ser um pouco mais compreensivo.
- Do que adianta, se as pessoas continuam querendo me fazer de idiota? – abriu os braços. Ele estava falando sobre mim. – Eu estou de saco cheio de toda essa merda! – Ele desabafou.
- Nós não sabíamos, ok? Eu não sabia! – defendeu-se.
- É, você já disse isso antes de dizer que independente do que fosse, eu tinha merecido. Lembra, ‘amigo’ ? – ironizou a palavra ‘amigo’.
- Eu estava furioso com você! Eu tinha acabado de ver você beijando a Amber! Eu pensei que você estivesse... – hesitou terminar a frase.
- Traindo? – antecipou-se. – Foi isso que você pensou? Foi isso o que todos vocês pensaram, não é? – Ele olhou para todos os amigos e negou com a cabeça. – Sabe o que mais me deixa irritado? É vocês acreditarem que eu estivesse fazendo isso com ela. Logo vocês! – Ele estava inconformado. – Você, ! A garota que sempre elogiou o namorado que eu sempre fui. Você que admirava tanto o jeito com que eu tratava a , o jeito que eu a respeitava. Chegou até a brigar com o porque ele é tão diferente de mim! – olhou para e demonstrou toda a sua decepção mesmo tendo dito tudo aquilo com raiva. – E você, ? Quantas vezes eu te ajudei com a ? Surpresas, cartas, presentes! Acha mesmo que um cara que te ensinou tanta coisa sobre o amor e sobre como ser o melhor garoto pra garota que você amava faria isso? Você realmente acha que eu trairia a ? – acusou o julgamento do amigo, que apenas negou com a cabeça e abaixou com a cabeça. sabia que estava certo. – ! A melhor amiga. – ironizou.
- Manda ver! – o encarou, certa que ele não faria ela sentir remorso como os outros.
- Como melhor amiga você deveria saber de tudo, não é? Eu aposto que ela te contava cada detalhe sobre tudo. Então me diga, ela era feliz comigo? – parou na frente de .
- Eu nunca disse que você nunca a fez feliz, . Assim como não disse sobre todas as vezes que você a fez sofrer. – continuou a encará-lo.
- Não seja hipócrita. Você sabe que ela sempre me quis do lado dela. Você sabe que eu sempre estive ao lado dela, até mesmo quando você a trocou pela garota que eu estava beijando há minutos atrás. Me diga, como isso pode me tornar pior do que você? – percebeu que havia incomodado com seu comentário.
- Acha que a minha traição vai limpar a sua barra? Você se sente melhor usando o meu erro pra justificar o seu? Porque se você se sentir, pode ficar a vontade para usá-lo. – terminou a frase com sorriso que nem chegou a deixar seus dentes a mostra.
- Você me conhece desde sempre! Se lembra quando nos conhecemos? Você estava sozinha naquela escola e eu fui o único que te estendi a mão e te apresentei a todos os amigos que você tem hoje. Você se lembra disso? – O sorriso no rosto de desapareceu. – Me responda com o coração: você realmente acha que o garoto que te estendeu a mão no seu primeiro dia de aula se transformou no babaca que você está achando que eu me tornei? – argumentou e viu toda a arrogância de desaparecer. – Foi o que eu pensei. – Ele suspirou. Deixou de olhá-la para olhar pro . – ! O único motivo para não ter desconfiado de mim foi porque eu te contei tudo ontem. – colocou uma das mãos no ombro do amigo. – Mas eu tenho certeza que você ficaria do lado dela se não soubesse de nada. Você também sabe disso, não é? – forçou um sorriso e deu alguns tapinhas no ombro do amigo. – E você, ? – parou e olhou para o meu irmão.
- O que foi? Quer me dar outro soco? – estava apenas esperando para ver como quebraria suas pernas.
- Sabe que de todos, a sua desconfiança de mim é a mais justificável? Ela é a sua irmã e você faria tudo por ela. – sorriu fraco para o amigo. Um sorriso de decepção. – Mas tem uma coisa que a torna injustificável. Sabe o que é? – Ele olhou nos olhos do meu irmão. – Foi quando você finalmente resolveu aceitar que eu a amava e me pediu para cuidar dela. Eu olhei nos seus olhos, exatamente como eu estou fazendo agora e prometi que eu cuidaria dela e que não a faria sofrer. – lembrou-se da cena como se fosse ontem. – Se você acha mesmo que eu quebraria aquela promessa, eu não tenho nada pra te dizer, . – Ele negou com a cabeça.
- Vai se ferrar, Jonas! Você me deu um soco e eu ainda vim até aqui. Acha mesmo que eu faria isso por qualquer um? – defendeu-se.
- Pra mim isso só mostra que você está com remorso por ter me falado tanta besteira sem que eu merecesse ouvir. – respondeu.
- Eu estou! Ok? Estou morrendo de remorso. – abriu os braços.
- Nós viemos aqui dizer que nós sentimos muito, . – finalmente disse.
- Não só por termos desconfiado de você, mas também pela . Você não merecia. – aproximou-se e abraçou o amigo, que se surpreendeu tanto com o abraço que não deu tempo de correspondê-lo.
- Me desculpa pelas coisas que eu disse. Eu... queria que isso funcionasse. – estava se referindo ao meu namoro com o .
- Eu também, mas eu mudei de ideia. Já passou da hora de superar isso. – disse, demonstrando estar decidido.
- Nós vamos te ajudar. – disse em nome de todos.
- Não. Eu não quero a ajuda de vocês. – voltou a negar com a cabeça.
- Porque não? – não entendeu.
- Vocês também são amigos dela. Eu jamais faria vocês escolherem entre mim e ela. Além disso, superar não está sendo uma coisa fácil pra mim. O único jeito disso funcionar é tirando ela completamente da minha vida e vocês são uma parte da vida dela. Não vai dar! – explicou, pensando apenas no melhor para ele.
- Somos uma parte da sua vida também. – surpreendeu com a sua resposta.
- Está vendo? Você mesmo obriga as pessoas a escolherem o outro lado! – pareceu indignado. – Você está se ouvindo? Você está pedindo para os seus amigos se afastarem. Quem faz isso!? – Ele fez careta. o olhou e depois de olhar para os outros, manteve em silêncio por um tempo. Ele parecia estar tomando uma decisão.
- Vocês querem ajudar? Tudo bem, mas eu vou ser bem claro! – ergueu um das sobrancelhas. – Eu não quero vê-la, eu não quero ouvir a voz dela, eu não quero ouvir o nome dela! Não me interessa se ela está bem ou não. Eu não quero saber dela nunca mais. Entenderam ou não? – olhou rapidamente para todos. – Eu não quero ninguém tentando bancar cúpido aqui e se ela vier pra Atlantic City, saiam com ela e me deixem fora disso. – Ele estava impondo as regras. – E o principal: eu quero vocês como amigos e não como informantes dela. Eu não quero que ela saiba de nada que está acontecendo aqui. Eu não quero que ela saiba se eu beijei alguém, se eu casei, se eu fui promovido no trabalho ou se eu morri. Se ela, por um acaso, perguntar por mim, diga que eu estou muito bem e estou mais feliz do que nunca, o que não será mentira daqui algumas semanas. – respirou fundo. – Esse é o trato! Se alguém aqui não for capaz de fazer isso, é melhor se afastar. – Ele esperou alguém se manifestar. Olhou para por um tempo, pois realmente achou que ela se recusaria a fazer tudo o que ele havia pedido. quis sim se recusar a fazer parte daquilo, mas apenas faria aquilo para manter a promessa que havia feito pra mim. – Vocês podem fazer isso? – perguntou.
- Por mim, tudo bem. – afirmou.
- Se for pra te ajudar. – concordou.
- É o melhor a ser feito. – também concordou.
- Estou com você, cara. – sorriu para o amigo.
- Tudo bem. – ergueu os ombros, demonstrando-se indiferente.
- Ótimo! – rapidamente sorriu, mostrando-se um pouco mais abatido do que deveria. – Isso vai me ajudar. – Ele afirmou com a cabeça. – Eu preciso ir agora. – deu alguns passos pra trás. não estava tão bem quanto tentava parecer. Chegou em seu carro e entrou nele. Os amigos acenaram de longe e saíram de seu caminho. Respirou fundo antes de colocar o cinto de segurança e ligar o carro. Deu a partida no carro e fez questão de passar com o carro ao lado dos amigos. Ele ainda tinha algo pra dizer. - Ei, ! – o chamou e o olhou. – Desculpa pelo soco. – mordeu o lábio inferior.
- Vai se ferrar! – rolou os olhos e riu, acelerando o carro e indo embora de vez.

estava fazendo os últimos acertos para me tirar de uma vez de sua vida. Os amigos já haviam concordado em ajudá-lo a me tirar da sua vida e agora só faltava uma última coisa. Continuou dirigindo até a casa de sua família. Fazia alguns dias que não ia até lá e agora ele tinha motivos para isso. Chegou na casa e a primeira pessoa que encontrou foi sua mãe.

- ? – A mãe até assustou com a visita repentina do filho.
- Oi, mãe. – sorriu fraco e aproximou-me para abraçar sua mãe. Ele estava precisando daquele abraço. Mãe é mãe! Ela logo soube que havia algo errado.
- Está tudo bem, filho? – Ela o apertou ainda mais, quando percebeu que o abraço estava sendo um pouco mais longo que o normal.
- Bem, se eu disser que sim você não vai acreditar. – terminou o abraço e olhou para o rosto de sua mãe.
- Me conta o que está acontecendo. – A apreensão no rosto dela era visível.
- Eu e a ... nós terminamos. – sorriu sem mostrar os dentes.
- Terminaram? Mas por quê? Vocês gostavam tanto um do outro! – A mãe não acreditou.
- Eu não sei. Eu acho que... nada dura para sempre. Sei lá! – preferiu não contar o verdadeiro motivo do término. Ele não queria que a sua família carregasse aquele fardo junto com ele.
- E você está bem? – A mãe dele aproximou uma de suas mãos da cabeça do filho e acariciou seu cabelo.
- Eu estou melhorando. É muito recente. Eu só preciso de mais uns dias, sabe? – esforçou-se mais uma vez para sorrir para não deixar a mãe tão preocupada.
- A sua família está aqui para o que você precisar. Eu estou aqui, filho. – A mãe demonstrou apoio.
- Eu sei, eu sei. A senhora é incrível. – aproximou-se e deu um beijo estalado no rosto de sua mãe. – Falando em família, onde está a ? – olhou em volta, procurando qualquer vestígio de sua irmã mais nova.
- Está no quarto. Ela ganhou uma boneca nova. Você sabe como é, né? – A mãe de riu e ele rolou os olhos.
- Sei! – também riu.
- Você vai contar pra ela? – A mãe perguntou.
- Ela tem que saber. – ergueu os ombros. Não havia o que fazer.
- Vai lá! Boa sorte. – A mãe fez careta. Ela sabia o quanto gostava de mim.
- É... obrigado! – suspirou. Ele sabia que não seria fácil.

sempre teve uma ligação muito forte comigo e não seria nada fácil quebrá-la, mas também não podia permitir que isso continuasse. Imagina ter que levar a para me ver, quando eu viesse pra Atlantic City? De jeito nenhum. não queria mais nenhum tipo de contato comigo e estava inclusa nisso. Chegou na porta do quarto, bateu duas vezes e a abriu em seguida.

- ! – saltou do chão, abandonando pela primeira vez naquele dia, a sua boneca. Ela o abraçou sem pensar.
- Ei, baixinha. – também a abraçou. – Vou te chamar assim enquanto eu posso. Você está crescendo muito rápido. – justificou, antes que ela lhe desse uma bronca.
- É o que todos dizem. – riu, feliz da vida com a frase do irmão.
- E então? Fiquei sabendo que você ganhou uma boneca nova. – puxou assunto.
- Ganhei! Essa aqui. – abaixou-se e pegou a boneca nos braços.
- Oh, meu Deus. Ela é horrível! Eu já não te disse que os videogames são melhores? – disse apenas para provocá-la.
- Chato! Não fala assim da minha boneca! – lhe deu um tapa.
- Eu estou brincando, garota! – ficou impressionado com o tapa. – Ela é bonita sim. – Ele riu da reação de sua irmã.
- Ah bom! – riu, mostrando a língua pro irmão. – Sabe quem ela me lembra? – perguntou, arrumando cuidadosamente o cabelo da boneca.
- Quem? – perguntou, inocentemente.
- A ! – olhou pra ele e sorriu docemente. – Ela parece uma princesa, olha. – voltou a mostrar a boneca pro , que já havia ficado sem estruturas com o comentário da irmã.
- É... – sorriu fraco. – Ela é muito bonita mesmo. – o havia quebrado com apenas uma frase.
- Foi por isso que eu dei o nome da pra ela. – não percebeu absolutamente nada. Voltou a arrumar o cabelo da boneca. – Onde ela está? Eu quero mostrar a minha boneca pra ela. – voltou a olhá-lo e viu a expressão de tristeza do irmão. Ele virou-se de costas para irmã e encarou a parede, fechando os olhos por alguns segundos e prensando seus lábios um contra o outro. A conversa mal havia começado e ele já estava devastado.
- , você está triste? – olhou ele de costas com seu olhar triste. Ainda com os olhos fechados, negou com a cabeça, passando uma de suas mãos pela sua cabeça. Vamos, !
- ... – abriu os olhos, respirou fundo. – Eu tenho que te contar uma coisa. – Ele deu alguns passos na direção dela.
- Tudo bem se a não veio! Ela conversou comigo e disse que viria quando pudesse. Eu espero! – tentou resolver o problema errado.
- Venha, senta aqui. – sentou-se no tapete na frente dela e ela fez o mesmo.
- Eu já sei! Você está sentindo saudade dela, né? – deu um triste sorriso. – Não fica assim. – Ela negou com a cabeça, séria. – Olha, eu deixo você ficar com a minha boneca. Assim você mata um pouco a saudade. – estendeu a boneca em direção ao . Ele olhou para as pequenas mãos de sua irmã e observou a boneca por um tempo. As lágrimas começavam a acumular-se em seus olhos. pegou a boneca apenas para não fazer a desfeita.
- Eu estou sentindo muita a falta dela sim. – forçou um sorriso para que a irmã se sentisse um pouco melhor.
- Eu também! – devolveu o sorriso.
- Mas eu acho que... – pausou para se recuperar. – Ela vai demorar um pouco mais pra voltar. – Foi a melhor forma que arrumou para dizer aquilo.
- Por quê? – era curiosa. Ela não deixaria barato.
- Porque ela está um pouco ocupada agora. – não conseguiria contar nem meia verdade pra .
- Ocupada? – arqueou a sobrancelha exatamente do jeito que costumava fazer. – Ela não gosta mais de mim? – Ela perguntou.
- Não! Não tem nada a ver com você. É impossível não gostar de você. – admirou o rosto delicado de sua irmã.
- Tem a ver com você? – continuava com as perguntas.
- Sim, eu acho que sim. – afirmou com a cabeça, sabendo qual seria a próxima pergunta.
- Mas por quê? Eu vi nos filmes. Você é o príncipe e ela é a princesa. Vocês tem que ser namorados igual a mamãe e o papai. – disse como se soubesse tudo sobre a vida. Parecia tão simples pra ela.
- Algumas vezes, a princesa encontra outro príncipe. Não existe só um príncipe e uma única princesa. – não conseguia ser mais claro que aquilo.
- Não! Mas eu não queria que você tivesse outra princesa. Eu queria ela! – também tinha seus argumentos.
- Eu também queria ela! Eu queria muito que fosse ela. – abaixou a cabeça, encarando o chão por alguns instantes. – Mas ela queria outro. Eu não pude fazer nada! – Ele voltou a olhá-la.
- Então ela não vem me ver? Ela tem outra amiga agora? – perguntou, preocupada.
- Não importa o que aconteça. Você sempre vai ser a melhor amiga que ela já teve. – não queria que a sua irmã ficasse triste.
- Verdade? Ela te disse isso? – abriu um enorme sorriso.
- Disse. – mentiu, mas era para o bem da sua irmã. – Mas ela não vai poder vir te ver agora, então você vai ter que ter paciência. Você consegue? – sorriu de volta.
- Eu não sei. Você vai conseguir? Se você conseguir eu também consigo. – perguntou, séria. Nem mesmo sabia a resposta para aquela pergunta. A dúvida fez seu coração doer.
- Eu espero que sim. – afirmou. Não sabia se estava enganando sua irmã ou a si mesmo.
- Você vai conseguir sim, porque no final de todos os filmes que eu já vi, o príncipe e a princesa sempre vivem felizes para sempre. – tentou tranquilizar , que desabou de vez.
- Vem aqui. – segurou a mão da irmã e a puxou para mais perto. ajoelhou-se na frente do irmão e ele a abraçou. Durante o abraço, uma lágrima escorreu pelo rosto de e ele rapidamente tratou de secá-la. – Você é a melhor irmã do mundo. Você sabe disso, né? – perguntou, terminando o abraço e olhando seu rosto de perto.
- Sou? – sorriu, surpresa.
- É! – quase riu com sua reação. – Nunca se esqueça disso. – Ele puxou o seu rosto pra mais perto e beijou carinhosamente a sua testa.
- Ta bom! – estava feliz da vida com o rótulo de ‘melhor irmã do mundo’.
- Agora eu tenho que ir pra casa. – engoliu de vez o choro e levantou-se do chão.
- Você vai levar a boneca? – voltou a estender a boneca na direção do irmão.
- Não, pode ficar. Você vai precisar mais do que eu. – piscou um dos olhos para a irmã, que riu. – Vem aqui e me dá um beijo. – abaixou e esperou que ela beijasse a sua bochecha. Ela o fez do jeito mais doce do mundo.
- Você pode dar um recado para a ? – perguntou antes do irmão ir embora.
- É claro. – não daria recado algum, mas apenas concordou para não entristecer a sua irmã.
- Fala pra ela não se preocupar. Eu vou continuar cuidando de você como ela pediu. – sorriu. a olhou e deu um fraco sorriso, enquanto sentia seus olhos encherem de lágrimas.
- Eu falo pra ela. – acariciou rapidamente o rosto da irmã.
- Ta bom! – ficou agradecida. - Manda um beijo pro Buddy! – lembrou-se do cachorrinho que tanto gostava antes do irmão ir embora.
- Pode deixar! – fez joia. Ela nunca se esquecia do Buddy. - Se cuida! – disse, antes de fechar a porta.
- Beleza! – fez joia e tentou piscar os olhos pro irmão, mas não conseguiu. riu da irmã, antes de sair e fechar a porta. Só mesmo poderia fazê-lo sorrir depois de tudo.

Aquilo havia sido bem mais difícil do que havia previsto. acidentalmente piorou mil vezes mais as coisas pra ele. O jeito com que ela se sentia sobre mim de certo modo era muito parecido com o que ele sentia. foi o mais rápido que conseguiu para casa. Teve que prometer mil vezes para a sua mãe que estava bem e que continuaria bem. Ele estava literalmente um lixo. Chegou em casa e ainda teve que lidar com Buddy, que estava louco para lhe dar carinho.

- Vem, Buddy. Senta aqui. – bateu a mão no sofá, olhando para Buddy, que rapidamente atendeu o seu pedido. – Você está tão carinhoso nesses últimos dias. Até parece que você sabe de tudo o que eu tenho passado. – acariciou a cabeça do cachorro, que olhava atenciosamente para ele. Buddy virou a sua cabeça, sem deixar de olhar pro . – Você sabe, né? – sorriu sem mostrar os dentes. Buddy deixou de olhá-lo e abaixou sua cabeça, apoiando-a em uma das pernas do . – Eu sei que não está sendo fácil pra você também. Você conhecia nós dois e você presenciou diversas coisas que faria qualquer um ter certeza de que nós ficaríamos juntos pra sempre. – Ele voltou a acariciar a cabeça de Buddy, que começou a fazer alguns ruídos. – Acha que eu não percebi o jeito que você olha pra Amber? – puxou a cabeça do cachorro, trazendo-o para frente de seu rosto. – Você não gosta dela, né? – riu para o cachorro, que manteve-se sem reação. – Você prefere a . – afirmou com a cabeça e o cachorro voltou a fazer ruídos. – Eu sei! Todo mundo prefere a . Até eu prefiro a . – Ele rolou os olhos, enquanto suspirava. – Isso é passado. – observou o cachorro aconchegar a sua cabeça em sua barriga. – Todos já sabem que ela é parte do meu passado e que eu vou superá-la, só falta eu. – Ele deixou de olhar para Buddy e olhou para qualquer coisa em volta.


Era um pouco mais de 10 horas da noite e eu estava exausta. Eu havia acabado de chegar do trabalho e ainda tinha um artigo da faculdade para ler antes de dormir. Dormir pra que? Eu normalmente chego cansada, mas naquele dia o cansaço estava muito maior. Talvez porque a minha cabeça durante o trabalho estava tão longe, que eu tive que me empenhar mil vezes mais para qualquer coisa que eu ia fazer. O dia foi mesmo uma droga. Subi para tomar banho e estava prestes a preparar qualquer coisa para comer, quando ouvi o meu celular tocar. Toda vez que o celular toca é um desespero. Eu não sei por quê. Talvez eu tenha esperanças de que o ainda tenha a coragem de me ligar.

- Wow, olha só quem lembrou que tem uma melhor amiga. – Eu disse ao atender. Era o .
- Eu sei! Me desculpa! – riu com o que eu havia dito. – Eu tenho andado ocupado. – A voz de parecia mesmo de cansaço.
- Tudo bem! Os dias também não tem sido um mar de rosas pra mim. – Eu fiz careta, sem sabe se ele entenderia com tanta precisão a minha frase.
- É, eu estou sabendo. Foi por isso que eu liguei. – deixou logo claro que ele sabia sobre tudo.
- Então você já sabe. – Eu suspirei. Se ele já sabia, quer dizer que o tinha contado.
- Você está bem? – perguntou, preocupado. A resposta era óbvia pra mim, mas não era a que ele ouviria.
- Sim, eu estou bem. – Eu menti na cara dura. Eu terminei o namoro com o alegando que estava com outro cara. Porque eu estaria triste?
- Que bom. Eu estava preocupado com você. – disse, aliviado.
- E você? Está bem? – Eu perguntei, porque eu senti que ele conversava comigo como se estivesse pisando em ovos.
- Eu também estou bem. – percebeu a minha desconfiança.
- Ele te contou, né? Contou como tudo aconteceu, os meus motivos... – Eu já fui logo falando. – Eu sei que isso está te incomodando. – Eu dei liberdade para que ele falasse.
- Já que você tocou no assunto. – sabia que não conseguiria disfarçar. – Eu fiquei mesmo um pouco surpreso com o jeito que tudo aconteceu. – Era exatamente a reação que eu esperava.
- Eu também fiquei surpresa. Eu... Eu não queria que acontecesse, mas aconteceu, sabe? – Eu estava tentando saber como eu agiria se realmente tivesse traído daquela forma.
- Quem é o cara? – fez a intrigante pergunta.
- É um cara que eu conheci na faculdade. Ele é legal. – Eu devia estar agindo como se estivesse apaixonada por esse cara que não existe?
- Ele deve ser mesmo bem legal pra você tê-lo trocado pelo . – comentou sem perceber que aquilo poderia soar como uma critica.
- Bem, eu já percebi que o já fez a sua cabeça contra mim. Agora eu sou a pior pessoa do mundo. – Eu rolei os olhos. Era só o que faltava.
- Não! É claro que não! – negou. – Eu não estou contra você, mas eu também não estou contra o , entende? Você cometeu os seus erros e eu tenho certeza que o também cometeu os dele. Eu entendo. Vocês dois são os meus melhores amigos e eu já mais arriscaria perder um de vocês porque vocês dois são idiotas e teimosos. – disse, sério.
- Oh, isso foi quase fofo. – Eu sorri, aliviada. Ainda bem que não estava contra mim. Eu não suportaria isso.
- É sério! Se fosse você, eu sei que você faria o mesmo. Você nunca viraria as costas pra mim. – é o melhor. Eu já disse isso?
- Eu não esperava outra atitude de você, sabia? – Eu sorri fraco.
- É, mas da próxima vez você conversa comigo antes. Eu preciso saber desse tipo de coisa, entendeu? Eu sou o melhor amigo, lembra? É o meu trabalho! – me deu uma bronca.
- Eu sei! Me desculpa. Eu não queria que você tivesse ficado sabendo por outras pessoas, mas eu meio que tinha medo da sua reação. – Eu fui sincera dessa vez.
- Besteira! – revirou os olhos.
- Ok, então... – Eu respirei, aliviada. – Obrigada por me entender. – Eu agradeci.
- Tudo bem. – sorriu, negando com a cabeça. – Você sempre vai ter a mim, não importa o quanto você se esforce para ser a pior pessoa do mundo. – Ele riu.

Ufa! Pelo menos uma boa noticia! não me odiava e eu ainda tinha o meu melhor amigo. Faltam só e , já que eu sei que não tem a opção de ficar contra mim. Vantagens de ter um irmão! Eu e falamos sobre faculdade e sobre trabalho antes de desligarmos o telefone. É claro que eu não contei pra ele a verdade e é claro que eu não perguntei sobre o , mesmo estando louca para perguntar. Eu tenho que agir como uma ex-namorada insensível. Não tem como ficar perguntando sobre o . e iam acabar me ligando. Se eles ainda não ligaram é porque não devem saber das novidades. também não deve saber já que a última vez que ele falou comigo foi no meu aniversário. Eles vão acabar me ligando no meio da semana.

- Oi, . – Eu atendi o celular assim que sai de uma das salas de exames do hospital.
- Estou atrapalhando? – fez careta. Sabia que era o meu horário de trabalho.
- Não! Eu estava saindo pra comer alguma coisa agora. – Eu disse, encontrando com Meg nos corredores. Apontei em direção a cantina, ela entendeu o que eu quis dizer e resolveu me acompanhar. – E então? Tudo bem? – Eu achei que ela só estava ligando para saber como eu estava assim como ela costumava fazer.
- Tudo certo e você? Melhor? – havia acabado de chegar em casa. Estava na casa de uma colega da faculdade fazendo um trabalho.
- Estranho, mas sim. – Eu sorri fraco. Meg sentou em uma das mesas e eu a acompanhei.
- Que boa notícia! – sorriu, despreocupada.
- E como estão as coisas por ai? – Como se a minha melhor amiga não soubesse o que eu realmente queria dizer com aquilo.
- Honestamente? Cumprir a minha promessa está sendo mais difícil do que eu pensei. – suspirou longamente.
- É, eu sei. Ele está espalhando para o mundo que eu trai ele. – Eu peguei o cardápio e apontei para o cappuccino que eu queria e Meg fez o nosso pedido.
- Você não faz ideia do drama que ele está fazendo! – parecia irritada com o assunto. – Ele está imune a qualquer decepção, a qualquer crítica ou julgamento porque todos acham que você traiu ele. – Ela contou.
- Eu percebi! me ligou no começo da semana e o me ligou ontem. Eles não estavam me julgando, mas eu percebi que eles estavam agindo como se eu tivesse feito uma grande besteira. – Eu contei para .
- Você sabe que você correu o risco de perder muitas pessoas que você ama com essa mentira, não é? Se fosse com o , eles teriam acabado com ele. Como sabia que não aconteceria o mesmo com você? – não sabia se valia tanto a pena ter feito tudo aquilo.
- Eu não sabia. – As vezes honestidade é sinônimo de burrice. – Eu sabia como todos iam tratar ele se soubessem o real motivo de eu ter terminado o namoro. Eu sabia como o ia tratá-lo. Eu não podia estragar a amizade deles. Eu também fiz isso pelo . O é como um irmão pra ele. – Eu expliquei meus motivos, vendo Meg revirar os olhos.
- É, aposto que sim. – ironizou a briga deles que, aliás, eu ainda não sabia que tinha acontecido.
- Você estava com eles quando o contou sobre a traição? – Eu perguntei, tomando um gole do meu cappuccino.
- Pode se dizer que sim. – não entrou em detalhes.
- Ok, eu já percebi que está tentando me esconder alguma coisa. – Eu fiquei curiosa. Porque ela me esconderia?
- Não é nada. – desconversou.
- Estou esperando você dizer. – Eu não deixaria pra lá!
- Certo, então aqui vai. – negou com a cabeça. Eu era teimosa demais para ela tentar me fazer esquecer aquilo. – O jeito que todos descobriram... não foi bom. – Ela não sabia por onde começar.
- Como assim? – O que ela estava querendo dizer?
- Droga, eu não sei como te explicar. – suspirou, nervosa.
- Não pode ser tão ruim! – Eu a encorajei.
- Você está sentada? – sabia que seria um pouco difícil pra mim ouvir aquilo.
- Estou sentada e estou tomando um cappuccino maravilhoso. Nada pode estragar esse momento. – Eu disse, enquanto sorria pra Meg que riu rapidamente da minha afirmação.
- O que aconteceu foi que... – hesitou. – Todos viram o ...com a Amber. – Ela finalmente disse. Fechou os olhos por poucos segundos, sentindo-se horrível por ter dado aquela noticia.
- Ele... – Calma, eu preciso de um tempo pra processar essa informação. – Ele estava com a Amber? Como? – Meg percebeu repentinamente a minha mudança de comportamento.
- Ele... estava beijando a Amber. – disse. Foi como um chute no estômago.
- Então... eu estava certa sobre eles. Ótimo. – Eu não sei de onde tirei a força para fingir que estava tudo bem. Meg me observava, curiosa. – Deixe-me adivinhar: todos caíram matando em cima dele. – Aquilo era mais do que obvio.
- É, literalmente. Principalmente o seu irmão. – rolou os olhos.
- O ? É claro! – Eu até havia esquecido do meu irmão no meio de toda essa história. – Por favor, não diga que eles brigaram. – Eu fiz careta, esperando pela resposta.
- Desculpa, mas... – também fez careta.
- Droga... – Eu suspirei, passando rapidamente uma das mãos pelo meu rosto. – Mas por quê? É sério, eu não acredito. – Eu não me conformaria tão cedo.
- O seu irmão viu os dois e ficou maluco! Ele foi pra cima do e começou a falar umas verdades pra ele. – hesitou continuar. – E ai o ... – Ela hesitou novamente. – O deu um soco no . – Ela disse.
- Não, não, não, não! – Eu mordi o lábio inferior e neguei com a cabeça. – Isso não era pra acontecer, droga! Isso foi tudo o que eu tentei evitar. – Eu estava muito mal com aquilo.
- , não foi sua culpa! - tentou me acalmar.
- É claro que a culpa foi minha! Tudo isso... é tudo minha culpa! – Sempre dá tudo errado! Meg me olhava, preocupada.
- Eles já estão bem, ok? Eles brigaram, mas eles já se acertaram. – disse rapidamente. – fez o maior drama de todos e funcionou. até se desculpou. – Ela quis me tranquilizar.
- Parece que quanto mais eu tento acertar as coisas, mais elas dão errado. – Eu suspirei, irritada.
- Já voltou tudo ao normal. Todo mundo achando que o é um santo e achando que você é a maior traidora do mundo. Relaxa! – tentou me mostrar que apesar de alguns problemas, as coisas estavam saindo como eu queria.
- Ok, eu vou parar de surtar. – Eu neguei com a cabeça. Não queria deixar preocupada. Eu não queria ter mais uma coisa para pensar.
- Isso. Esqueça tudo isso. – aconselhou.
- Certo. – Super fácil esquecer que o meu irmão e o meu ex que são melhores amigos brigaram por causa de mim.
- Agora eu tenho que desligar. A minha mãe chegou. Nós vamos ao shopping. – levantou-se do sofá, quando ouviu a buzina do carro da mãe.
- Tudo bem. Divirta-se.. e obrigada por tudo. – Eu sorri fraco.
- Fique bem! Te ligo depois. Beijos. – desligou apressadamente.
- O que foi que aconteceu? – Meg perguntou assim que eu desliguei o celular.
- O e o meu irmão brigaram. – Eu apoiei o meu cotovelo na mesa e coloquei minha mão em minha testa.
- Brigaram por quê? – Meg não entendeu.
- Por causa de mim! O meu irmão viu o com a Amber e ele ainda não sabia sobre o término. – Eu neguei com a cabeça, demonstrando o quanto aquilo me deixava inconformada.
- Quer dizer que o levou umas porradas? – Meg tentou ver o lado bom de tudo.
- O meu irmão é que levou. – Eu fiz careta.
- Que imbecil. – Meg rolou os olhos. – Ele te trai e ainda se acha no direito de sair distribuindo socos? Esse garoto não tem limites. – Meg tinha cada vez mais implicância com o .
- Eu não queria envolver o meu irmão nessa história. Eles são amigos desde sempre. Eu não quero que isso interfira na amizade deles. – Eu expliquei pra ela.
- Ele é o seu irmão, . Ele sempre vai te proteger de qualquer coisa e de qualquer pessoa. – Meg ergueu os ombros.
- Eu sei, mas esse foi um dos motivos de eu ter inventado toda essa porcaria. Eu não quero que isso sobre pro , porque tudo foi culpa minha. Eu vim pra cá, eu deixei ele livre pra conhecer quem quiser e fazer o que quiser. Quer dizer, quem escolhe um sonho ao invés do cara que você ama? – Eu questionei a mim mesma.
- Agora você viu que valeu a pena, não é? Ele te trocou pela rainha do recalque, mas você ainda tem a sua faculdade e Nova York. – Meg sorriu pra mim.
- Eu quero esquecer essa história. Eu quero esquecer tudo isso. – Eu passei as mãos pelo meu rosto. Eu não aguentava mais pensar em tudo aquilo.
- Então se esforce. Pare de pensar nisso! Pense que nós temos dezenas de injeções para aplicar. O que pode ser melhor que isso? – Meg fez uma careta engraçada.
- Só você mesmo. – Eu ri antes de beber o último gole do meu cappuccino.
- Vamos antes que o nosso chefe nos veja. Não vai pegar bem. – Meg levantou-se da mesa e eu fiz o mesmo.
- Vamos ao trabalho. – Eu suspirei longamente tentando tirar tudo aquilo da minha cabeça. Eu tenho que focar no trabalho agora.

Agora estava mais do que confirmado. Eu deveria estar me sentindo melhor? Não está funcionando. Se a reação de foi tão agressiva e para os meus amigos foi tão surpreendente, como seria pra mim? Quer dizer, o que eu faria se tivesse flagrado eles ao invés de só juntar as peças e me tocar? Provavelmente eu arrancaria cada fio do cabelo da Amber e faria engolir. Eu não sou tão boazinha, então é claro que eu não pouparia o de algumas valiosas verdades que eu teria o prazer de jogar na cara dele que o faria sentir remorso pelo resto de sua vida. Depois de bancar a forte, eu iria pra casa chorando e continuaria chorando por mais um mês. Eu estou feliz (se é que posso dizer isso) com o jeito que eu descobri tudo. Eu não tive que gritar, brigar ou falar verdades. O choro foi a única parte da qual eu não consegui me safar, mas nada que eu não supere daqui alguns dias. Se quer saber, eu estou bem melhor. Eu não estou chorando com tanta frequência, mas as vezes vem alguns chacoalhões que fazem eu me dar conta do que aconteceu e de como tudo aconteceu. Eu vou sobreviver.

- Está errado de novo! – Mark riu da minha cara.
- Qual é! Eu á errei essa mesma pergunta mais de 5 vezes! – Eu abri os braços. Estávamos sentados no sofá e Mark tinha um livro nas mãos. Eu teria uma prova no dia seguinte e ele estava fazendo a gentileza de me ajudar a estudar.
- Você sabe que ainda dá tempo de trocar de profissão, né? – Mark me olhou, sério.
- Oh, disse o futuro engenheiro que odeia matemática! – Eu ri ao dar o troco.
- Eu não odeio matemática. A matemática é que me odeia. Virou pessoal, sabe? – Mark disse bem humorado, me fazendo rir.
- Já fez as provas bimestrais? – Eu perguntei, pois não me lembrava de vê-lo estudar.
- Começam na semana que vem. – Mark fez careta.
- Mark! E o que está fazendo aqui? Porque não está estudando? – Eu o olhei, perplexa.
- Eu disse semana que vem e não amanhã. E... antes que você diga que eu já devia ter começado a estudar, entenda: nem todo mundo é tão ‘cdf’ igual a . – Mark sorriu, aproximando uma de suas mãos que segurava uma caneta de meu rosto e jogando o rabo que eu havia feito no meu cabelo e estava sobre um dos meus ombros para trás.
- Ok, ok! – Eu ergui os ombros, rindo. – Eu não vou mais me intrometer nos seus assuntos universitários! – Eu mostrei rapidamente a língua pra ele. – Próxima pergunta! – Eu voltei a me concentrar na matéria.

Mark tem sido um grande amigo. Eu não sei como estaria passando por tudo isso sem ele e a Meg. Eles me distraem o tempo todo e eu acabo nem tendo tempo para me lamentar, chorar e me lembrar de e Amber. Mark era como uma caixinha de surpresas. Eu venho descobrindo mais dele a cada dia. O Mark que eu conheci quando vim passar o feriado na casa da tia Janice não é o mesmo de agora. O Mark de agora não é tão sério e nem tão correto. Ele tem o seu lado divertido, o lado idiota, mas também tem o lado sensível que chega até a me surpreender as vezes. As vezes ele me entende em coisas que os homens geralmente não entendem, nem mesmo a Meg entende.

Quase 3 semanas haviam se passado e já fazia uma semana que eu não chorava. Quer dizer, eu chorei sim algumas vezes, mas foi de tanto rir. Mark e a Meg são dois palhaços. Eu morro de rir cada vez que o Mark começa a imitar a Meg. Eles são dois pentelhos que não se deixam em paz e acabam me envolvendo nessa história. Eles estão sendo mais do que compreensivos comigo. Vivem perdendo seus finais de semana para me fazerem companhia. Geralmente nós assistimos um filme ou jogamos cartas. Não é só porque eu tenho mais dois novos amigos incríveis que eu tenha me esquecido dos antigos. Todos eles me ligam quase todo dia. sempre me ligava quando brigava com o meu irmão e eu dava dicas para ela sobre como lidar com ele. e estão em uma guerra sem fim. Qualquer dia desses eles vão se matar! é uma graça. Ele está super preocupado com o meu término com o . Talvez porque ele saiba como eu me sinto, pois já passou isso com a . Eu estou cercada de pessoas incríveis, porque eu devo me lembrar de quem eu perdi?

- ? – Era a voz de .
- ! Oi! Tudo bem? – Eu sorri ao atender a ligação dele.
- Eu estou bem e você? – sorriu com a minha empolgação por falar com ele.
- As provas acabaram! Eu estou muito bem! – Eu disse, aliviada. As últimas semanas não haviam sido fáceis.
- As minhas também! Eu nem acredito que estou finalmente livre delas. – riu. – Eu não aguento mais olhar para os meus livros e para o meu quarto. Eu fiquei trancado aqui por dias. Eu preciso sair e foi ai que eu me lembrei que eu tenho uma amiga em Nova York. – Ele insinuou como se eu já não tivesse entendido.
- Está brincando? – Eu fiquei imediatamente empolgada. – Depois de tanto papo furado, você finalmente vem? – Eu brinquei. Faz meses que ele diz que vem me visitar.
- Eu posso ir? Está ocupada no final de semana? – perguntou. Ele não queria atrapalhar.
- Mas nem se eu estivesse! Não é todo dia que um dos meus amigos resolvem vir me visitar, né? – Eu sorri.
- Já pode parar com as indiretas, ok? Eu vou! – riu.
- Quando você vem? – Eu perguntei, ansiosa.
- Eu queria ir na sexta-feira, mas meus tios vão vir fazer uma visita e minha mãe jamais me deixaria sair com eles aqui. – rolou os olhos. – Mas eu acho que consigo estar ai sábado a tarde. – Ele explicou.
- Tudo bem então. – Eu concordei. – Mas... – Eu tinha que perguntar. – Vem só você? – Eu não queria surpresas.
- Sim, só eu. Eu falei com os caras e com a e a , mas todos estão em época de provas. Vou sozinho mesmo. – explicou. Ele não citou o nome de , mas se ele estivesse envolvido, me diria.
- Certo, então eu vou te esperar. – Eu sorri fraco.
- Até sábado. – disse antes de terminar a ligação.

Eu estava muito empolgada para a visita dele. Eu estou morrendo de saudade de todos eles, mas eu simplesmente não posso ir até Atlantic City agora. Não depois do que aconteceu. Meus pais me visitam pelo menos uma vez por mês e veio me visitar há algumas semanas atrás, então as únicas pessoas que eu fiquei sem ver mesmo foram os meus outros amigos e o meu irmão.


- Sua vez, . – disse, esperando o meu irmão jogar. Os garotos estavam reunidos na casa do para jogar sinuca.
- Eu estou jogando, mas estou pensando na prova de sexta. – suspirou.
- Depois de anos, você resolve virar nerd? – rolou os olhos.
- Pois é, também acho que ando convivendo muito com você. – fez careta, causando a risada de e .
- Ouvi dizer que a está começando a ficar com ciúmes. Se eu fosse você, me afastava. Não dá pra brincar com mulher. – brincou com , que continuava levando tudo na brincadeira.
- Ah não ser que você seja Jonas, é claro. – sorriu pro , que parecia ter se achado com o comentário.
- Espera, o que é esse barulho? – colocou uma das mãos em sua orelha.
- É o barulho da Amber não ligando! Oh meu Deus! – fingiu estar perplexo.
- Há! Podem rir. – riu, rolando os olhos.
- O que será que aconteceu? – continuou a brincadeira.
- Seja o que for, não fui eu. – disse com um ar de riso. – Quer dizer, há não ser que a recompensa de vocês seja boa. Se for, eu assumo toda a culpa e ainda deixo você me chamar de herói, . – Meu irmão completou. Naquele mesmo segundo, o celular de começou a tocar.
- Ah não! – negou com a cabeça. foi até o seu celular que estava sobre a mesa e olhou no visor.
- Falando nela. – mostrou o visor para os amigos e em seguida ignorou a chamada.
- Beleza, minha oferta ainda está de pé! – olhou para e depois para .
- Quem vai amarrá-la? – cruzou os braços, sério. começou a rir.
- Depende. Ela vai estar nua ou não? – também perguntou, sério.
- Oh, eu não trabalho com mulheres nuas, só se for com a minha mulher o que não tem sido o caso na última semana já que ela está com uma tpm do caralho e chora a cada ‘porra’ que eu digo. – estragou toda a cena causando a risada histérica dos 3 amigos.
- Uma semana, cara? – tinha que zoar.
- Melhor do que 19 anos não é, lindinho? – passou por dando um tapinha nas costas de .
- Seu grosso! – tentou imitar a voz de e fingiu um choro escandaloso.
- Vai procurar alguém pra dar vai, ! – fez cara de deboche.
- Eu até daria, mas eu estou sensível demais para fazer isso. – continuou tentando imitar .
- Adivinha o que é que vai ficar sensível quando eu pegar esse taco e... – ia dizendo, mostrando o taco de sinuca.
- Já parei! – riu, voltando a engrossar a voz.
- O que é isso nos seus olhos? Medo? – aproximou-se de .
- Você não tem moral nenhuma pra falar de mim. Joga e fica na sua. – apontou para a mesa de sinuca.
- Quem disse? – disse depois de um certo tempo. Não tinha certeza se deveria contar aquilo. Todos o olharam, perplexos.
- Espera! O que? – não acreditou.
- Oh, meu Deus! Eles crescem tão rápido. – colocou as mãos nos olhos, fingindo estar emocionado.
- Vocês são uns babacas. – rolou os olhos, rindo.
- Vamos, venha até aqui, encoste a sua cabeça no meu ombro e me conte os detalhes. – disse, passando a mão em um dos bancos do seu lado.
- Eu não vou contar nada! – negou com a cabeça, voltando a focar na partida e fazendo a sua jogada.
- É, só falta as duas mocinhas. – sorriu para e depois pro .
- É... – concordou, olhando disfarçadamente pro . Ele era o único que sabia da sua perda de virgindade com a Amber. não contaria a e a porque não queria ser ainda mais zuado e julgado.


Já era sexta-feira e chegaria no dia seguinte. Aquele ainda era um dia normal de trabalho, então eu ainda tenho uma rotina para seguir. Mark também tinha a sua rotina. Ele acordava bem cedo, pois tinha que ir para a faculdade. Ele se arrumava todos os dias e sempre que terminava ele ia até a janela. Mark observava todos os dias a minha rotina de ir até a caixa de correio em frente a minha casa. Apesar de eu nunca ter dito, ele sabia exatamente o que esperava encontrar ali todos os dias. Sim, eu ia até a caixa de correio todos os dias pela manhã esperando encontrar uma carta do . Esperando uma resposta a carta que eu havia deixado embaixo da porta do apartamento dele. Esperando uma simples carta em que ele dissesse que estava arrependido de tudo. A minha espera e esperança de receber resposta não era somente causada pela caixa de correio, mas também pelo meu celular, pela minha caixa de e-mails, pela minhas redes sociais e até mesmo a porta da minha casa. Foi isso o que Mark tem visto nas últimas semanas. Ele tem visto eu procurar enlouquecida e tragicamente por qualquer contato do .

Naquela manhã, algo aconteceu que mudou estranhamente a sua rotina. Ao olhar pela janela e esperar pela minha frustrante ida até a caixa de correio, ele avistou um garoto que vinha descendo a rua com um envelope nas mãos. O garoto corria feito um louco e olhava para todos os lados, procurando alguém que pudesse impedi-lo de fazer o que lhe mandaram fazer. Mark acompanhou tudo com mais atenção e observou o garoto parar em frente a sua casa. O mesmo garoto olhou para o número da casa de Mark e logo depois olhou para a minha. Ele voltou alguns passos para chegar ao local certo. O garoto olhou novamente para os lados e aproximou-se da minha caixa de correio. Em questões de segundos, o garoto abriu a caixa de correio e jogou o envelope em suas mãos lá dentro e voltou a sair correndo desesperadamente.

- Mas o que... – Mark demorou alguns segundos para processar todas aquelas informações.

Abandonou a janela e andou rapidamente até a porta de sua casa. Saiu da casa e andou ligeiramente até a minha caixa de correio. Ele a observou por um tempo. Era certo ou não? Deveria mesmo saber sobre o que era aquela estranha correspondência. Sim, ela era, no mínimo, estranha e suspeita. Porque o garoto fez tanta questão de não ser visto? O que ele escondia? Mark temia que fosse algo ruim. Passou tanta coisa ruim pela sua cabeça, que ele não hesitou em abrir a caixa de correio, pegar o envelope e voltar rapidamente para dentro de sua casa.

Mark ainda se sentia mal pelo que havia feito. Não era certo, mas ele não tinha má intenção. Prometeu a si mesmo que se fosse algo bobo, algo que não se parecesse com alguma ameaça ou qualquer coisa do tipo, ele me devolveria e contaria o que havia feito. Ele subiu até o seu quarto e fechou a porta para não ser incomodado. Encarou o envelope nas mãos e depois de alguns segundos de remorso, ele abriu o envelope. O conteúdo em suas mãos parecia tê-lo deixado extremamente surpreso.

- Que droga é essa... – Mark suspirou, surpreso. Como novamente estava próximo a janela, Mark viu quando eu sai da minha casa e fui até a minha caixa de correio assim como fazia todas as manhãs. Mark novamente me viu abandonar a caixa de correio da forma mais frustrada que possa existir. – Você não merece... – Mark suspirou, negando com a cabeça. Mark voltou a olhar para o conteúdo em suas mãos e voltou a guardá-lo dentro do envelope, colocando-o sobre uma das estantes de seu quarto. Ele não me devolveria.


Eu estava pronta para a faculdade mais uma vez. Nada demais. Apenas mais um dia para forçar um sorriso e enganar todos ao me redor de que sou a garota mais feliz do mundo. viria no dia seguinte e esse tem sido o meu motivo de maior empolgação nos últimos dias. Eu estava dando carona para a Meg naquele dia. Os pais dela viajariam no final de semana e ela ficaria sozinha. Foi então que eu tive a ideia de convidá-la para passar o fim de semana na minha casa. Ela topou na hora. Parecia que estava até esperando o meu convite.

- Mark, esse seu arroz está horrível. – Meg fez careta. Havíamos convidado Mark para jantar com nós naquela noite de sexta-feira. Precisávamos de alguém para fazer o jantar.
- Não está tão ruim. – Mark afirmou.- Está? – Ele me olhou.
- Comparado ao arroz que eu faço, está incrível. – Eu segurei o riso, quando Meg começou a gargalhar.
- Nossa, prefiro que você fale que está horrível. – Mark cerrou os olhos pra mim.
- Ok, eu não vou mentir pra você. – Eu fiz careta.
- Sem mentiras! – Mark riu, afirmando com a cabeça.
- Está uma droga. – Eu mordi o lábio inferior, sem jeito por estar falando aquilo pra ele.
- Está, né? – Mark passou a mão pelo seu rosto. – Mais uma exigência para a minha próxima namorada. Ela tem que saber cozinhar. Questão de sobrevivência. – Mark riu. É um assunto com o qual costumávamos brincar.
- Está vendo, ? Já era. Perdeu! – Meg me olhou, rindo. Joguei a almofada mais próxima na cara dela. Ela sabe o quanto eu fico sem graça com essas piadinhas sobre eu e o Mark.
- Engraçadinha. – Eu rolei os olhos, enquanto percebia que Mark me olhava.
- Ok, vamos mudar de assunto. – Meg engoliu o riso e ficou pensativa por algum tempo.- Eu não sei. Vamos fazer alguma coisa. – Ela estava entediada. Estávamos conversando há horas.
- Seja o que for, não me incluam. Eu vou pra casa. – Mark levantou-se do sofá.
- Espera! Mas já? – Meg estranhou. Mark costumava ficar até tarde com nós.
- Não! Ainda é cedo! – Eu também estranhei.
- Eu estou com sono e cansado. Estou precisando dormir. – Mark sorriu para nós duas.
- Não acredito, Mark! – Meg arqueou a sobrancelha. Ele aproximou-se dela.
- Te vejo amanhã, ok? – Mark beijou a testa da amiga e deu alguns passos em minha direção. Ele pretendia se despedir.
- Não, eu te levo até a porta. – Eu me levantei do sofá e andei até a porta. Mark me acompanhou. Eu abri a porta e ele foi para o lado de fora, mas antes de se afastar, ele virou para me olhar. – Tem certeza que vai embora? Mais um copo de cerveja e a Meg vai entrar em coma alcoólico. – Eu disse, fazendo o sorriso dele aumentar.
- EU ESTOU OUVINDO! – Meg gritou do sofá, fazendo com que eu e o Mark gargalhássemos juntos.
- Eu vou deixar ela por sua conta hoje. – Mark voltou a me olhar. Eu o observei por um tempo, tentando entender o seu comportamento estranho.
- Mark, você está bem? – Eu tentei ler a resposta em seus olhos.
- Porque está me perguntando isso? – Mark não conseguia entender como eu havia percebido. Eu o conhecia tão bem assim?
- Você está agindo estranho desde a hora que chegou aqui. – Eu expliquei.
- Estranho? – Mark arqueou uma das sobrancelhas. Ele jamais me diria que o motivo de sua mudança de comportamento era o conteúdo daquele envelope. – Eu estou bem. – Ele sorriu, negando com a cabeça. Aproximou seu rosto do meu e beijou carinhosamente uma das minhas bochechas. Eu não sei explicar, mas já que ele estava tão perto eu fiquei com vontade de abraçá-lo. Passei meus braços em torno de seu corpo e ele ficou surpreso. O abraço não durou muito. Eu me afastei, sem jeito.
- Até amanhã, Mark. – Eu sorri. Eu ainda estava sem graça, principalmente com o jeito que ele estava me olhando.
- Boa noite, . – Mark sorriu, sem mostrar os dentes. Depois de alguns segundos, afastou-se e foi em direção a sua casa. Eu fechei a porta.

É mais do que óbvio que eu perceberia a mudança de comportamento de Mark. Nós estamos tão próximos e o vejo todos os dias. Eu sei o quanto ele adoraria ficar até tarde comigo e com a Meg jogando conversa fora e falando besteira. Se ele não ficou é porque ele teve motivos, mas quais? Eu não sei.

Meg e eu ficamos mais algumas horas jogando conversa fora. Falamos muito sobre as provas e os nossos planos futuros. Nossos planos eram bem parecidos, tirando a parte do . Ele estava incluso nos meus planos, mas não nos dela. Meg demonstrou toda a sua vontade de ser independente e não depender de um homem para absolutamente nada. Ela chegou a falar dos seus planos de ir morar na Europa quando tiver 60 anos e continuar solteira. Meg não é tão normal quanto parece. Aliás, ela não parece.

- Onde você quer dormir? – Eu perguntei, enquanto subíamos a escada. Já passava de 3 horas da madrugada.
- Como assim? – Meg me olhou. – No seu quarto, é claro! Acha mesmo que eu vou ficar um minuto sozinha nessa casa? – Ela disse me fazendo rir. Meg com medo. Quem diria!
- Tudo bem, medrosa. – Eu disse apenas para provocá-la e ela sorriu.
- Sua cama é gigante. Cabe eu e mais 3 caras ali. Dá até pra fazer uma suruba. – Meg brincou.
- Sem surubas, Meg. – Eu gargalhei. A Meg é maluca.

Meg estava certa. A cama era grande demais para nós duas. Tínhamos espaço de sobra e deu pra dormir com todo o conforto. Ainda bem que Meg estava cansada e dormiu rapidamente. Só assim ela não notaria a minha demora já rotineira para dormir. Eu costumava pensar em quem não devia.

Eu e Meg deveríamos ter dormido até tarde se não fosse o barulho que vinha do vizinho da frente. Ele estava reformando a casa e aquelas malditas marteladas não davam sossego nem no sábado de manhã. Eu e Meg viramos pra lá e pra cá na cama e não conseguíamos voltar a dormir. Só pode ser brincadeira!

- Que tal jogar uma bomba na casa do seu vizinho? – Meg disse com os olhos entreabertos. Ela estendeu o braço em minha direção e abriu a mão.
- Estou dentro! – Eu disse sonolenta, estendendo a minha mão para bater na dela. Fizemos o High Five mais sonolento da história.

Ficamos mais alguns minutos ali, mas foi impossível voltar a dormir. Eu me levantei lentamente e fiquei sentada na cama por alguns longos segundos. Meg me olhou, procurando coragem para fazer o mesmo que eu. A preguiça era maior do que tudo. Me estiquei para pegar o meu celular que estava sobre o criado-mudo e a preguiça aumentou ainda mais quando eu vi que era apenas 10 horas da manhã.

- Que droga... – Eu suspirei, revoltada. – Eu estou com fome. – Eu cocei a cabeça.
- E eu preciso tomar um banho ou vou ficar o dia todo parecendo um zumbi. – Meg também se sentou na cama.
- Claro. Pega uma toalha aqui no quarto do lado e fica a vontade. – Eu finalmente me levantei da cama.
- Valeu. – Meg passou a mão por todo o seu rosto e espreguiçou-se.
- Eu vou fazer alguma coisa pra nós comermos. Depois desce lá. – Eu passei pela porta e caminhei lentamente pelo corredor. A luz do sol nos meus olhos me fez fechá-los ainda mais. Passei pelo banheiro, onde eu fiz a minha higiene matinal e desci em direção a cozinha. O meu rosto havia melhorado depois que eu o lavei e o rabo de cavalo que eu havia feito no cabelo o deixou mais apresentável.

Meg pegou a toalha no lugar onde eu havia lhe indicado e entrou no banheiro. Era isso o que ela fazia todas as manhãs antes de ir para a faculdade. Eu continuava procurando o que comer no andar debaixo. Abri a geladeira e fiquei parada olhando para ela por uns três minutos. Em silêncio, eu planejava o café da manhã, mas um estridente barulho me atrapalhou.

- Que susto... – Eu suspirei, fechando a geladeira. Eu tinha certeza que era o Mark. Andei lentamente até a porta e a destranquei antes de abri-la.
- Oi! Eu estou procurando uma médica. Tem alguma pra me indicar? – ! Era o !
- ! – Eu quase gritei, enquanto pulava nos braços dele. Ele me abraçou no ar, tirando meus pés do chão.
- Espera! – me colocou no chão. – Me deixa olhar pra você! – Ele me olhou com um sorriso de orelha a orelha. Havia um boné em sua cabeça, que tinha sua aba virada para trás. Ele vestia uma bermuda e uma regata vermelha.
- Oh, meu Deus! Você está lindo! – Eu segurei o rosto dele, olhando-o de mais perto.
- E você está mais magra. – riu, olhando para o meu corpo.
- Sabe como é, né? Vida de estudante que mora sozinha. – Eu fiz careta e ele riu ainda mais. – Entra! – Eu abri espaço para que ele entrasse. Ele tinha uma mochila nas mãos. – Você não ia chegar só a tarde? – Eu perguntei ao fechar a porta.
- Surpresa! – ergueu os ombros.
- Você e as suas surpresas. – Eu neguei com a cabeça, me aproximando dele novamente. – Eu não acredito que você está aqui. – Eu o abracei de novo. – Vou te abraçar pra sempre pra matar a saudade. – Eu disse, rindo.
- E então? Você está bem? – terminou o abraço para olhar em meu rosto. Ele parecia um pouco preocupado.
- Eu estou ótima! – Eu dei o meu melhor sorriso. Eu tinha que ser convincente. – E como você está? – Eu quis tirar o foco de mim.
- Eu estou ótimo também. – abriu os braços. Ele foi menos convincente que eu.
- Legal. – Eu afirmei, sem querer me aprofundar no assunto, pois se eu o fizesse, teria que falar sobre os meus problemas também. – E então? Você não quer colocar as suas coisas lá em cima? – Eu apontei pra mochila dele.
- Eu quero. – voltou a levantar a sua mochila do chão.
- Sobe lá e escolhe um dos quartos. – Eu apontei em direção a escada.
- Eu já volto. – andou em direção a escada e começou a subi-la.

Meg já havia desligado o chuveiro e só depois que enxugou o seu corpo que percebeu que havia esquecido de pegar a sua roupa. A culpa é toda do sono. Ela teria que ir até o quarto para buscar a sua roupa. Manteve o coque no cabelo e enrolou a toalha em torno de seu corpo. Não tinha nada demais, já que só estávamos eu e ela na casa. Pelo menos era o que ela achava. Meg abriu a porta e ao pisar do lado de fora do banheiro, alguém impediu a sua passagem.

- Ei! – Meg resmungou, irritada. Havia levado um enorme susto. Pela primeira vez olhou para o novo rosto em sua frente. E que rosto bonito, né? A expressão dela até mudou.
- Quem é você? – a olhou dos pés a cabeça. Ele nem sequer foi sutil.
- Olha só! – Meg ergueu as mãos. – Leva o que você quiser. Tem um celular ali no quarto e você pode levá-lo se quiser, mas não me machuca. – Ela estava agindo como refém.
- O que? – arqueou a sobrancelha. – Eu não sou um ladrão! – Ele riu da cara de Meg. A expressão no rosto dela novamente mudou.
- Eu deveria saber. – Meg riu, sem jeito. – Você é muito bonito pra ser um ladrão. – Ela tentou consertar.
- E você está com muita pouca roupa para ser uma refém. – sorriu para a garota em sua frente.
- Que bom que você notou. – Meg ergueu os ombros, mordendo o lábio inferior. Não consigo acreditar que a Meg está sem graça.
- Quem é você? – perguntou novamente com um sorriso bobo no rosto, enquanto negava com a cabeça.
- Meg. – Meg estendeu uma das mãos. – Pode me chamar de Meg. – Ela completou.
- Oi Meg. – O sorriso de aumentou e ele estendeu a mão e apertou a dela. – O meu nome é . – Ele completou.
- ? – Meg se esforçou para lembrar. O nome não era estranho. – Amigo da . – Ela deduziu.
- Sim. – afirmou com a cabeça. – Ela falou sobre mim? – Ele questionou.
- Não tanto quanto deveria. – Meg sorriu, nervosa. tinha que assumir, Meg tinha atitude.
- E você deve ser a amiga da faculdade que ela me falou algumas vezes. – ficou até sem jeito com toda a atitude de Meg, mas ele gostou.
- É, sou eu mesma. Os meus pais foram viajar e vim passar o final de semana aqui. – Meg explicou.
- Então acho que nós ainda vamos nos ver algumas vezes. Também vou ficar aqui durante o final de semana. – tentou esconder a empolgação.
- Legal, então nós nos falamos daqui a pouco, quando eu estiver mais... vestida. – Meg mordeu o lábio inferior, fazendo sorrir.
- Vejo você depois, Meg. – deu alguns passos para continuar o seu caminho até um dos quartos. Meg estremeceu só ao ouvi-lo dizer o seu nome mais uma vez.

Meg observou se afastar e entrar em um quarto. Só depois de alguns segundos ela se deu conta de que estava parada no meio do corredor, olhando para a porta que ele havia entrado. Apressou-se para ir para o meu quarto, onde estavam as suas roupas. Meg me ouviu dizer que meu amigo viria, mas não deu muita atenção. Ela não imaginava que fosse tão atraente. também não imaginava encontrar uma garota tão bonita e tão... seminua. A primeira impressão é a que fica, certo?

- Acho que assustei sua amiga. – disse, depois que voltou a me encontrar no primeiro andar.
- A Meg? – Eu segurei a risada. Até havia me esquecido dela.
- Ela é... – sorriu, procurando a palavra certa.
- Louca? É, eu sei. – Eu afirmei, rindo.
- Não... – negou. – Eu até que não achei ela tão louca assim. – Ele ergueu os ombros. Eu olhei pra ele, surpresa. Tudo bem se o não achasse ela louca. Ele também é meio doido. Mas o ? Sério?
- Então ta. – Eu ri, demonstrando o quanto estava surpresa com aquilo.
- Tem alguma coisa queimando? – Meg disse, descendo as escadas. Ele havia sentido cheiro de queimado.
- Oh, droga! – Eu sai correndo em direção a cozinha. Eu me distraí com a conversa com o e esqueci da torrada!
- Pelo jeito, ela ainda não se dá bem com a cozinha. – observou Meg descer as escadas.
- Não chegou nem perto. – Meg fez careta, fazendo rir. – Eu vou ajudá-la. – Ela apontou em direção a cozinha.
- Droga! – Eu disse, tirando as torradas de dentro da torradeira com um certo cuidado.
- Ei! – Meg aproximou-se rapidamente. – Você não me disse que tinha um amigo bonito e gostoso a caminho da sua casa. – Ela sussurrou.
- Eu tenho? – Eu disse, assoprando as pontas dos meus dedos que haviam sido queimadas pelas torradas. – Oh, o . – Eu me dei conta.
- É, o . – Meg revirou os olhos.
- Eu não estou entendendo. Qual o problema? – Eu abri os braços.
- Vocês estão precisando de ajuda? – gritou da sala. Estávamos demorando muito.
- Você... – A minha ficha finalmente caiu. Olhei para ver se não estava por perto. – Você gostou dele! – Eu sorri, empolgada.
- Eu? – Meg apontou pra si mesma. – Gostar dele? – Ela apontou em direção a sala. – Até parece. – Ela rolou os olhos.
- Você está sem graça? – Eu a olhei, surpresa.
- Não começa, ! – Meg arqueou a sobrancelha.
- Oh, você gostou dele! – Eu demonstrei o quanto havia achado aquilo fofo.
- Fica quieta! – Meg segurou o riso e virou-se de costas, saindo da cozinha.

Meg voltou para a sala, enquanto eu continuei na cozinha. Desisti das torradas e optei por algo mais... pronto. Separei algumas bolachas, um pacote de pão de forma, alguns recheios como presunto e manteiga e fiz um café, porque era a única coisa que eu sabia fazer realmente. Coloquei tudo na mesa de jantar e nós tomamos o café da manhã juntos.

- E então? Estão todos bem lá? – Eu perguntei ainda durante o café.
- Sim, tudo normal. – não se lembrou de nada que eu já não soubesse. – E aqui? – Ele perguntou.
- Tudo certo. – Eu não dei detalhes, mas eu sabia que em alguma hora ele perguntaria sobre o meu suposto novo namorado.
- Eu achei que encontraria mais alguém aqui. – finalmente tocou no assunto. Meg e eu trocamos olhares rapidamente. Eu sabia!
- É, eu esperava que você fosse tocar nesse assunto. – Eu disse, apenas para ter mais tempo para arrumar uma boa explicação.
- E quando eu vou conhecê-lo? – sorriu, estranhando o meu comportamento.
- Você não vai. – Eu olhei pra ele e forcei um sorriso.
- Não? – arqueou uma das sobrancelhas, mesmo com um fraco sorriso no rosto. – Porque não? – Ele estranhou ainda mais.
- Por que... ele já é passado. Acabou. – Eu finalmente arrumei uma boa explicação e gostei dela.
- Como assim? Já? – franziu sua testa.
- Você sabe, ele não era quem eu pensava que fosse. Era um idiota. – Eu ergui os ombros, demonstrando indiferença. Eu deveria parecer mais triste?
- O que? – não achou que aquilo fizesse algum sentido. – Está me dizendo que terminou com o por causa de um idiota? – Ele disse no impulso. Quando ele viu a minha reação a sua frase, ele se deu conta. – Desculpa. – negou com uma das mãos. – Eu não devia ter... – Ele suspirou, se achando o maior idiota de todos.
- Não, tudo bem. – Eu sorri fraco. Não é que eu tivesse ficado chateada, mas aquele assunto era um pouco mais delicado do que eu gostaria. – Você tem estado com o todos esses dias. Eu imagino as coisas que ele tenha dito e... – Eu suspirei, indiferente.
- Não, não. Ele não disse nada e mesmo se tivesse dito, não me influenciaria em nada. – ergueu os ombros.
- Como assim ele não disse? – Eu fiquei curiosa. – Ele não me xingou? Ele não gritou pro mundo que me odeia? – Foi como procurar uma luz no fim do túnel.
- Ele pode até odiar, mas ele não tentou deixar todo mundo contra você. Ele não veio falar mal de você pra mim, pro ou pra qualquer outra pessoa. – explicou o que estava querendo dizer.
- Então ele está bem? – Eu perguntei no impulso. – Quer dizer, ele não está sofrendo pelos cantos ou... triste. – Eu tentei arrumar, mas ele e Meg sabiam o que eu estava querendo saber.
- Ele... – sabia que deveria ser honesto, mas também se lembrou da promessa que havia feito ao . Lembrou-se de ter pedido para ninguém dizer nada sobre ele pra mim. – Ele está bem. – Ele fez o que seu melhor amigo pediu. Meg rolou os olhos, pois sabia que não era a resposta que eu esperava ouvir.
- Ótimo. – Eu forcei um sorriso apenas para fingir que estava feliz por ele. – É melhor mesmo. Ele tem que seguir com a vida dele e eu com a minha. – Eu deixei de olhar pro para que ele não visse a verdade nos meus olhos.

Meg ficou em silêncio por um bom tempo. Ela sabia que eu e não nos víamos há algum tempo e tínhamos muitas coisas para conversar. Meg aproveitou para observar e saber um pouco mais sobre . Ela entendeu que tratava-se de uma ex dele quando falamos dela. Meg também percebeu que o término havia sido conturbado, mas que não estava sofrendo tanto. Depois de pedirmos o almoço em um lugar próximo a minha casa, continuamos colocando os assuntos em dia. Falamos sobre tudo, menos do .

- Chegou quem estava faltando. – Meg fez careta ao abrir a porta e ver o seu melhor amigo, Mark.
- Desculpa a demora. Eu estava lendo um livro e... – Mark disse, entrando na minha casa.
- Fazendo coisas de nerd. Já sei! – Meg sorriu, fechando a porta. Mark riu, rolando os olhos.
- Cadê a ? – Mark viu que eu não estava na sala.
- Ela está no quintal conversando com o amigo super gato dela. – Meg passou por Mark e o puxou em direção ao quintal. – Aqui. – Ela disse, quando eles chegaram no quintal. Eu e , que estávamos sentados no gramado, olhamos para os dois.
- Demorou, Mark. – Eu sorri, quando vi Mark se aproximar.
- Foi mal. – Mark me olhou e forçou um sorriso engraçado. – Fala, . – Mark sorriu ao olhar para o meu amigo.
- Como você está, cara? – se levantou para cumprimentar Mark. Eles apertaram a mão um do outro.
- Estou bem e você? – Mark respondeu, educado.
- Ótimo! – afirmou. – Quanto tempo! – Ele puxou assunto.
- O que? Você também já conhecia ele? – Meg olhou pro Mark, apontando pro .
- Conhecia. – Mark respondeu sem entender o porquê da pergunta.
- Nos conhecemos quando eu vim aqui da última vez. – sorriu pra Meg, que devolveu o sorriso.
- Pelo menos você teve a sorte de conhecê-lo agora. – Eu dei a indireta, que Meg entendeu imediatamente. – Aliás, foi até melhor, porque dá ultima vez ele estava comprometido. – Eu fui além e até me olhou, surpreso. Sou bem inconveniente quando eu quero.
- Não faço ideia do porque de você estar me dizendo isso. – Meg fingiu-se de boba.
- Estou perdendo alguma coisa? – Mark sorriu, pois estava começando a entender o que estava acontecendo ali.
- Parece que eu também estou perdendo alguma coisa. – sorriu pro Mark, fingindo que não havia entendido as minhas indiretas, que passaram a ser diretas. Ele não queria deixar Meg mais constrangida.
- Eu não sei de nada! – Meg ergueu as mãos. – A que é paranoica. – Ela suspirou, sem jeito. Ela não costumava ficar daquele jeito, muito menos por causa de um garoto. – Eu vou ao banheiro. Eu já volto. – Meg levantou-se da cadeira e ao sair fez uma cara feia pra mim.

Ai está! Uma coisa que eu nunca imaginei! Meg estava afim do que ela gosta de chamar ‘idiota de Atlantic City’. Ela sempre disse que pelo fato de ser um idiota, os amigos dele com certeza seriam tão idiotas e estúpidos quanto ele. veio para mostrar o contrário. Eu só não sabia se tinha tido a mesma impressão de Meg. Ele era reservado demais e muito diferente dos outros caras. Não dava pra tirar conclusões através de suas atitudes, porque simplesmente não tinha atitudes.

- Ei! – Eu chamei a atenção de , quando percebi os olhos dele acompanharem o quadril de Meg, enquanto ela se afastava. Como assim? Uma atitude! – Você está olhando pra bunda dela? – Eu cerrei os olhos e mantive a boca entreaberta.
- O que? – voltou a me olhar, meio perdido.
- O que aconteceu com você? – Eu ataquei uma almofada na direção dele e Mark achou graça. – Eu sabia que você estudar na mesma faculdade que o meu irmão não seria uma boa coisa. – Eu neguei com a cabeça.
- Deixe ele em paz, . – Mark continuou rindo.
- Eu só estou... surpresa. – Eu quase ri. – nunca foi esse tipo de cara. – Eu expliquei.
- Esse tipo de cara? Todos os caras são assim. – se justificou, achando graça de tudo.
- É verdade. – Mark concordou.
- Vocês dois... – Eu neguei com a cabeça. – Se fazendo de bonzinhos e tímidos. São dois safados. – Eu continuei a brincar com eles.
- São desses que vocês mais gostam, não é? – sorriu, malandro.
- Eu não posso responder por mim, mas acho que pela Meg eu posso. – Eu afirmei e riu.
- Não exagera. – desconversou.
- Achei que fosse só eu que tinha percebido. – Mark sorriu pra mim.
- O que? – olhou pro Mark, desacreditando.
- Para de se fazer de bobo, . – Eu me levantei e sentei ao lado dele. – Você já... analisou o conteúdo e conversou horas com ela. O que achou? – Eu perguntei, já querendo dar uma de cupido.
- Analisei o produto? – fez careta.
- Ela não entende nada. – Mark rolou os olhos.
- Vocês entenderam! – Eu me expliquei. – Gostou dela ou não? – Eu perguntei, olhando para trás para ver se Meg não estava vindo.
- Ela é bonita. Quer dizer, muito bonita mesmo e... – procurou as palavras.
- Se você disser gostosa, eu juro que nunca vou superar. – Eu o interrompi.
- Interessante. – sorriu ao dizer o adjetivo. – Eu gosto do jeito em que ela parece ser toda louca e descolada, mas quando você conversa com ela, você descobre que ela é engraçada e bem inteligente. – Ele explicou.
- Foi exatamente isso que eu achei dela quando eu a conheci. – Mark sorriu, feliz por ter visto realmente quem Meg era.
- E vocês... – hesitou perguntar. – Nunca tiveram nada? – Ele ficou com medo de estar sendo inconveniente com Mark.
- Eu e a Meg? – Mark apontou pra si mesmo. – Não! Ela, na verdade, é a minha melhor amiga. Ela nunca foi o meu tipo, sabe? – Ele sorriu. Dizer que Meg não era seu tipo sempre era a melhor explicação para tê-la como sua melhor amiga.
- É... – ergueu ambas a sobrancelhas. – Eu sei bem qual é o seu tipo. – Ele sorriu de lado. É claro que ele estava falando sobre mim.
- E então? O que vamos fazer hoje a noite? – Meg gritou, aparecendo na porta. Eu e Mark trocamos olhares. O comentário de foi mesmo desnecessário.
- O que você tem em mente? – Eu perguntei, deixando de olhar pro Mark. Meg se sentou ao meu lado.
- Eu acho que seria legal alugar alguns filmes e ficar por aqui mesmo. – Meg disse como quem não quisesse nada.
- Ficar aqui? – Eu não esperava que logo ela fosse dar uma ideia daquelas.
- O nunca vem pra cá. Nós podíamos levar ele pra conhecer algum lugar. – Mark também estranhou o comportamento de Meg.
- Eu sei, mas é que lá fora tem muita... gente. Não dá nem pra conversar direito.. – Meg explicou de um jeito todo enrolado. Isso deveria fazer sentido?
- Eu acho que ela está certa. – finalmente se posicionou. Eu e Mark olhamos pra ele. – Eu quase nunca vejo vocês e provavelmente vai demorar para eu ver de novo. Nós devíamos ficar aqui e fazer uma coisa mais... íntima. – sempre teve bons argumentos pra qualquer coisa.
- Sério? – Eu ainda estava achando estranho. Desde quando a Meg recusa uma festa? Desde quando não demonstra vontade de conhecer Nova York?
- Uma coisa mais íntima? - Mark olhou pra mim, segurando o riso. – Entendi. – Ele parecia tentar me dizer alguma coisa com o olhar e acredite, eu entendi.
- Oh, claro. – Eu sorri pra ele, afirmando com a cabeça. – Vocês têm razão. Nós deveríamos ficar aqui. Pode ser divertido. – Eu havia entendido tudo.

É oficial! e Meg estão loucos pra se pegarem. Sim, a louca da Meg e o centrado . Como isso pode dar certo? Os opostos se atraem? Talvez. Enrolamos mais um pouco e só paramos de conversar quando Mark disse que ia até a sua casa tomar banho e se trocar. Aproveitamos para nos arrumar para a noite de diversão. Mark voltaria dali alguns minutos.

- Você acha que esse shorts está bom? – Meg perguntou, olhando-se no espelho. Eu já tinha tomado banho e me arrumado e ela ainda estava escolhendo a roupa que usaria.
- Bom pra mim ou bom pro ? – Eu deixei de olhar no espelho para olhá-la.
- Vai começar a palhaçada. – Meg se aproximou da porta que estava encostada e a fechou de vez.
- Qual o problema em me contar que você está afim de um dos meus melhores amigos? – Eu abri os braços. Pra que tanto segredo?
- Afim? – Meg fez careta. – Já olhou pra ele? Ele é nerd, educado e civilizado. Quando foi que eu fui afim de um cara desse? – Ela se justificou.
- Sempre tem a primeira vez. – Eu insisti. – E ele é lindo, se é que você não notou. – Eu disse apenas para ver a reação dela. Meg ficou quieta e a sua expressão entregou tudo. – Viu? Você achou ele lindo. – Eu gargalhei.
- Ele é lindo, ok? Lindo e gostoso pra caramba! Se eu estivesse em uma balada, eu o agarraria e o levaria pro canto mais escuro que você com certeza nunca teve o prazer de ir antes. – Meg estava odiando ter que assumir tudo aquilo. – Oh, mas tem um problema! Ele não é um desses caras que eu encontro em balada. – Ela ironizou. – Qual é! É mais fácil eu encontrar ele na biblioteca municipal do que em uma balada! – Meg fez careta.
- É disso que você quer se convencer? – Eu arquei uma das sobrancelhas. – Pelo que eu vi hoje, você não é tão baladeira quanto acha que é. Aliás, ótimo truque! Ficar em casa, mantê-lo longe das garotas e ter toda a atenção dele pra você? Brilhante! Eu nunca pensaria nisso. – Eu a provoquei ainda mais.
- O que? – Meg abriu os braços. Eu apenas olhei pra ela, sem dizer nada. – Deu tão na cara sim? – Ela suspirou.
- Deu, mas a boa notícia é que ele também pareceu interessado em manter as coisas mais íntimas. – Eu a tranquilizei.
- Ou ele só aceitou porque ele é educado demais pra me rejeitar. – Meg rolou os olhos.
- Meg, eu peguei ele olhando pra sua bunda hoje! – Eu achei que se contasse isso faria ela parar de se sentir idiota.
- Ele o que? – Meg esbugalhou os olhos e abriu a boca. – Ele olhou pra minha bunda? – Ela veio até mim. – Não brinca! Será que ele é um daqueles quietinhos safados?- Meg estava rindo agora.
- Não foi você que me disse sobre a fama deles? – Eu ergui os ombros.
- Agora sim nós temos um futuro juntos! – O sorriso de Meg aumentou.
- Eu já disse que você não presta? – Eu neguei com a cabeça, enquanto ria.
- Já, mas eu não me canso de ouvir. – Meg brincou.
- Só não o machuque, ok? – Eu pedi, depois de consultar o espelho mais uma vez. Eu nem tinha me arrumado direito. Só tinha tomado um banho. Eu estava vestindo um shorts e uma camiseta listrada com as cores preto e branco de manga cumprida. Coloquei uma bota simples, que nem sequer tinha salto. Eu ia ficar em casa, não tinha porque me arrumar tanto. Eu nem pretendia passar maquiagem, mas Meg estava se arrumando tanto, que achei que deveria pelo menos passar um gloss ou quem sabe um blush. O meu cabelo estava meio molhado, eu tinha começado a secar ele com o secador, mas não deu tempo de terminar, pois a campainha tocou. Mark chegou.
- É o Mark. – Meg me disse o óbvio.
- Eu desço pra abrir. Termina de se arrumar. – Eu disse, indo em direção a porta. Desci as escadas rapidamente e abri a porta de entrada.
- Eu, de novo! – Mark fez careta ao me ver.
- Entra. – Eu dei passagem pra ele entrar e em seguida eu fechei a porta.
- Eles não estão prontos ainda? – Mark perguntou, vendo que a sala estava vazia.
- Por algum motivo, eles estão se arrumando como se estivessem indo pro Grammy. – Eu disse, rolando os olhos.
- Olhe pra mim! Acha que dá pra ir pro ‘Tapete Vermelho’ desse jeito? – Mark abriu os braços, olhando para a sua roupa.
- E eu? Estou parecendo a Beyoncé pra você? – Eu sorri, abrindo os meus braços.
- Eu não sei. Vira um pouco. – Mark segurou os meus braços e me virou de costas. Ele olhou rapidamente para o meu quadril e voltou a me virar de frente pra ele. – Com certeza não. – Mark negou com a cabeça.
- Ei! – Eu gargalhei, empurrando-o pra trás.
- O que? Apenas sendo sincero! – Mark riu, erguendo os ombros.
- Você está sincero demais hoje. – Eu fiz careta e ele sorriu.
- É brincadeira! – Mark tocou o meu queixo e o balançou como ele costumava fazer. – Você está bonita, mesmo não está parecendo a Beyoncé. – Ele sorriu de um jeito doce. Era uma outra coisa que ele costumava a fazer.
- Obrigada. – Eu agradeci, depois de olhá-lo por um tempo com um sorriso fraco no rosto.
- E então? Os dois vão ficar juntos ou não? – Mark mudou o assunto. O clima já estava ficando estranho.
- Você não faz ideia do quanto a Meg está afim dele. – Eu disse um pouco mais baixo. ou Meg poderiam descer a qualquer momento.
- Acha que ele dá conta? – Mark perguntou. Meg era um pouco louca demais.
- Bem, eu não sei. A Meg realmente não tem nada a ver com a última namorada dele. – Eu tentei compará-la com , mas foi uma comparação estúpida.
- É, eu me lembro dela. – Mark concordou.
- O mudou muito nos últimos meses. Pode ser que a Meg seja mais uma dessas mudanças. – Eu ergui os ombros. Meg era uma boa garota.
- Vai ser bom pra Meg ter alguém que controle toda aquela loucura. – Mark sorriu. Ele achou que poderia fazer bem pra Meg.
- E vai ser bom o ter alguém que o desafie um pouco e o faça curtir um pouco mais a vida. – Eu concordei com o Mark. Meg também poderia fazer bem a .
- Por um segundo achei que tivesse me perdido. – desceu as escadas, rindo. Eu e Mark nos afastamos e disfarçamos.
- Eu já me acostumei. – Eu ri sem emitir som.
- E então? Podemos começar a noite? – perguntou, olhando pra mim e depois pro Mark. Eu o olhei e ele estava muito bonito e cheiroso.
- Falta a... – Mark ia dizendo, quando Meg começou a descer as escadas. Ela vestia um desses macaquinhos jeans e por baixo ela vestiu uma blusa branca, que deixava uma parte de sua cintura de fora. Os fios de cabelo de cor vinho caiam em seus ombros e os olhos claros estavam mais do que destacados.
- Meg.. – Eu completei a frase e olhei para , que a observava descer as escadas.
- Desculpa a demora. – Meg sorriu.
- Agora sim nós podemos começar a noite. – Mark disse em meio a risos. não tirava os olhos de Meg.
- Vamos começar com a comida. O que vocês querem comer? – Eu perguntei, mesmo já sabendo qual seria a resposta.


Era noite de sábado e é claro que o mais novo solteirão e pegador de Atlantic City não ficaria em casa. havia combinado com os amigos em ir a uma festa, que aconteceria ali na frente de seu prédio. O nome da festa era ‘Apenas solteiros’. O que esperar de uma festa assim? Isso mesmo! Merda! Já passava das 21hrs e já estava pronto. Regata preta, jeans escuro e tênis. O gel no cabelo não podia faltar e muito menos o perfume. havia deixado a barba rala, porque ele sabia que ele ficava mil vezes mais irresistível daquele jeito.

- , eu já estou aqui embaixo. – havia ligado para avisar que já tinha chegado.
- Beleza, eu estou descendo. – desligou o celular e pegou sua carteira. Deu uma última olhada no Buddy, que dormia tranquilamente em sua casinha. Trancou a casa e desceu pelo elevador.
- E ae, cara? – sorriu ao ver o amigo. Eles fizeram o seu tradicional toque de mãos.
- Pronto? – sorriu, apontando com a cabeça em direção ao local da festa.
- Muito! – Os olhos de até brilharam.
- Veio só você? – perguntou, enquanto eles andavam em direção a festa. – Onde estão o e o ? – Ele estranhou.
- A não deixou o vir. – rolou os olhos.
- Não me diga. – riu. Já não era mais novidade o fato de ser pau mandado.
- E o foi pra Nova York. – não quis dar detalhes.
- Bem... – Nem precisou dos detalhes. já entendeu que tinha ido me visitar. – Então somos só nós. – Ele fingiu que não se importou.


A noite também estava só começando em Nova York. Decidimos pedir uma pizza, já que ninguém ali tinha o dom de cozinhar. Conversamos até a pizza chegar. Deu pra perceber que e Meg estavam travados. Ninguém tomava a iniciativa de nada. As vezes um puxava assunto, mas logo depois eles voltavam a ficar em silêncio. Sentamos na mesa para jantar e eles sentaram de frente um pro outro, assim como eu e o Mark. Eu e Mark tentávamos ajudar e puxávamos alguns assuntos, mas eles sempre voltavam a ficar calados. Mark olhava pra mim e fazia careta, enquanto eu rolava os olhos.

- A pizza daqui é muito boa. – comentou, quando acabou de comer.
- Foi a primeira coisa que eu notei quando cheguei aqui. É muito melhor que a de Atlantic City. – Eu concordei.
- Nem se compara. – negou com a cabeça. – Tudo aqui é melhor. – Ele sorriu, malandro. Finalmente! Meg sorriu instantaneamente e olhou de canto pro .
- Certo. E agora? Vamos ver o filme? – Mark queria agilizar logo as coisas para ajudá-los.
- Já? – Meg fez careta.
- O que vamos fazer então? – perguntou, sem pensar em mais nada.
- E se... – Eu tinha acabado de ter uma ideia. – Jogássemos alguma coisa? – Eu sorri.
- Alguma coisa tipo... – estava aberto a sugestões.
- ‘Revele ou beba’. – Meg antecipou-se.
- ‘Revele ou beba’? Essa eu não conheço. – Eu fiquei curiosa.
- Eu conheço. É comum aqui em Nova York. – Mark riu, rolando os olhos.
- Como é? – também se interessou.
- Você revela um segredo seu que ninguém mais saiba e se você conseguir nos surpreender, nós temos que virar um copo de vodka. – Meg estava empolgada.
- E se não surpreender, quem toma sou eu, certo? – deduziu.
- Exatamente. – Meg concordou.
- Eu não tenho vodka. – Eu fui logo pro problema.
- É claro que você não tem. – ironizou.
- Você não tem nada alcoólico aqui? Qual é, você já tem 19 anos. – Meg me olhou.
- Eu devo ter uma garrafa de Smirnoff Ice. – Eu me levantei da mesa e fui até a geladeira. Estava lá! – Está aqui. – Eu voltei para a sala de jantar e mostrei a garrafa.
- Vai servir. – Meg se levantou e levou com ela a garrafa de refrigerante que estávamos tomando. – Venham. – Ela sentou-se no tapete da sala.
- Vamos fazer isso. – Eu me levantei e fui até a Meg. Mark e me acompanharam e sentaram-se.
- Tem que girar a garrafa. Pra quem a garrafa apontar, começa. – Mark explicou.
- Vou virar. – Meg parecia mesmo empolgada com aquilo. Ela girou a garrafa, que acabou apontando pra ela mesma. – Então eu começo. – Ela fez careta.
- Me surpreenda, querida. – Eu a desafiei, olhando pra ela.
- Impossível. – Mark riu. Era a sua melhor amiga! Ele provavelmente sabia de tudo.
- Hm... – Meg pensou por algum tempo. – Ok, lá vai! Eu... – Ela rolou os olhos. – Faz 6 meses que eu terminei um relacionamento de 5 anos. – Meg disse de uma só vez.
- Ela disse 5 anos? – Eu olhei pro Mark.
- Você disse 5 anos? – Mark olhou pra Meg.
- Vocês parecem surpresos. – Meg riu, balançando a garrafa de Ice.
- 5 anos é muita coisa. – negou com a cabeça, surpreso.
- Me passem o copo! – Meg pegou os copos pequenos e os encheu de Ice.
- Que droga. Eu não esperava por isso. – Eu ri, encarando o copo de bebida.
- Vira logo! – Meg nos apressou. Mark foi o primeiro a virar, foi o segundo e eu fui a última. – Isso. – Ela riu.
- Vou girar a garrafa de novo porque ela apontou pra mim. – Meg explicou e girou a garrafa mais uma vez.
- Você, ! – Eu anunciei.
- Surpreender a Meg e o Mark é fácil, mas você? – cerrou os olhos em minha direção.
- Não vai rolar. – Eu neguei com a cabeça.
- Deixa eu ver. – disse, pensativo. – O meu primeiro beijo foi com 6 anos. – Ele disse, rindo.
- Como assim? – Eu estava mesmo surpresa.
- Quem diria... – Meg gargalhou.
- Pode encher meu copo. – Mark estendeu seu copo.
- É pra já! – pegou nossos copos e os encheu. Nós três viramos na mesma hora.
- Gira a garrafa, . – Meg lembrou do que ele tinha que fazer.
- Vamos ver... – disse, enquanto esperava a garrafa virar. – ! – A garrafa apontou pra mim.
- Droga. – Eu suspirei.
- Essa vai ser difícil! Todos aqui te conhecem bem. – Meg gargalhou. Ela me desafiou. Eu pensei por um tempo e decidi o que contaria.
- Eu...sou virgem. – Eu disse e todos ficaram em silêncio.
- Espera... – Meg me observou por um tempo. – Quando você diz ‘virgem’, você quer dizer.. virgem mesmo ou... – Ela perguntou, perplexa.
- Virgem, Meg. – Eu ri do quão chocada ela estava.
- Você pode repetir? – pegou o seu celular e apontou pra mim. – Eu vou gravar e mandar pro seu irmão. – Ele riu e eu mostrei a língua.
- Depois dessa, enche o meu copo duas vezes! – Mark sorriu.
- Sério? – Eu olhei pro Mark, rindo.
- Eu tinha as minhas dúvidas. – estendeu o copo.
- Podem ir bebendo! – Eu fui enchendo um copo de cada vez.
- Não precisa nem girar a garrafa agora. O Mark foi o único que ainda não foi. – Meg se antecipou.
- Não! Não é justo! – Mark riu, fazendo careta pra Meg.
- Vai, Mark. – Eu peguei a garrafa e a segurei.
- Ok... – Mark suspirou. – Bem... – Ele pensou por um tempo. – Eu sou adotado. – Mark sorriu fraco.
- Wow! – Foi a única coisa que Meg conseguiu dizer.
- Eu estou surpresa mesmo. – Eu olhei pra ele e logo percebi que não era uma lembrança feliz.
- Pode encher. – esticou o copo e depois de Mark encher todos eles, nós viramos de uma só vez.
- Começa de novo. Vamos pela mesma ordem de antes. – Eu apontei pra Meg. Ela era a primeira.
- Ok. Espera um pouco. – Meg suspirou, pensativa. – Há quase 1 ano atrás, eu sofri um acidente de carro com o meu ex-namorado. Eu fiquei 3 meses em coma. Então, quando eu acordei do coma eu fiquei sabendo que ele não tinha ido me visitar nem um dia sequer. A primeira coisa que eu fiz quando sai do hospital foi... terminar com ele. Depois do término, eu prometi pra mim mesma que aproveitaria mais a minha vida e viveria sem limites. Foi dai que veio os meus piercings, tatuagens e também é por isso que vocês me acham meio louca as vezes. – Meg riu para não fazer mais drama com o seu segredo.
- Meg, como eu nunca soube disso? – Eu abri a boca, chocada.
- Eu sabia que tinha algo por trás de toda essa sua... loucura. – sorriu pra Meg.
- Sabia nada! – Meg desconversou.
- Acabei de descobrir que sou o pior melhor amigo do mundo. – Mark fez careta.
- Para, Mark! Eu nunca contei isso pra ninguém! – Meg riu. – Chega de ter dó de mim. Bebam logo! – Meg encheu os copos e nós tomamos.
- Vai lá, . – Mark incentivou o meu amigo.
- Já sei o que vou contar. – sorriu. – Eu terminei com a minha namorada há alguns meses atrás. Eu me senti um merda na época, porque eu me dei conta de que nunca a amei. – foi sincero e surpreendente.
- Nunca? – Eu repeti. – Ok! Nada mais me surpreende. – Eu estendi o meu copo.
- Azar o dela, né? – Meg fez cara de lamentação e estendeu o seu copo.
- Pode colocar. – Mark foi o último ao estender o seu copo. encheu nossos copos e nós três viramos.
- Sua vez, . – me olhou, depois que eu acabei de engolir a Ice.
- Hm, espera. – Eu pensei por alguns segundos. – Eu... – Eu neguei com a cabeça antes de continuar. – Eu terminei com o há algumas semanas. Eu me esforço para ficar bem e superar tudo de uma vez, mas saber que ele está com a Amber agora me tira o sono. Acho que está sendo a pior parte pra mim. Eu não estou tão bem quanto aparento. – Eu sorri sem mostrar os dentes.
- Você sabe? – ficou surpreso.
- Preferia não saber. – Eu ergui os ombros.
- Você é mesmo amigo desse idiota do ? – Meg olhou pro , indignada.
- Sou! – também ergueu os ombros.
- Pode encher o meu copo. Eu realmente achava que você estava superando. – Meg disse.
- O meu também! Eu já não sei tanto sobre os seus sentimentos agora que eu estou longe. – demonstrou a sua decepção.
- Apesar de eu saber e de nada disso me surpreender, pode encher. Não vou colaborar com a sua ressaca de amanhã. – Mark sorriu pra mim. Novamente ele tentava me dizer algo com o olhar.
- Super justo. – Eu sorri fraco, enquanto olhava pra ele. Mark sabe mais sobre mim do que aparenta.
- Você é o ultimo, Mark. – Meg disse, depois deles beberem de seus copos.
- Fácil! – Mark parecia ter o discurso pronto. – Eu namorei uma vez. 1 ano depois eu descobri que ela estava dormindo com o meu melhor amigo. – Mark sorriu. Não parecia tão abalado com o assunto.
- Vadia! – Meg negou com a cabeça, indignada.
- Melhor amigo, né? Sei. – rolou os olhos.
- Você não perdeu nada! Acredite. – Eu afirmei, esperando ele colocar a bebida no meu copo.
- O último copo. – Mark riu, enchendo nossos copos.
- Eu bebia mais umas 10 dessa. – Meg gargalhou.
- Até parece! Já está toda alegrinha. – Eu ri, depois de beber o meu último copo.
- Ficar bêbada antes da é foda! – gargalhou.
- Eu não estou bêbada! – Meg também riu. – Eu sou louca mesmo, lembra? – Ela afirmou.
- Não achei graça.- Eu olhei pro e Mark riu da minha cara.
- Foi engraçado sim. – Mark continuou rindo.
- Nós vamos ver o filme agora? – perguntou, interrompendo as minhas brincadeiras com o Mark.
- Vamos! – Meg concordou rapidamente.
- Então eu vou fazer pipoca. – Eu apontei em direção a cozinha. – Enquanto isso vocês decidem se preferem comédia ou terror. – Eu já ia me virar para ir pra cozinha.
- Terror! – e Meg disseram juntos. Eles sorriram sem se olharem. Eu e Mark observamos eles por alguns segundos e rimos sem emitir som.
- Então ta! – Eu ergui os ombros.
- Eu te ajudo com a pipoca. – Mark levantou-se. Não queria ficar de vela.
- Então vamos. – Eu virei de costas e ele me acompanhou. Deixamos e Meg sozinhos na sala.
- Eles nem disfarçam. – Mark gargalhou, quando chegamos na cozinha.
- Terror? A Meg vai fingir que está com medo só pra agarrá-lo. – Eu também achei graça.
- Do filme não passa! – Mark profetizou.


Em Atlantic City, a festa ficava cada vez mais animada. Os donos da festa contrataram o serviço de bebida completo. Eles faziam aqueles drink’s famosos que está em muitos filmes adolescentes. já havia bebido uns 2 copos de ‘Bloody Mary’. também estava bebendo , mas era algo mais fraco. As garotas não se cansavam de olhar para os dois amigos bonitões, que até agora não tinham chegado em ninguém na festa.

- Achou alguém interessante? – perguntou, vendo que não parava de olhar para várias garotas da festa.
- Está brincando, né? – olhou pro , que riu com o sarcasmo do amigo.
- Está vendo aquela morena ali? – apontou discretamente com a cabeça. – Torce pra ela ter uma amiga pra você. – Ele entregou a sua bebida pro e saiu, indo em direção a garota.

observou aproximar-se da morena que trocou olhares com ele desde o inicio da festa. aproximou-se da garota e não chegou a trocar nem meia dúzia de palavras com a mesma. Ele a beijou sem nem ao menos pedir permissão ou saber o seu nome. não estava tão surpreso. fazia isso com frequência durante todo o ensino médio.

- É... – suspirou, bebendo um gole da bebida de . – O velho está de volta. – Ele negou com a cabeça.


A pipoca já tinha acabado e o filme estava passando da metade. e Meg estavam deitados no tapete da sala e assistiam o filme sem nem ao menos trocar olhares. Qual o problema desses dois? Mark e eu estávamos sentados lado a lado no sofá. Olhávamos para o provável casal e não entendíamos o porquê de nada estar acontecendo. Mark olhava pra mim e fazia caretas como se perguntasse ‘O que está dando errado?’. As cenas de terror eram horríveis e eu colocava a almofada no meu rosto de tempos em tempos. As vezes, Mark coloca uma das mãos em meus olhos para não me deixar ver aquelas cenas. Ele ria do meu medo, o que fez nós termos uma rápida guerra de almofada. e Meg continuavam tranquilamente deitados no tapete.

- Qual o problema desses dois? – Eu sussurrei no ouvido do Mark. Ele rolou os olhos e abriu os braços. Depois de algum tempo em silêncio, Mark aproximou-se.
- Eu tenho um plano. – Mark sussurrou em minha orelha.
- Estou dentro! – Eu sorri porque fiquei super empolgada.
- Ok, então fala que você vai fazer mais pipoca, eu vou te ajudar e nós colocamos o plano em prática. – Mark sussurrou novamente. Olhei pra ele, afirmei com a cabeça.
- Alguém quer mais pipoca? – Eu perguntei em tom alto. – Eu vou fazer mais pipoca. – Eu não esperei a resposta de ninguém.
- Quer parar o filme? – virou-se para me olhar.
- Não. Eu não me importo de perder mais um desses assassinatos. – Eu fiz careta e levantei do sofá. riu e voltou a olhar para a TV.
- Eu te ajudo! – Mark seguiu com o plano. – Eu ajudo! – Ele reafirmou, levantando-se do sofá. Fomos rapidamente para a cozinha.
- Ok! Ok! O que nós vamos fazer? – Eu perguntei com um enorme sorriso. Eu amo bancar a cupida!
- Está bem! – Mark riu da minha empolgação. – Eu acho que eles estão meio tímidos porque estamos sempre por perto. Nós temos que deixá-los sozinhos. Eles têm que sentir que não tem ninguém olhando ou forçando alguma coisa. – Ele explicou.
- Eu também pensei nisso. – Eu concordei.
- Então eu pensei que ajudaria se acidentalmente a energia da casa acabasse. – Mark propôs.
- Isso é genial! – Minha primeira reação foi achar graça. – Quer dizer, eles estão próximos. Se a energia acabar, eles vão ter que se ajudar. Eles vão estar no escuro e sozinhos. – Eu concluí.
- Exatamente! – Mark concordou.
- Vamos fazer isso! – Eu concordei. Eu estava empolgada demais para pensar se seria inconveniente ou não.
- Então estamos juntos nessa, parceira? – Mark estendeu a mão.
- Estamos juntos nessa. – Eu apertei a sua mão e nós trocamos risos.
- Certo, então eu vou desligar a energia aqui na caixa de energia. – Mark andou lentamente até a caixa de energia da casa. Ele sabia muito bem como mexer com aquilo. Mexeu em um dos interruptores e a energia da casa imediatamente acabou. – Feito! – Mark riu silenciosamente.
- Mark? – Eu estendi o braço para tentar encontrá-lo.
- Aqui! – Mark segurou a minha mão e eu me agarrei no braço dele.
- O plano é contra eles e não contra mim. Não me deixa sozinha nesse escuro. – Eu disse sem enxergar absolutamente nada.
- Eu não vou te deixar sozinha. – Mark afirmou com convicção.

- Qual é! – Meg esbravejou ainda deitada no tapete.
- Perdemos o final do filme. – suspirou. Depois de alguns segundos de silêncio, eles voltaram a dialogar.
- Está ouvindo o barulho das pipocas? – Meg perguntou, estranhando o silêncio.
- Não. – não tinha pensado nisso.
- ? – Meg esperava que eu respondesse.
- Ela não está aqui. – afirmou com certeza.
- Acabou a energia. Porque ela não está gritando? – Meg levantou-se e manteve-se sentada.
- O Mark está com ela. – tentou tranquilizá-la.
- E porque os dois não estão gritando? Porque está tudo tão silencioso? – Meg continuou com a pulga atrás da orelha.
- Eu não sei. – também sentou-se. – Eles deveriam ter voltado pra cá. – Ele concordou com Meg.

Mark e eu estávamos ouvindo toda aquela conversa. Saímos da cozinha e fomos até a sala no maior silêncio. Meg e nem perceberam que estávamos ali e essa era a intenção. Estávamos meio longe de onde eles estavam. Nós não podíamos ficar na cozinha. Era o primeiro lugar em que eles iriam nos procurar. Eu sendo eu tinha que esbarrar em alguma coisa! Derrubei um dos talheres que estavam sobre a mesa de jantar.

- Que droga! – Meg arregalou os olhos e segurou no braço de só para ter certeza de que ele ainda estava ali. – Que barulho foi esse? – Ela já estava apavorada.
- Mark? – engrossou a voz. A coisa estava um pouco mais séria.
- Que droga! Cadê esses dois? – Meg perguntou, aflita.
- Vamos até a cozinha. Eles devem estar lá. – deu a ideia.
- Pra onde fica a cozinha? – Meg estava perdida.
- Você não está com o seu celular? – perguntou. Pelo menos eles teriam alguma luz para guiá-los.
- Ficou no quarto. – Meg xingou-se mentalmente.
- O meu também. – negou com a cabeça. – Ok, vamos sem luz mesmo. Não fica tão longe daqui. – levantou-se. Ao perceber o movimento de , Meg entrou em desespero achando que tinha saído de perto dela.
- ! – Meg o chamou desesperadamente.
- Estou aqui. – riu silenciosamente do desespero da garota. – Me dá a sua mão. – Ele estendeu a mão para ajudá-la a levantar. Obviamente, Meg não viu e levantou-se sozinha.
- Cadê a sua mão? – Meg esticou os braços e sentiu os ombros de . – Aqui está você. – Meg sorriu, deslizando suas mãos pelo peitoral de . Ele podia muito bem mostrar a ela onde suas mãos estavam, mas ele preferiu deixar ela procurar. Quando chegou na cintura dele, Meg encontrou os braços logo ao lado e por fim, as mãos. – Achei. – Ela sorriu, malandra. Ela percebeu que fez questão dei deixá-la apalpá-lo.
- Então vamos até a cozinha. Vai passando a mão dos lados para tentar descobrir o caminho. – começou a andar e a puxar Meg, que o acompanhou.
- Vai pra lá! – Mark sussurrou em meu ouvido, empurrando minhas costas para frente. Estávamos tentando nos afastar de Meg e .
- Aqui está a mesa de jantar. – Meg avisou , depois de sentir uma das cadeiras.
- A cozinha fica pra cá então. – deduziu e foi em direção a cozinha.
- Aqui. É a porta da cozinha. – Meg novamente informou.
- ? – me chamou, esperando novamente que eu respondesse.
- Mark? – Meg chamou pelo melhor amigo. Sem resposta.
- Droga... – suspirou. – Eles não estão aqui. – Ele pausou, sem saber o que fazer.
- Vamos subir! – Eu sussurrei para Mark. Nós não tínhamos muita noção de onde e Meg estavam. Não podíamos esbarrar com eles. Tínhamos que ir para mais o longe possível.
- Ok, vamos. – Mark tomou a frente e me puxou em direção a escada. Estávamos perto da porta de entrada, então sabíamos exatamente a direção em que a escada ficava.
- Onde eles se meteram? – Meg perguntou, aflita.
- Sua mão está gelada. – sorriu, segurando a mão dela com mais delicadeza.
- É, talvez eu esteja um pouco assustada. – Meg mordeu o lábio inferior. Ela odiava demonstrar vulnerabilidade.
- Não precisa ficar assustada. Eu estou aqui com você. – tentou acalmá-la.
- Se você não estivesse aqui eu provavelmente estaria encolhida em um canto. – Meg riu de si mesma.
- Quem sabe o Mark e a estejam em um canto... encolhidos. – supôs.
- A pode até ser, mas o Mark? Ele não. Ele sabe que eu tenho medo de escuro. Ele não me deixaria sozinha. – Meg afirmou com convicção.
- Você não está sozinha. – respondeu em seguida. Meg gostou de ouvir aquilo, mas ao mesmo tempo a fez pensar em uma coisa.
- Oh, merda. – Meg negou com a cabeça. Foi como se a ficha tivesse caído.
- O que foi? – achou que tivesse acontecido alguma coisa.
- Eles armaram isso. – Meg suspirou longamente. demorou alguns segundos pra perceber.
- Que merda! – também se deu conta do que estava acontecendo ali.
- Eu vou matar eles. – Meg riu, sem acreditar.
- Isso é a cara da . – rolou os olhos.
- O Mark sabe desligar a energia. – Meg não sabe como não pensou naquilo antes. - Eles queriam que ficássemos juntos. – Ela voltou a negar com a cabeça.
- Bem, pelo menos você conseguiu dar umas apalpadas em mim. – disse de brincadeira, mas no fundo ele queria provocá-la.
- O que? – Meg fingiu estar indignada. Ainda bem que não conseguia ver o sorriso em seu rosto. – Você deixou! – Ela defendeu-se.
- Verdade. – não tinha porque negar. Não tinha nada a perder.
- Não acredito. – Meg gargalhou. – Sabia que aquela imagem de nerd era besteira. – Ela completou.
- Você não faz ideia. – a provocou ainda mais. – Vamos, nós temos que achá-los. – Ele desconversou. Se não a puxasse, Meg ia ficar ali parada pensando em mil possibilidades que passou pela sua cabeça depois do que ele havia dito.
- Onde estamos indo? – Meg não sabia para onde estava indo.
- Vamos subir e pegar os celulares. – disse em quase tom de ordem. Meg adorou vê-lo dando as ordens daquele jeito.
- Eles devem estar perto. Não vamos fazer barulho para podermos achá-los. – Meg deu a ideia que foi aceita por .

Mark e eu já havíamos subido as escadas e entramos em um dos quartos. Era um dos quartos de solteiro. Eu percebi por causa de um dos móveis em que eu esbarrei. Eu e Mark não sabíamos se e Meg estavam se pegando em algum cômodo da casa, mas pelo menos nós estávamos nos divertindo. A cada três passos que eu dava eu esbarrava em alguma coisa e Mark quase morria de tanto rir.

- Você não vai acreditar, mas eu preciso ir ao banheiro. – Eu disse depois de já estarmos há algum tempo parados naquele quarto.
- Sério? – Mark riu. Eu deveria ser a pior parceira do mundo.
- Sério! – Eu afirmei já imaginando a cara que ele deveria estar fazendo.
- Ok, eu vou te levar até o banheiro e depois nós voltamos pra cá. – Mark explicou.
- Você manda! – Eu brinquei com toda a autoridade dele.
- Vem... – Mark sorriu, puxando minha mão e me levando em direção a porta. Chegamos na porta e ele a abriu. O banheiro ficava no começo do corredor.

e Meg estavam subindo lentamente e silenciosamente as escadas. estava na frente e puxava Meg por uma das mãos. Eles terminaram de subir as escadas e deram alguns passos. Eles sabiam que estavam no corredor. Eu e Mark estávamos próximos do banheiro e há alguns passos de Meg e . Não me pergunte como, mas Mark soube que eles estavam ali. Com uma rapidez e agilidade gigantesca, Mark me puxou com uma das mãos e com a outra puxou a minha cintura. Eu só me dei conta do que estava acontecendo, quando senti minhas costas colarem em uma parede. A luz vinda de um dos postes de luz do lado de fora da casa entravam pelas frestas da janela, fazendo com que o banheiro ficasse um pouco iluminado. O pouco de luz me deixaram enxergar o rosto de Mark, que estava muito perto do meu. Ele estava me prensando contra a parede e o dedo dele estava entre os nossos lábios. Ele estava pedindo silêncio absoluto.

Eu confesso que isso foi a coisa mais estranha que me aconteceu nos últimos dias. Eu não consigo explicar o que aconteceu comigo. Eu não sei se era carência ou apenas idiotice minha. O rosto de Mark estava tão perto do meu e eu não conseguia tirar meus olhos dele. Talvez foi o jeito com que ele me segurou ou sua mão em minha cintura. Foi como se eu estivesse enfeitiçada, mas a minha impressão é que não foi algo compartilhado por ele. Ele deixou de me olhar e virou o seu rosto para tentar enxergar através da fresta da porta. Mesmo com seu rosto virado, meus olhos continuavam fixos absorvendo todo e qualquer detalhe do rosto dele.

- Eu acho que... – Mark sussurrou e voltou a me olhar. O corpo dele ainda prensava o meu contra a parede. Eu tenho certeza que a sua falta de fala teve a ver com o jeito com que eu o olhava. Depois de alguns poucos segundos, ele deu um belo sorriso. – Eles já foram. – Ele finalmente conseguiu dizer.
- Bom... – Eu disse a palavra mais curta em que eu consegui pensar. Mark soltou a minha cintura e deu dois passos para trás.
- Você quer ir no banheiro? – Mark apontou em direção a porta. Ele pretendia sair.
- Não... – Eu neguei com a cabeça, acordando daquele transe louco em que eu havia entrado. – Eu perdi a vontade. – Eu sorri, nervosa. Eu perdi até o rumo. – Como... – Eu o olhei, surpresa. – Como você fez isso? – Eu perguntei. – Em um segundo eu estava no corredor e no outro eu estava aqui. Eu nem sei como eu vim parar aqui. – Eu arqueei a sobrancelha.
- Acho que tenho um bom reflexo. – Mark ergueu os ombros.
- Certo... – Eu quase ri, negando com a cabeça. O que importa?

e Meg seguiram até o final do corredor. Eles não sabiam em qual porta eles deveriam entrar. Eles não sabiam qual era a porta certa. ainda puxava Meg pela mão e eles ainda faziam o máximo de silêncio possível. Eles ainda tinham esperanças de encontrar eu e o Mark em algum canto da casa.

- Acho que o meu quarto é aqui. – sussurrou, abrindo uma das portas.
- Tem certeza? – Meg o acompanhou.
- Não. – disse, arrancando um sorriso de Meg. – Fecha a porta. Eu não faço ideia de onde está o meu celular e provavelmente vou fazer algum barulho. – Ele pediu e Meg atendeu.
- Você não sabe mesmo onde está? – Meg achou que ele pudesse estar brincando.
- Não! – respondeu. – Porque não me ajuda a procurar? – Ele perguntou.
- Eu ajudo. – Meg não viu porque não ajudar.
- Tudo bem se eu soltar a sua mão? – perguntou, prestes a soltar a mão de Meg.
- Não! – Meg apertou ainda mais sua mão. riu, negando com a cabeça.
- Está bem! Vem pra cá. – a puxou para que eles fossem procurar o celular do outro lado do quarto.
- Espera, tem um criado-mudo aqui. – Meg tocou o criado-mudo com uma das mãos. não tinha noção de que Meg estava tão próxima. Quando virou-se para poder checar o criado-mudo, ele acabou empurrando ela. Meg deu alguns passos pra trás e algo impediu que ela desse mais um passo, que provavelmente a manteria de pé. A cama estava bem atrás dela e foi exatamente ali em que ela caiu. Ela segurava tão forte a mão de , que acabou puxando-o junto. Agora, Meg estava deitada na cama e estava sobre ela.
- Oh, desculpa! – achou que pudesse tê-la machucado.
- Eu te puxei! – Meg disse em meio a gargalhadas. – Isso foi ridículo! – Ela continuou rindo.
- Para de rir! – segurou-se para não rir junto.
- Você está em cima de mim! Como isso aconteceu? – Meg aos poucos foi parando de rir. – Espera. – Meg decidiu usar suas mãos. –Deixe me ver onde você está exatamente. – Ela tocou as costas de e foi subindo lentamente suas mãos. não dizia nada, mas mantinha um fraco sorriso no rosto. Uma das mãos de Meg chegaram em sua nuca. – Aqui está você. – Ela sorriu só por saber que o rosto de estava bem em frente ao seu.
- Perto demais? – não sabia se deveria se afastar ou não. Ele não forçaria nada.
- Perto o suficiente. – O sorriso bobo de Meg aumentou.
- Eu queria ver o seu rosto agora. Eu quero ver se você está sorrindo ou se está brava. – mantinha seus cotovelos apoiados na cama. Ele conseguia sentir a respiração de Meg em seus lábios.
- Acho que tem uma coisa que pode te ajudar. – Meg deslizou uma das mãos pela costa de e chegou em sua calça. Ela colocou a mão dentro do bolso de e de lá tirou o celular dele. Trouxe o celular para perto do rosto deles e apertou qualquer um dos botões. A luz do celular acendeu e eles conseguiram enxergar o rosto um do outro.
- Você sabia? – ficou ainda mais empolgado quando conseguiu ver o rosto de Meg de tão perto. Ele escondeu o celular o tempo todo apenas para viver essa pequena ‘aventura’ com Meg.
- Sabia. – Meg mordeu o lábio inferior. Ela sabia que ele estava com o celular o tempo todo, mas preferiu deixar o celular de fora. Ela queria saber até onde aquilo iria. Meg não foge de uma ‘aventura’.
- Você está sorrindo... – analisou, olhando para os lábios de Meg.
- E... – Meg esperava uma analise um pouco melhor.
- E está louca pra me beijar. – disse, deixando Meg sem palavras por alguns segundos. Quando é que a Meg fica sem palavras?
- Me ver sorrindo não quer dizer que eu queira te beijar. – Meg arqueou uma das sobrancelhas, mantendo um sorriso fraco no rosto.
- É por isso que eu prefiro não ver. – pegou o celular da mão de Meg e o jogou em qualquer lugar da cama. Eles estavam no escuro novamente e ele se aproximou e beijou Meg. Ela não resmungou e nem lutou contra aquilo. Pelo contrário, o beijo foi imediatamente correspondido.


A música alta continuava na festa em que e estavam. já havia conseguido provar para si mesmo de que estava bem e que não precisava sofrer por mais ninguém. Ela era feliz com tudo o que ele tinha e com o que poderia conseguir. Os beijou intensos trocados por e aquela garota convenceram que não estava brincando quando disse que me esqueceria. Perguntou a si mesmo se teria a mesma sorte se beijasse alguém naquela noite. Ele precisava tirar da sua cabeça.

- Escuta, ela tem uma amiga. – chegou eufórico. – Honestamente, a amiga dela é muito mais gostosa, mas já que você é meu amigo eu vou ser legal com você. – Ele deu alguns tapas no ombro do amigo.
- Mais gostosa? – riu, surpreso. – Caralho! – Ele não achou que fosse possível.
- Eu vou chamá-las aqui, ok? – olhou pro , que não teve nem tempo de responder. afastou-se e em menos de 1 minuto ele voltou com duas garotas. – Esse é o meu amigo. – levou a garota até . Ela parou em sua frente e o observou. também a observou e ficou sem folego só ao olhá-la. Foi ai que ela resolveu sorrir.
- Que droga... – negou com a cabeça, olhando para a garota em sua frente.
- O que você disse? – Ela se aproximou e ele deu um passo pra trás.
- Droga, eu não posso.. – passou uma das mãos por seu rosto. Ele não sabia o que estava acontecendo com ele.
- , qual o problema? – viu esquivando-se da garota.
- Eu não posso, droga! Eu não... posso! – afastou-se. Era como se ele estivesse explodindo.
- Espera um pouco, meninas. Eu já volto. – foi atrás de e esforçou-se para alcançá-lo. – Ei! – puxou o braço de amigo, que parou de andar. Ele virou-se para olhar pro . – O que está acontecendo? – Ele não havia entendido tal reação de .
- ! Foi ela que aconteceu! É sempre... ELA! – esbravejou.
- Sério? – abriu os braços.
- Me diz o que eu tenho que fazer! – praticamente gritou, pois a música estava alta. – Eu vou ficar maluco por causa dessa garota! – Ele suspirou.
- Olha, eu não sou a melhor pessoa pra te dar conselhos amorosos agora, cara! – estava literalmente de mal com o tal do amor. Ele o queria ver bem longe!
- Isso é sério? – abriu os braços. – É isso que tem pra me dizer? – Ele sorriu, irônico. – Depois de tudo, é isso que tem pra me dizer? – continuou ironizando.
- Sabe o que eu tenho pra te dizer? Sabe qual conselho eu te daria agora? – o olhou mais sério. O assunto era mais sério do que ele imaginava. – Honestamente, eu te diria pra voltar pra lá. – apontou o local onde as duas garotas os esperavam. – Eu te diria, , com todo o meu coração pra você voltar para aquela garota e dar um jeito de ficar com ela, porque eu já vi esse filme mais de mil vezes e eu sei exatamente quem termina a porcaria do ‘final feliz’ com o coração quebrado! Eu terminei com o coração quebrado e foi uma droga! – Aquilo era quase um desabafo de .
- E porque acha que vai acontecer o mesmo comigo? – negou com a cabeça, ouvindo atentamente os desabafos do amigo.
- Porque é isso o que elas fazem! Porque é isso que o amor é! Uma passagem só de ida pro fundo do poço! – foi se exaltando durante o seu discurso. Fez uma breve pausa e respirou fundo. – Mas quer saber? Eu sei que você vai atrás dela de qualquer jeito, porque fui isso que eu fiz. Você não vai conseguir viver, enquanto você não for até lá e ser o idiota que você precisa ser! O idiota que eu fui! – suspirou longamente como se milhares de memórias estivessem assombrando a sua mente naquele exato segundo. – Então você quer saber qual é o meu conselho pra você? – Ele fez uma breve pausa. – Dê o fora daqui, pegue o seu carro e dirija até a casa dela. Faça o fundo do poço valer a pena. O meu valeu. – se achou um idiota por estar falando aquilo, mas o seu amigo estava precisando de um conselho e aquele conselho era o único que ele poderia dar.
- Valeu, cara. – sorriu para o amigo. O seu sorriso disse tudo. Ele saiu rapidamente em direção a saída do local. observou se afastar e parecia ver nele quem um dia ele foi. sabia exatamente o que estava sentindo e por alguns segundos, sentiu falta daquilo. Sentiu falta de poder ir até lá e consertar tudo com apenas um beijo roubado.

estava um pouco mais pra baixo depois da conversa com o , mas as garotas fizeram questão de animá-lo e ele precisava esquecer. O celular que há horas tocava insistentemente em seu bolso não o impediu de beijar a garota que havia conseguido para . Ela era a ‘crise de mal de amor’ perfeita.

saiu rapidamente do local da festa e foi em direção ao estacionamento. A pressa era tanta, que ele nem notou que Amber estava do outro lado da rua, tentando entrar no prédio do . Ela estava ligando para ele desde o dia anterior e ele não havia atendido. Amber decidiu ir até a casa de e foi fácil saber onde estava o seu amado ‘amigo’, quando viu sair daquela festa.

No caminho para a casa de , decidia se ligaria para ela ou não. Chegar de surpresa era melhor? Nada era melhor. o rejeitaria de qualquer jeito, mas ele tentaria. Ele morreria se não tentasse uma última vez. Chegou na casa de em menos de 5 minutos e viu que a luz de seu quarto estava acesa. Ele não pensou duas vezes em subir na árvore que o ajudaria a chegar na sacada do quarto dela. não aceitaria falar com ele qualquer jeito, então ele não tinha nada a perder. levou alguns minutos para subir naquela árvore e por fim, conseguir pular na sacada de . A porta entre a sacada e o quarto estava aberta. Era a sua chance. Deu silenciosos passos em direção ao quarto e viu sentada na cama. Ela estava com um livro em uma mão e uma caneta na outra.

- Não grita. – pediu, dando um tremendo susto em .
- O QUE... – jogou a caneta e o livro sobre a cama. Ela estava com o seu óculos de leitura e estava ridiculamente linda para . A expressão de surpresa vencia a expressão de raiva. – O que você está fazendo aqui? – disse em um tom mais baixo e olhou para a porta. – A minha mãe está no quarto ao lado. – Ela estava muito surpresa. não conseguiu dizer nada por um tempo. Ele apenas ficou observando com aquele olhar bobo. – O que você está fazendo? – abriu os braços. Estava tentando esconder toda a tremedeira. – Vai ficar ai parado? – Ela olhou pra ele, sem entender.
- Não... – deu alguns passos em direção a ela e parou em sua frente.
- Então o que você vai fazer? – não disfarçou a mudança de comportamento com a aproximação dele. não tirou os olhos dela. Um fraco sorriso surgiu em seu rosto antes que ele respondesse.
- Eu vou te fazer calar essa droga de boca. – terminou a frase e levou suas mãos ao rosto de , impedindo que ela tentasse esquivar-se de seu beijo. Ela não se esquivaria de qualquer maneira. também havia se cansado de lutar contra aqueles sentimentos que já tomavam conta dela por completo.


Em Nova York, ficamos quase 2 horas sem energia. Perdemos e Meg e não sabíamos o que eles estavam fazendo. Eu e Mark descemos desastrosamente a escada e seguimos em direção a cozinha. Já chega de ficar no escuro. Mark voltou a ligar o interruptor e a luz da casa voltou. Meus olhos nunca arderam tanto.
- Oh, meu Deus.. – Eu suspirei, colocando as mãos em meus olhos.
- Meus olhos... – Mark resmungou de olhos fechados.

Esperamos algum tempo até que os nossos olhos se acostumarem com tanta luminosidade. Agora nós tínhamos que encontrar Meg e . Quando a energia voltou, Meg e ainda se beijavam em cima daquela mesma cama. Enrolaram mais algum tempo, pois não conseguiam terminar o beijo. Eles ficariam ali o resto da noite se pudessem.

- O Mark e a vão nos achar aqui. – Meg suspirou, interrompendo o beijo.
- Quem se importa? – não quis saber e voltou a beijá-la. Meg achou graça de toda aquela vontade demonstrada por e também das mãos bobas que não tiveram limites.
- Eles armaram pra nós. Vamos deixar eles saberem que conseguiram o que queriam? – Meg interrompeu novamente o beijo.
- A me conhece. Ela vai ver na minha cara. – riu e rolou os olhos.
- Não vamos falar nada! Se eles descobrirem, nós contamos a verdade. – Meg decidiu. observou todo o empenho e empolgação de Meg por dar o troco em mim e no Mark. – O que foi? – Ela riu, olhando de perto.
- Se eu soubesse que conheceria você, eu teria vindo antes. – sorriu fraco.
- Para de me dizer essas coisas. – Meg ficou sem jeito. – Nós temos que sair daqui. – As bochechas dela até rosaram. percebeu e achou graça. Ela o empurrou e ele se levantou da cama e ela fez o mesmo em seguida.
- Não vamos falar nada então? – queria recapitular o plano.
- Não. – Meg confirmou.
- Beleza. – ajeitou sua roupa e depois o cabelo. Estava todo amassado.
- Espera... – Meg disse, depois de observá-lo por alguns segundos. – Só mais um último beijo. – Ela riu, aproximando-se de e segurando o seu rosto. Eles se beijaram novamente, mas dessa vez o beijo foi mais rápido.
- Vamos.. – ainda ria por causa do beijo, quando apontou com a cabeça em direção a porta.
- Vamos. – Meg também ajeitou a sua roupa, enquanto ia em direção a porta. abriu a porta e deu espaço para que ela passasse. Eles seguiram juntos pelo corredor e chegaram no topo da escada.
- Oh... Finalmente! – Eu disse ao ver e Meg descerem as escadas.
- Onde vocês estavam? – Meg perguntou, indignada.
- Aqui... – Mark completou, erguendo os ombros. Eu segurei o sorriso. Não podíamos dizer que seguimos eles pela casa.
- O que aconteceu com a energia? – perguntou, fingindo-se de bobo.
- Não sei, mas o Mark já arrumou. – Eu sorri pra eles, quando eles ficaram de frente pra mim. Eles já haviam descido a escada.
- E então? O que andaram fazendo? – Mark forçou um simpático sorriso.
- Você sabe... procurando vocês. – sorriu de um jeito engraçado e ergueu os ombros.
- O que foi isso? – Eu encarei o meu amigo.
- Isso o que? – me olhou, sem entender.
- Esse sorriso.. – Eu apontei em direção ao seu rosto. – Você ergueu os ombros? – Eu perguntei, cerrando os olhos.
- Eu? Não! – sorriu novamente de um jeito engraçado.
- O sorriso de novo... – Eu dei alguns passos na direção dele. – Você está mentindo? – Eu arqueei uma das sobrancelhas. sempre sorria de um jeito específico e erguia os ombros quando estava mentindo.
- Ele não está mentindo. – Meg intrometeu-se.
- Você está mentindo. – Mark encarou a sua melhor amiga.
- Qual é, Mark! – Meg fez careta e riu.
- O que vocês estão escondendo? – Eu coloquei uma mão na cintura e os analisei.
- Eu estou pensando em uma coisa.. – Mark segurou o riso.
- Com certeza é a mesma coisa que eu estou pensando. – Eu olhei pro Mark e nós trocamos sorrisos.
- Eu disse... – sorriu pra Meg, que também sorriu, enquanto revirava os olhos.
- Isso é sério? – Mark olhou para o e para a Meg, incrédulo.
- Nós sabemos que vocês armaram tudo. – Meg manteve o sorriso no rosto, mas cerrou os olhos.
- Funcionou? – Eu olhei pro e depois pra Meg. Eu queria uma resposta.
- Um pouco.. – riu, sem jeito.
- Yeah! – Eu vibrei e olhei pro Mark.
- Nós somos demais! – Mark estendeu a mão e nós fizemos o high five mais simples de todos.
- Sim, nós somos. – Eu pisquei um dos olhos e ele deu aquele belo sorriso.
- Podem parar! – Meg estava sem jeito.
- Eu não me importo em dormir sozinha hoje, Meg. – Eu brinquei e ela riu, me fuzilando com os olhos.
- Cala a boca, ! – Meg estava cada vez mais vermelha.
- Não se mete, garota. – negou com a cabeça, rindo.

Era sábado a noite e nós ficamos em casa, mas nós nos divertimos muito! Eu e Mark passamos o resto da noite zoando com a Meg e com o . Era tão estranho ver a Meg sem graça. Era algo que eu nunca achei que veria. Eu e Mark ficamos felizes, pois conseguimos juntar os nossos amigos. Nós fazíamos uma boa dupla. Jogamos conversa fora durante o resto da noite. Mark foi embora no meio da madrugada. Meg dormiu comigo de novo. Era mais do que obvio que ela e não pensariam em fazer nada comigo ali.

Final de noite e eu estava mais uma vez deitada na minha cama pensando em tudo o que não deveria pensar. 3 semanas já haviam se passado e não tinha feito nenhum tipo de contato. Até quando eu teria que esperar? Será que algum dia eu vou conseguir dormir sem pensar que mais um dia havia se passado e ainda não se importava. Ele ainda não tinha vindo atrás de mim.

não tinha vindo atrás de mim, mas também não tinha ido atrás de Amber. Pelo contrário! Ele vem fugindo constantemente da sua antiga melhor amiga, que agora só vive bancando a possessiva e ciumenta. Amber conseguiu entrar na festa em que estava somente uma hora depois. Os seguranças não queriam deixá-la entrar sem convite, mas ela conseguiu comprar de alguém que estava vendendo ingressos ali na frente. Amber já tinha seu discurso pronto, mas ela o esqueceu completamente quando viu beijando calorosamente uma garota em um dos cantos na festa. O sangue dela subiu de um jeito sem igual.

- Finalmente! – Amber puxou o braço da garota que estava beijando, interrompendo bruscamente o beijo. – Aposto que esse é um bom motivo pra ignorar as minhas ligações, não é? – Ela encarou , furiosa.
- Amber... – não estava surpreso de vê-la ali. Ele já estava de saco cheio dela.
- Uma vadia dessa? – Amber apontou para a garota, que acompanhava a discussão sem entender nada.
- Ela não é... – ia dizer, mas Amber não o deixou falar.
- Ela é o motivo pra você estar me ignorando? – Amber repetiu a pergunta. A garota desistiu de ficar ali no minuto em que ouviu Amber chamá-la de vadia.
- NÃO! – encarou Amber. – Não é! Sabe por quê? Porque eu não preciso de um motivo! Eu não preciso dar explicações e nem preciso da autorização de ninguém pra ir onde eu quiser. – Aquela ceninha da Amber foi a gota d’agua para .
- Porque está falando assim comigo? Eu sou a sua amiga, lembra? – Amber não se intimidou.
- E você, lembra? Porque faz dias que você não tem agido como uma! – disse sem dó. O local onde eles estavam era um lugar mais reservado, então a música não atrapalhava tanto a conversa. – A única coisa que você tem feito nos últimos dias foi me julgar e encher o meu saco! – Ele jogou toda a verdade na cara dela.
- Enchendo o seu saco? Eu me importo com você, seu babaca! – Amber ficou totalmente sentida com as palavras de .
- Se importar? Ficar agindo como uma louca possessiva? É isso o que você chama de se importar? – ironizou.
- Você está bêbado! – Amber negou com a cabeça. Aquela explicação fez Amber se sentir melhor diante das palavras de .
- Eu bebi sim e provavelmente estou um pouco bêbado mesmo, mas eu estou bem ciente do estou fazendo. – deu alguns passos em direção a Amber. – Então escuta com atenção, porque eu não vou repetir. – Ele estava extremamente sério e a olhou nos olhos. – Eu me importo com você, mas eu não te devo satisfação da minha vida. Eu não tenho obrigação nenhuma de te dizer se eu vou sair e com quem eu vou sair. Eu não preciso da sua permissão e nem da sua autorização pra absolutamente nada, porque você é apenas a minha amiga. Nós não estamos juntos! Eu não sou o seu namorado! Eu não quero nada além da sua amizade! – Ele fez uma breve pausa. – Então se você está procurando um amor, me desculpa, mas não sou eu! Se você está procurando um romance épico, compre um livro! Eu não posso te ajudar com isso. – suspirou, demonstrando que havia acabado o seu discurso. Ele deixou de olhá-la por alguns instantes e tudo em sua volta parecia ter perdido a graça. – Você está triste? – voltou a olhá-la. – Por quê? Você conseguiu estragar a minha noite exatamente como você queria. – Ele deu alguns passos para trás. – Boa noite, Amber. – Ele virou-se de costas, deixando-a sozinha no meio da festa.

Os olhos de Amber estavam completamente cheios de lágrimas. nunca foi tão duro com ela. As palavras dele haviam machucado ela, mas o motivo para toda aquela confusão é que a deixava ainda mais machucada. Amber odiava cada coisa minha que ela encontrava nas frases que saiam da boca do . Engoliu o choro e andou apressadamente em direção a saída da festa. Ela estava furiosa e machucada. já havia saído do local e passava pelo gramado do bar. Ele estava tão irritado por tudo estar dando tão errado em sua vida. Era como se ele estivesse se afogando. Quanto mais ele nadava para sobreviver, mais ele se afundava.

- DEVERIA TER SIDO EU! – Amber gritou, assim que viu de costas. Ele estava na calçada, prestes a atravessar a rua. – EU ME APAIXONEI POR VOCÊ DESDE O PRIMEIRO MINUTO! EU TINHA VOCÊ! VOCÊ ERA MEU! – Amber gritava aos prantos. parou de andar, mas não virou-se para olhá-la. – VOCÊ FOI MEU ANTES DE QUALQUER OUTRA GAROTA, ANTES DESSA GAROTA IDIOTA POR QUEM VOCÊ AINDA É APAIXONADO! – Ela continuava andando em direção ao . Ele abaixou a cabeça e fechou os olhos por poucos segundos para tentar ignorar aquilo que estava ouvindo. – EU MERECIA MAIS DO QUE QUALQUER OUTRA! EU DEVERIA SER A GAROTA POR QUEM VOCÊ ESTÁ SOFRENDO AGORA. – Amber parou logo atrás de . Ele ainda não havia olhado pra ela. – EU QUERIA SABER, SÓ POR UM SEGUNDO COMO É SER AMADA POR VOCÊ! EU...- Amber engasgou em suas próprias lágrimas. – EU QUERIA SER ELA! SÓ POR UM DIA! – As lágrimas escorriam livremente pelo rosto de Amber. A última frase de Amber fez virar-se para olhá-la.
- Você não é ela! – afirmou. Ele não estava tão irritado quanto gostaria. – Você nunca vai ser como ela. – Ele negou com a cabeça. – Pare de tentar, Amber. Você não pode ocupar o lugar dela. – Doeu ser tão honesto, mas era a verdade. Apesar de tudo, ele sabia que essa era a verdade. Ninguém no mundo pode ocupar o lugar que eu havia deixado em seu peito e em sua vida.

As últimas palavras de foram como um balde de água frita para Amber. Foi como se ele tivesse passado com um trator por cima dela dezenas de vezes. Acredite, foi ainda mais doloroso pro . Nada poderia ser mais doloroso do que querer expulsar alguém da sua vida e não conseguir. Atravessou a rua e seguiu para o seu prédio. Deixou Amber parada na frente daquela festa. Ele estava uma droga e ele sabia que só melhoraria no dia seguinte. É assim que tem sido nas últimas 3 semanas. É assim que foi dia após dia nas últimas 6 semanas.


Um mês já havia se passado desde o término. As coisas começavam a melhorar. Eu estava indo bem na faculdade e o meu chefe demonstrava cada vez mais simpatia por mim. Minha amizade com Meg estava mais forte do que nunca. tinha nos aproximado muito. Por causa dos seus sentimentos por , Meg começou a se abrir comigo e a mostrar lados da sua personalidade que eu nunca sonhei que existiam. e eu estávamos muito mais próximos também. Ele prometeu que viria me visitar com mais frequência. Porque será?

havia me ligado na semana passada para contar sobre o beijo dela e do . Parece que ele realmente quebrou aquela barreira que vivia colocando entre eles. me ligava quase todos os dias. Na semana passada ele me ligou para me perguntar como é que se fazia arroz. Meus pais estavam trabalhando até tarde e ele estava com fome. Como se eu soubesse cozinhar! Ele dava um trabalhão pra .

vivia de altos e baixos. Seus melhores amigos estavam ajudando bastante na superação dessa fase ruim que ele vivia na vida amorosa. Na vida profissional, por outro lado, ele estava se saindo muito bem. Ele já havia sido promovido e o dono da empresa confiava muito nele. era muito responsável quando tratava-se do seu trabalho. A amizade dele com a Amber ficou alguns dias abalada. Ela deixou novamente o seu orgulho de lado para pedir desculpas a . Ela prometeu que mudaria o seu comportamento e lhe deu mais uma chance.

Mark e eu vivíamos de momentos estranhos e constrangedores. Quando não era uma frase mal colocada, era uma aproximação involuntária. A nossa amizade me fez olhá-lo com outros olhos. A cada dia eu descobria uma coisa diferente sobre ele. Ele me surpreende quase todos os dias. Seja com uma piada boba ou uma discussão sobre ‘Qual é o Pokémon mais poderoso de todos.’ Nós falávamos sobre tudo. Ok, sobre quase tudo.

- Já chegou? – Mark estranhou ao me ver na sua porta. Era a primeira vez na semana que eu chegava no horário certo do trabalho.
- A Meg tinha um compromisso com os pais e eu perderia a carona. – Eu fiz careta e ele riu. – Decidi sair no horário hoje. - Eu expliquei.
- Bem, eu fico feliz. – Mark sorriu docemente. – Eu já disse que você precisa parar de trabalhar tanto. – Ele completou.
- Eu sei! – Eu rolei os olhos. – Eu tenho andado tão casada. Meus planos de hoje era chegar do trabalho e dormir. – Eu disse. – Mas ai eu lembrei que estou em Nova York, moro em uma mansão e tenho um vizinho incrível. – Eu o elogiei e ele arqueou a sobrancelha e sorriu, demonstrando que havia gostado do que tinha ouvido.
- Sério? – Mark achou que tivesse mais alguma coisa a caminho. Eu afirmei com a cabeça.
- Então eu estava deitada no meu quarto e comecei a pensar. – Eu cruzei os meus braços. – Eu me dei conta de que somos vizinhos há meses e eu nem conheço a sua casa ou o seu quarto, mas você sabe tudo sobre mim. – Eu não fui tão direta, porque a cara de pau não era tanta.
- Você... quer entrar? – Mark apontou com a cabeça para o lado interior da casa.
- Isso é um convite? – Eu sorri, sem jeito.
- Vem, entra. – Mark saiu da frente da porta e deu passagem para que eu entrasse.
- Com licença. – Eu fui educada ao colocar meus pés dentro daquela casa pela primeira vez.
- Não é grande como a sua, mas... – Mark disse, olhando em volta.
- Não, é linda. – Eu também olhei em volta. – Você está sozinho aqui? – Eu percebi o silêncio na casa.
- Estou! A minha mãe... saiu. – Mark coçou a cabeça, confuso. – Eu não sei. Ela saiu com alguma amiga eu acho. – Ele desconversou.
- O seu pai não mora aqui? – Eu sempre tive aquela dúvida.
- Não... – Mark afirmou. – Eles são... separados. – Ele completou.
- Ah, sim. – Eu fiquei sem graça por ter tocado naquele assunto.
- Você disse que queria conhecer o meu quarto. Quer vir? – Mark apontou um dos dedos em direção a escada.
- Claro! – Eu entendi o fato dele ter mudado de assunto. Segui ele até onde ele estava me guiando, o seu quarto.
- É... aqui. – Mark abriu a porta e virou-se pra mim, dando alguns passos para trás e entrando em seu quarto.

Eu juro que aquele quarto era exatamente do jeito que eu havia pensado que era. Uma estante enorme de livros, uma mesa de estudo, cama com lençóis azuis que também combinavam com as cortinas azuis da janela. Havia um armário em um canto e uma prateleira do outro lado.

- Exatamente como eu achei que fosse. – Eu sorri pra ele e ele me devolveu o sorriso.
- É mesmo? – Mark riu sem emitir som.
- Não. Eu esperava uma estante maior de livros. – Eu disse e ele riu. – Brincadeira. – Eu neguei com a cabeça, rindo. – É...mesmo a sua cara. Eu até me sinto confortável aqui, assim como eu fico quando estou com você. – Eu não disse no sentido romântico. Não mesmo. Mark voltou a sorrir daquele jeito doce.
- Confortável? – Mark arqueou uma das sobrancelhas. – Eu vou fazer você se arrepender de ter dito isso. – Ele aproximou-se.
- Por quê? – Mark segurou a minha mão e começou a me puxar.
- Eu quero te mostrar uma coisa. – Mark continuou me puxando. Estávamos indo em direção a janela.
- Onde você está indo? – Eu perguntei, vendo ele subir na janela.
- Vem! Segura a minha mão. – Mark pisou em uma pequena sacada que havia do lado de fora da janela. Devia caber no máximo duas pessoas ali.
- Mas... – Eu ia argumentar, mas ele me interrompeu.
- Confia em mim! – Mark pediu, olhando pra mim. Sua mão ainda estava estendida e eu a segurei. Ele me puxou para fora.
- Oh meu Deus... – Eu fechei os olhos, depois de olhar para trás e ver a altura que estávamos do chão. A pequena sacada ficava bem no topo da casa e estávamos praticamente na altura do telhado. Isso quer dizer que se ficássemos de pé na sacada, ficaríamos maiores que o telhado da casa dele.
- Não olha! Não olha! – Mark pediu, rindo.
- O que estamos fazendo aqui? – Eu abri meus olhos, mas nem me movi.
- Eu vou sentar aqui e ai eu te puxo. – Mark apontou para o telhado.
- O que? – Eu arregalei os olhos. Ele não me respondeu, apenas fez o que havia dito. Sentou na ponta do telhado e estendeu a mão pra mim.
- Vem! Eu te puxo! – Mark sorriu, vendo a minha cara de assustada.
- Eu vou te matar. – Eu olhei pra ele, fazendo careta. Segurei a sua mão e ele me puxou, me ajudando a subir no telhado. – Eu não acredito que... – Eu estava nervosa.
- Calma! Está tudo bem. – Mark riu, sem emitir som. Ele levantou a minha mão. – Viu? Estou te segurando e não vou te deixar cair. – Mark tentou me tranquilizar. – Agora, deita aqui. – Ele se deitou sobre as telhas e esperou que eu fizesse o mesmo.
- Deitar? – Eu arqueei a sobrancelha.
- Vai logo! – Mark insistiu e eu acabei cedendo simplesmente porque eu não tinha outra alternativa.
- Eu vou matar você... duas vezes! – Eu respirei fundo, me abaixando e encostando minhas costas no telhado da casa.
- Olha... – Mark deixou de me olhar e olhou para cima. Levantei o meu rosto e encarei o céu.
- Uau... – Eu suspirei ao ver todas aquelas estrelas que pareciam estar tão perto.
- Foi o que eu disse na primeira vez que eu vim aqui. – Mark disse, sem tirar os olhos do céu.
- Isso é loucura... – Eu estava chocada com aquela visão. – É impressão minha ou o céu nunca esteve tão estrelado quanto hoje? – Eu perguntei, curiosa.
- É impressão. – Mark sorriu. – Daqui você tem uma visão mais ampla. – Ele explicou.
- Faz quanto tempo que você descobriu esse lugar? – Eu perguntei, virando o meu rosto para olhá-lo.
- Fazem... – Mark fechou os olhos por alguns segundos. – Eu não sei. Deve fazer uns 15 anos. – Ele respondeu, não achando que aquilo fosse importante.
- 15 anos!? – Eu fiquei extremamente surpresa. – Você mora aqui há quanto tempo? – Eu me dei conta de que nunca tinha perguntado isso.
- Desde que eu nasci, eu acho. – Mark me olhou e sorriu.
- Nossa! – Eu não sabia disso! Ficamos alguns segundos em silêncio, enquanto observávamos o céu novamente.
- Sua mão... – Mark levantou a minha mão, que ele acidentalmente ainda segurava. – Não está mais tão gelada. – Ele olhou para as nossas mãos e eu fiz o mesmo.
- Desculpa! Eu devo ter esmagado a sua mão. – Eu soltei imediatamente a sua mão.
- É claro que não. – Mark negou. – Você não está mais com medo. – Ele percebeu pela minha mudança de comportamento. – Pode voltar a respirar agora. – Ele brincou e riu.
- Engraçadinho. – Eu sorri e rolei os olhos. – É sério Qual é a porcentagem de risco dessas telhas quebrarem ou deslizarem? – Eu me referia as telhas do telhado, nas quais nós estávamos deitados.
- Acha mesmo que eu te traria pra um lugar que não fosse totalmente seguro? – Mark me olhou com um certo deboche.
- Ok. 100% seguro. Entendi. – Eu não queria estragar o momento. Eu não me cansava de olhar para todas aquelas estrelas. Voltamos a ficar em silêncio, enquanto observávamos as estrelas. – Você trouxe ela aqui? – Eu perguntei depois de um tempo. Eu queria muito entrar naquele assunto, então arrisquei.
- Ela quem? – Mark não entendeu.
- A sua ex-namorada... – Eu perguntei com um pouco de medo de ele não gostar da pergunta.
- Trouxe. – Mark afirmou, mantendo um fraco sorriso no rosto. Ele sabia que em algum momento eu perguntaria algo sobre aquele assunto. – Uma vez. – Ele não deu tantos detalhes.
- Tudo bem se falarmos dela? – Eu não queria ser inconveniente.
- Se você me perguntasse isso há alguns meses atrás, eu diria que não. Hoje, a resposta é sim. – Mark não parecia incomodado com o assunto.
- Você a amava? – Conversávamos o tempo todo olhando para as estrelas.
- Amava. – Mark não hesitou em responder. – E você? Ama o ? – Ele não fez rodeios.
- Eu tenho medo de responder a isso. – Eu sorri fraco. Dizer aquilo em voz alta tornaria tudo mais doloroso.
- Você sabe que uma hora passa, né? Todo esse... sofrimento e tristeza. – Mark tentou me ajudar de alguma forma.
- Como você conseguiu? Como você superou? – Eu precisava de toda a ajuda possível.
- Não há uma fórmula pra isso. Cada um tem o seu jeito de superar. Você vai descobrir o seu. – Mark sabiamente aconselhou. Eu não sei se foi a intenção dele, mas foi reconfortante ouvir aquilo. O silêncio novamente tomou conta, nos mostrando que o assunto deveria ser mudado.
- Sabia que o céu que você está vendo agora não é realmente o céu de agora? – Mark não queria que estragássemos o resto da noite, então resolveu mudar o assunto.
- O que? Como assim? – Eu gargalhei, porque aquilo não havia feito o menor sentido.
- É como um dvd de um filme. – Mark achou graça da minha gargalhada. – O céu, as estrelas que nos estamos vendo agora... não é ao vivo. É como se fosse um dvd que foi gravado há milhares de anos atrás e nós só estamos vendo agora. – Ele estava tentando explicar.
- Não brinca! – Eu fiquei chocada.
- A estrela que você está vendo agora, pode ter morrido ontem ou há anos atrás. – Mark explicou novamente.
- Isso é loucura... – Como eu não sabia disso?
- É, não é? – Mark adorava esse lado da física. Era tudo muito fascinante pra ele.
- É sério, como eu não sabia disso? Como você sabia disso? – Eu olhei pra ele, perplexa.
- Eu sou apaixonado por essa parte da física. – Mark me olhou para explicar.
- Oh, meu Deus. Você está mais nerd a cada dia que passa! - Eu neguei com a cabeça e ele cerrou os olhos pra mim.
- Vai mesmo falar isso pro cara que está cuidando da sua segurança, enquanto você está há mais de 2 metros do chão? – Os olhos dele continuavam cerrados.
- Ok, então você é um nerd perigoso. – Eu fui além e ele acabou rindo.
- Fica quieta! – Mark fez careta e mostrou a língua.
- Não, espera. Eu quero falar mais uma coisa. – Eu segurei o riso, pois o assunto era um pouco mais sério. - Me desculpa fazer tantas perguntas. – Eu rolei os olhos. – Eu... só quero saber mais sobre você, porque quanto mais eu sei sobre você, mais eu confio em você. Eu me sinto mais próxima de você, sabe? – Eu disse, esperando que ele me olhasse novamente e ele o fez.
- Sei... – Mark olhou os detalhes do meu rosto. Nós estávamos próximos agora, mas eu acabei com aquela troca de olhares. Voltei a encarar o céu, pois percebi que estava ficando sem graça de novo. – Quer saber? Vai em frente! Pergunte o que você quiser. Eu respondo! – Ele decidiu abrir o jogo de vez.
- Não! Não! Assim não! – Eu voltei a olhá-lo, rindo. – Eu não quero fazer um interrogatório. Eu quero saber quando você quiser me contar. – Eu resolvi me levantar, voltando a ficar sentada. Mark me acompanhou e fez o mesmo. – Talvez amanhã. – Eu disse e ele riu, negando com a cabeça. – Talvez eu volte aqui amanhã para arrancar acidentalmente mais detalhes sobre a sua vida. – Eu disse em meio a risos e ele continuou rindo comigo.
- Isso é uma promessa? – Mark arqueou uma das sobrancelhas.
- Quem sabe. – Eu fiz mistério. A nossa conversa foi interrompida por um toque de celular que não era o meu.
- Oh, espera. É o meu celular. – Mark fez careta, esforçando-se para pegar o celular no bolso de sua calça. Ele olhou no visor do celular e depois voltou a me olhar. – Eu atendo depois. Não é importante. – Mark pareceu incomodado com o telefonema.
- Não, tudo bem! Pode atender! – Eu não queria ser inconveniente. Eu percebi que ele não queria atender na minha frente. – Só me ajuda a descer daqui. – Eu comecei a deslizar lentamente pelas telhas e estendi a mão para que ele me segurasse e me ajudasse a descer.
- Então ta. – Mark viu que eu estava descendo e estendeu sua mão. O celular continuava tocando, enquanto ele me ajudava a voltar para o quarto dele.
- Pronto. – Eu disse para mostrar a ele que eu já estava bem e que ele podia atender. – Eu te espero aqui no quarto. – Eu gritei, passando pela janela do quarto.

Eu estava novamente no quarto dele. Ouvi o toque do celular parar, o que queria dizer que ele havia atendido. Aproveitei a oportunidade para olhar com mais atenção o quarto dele. Me aproximei do seu criado-mudo e vi alguns cd’s ali em cima. Eu estava surpresa por descobrir que ele curtia AC/DC. Mark não era um nerd normal. Passei pela estante de livros e dei uma olhada nos livros que ele tinha ali. Mark tinha um ótimo gosto para livros. Olhei em volta e de longe vi um porta retrato sobre a prateleira. Todos sabem que eu não deixo um porta-retrato passar e esse não seria diferente. Me aproximei para ver a tal foto e logo percebi que era uma foto de família e que devia significar muito para Mark, já que era o único porta-retrato que eu havia visto na casa. Observei a foto com a atenção e tive quase certeza de que era ele nos braços de uma moça muito bonita. Deveria ser a sua mãe. Coloquei o porta-retrato no lugar e dei atenção a outras coisas que estavam sobre a prateleira. Uma coisa me chamou imediatamente atenção. Na parte debaixo da prateleira havia algumas fotos, que estavam em cima de um envelope branco. Elas não estavam em um porta-retrato, mas eu ainda tinha a curiosidade de vê-las. Me abaixei para ver as fotos e rapidamente desejei nunca ter tido aquela infeliz ideia.

- O que... – Eu peguei as fotos nas mãos e me levantei. A minha expressão mudou repentinamente. Todas as fotos eram praticamente iguais. Todas elas mostravam diversos ângulos de e Amber se beijando. Minha primeira reação foi não ter reação. Eu entrei em choque. Eu olhava foto por foto e eu não conseguia acreditar no que eu estava vendo. Eu achei que o fato de eu saber que eles estavam juntos tornaria menos doloroso quando eu tivesse que vê-los juntos. Eu estava muito errada.

O meu corpo, a minha mente sofreram algum tipo de apagão por uns 10 longos segundos. Quando a ficha caiu, ela caiu como uma bomba. Eu voltei a ver foto por foto, mas dessa vez eu senti as consequências. A cada foto era uma facada no meu coração. Os meus olhos enchiam-se de lágrimas a cada maldita foto e foi ai que eu comecei a jogá-las no chão. Minhas mãos estavam vazias e as fotos estavam espalhadas pelo chão do quarto do Mark. Foi como ter perdido o rumo da minha vida novamente. Eu não sabia o que fazer ou como reagir. Levei uma das mãos até o meu cabelo e entrelacei meus dedos nele, jogando-o pra trás. Eu suspirei longamente tentando recuperar todos os meus sentidos. As lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos e eu neguei com a cabeça. Não, não pode estar acontecendo de novo. Usei todas as forças que me restavam para sair dali. Sai do quarto do Mark e fui em direção as escadas.

Mark finalmente desligou o telefonema indesejado e desceu do telhado. Imaginou o que eu estaria fazendo em seu quarto e sorriu sozinho só ao pensar. Pulou a janela e entrou novamente em seu quarto. A primeira coisa que fez foi me procurar. Os olhos dele percorreram todo o quarto e o sorriso em seu rosto diminuiu quando ele não me encontrou. Foi só então que ele viu um envelope e diversas fotos espalhadas pelo chão. O maldito envelope que ele havia pegado da minha caixa de correio.

- Não, não, não... – Mark correu até as fotos, torcendo para não ser o que ele achava que era. Quando ele viu que se tratavam das fotos que fariam o meu mundo desabar novamente, ele se xingou mentalmente. Negou com a cabeça, irritado. – Merda! – Ele esbravejou, levantando-se e correndo em direção a porta de seu quarto. Ele precisava me alcançar. Ele precisava me explicar tudo.

A dor aumentava a cada segundo e as lágrimas já atrapalhavam a minha visão. Cheguei na porta da casa do Mark e ouvi ele gritar o meu nome. Eu ignorei e me apressei ainda mais para chegar em casa o mais rápido possível. Abri a porta da casa e a bati com força. Andei rapidamente pelo jardim da casa dele e seguia indo em direção a minha. Mark terminou de descer as escadas de sua casa e correu até a porta de entrada. Da porta, ele conseguiu me ver na calçada. Ele bateu a porta e saiu correndo em direção a mim.

- ! – Mark gritou, quando estava aproximando-se de mim. Eu passei a manga da minha blusa embaixo dos olhos e continuei andando. – Espera! – Ele gritou novamente e eu continuei a não dar ouvidos. – ME ESCUTA! – Mark entrou na minha frente, colocando suas mãos em meus ombros.
- Não encosta em mim! – Eu tirei suas mãos dos meus ombros e passei por ele. Mark ainda tentava superar todas as lágrimas e a tristeza que ele havia visto em meu rosto.
- ME DESCULPA! – Mark gritou, sem dar mais nem um passo. Eu não conseguia entender porque ele estava envolvido naquilo. Por quê? Eu parei de andar e respirei fundo antes de me virar para olhá-lo.
- Porque você fez isso? – Eu disse com a voz totalmente embargada. Eu fui até ele e o empurrei. – Porque você? Logo você tinha que fazer isso comigo? – Eu não tinha mais forças para continuar empurrando-o. Aquele era o auge do desespero de Mark.
- Não fui eu! – Mark negou incessantemente com a cabeça. – Me escuta! – Ele olhou em meus olhos. – Não fui eu! – Ele reafirmou.
- Apenas me diga por quê! O que você ia ganhar com isso? – Eu dizia aos prantos.
- Nada! – Mark prontamente respondeu. – , eu não fiz isso! Olhe pra mim! – Ele segurou meu rosto com suas duas mãos. – Você sabe que eu jamais faria isso! Você sabe que eu nunca faria nada pra te fazer sofrer. – Mark precisava do meu perdão. Ele precisava que eu acreditasse nele. – Eu só estava tentando te proteger. – Eu consegui ver algumas poucas lágrimas nos olhos dele.
- Me proteger? Me proteger? – Eu repeti, indignada.
- Eu encontrei aquelas fotos na sua caixa de correio. Eu fiquei com elas porque eu não queria que você as visse! Eu sabia como você ia ficar quando visse essas fotos e eu... – Mark negou com a cabeça. – Eu não podia permitir. – Ele engoliu seco. Mark disse tudo com tanta intensidade que eu rapidamente soube que era verdade.
- Não era sua escolha! – Eu retruquei, tentando engolir o choro.
- O que? – Ele me olhou com indignação. – Não era a minha escolha? – Mark repetiu a minha afirmação. – Como poderia não ser a minha escolha? Estava nas minhas mãos! Aquelas malditas fotos estavam nas minhas mãos! Eu tinha a opção de evitar todas essas lágrimas e todo esse sofrimento. Acha que eu não faria isso por você? Acha que eu tinha a opção de deixar aquelas fotos lá, sabendo que você as veria? Eu não podia! Então eu decidi! E eu faria de novo! – Ele me enfrentou. – Agora me responda! Acha mesmo que eu teria a coragem de ir até Atlantic City para tirar aquelas fotos? A preço de que? Tirar o idiota do caminho? Bancar o herói? – Ele perguntou de forma retorica.
- Será que foi ele? – Aquela hipótese me destruía. Eu estava me referindo ao .
- Eu acho que não. – Mark negou com a cabeça. – Ele não parece saber que está sendo fotografado. Ela também não. – Ele completou.
- Então quem foi? – Eu perguntei, tentando não deixar as lágrimas interferirem dessa vez. – Quem faria uma coisa dessas comigo? – Eu perguntei, sentindo uma lágrima escorrer do canto dos meus olhos.
Tem alguém tentando me derrubar. Alguém que sabe o que eu estou passando e sabe exatamente quais armas usar contra mim. Eu vou descobrir quem é!










CONTINUA...









Nota da Autora: 


Hey! Então, eu espero que estejam gostando da fanfic. Está dando muito trabalho, mas eu estou AMANDO escrevê-la. Eu me inspirei em uma outra fanfic que eu li e fiz as minhas MUITAS alterações (com a autorização da autora da mesma). Como vocês já perceberam, ela está em andamento. Eu vou postar de acordo com o que eu for escrevendo. 

Vocês devem ter percebido que nessa fanfic, os Jonas não são tão 'politicamente corretos' e nem tem uma banda. Eu achei legal fazer uma coisa diferente.

Enfim, deixe o seu comentário aqui embaixo. A sua opinião é importante, pois me incentiva a escrever ainda mais e mais.

Beijos e qualquer coisa e erro, mandem reply pra mim lá no @jonasnobrasil . 


11 comentários:

  1. AI RAISSA SUA PERFEITA <2 CONTINUA PELO AMOR DE DEUS <3

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  2. Oi, amo muito sua fic! É simplesmente perfeita, você tem muito talento pra isso! Não para de escrever! Sobre esse capítulo: Não poderia estar melhor! Amei cada linha, amei tudo! Acho que finalmente a Amber caiu na real! Amei principalmente meu amigo ter ficado com a Meg, eu nunca imaginaria isso, adorei! Sabe o que eu mais gosto nessa fanfic? O fato de não ser previsível e sempre alguma coisa inesperada acontecer, quando eu acho que vai acontecer alguma coisa, e ela realmente acontece, mas de uma maneira totalmente diferente do que eu imaginaria! Nossa, você não pode parar de escrever, não mesmo! An, ansiosa para o 46! Que seja ainda mais surpreendente que o 45, mas sei que vai ser!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. HEY! Queria sugerir uma música: Trying Not To Love You - Nickelback. Para algum momento entre o melhor melhor amigo e a melhor amiga (um momento romântico entre os dois ou ele canta pra ela, coisas assim). A música tem a ver com os dois porque apesar dos sentimentos que um tem um pelo outro, eles não querem demonstrar então tentam esconder e evitá-los mas acabam não conseguindo, o amor acaba falando mais alto do que o orgulho. É uma música muito boa na minha opinião, amo Nickelback, então imagina minha reação no capítulo em que o meu jonas canta Never Gonna Be Alone pra mim e me pede em namoro, foi perfeito, um dos melhores capítulos! Enfim, obrigada e espero que goste!

    Bjs!

    *removi o outro comentário pq acabei enviando sem terminar!

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  5. Omg .. Continua.Meu deus , só não demora muito pra postar o 46 , eu quero saber que é a vaca ou o viado que fez isso comigo .. E continue assim , sua fic é maravilhosa , ti dou nota 10.000.000 , você é muito bom com as palavras . E parece mesmo que eu estou mesmo no personagem , a cada linhas dessa fic eu fico mais emocionada . Obrigada por me deixar viver essa aventura com eles kkk :3

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  6. Rahhhhh sua perfeita, eu não sei se você lê comentarios aqui ou só no twitter, mas como eu não tenho entrado no tt vai aqui mesmo.
    MU LHER VOCÊ QUER ME MATAR SÓ PODE!!! QUE CAPITULO É ESSE?? EU TO MAIS CURIOSA DO QUE IMAGINEI CARA, SIMPLESMENTE UAU. EU TO COM TANTA RAIVA DE TODO MUNDO QUE DARIA UM TIRO NA PROTAGONISTA E NO JONAS (não sem antes fazer eles se casarem, obvio)! ELES SÃO MUITO CABEÇA DURA, ARRGH!!! CONTINUE LOGO, PREVIDO DE UM NOVO CAPITULO. Chega de caps lock, beijonas.
    @whossdiley.

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  7. 46 cadê voceeeeeee?!!!

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  8. NOOOOOOOSSA! QUE PERFEITO! AMEI, SIMPLESMENTE AMEI! CONTINUA ESCREVENDO! VOCÊ TEM TALENTO! (Por favooooor, posta o 46 o mais rápido que der, não aguento, preciso ler)
    Beijooooooos!

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  9. HEEEY! Já disse isso antes mas eu amo sua fanfic! Não sabe o quanto eu necessito do capítulo 46! Ansiosa demaaais! Já li toda a fic duas vezes, to lendo a terceira até sair o 46, e sabe, eu não canso, não enjoo, é simplesmente perfeita, não tem como não amar! Voce tem muito talento, parabéns, sério!
    (agora vou estravazar um pouco)

    1- COMO ASSIM ENVELOPE COM FOTOS?! AI MEU DEUS!!! PRE-CI-SO SABER QUEM MANDOU, TIPO, JÁ!
    2- O MARK É UM FOFOOOO!
    3- AMEI MEU AMIGO TER FICADO COM A MEG, MUITO MESMO!
    4- ONDE TA MINHA EX-AMIGA??? ELA TA MUITO SUMIDA!
    5- ESSA AMBER... NOSSA! ELA QUE NÃO CRIE CONFUSÃO! AI DELA!
    6- EU E MEU JONAS PRECISAMOS SABER A VERDADE SOBRE O TÉRMINO (Eu preciso saber por que no dia do nosso aniversário de namoro tinha na agenda dele "Amber, Amber e Amber", ele preferia passar esse dia com ela ou comigo? E ele precisa saber que não há outro cara, que eu terminei, na verdade, por causa dos "compromissos com a Amber" no nosso aniversário) PRECISAMOS NOS ACERTAR.
    7- MAAAAAS, acho que antes a protagonista tem mesmo que esquecer um pouco o Jonas e dar uma chance pro Mark, ele tem sido tão carinhoso.
    8- #TransaComOMark hahahaha
    9- MEU MELHOR AMIGO E MELHOR AMIGA TEM QUE NAMORAR, ELES PRECISAM ADMITIR QUE SE AMAM!
    10- ESSA FIC NÃO PODE PARAR, EM HIPÓTESE ALGUMA!

    Enfim, ta PER-FEI-TO! Por favor, não para de escrever! Mais uma vez, eu amo a fic!
    Beeijos!


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