Capítulo 52



NO CAPÍTULO ANTERIOR...




- Quem é você? – Eu perguntei de forma mais grosseira. Eu já olhava para a porta, pronta para correr e sair por ela se fosse preciso.
- O meu nome é Steven. – O homem deu um passo em minha direção e eu dei outro para trás. – Steven Jonas. – Ele completou, achando que o nome soaria um pouco mais familiar para mim. Eu neguei com a cabeça, mostrando a ele que eu não reconhecia o seu nome. – Eu sou o pai do . – O homem jogou a bomba nos meus braços. Os meus olhos se arregalaram e eu comecei a dar vários passos para trás.
l - Não. – A minha voz mal saiu direito. – Não pode ser. – Eu comecei a negar incessantemente com a cabeça. Parecia que eu estava vendo um fantasma. – Você está... – Eu ia dizer, mas ele foi mais rápido.
- Morto? – O homem arqueou as sobrancelhas exatamente do mesmo jeito que o fazia. Aquilo me assustou pra caramba.
- Meu Deus... – Eu suspirei, olhando fixamente pra ele. Na hora, me vieram algumas memórias a mente. Aquele porta-retrato que o tem na casa dele. Abaixei a minha cabeça, enquanto absorvia tudo aquilo. Me veio a mente o homem que estava naquela foto. O homem que eu cheguei até a elogiar e dizer que era bonito. O cara daquela foto estava bem na minha frente. – Meu Deus. – Eu repeti, levando um choque ao voltar a olhar para o homem na minha frente. Era ele! Levei minhas mãos até a minha boca e voltei a negar incessantemente com a cabeça. – Você não está morto. – Eu disse, sentindo o meu coração disparado. Eu estava muito assustada. – Ele sabe? O sabe? – Eu perguntei com um certo tom de desespero. era a pessoa mais importante em tudo aquilo.
- É por isso que eu vim até aqui. – O pai do disse com calma para que eu não surtasse de vez. – Eu quero que você me ajude a encontrar com o meu filho. Eu não sei como ele vai reagir. – Ele pediu a minha ajuda para algo completamente insano. Como posso ajudar a explicar pro que o pai que ele achou que estava morto, na verdade está vivo? Como se dá uma notícia dessa?
- Ok. – Eu levei uma das minhas mãos até a minha cabeça e entrelacei os meus dedos em meu cabelo, tentando pensar no que fazer e me acalmar.
- Você vai me ajudar? – O pai de questionou, receoso. A minha resposta foi pegar o meu celular, que estava em meu bolso e começar a discar o número do . As minhas mãos tremiam, fazendo com que eu tivesse um pouco de dificuldade de digitar o número do celular do .
- Alô? – atendeu todo fofo. Já com saudade de ouvir a minha voz.
- ... – Eu não conseguia falar direito. Olhei para o pai dele que estava na minha frente e tentei respirar fundo. – Eu preciso que você volte pra Nova York agora. – Eu disse e a voz aflita foi instantaneamente notada pelo . Uma coisa ruim o atingiu e um nó formou-se repentinamente em sua garganta. não queria saber do que se tratava ou se era importante ou não. A minha voz já havia dado todas as informações que ele precisava saber. Ele deixaria tudo para trás e voltaria para Nova York.





Capítulo 52 – Revelações



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:



Eu não vou negar e dizer que não estou assustada e que não quero fazer milhões de perguntas para aquele homem parado no centro da sala de estar da minha casa. Porque ele se fingiu de morto? Porque ele deixou toda a sua família? Porque ele quis voltar logo agora? Como ele pode causar tanto sofrimento para o seu filho e não fazer nada a respeito? Eu não sabia como olhá-lo. Eu não sabia por que eu estava com tanta raiva dele. Talvez ele tivesse um bom motivo? Existe um bom motivo para se fazer um absurdo desses? Eu duvido!

- Ele está vindo. – Eu disse sem conseguir olhá-lo.
- Como acha que ele vai reagir a tudo isso? – Steven me perguntou, parecendo um pouco receoso.
- Ao pai dele voltando dos mortos? Como você acha? – Eu o olhei com frieza.
- É uma coisa boa, certo? Eu estou aqui! Eu não estou morto! – Steven abriu os braços.
- Mas para ele você estava morto! Você esteve morto por mais de 7 anos! Foram 7 anos de sofrimento. – O argumento dele só me deixou ainda mais indignada. – Se você conhecer um pouco do seu filho, você sabe como ele vai reagir. – Eu completei.
- Isso tudo quer dizer o que? Você não vai me ajudar? – Steven me encarou, sério.
- Porque eu? Você nem me conhece. Porque achou que poderia vir até aqui e me pedir ajuda? – Pra mim, nada daquilo fazia sentido.
- Eu conheço a sua família. Se você herdou o mínimo dos seus pais, você me ajudaria. – Eu me surpreendi ao ouvi-lo falar dos meus pais.
- Ninguém pode te ajudar. – Eu neguei brevemente com a cabeça. – Eu só aceitei fazer parte disso por que eu sei que o vai precisar de mim. – Eu ainda sentia as minhas pernas trêmulas, mas eu estava tentando manter a compostura.
- Isso é o bastante pra mim. – Steven não parecia surpreso com a minha reação.

Para ser sincera, eu não sabia como eu faria aquilo. Como eu contaria uma coisa daquelas para o ? Eu sei que eu estarei lá para apoiá-lo e para segurá-lo no segundo em que ele cair, porque eu sei que ele vai, mas contar a ele a coisa mais absurda e mais dolorosa de toda a sua vida? Porque eu? Porque tinha que ser logo eu? Eu não conseguia entender. Eu ainda não sabia o que estava acontecendo ali. Eu só sabia que o meu corpo inteiro tremia e eu mal sabia o que fazer quando o chegasse. Eu não conseguia olhar para o pai dele. Eu odiava ele por ter me colocado naquela situação e, principalmente, por ter colocado o naquela situação. não merecia o que ele passou nos últimos anos e o que ele passaria nas próximas horas. Eu não consigo pensar em nada mais doloroso.

O estranho silêncio permaneceu por um longo tempo na sala da minha casa. Eu não conseguia falar. Eu só ficava me perguntando como aquilo era possível. Eu ficava procurando justificativas plausíveis para o Steven ter feito o que fez, mas nenhuma parecia boa o suficiente. Eu me segurava para não enchê-lo de perguntas e para não tirar satisfações do absurdo praticado por ele.

Steven também notou a minha indignação. O jeito que eu olhava pra ele fazia com que ele se lembrasse do passado. Aquele olhar era mais do que familiar. Ele não se preocupava tanto com o julgamento presente no meu olhar e em cada frase que saia da minha boca. Steven estava mesmo preocupado com a reação de seu filho. era a sua única preocupação. Se o entendesse, o resto do mundo não fazia a menor diferença.

Eu abandonei a sala por um tempo, pois eu não me sentia muito bem perto de Steven. Eu não me sentia livre para pensar e ter a reação que eu havia segurado desde o momento que eu descobri quem ele era. Os olhares dele me analisavam e pareciam me indagar de maneira estranha. Fui até a cozinha sem dar qualquer explicação a ele. Fiz questão de fazer barulho para que Steven soubesse que eu estava bebendo um copo com água. Enchi o copo e o coloquei sobre a pia. Minha mão trêmula segurou o copo e fez com que eu me desse conta do quão nervosa eu estava. Eu respirei fundo e voltei a colocar o copo sobre a pia. Eu respirava lentamente para tentar me acalmar, mas meus olhos se encheram de lágrimas. Eu realmente não sabia o que fazer quando o chegasse. O que eu sei é que eu tenho que estar de pé para poder mantê-lo de pé também. esteve do meu lado em tantos momentos difíceis, que não fazer o mesmo por ele estava completamente fora de cogitação. Eu tinha que estar bem para segurá-lo. Bebi de uma só vez o copo com água e voltei para a sala. Steven andava de um lado para o outro e eu me aproximei da janela. Eu queria ser a primeira a saber que o havia chegado. Fiquei algum tempo ao lado da janela e quando vi o carro dele parando em frente a minha casa, eu senti o meu coração parar.

- Espera na cozinha. – Eu abandonei a janela, voltando a sentir os meus olhos lacrimejarem. Steven parecia nervoso. Andei até o centro da sala e ele nem se moveu. – Eu preciso falar com ele antes. – Eu tentei ser grossa, mas nem isso eu consegui. Steven achou que a ideia era a boa e saiu andando rapidamente até a cozinha.

Minhas mãos suavam frio e os meus olhos não paravam de se encherem de lágrimas. Parecia que o meu coração estava sendo dilacerado. Passei alguns dedos pelos meus olhos e depois os fechei. Ouvi a porta ser aberta abruptamente e todo o ar do mundo parecia ter acabado. De costas para a porta, eu abri os meus olhos. Eu não conseguia nem sequer olhar para trás.

- ! – gritou assim que me viu parada no meio da sala. O coração dele imediatamente se acalmou. Ele havia pensado nas piores hipóteses desde o momento que eu desliguei aquela ligação. estava feliz porque eu estava bem e aparentemente inteira. Ele correu até mim e colocou-se em minha frente. O olhar preocupado era visível. – Você está bem? – Ele perguntou, tocando o meu rosto com uma de suas mãos. Vê-lo todo preocupado comigo me fez ficar ainda mais instável. Ele mal sabia que a sua vida estava prestes a desmoronar.
- Eu estou bem. – Eu toquei a mão dele e a tirei carinhosamente do meu rosto. Eu sorri pra ele com os meus olhos cheios de lágrimas.
- Não. Você não está. – observou o meu sorriso, que parecia a coisa mais triste que ele já havia visto. O olhar preocupado dele continuava, enquanto ele tentava saber o que estava acontecendo através do meu olhar.
- , nós precisamos conversar. – Eu segurei a mão dele e abaixei a minha cabeça para olhá-la por poucos segundos.
- O que aconteceu? – O olhar dele demonstrava cada vez mais preocupação. Ele olhou para as nossas mãos sem saber o que estava acontecendo.
- Essa é uma boa pergunta. – Eu engoli o choro. – Eu não sei como... – Eu voltei a olhá-lo e em seguida neguei com a cabeça.
- Você está me assustando. – estava um pouco mais assustado agora. Ele me olhava como se estivesse tentando ler a minha mente.
- Quando eu cheguei em casa, aconteceu uma coisa... – Eu simplesmente não conseguia dizer. Eu travei de uma maneira incompreensível.
- O que foi que aconteceu? – me perguntou de forma mais aflita.
- Você precisa ser forte. – Era a única coisa que eu pediria a ele.
- ... – negou com a cabeça, receoso. Atrás dele, vi o Steven sair da cozinha e parar alguns passos atrás do . Eu apertei a mão do mais uma vez e deixei de olhá-lo para olhar para o Steven. percebeu que eu estava olhando para alguém e soube que tinha alguém atrás dele. Ele virou-se para trás, enquanto soltava a minha mão. Levei minhas mãos até o meu rosto, enquanto observava a cena atrás do .

A reação imediata do foi a mais óbvia e compreensível. O mundo parecia ter perdido a cor, o som e qualquer outra coisa que o fizesse ter vida. Os olhos esbugalhados, mas ao mesmo tempo cheio de lágrimas falavam mais do que qualquer outra coisa. Mesmo estando atrás dele, notei que a velocidade da sua respiração triplicou. Enquanto olhava para o pai sem dizer uma só palavra, a sua cabeça foi tomada por milhares de memórias. A memória que lhe causou mais impacto foi a última memória que ele tinha do seu pai. Os olhos dele estavam fechados e havia um corte no canto direito de sua cabeça. Mesmo sendo apenas uma criança, soube naquele momento que havia perdido o seu pai. A memória que sempre lhe causou tanta dor e tantas lágrimas parecia uma enorme mentira agora.

- O que... – disse, deixando de olhar para o pai para me olhar. A sua voz falha e os seus olhos tristes e desesperados me fizeram perder as palavras. Eu neguei com a cabeça, sentindo uma lágrima escorrer pelo canto do meu olho esquerdo.



- Olá, meu garoto. – Steven disse com um fraco sorriso. deixou de olhar para mim para voltar a olhar para o pai. Estremeceu ao ouvir Steven dizer aquelas conhecidas palavras que ele ouviu durante toda a sua infância. Foi naquele exato momento que a realidade veio à tona.
- Pai. – disse com a voz embargada. Mesmo vendo o olhar de tristeza do filho, Steven achou que as coisas terminariam bem. Ele também pareceu se emocionar ao ver o filho chamá-lo de pai.
- Olhe só para você! – O pai de deu alguns passos em direção ao filho, que afastou-se na mesma hora. – Você já é um homem. – Steven tentou novamente se aproximar, mas novamente esquivou-se. O orgulho no olhar dele era visível.
- Você... – Mesmo com todas as lágrimas em seu rosto, parecia estar em negação. – Você estava morto! Eu vi! Eu estava lá! – A ficha de ia caindo aos poucos e a emoção tinha cada vez menos controle sobre ele.
- Filho, eu vou te explicar tudo. Eu... – Steven começou a notar que as coisas iriam piorar. A alteração de humor de foi quase que instantânea.
- NÃO! – gritou, interrompendo o pai. – Não, não, não, não... – Ele afastou-se de mim e começou a andar pela sala como se estivesse tentando se conformar com aquilo. Eu nunca havia visto ele tão transtornado. Ele parecia perdido e fora de si. – EU ESTAVA LÁ! EU ESTAVA NO SEU FUNERAL! Eu... – Ele parou de falar, quando o choro o interrompeu. – Eu sofri a sua perda por todos esses anos. Como você... – estava completamente instável. Ele gritava com ódio, mas ainda chorava e demonstrava tanta dor, que até mesmo eu conseguia sentir.
- Me deixe falar com você. – Steven também demonstrava tristeza. Era a pior recepção que ele poderia receber.
- Todos esses anos você... – olhou para o pai e levou uma das mãos até a sua cabeça, onde ele bagunçou o seu cabelo e secou as lágrimas em seu rosto. Eu sofria em silêncio sem querer interromper. – Você estava vivo. – Dizer isso em voz alta fez um desespero absurdo tomar conta do . O choro dele aumentou. Ele negava com a cabeça, olhando para o pai com desaprovação. Levou as mãos a cabeça, demonstrando o quão perdido estava. – Você estava vivo. – repetiu a frase, sem conseguir acreditar. O choro dele só aumentava e ele repentinamente abaixou-se e agachou-se no chão. Era como se ele não tivesse mais forças para ficar de pé. Eu estava prestes a me aproximar, quando Steven foi mais rápido. Ele se aproximou do filho na esperança de consolá-lo da dor que ele mesmo havia causado. – FICA LONGE DE MIM! – gritou aos prantos, quando seu pai estava prestes a tocá-lo.
- Não faz isso, filho. – O pai implorou com tristeza.
- O QUE VOCÊ ESTAVA PENSANDO? – levantou-se completamente transtornado. – VOCÊ FORJA A SUA PRÓPRIA MORTE, ABANDONA TODA A SUA FAMÍLIA E ACHOUQUE IA CHEGAR AQUI E SER RECEBIDO DE BRAÇOS ABERTOS POR MIM? – Ele estava possesso, mas era impressionante o fato de ele não conseguir parar de chorar.
- ... – Eu dei alguns passos em sua direção, mas Steven me interrompeu.
- Você precisa me ouvir! Não foi tudo em vão. – Steven não se exaltava em nenhum momento. Ele só queria fazer o entendê-lo e perdoá-lo.
- Não foi? Então, você tinha um motivo? Um motivo pra abandonar a sua esposa e filho? - sorriu ironicamente. – Esse motivo ajuda você a dormir a noite? Ele faz você se sentir melhor por ter abandonado as pessoas que te amavam? – Eu nunca tinha visto o tão emocionalmente abalado. No mesmo minuto em que eu achava que ele socaria o seu próprio pai, eu achava que ele o abraçaria. – ELE FAZ? – Ele gritou furiosamente. O seu rosto estava tomado pelas lágrimas.
- Foi para o seu próprio bem! – Steven estava desesperado para se justificar para que o filho parasse de atacá-lo com todas aquelas palavras.
- MEU BEM? – estava muito indignado. Os olhos inquietos e o sorriso de deboche que ele costumava usar para convencer a si mesmo de que estava bem. – ACHA MESMO QUE VIVER SEM UM PAI ME FEZ BEM? ACHA QUE ME FEZ BEM VER A MINHA MÃE CHORANDO TODAS AS NOITES ANTES DE DORMIR POR CAUSA DE VOCÊ? – Ele esbravejou. Virou de costas para o pai e encarou a parede sem conseguir se conformar com o que estava ouvindo. Havia um buraco escuro e enorme no lugar do seu coração.
- Eu fiz tudo isso por amor. – Steven abaixou a cabeça, sem saber como fazer o seu filho acreditar nele.
- Amor? – Ainda de costas, abaixou a sua cabeça. – O que você sabe sobre o amor? – Ele virou-se para olhar para o pai. Os olhos estavam mais tristes do que nunca. Eles pareciam pedir ajuda. – As pessoas que você mais fez sofrer foram justamente as pessoas que deveriam ser para você o significado de amor. – Ele já não tinha mais forças para ser grosseiro e para demonstrar toda a sua raiva e indignação pelo seu pai. – Você adorava falar sobre amor. Como era mesmo aquela frase que você costumava repetir? – questionou, vendo o seu pai levantar a cabeça para olhá-lo.
- ‘Não há amor maior do que o amor pela família. ’ – Steven repetiu a frase, sabendo que a usaria contra ele.
- Agora eu te pergunto: que amor? – abriu os braços em meio a um olhar triste e um rosto coberto de lágrimas. – Que amor, pai? – Ele repetiu a pergunta com a sua voz de choro que pareceu congelar o meu coração. Steven não sabia o que dizer. Ele também chorava, vendo o filho daquele jeito. – QUE AMOR? – gritou, enquanto chutava uma das cadeiras da mesa de jantar, que estava próxima dele. Eu não aguentei. Eu não conseguia mais vê-lo daquele jeito. Steven continuava imóvel e eu fui até o . Parei na frente dele e ele me olhou como se estivesse implorando por ajuda.
- Vai ficar tudo bem. – Eu toquei o rosto dele com as minhas duas mãos e disse com todo o carinho que ele merecia. – Não precisa fazer isso agora se não quiser. – Eu sussurrei, olhando nos olhos dele. abaixou a cabeça e depois a balançou, concordando com o que eu havia proposto. – Ok. Vem comigo. – Eu segurei a mão dele e o levei em direção a cozinha. Steven nos observou abandonar a sala e não conseguiu dizer nada.

Guiei o até o quintal da casa. Me certifiquei de fechar a porta entre a cozinha e o quintal para que o pai dele não ouvisse nada do que nós conversássemos. poderia querer desabafar e pode ser mais fácil fazer isso longe do seu pai.

Chegamos no quintal e soltou a minha mão. A cabeça dele continuava abaixada. Ele apoiou as suas costas em uma das paredes e deslizou lentamente o seu corpo até o chão. sentou-se no chão, apoiou os cotovelos em suas pernas e levou suas mãos até a sua cabeça ainda abaixada. Eu notei que ele ainda chorava. Me sentei em sua frente e tirei suas mãos da cabeça. levantou a sua cabeça para me olhar.

- Eu estou aqui com você, ok? – Eu afirmei, acariciando as suas mãos, que estavam coladas as minhas. – Vamos passar por isso juntos, está bem? – Eu propus. Ele ainda não tinha condições para responder, mas os seus olhos demonstravam gratidão. – Você não está sozinho. – Eu completei, olhando carinhosamente pra ele. Meus olhos também estavam cheios de lágrimas. Eu não consegui me controlar. Não a vê-lo daquele jeito.
- Como ele... – tentou completar a frase, mas o choro o impediu.
- Olha pra mim. – Eu pedi, quando vi ele abaixar novamente a cabeça. – Eu sei que tem milhões de coisas passando pela sua cabeça agora e que deve haver um buraco enorme dentro de você, mas você é o único que tem a cura. – Eu soltei uma das minhas mãos da dele e a levei até o centro do seu peito. – A sua força. – Eu tentei sorrir, mas não deu muito certo.
- Qual força? – arqueou ambas as sobrancelhas. – Eu não tenho nada. – Ele disse com uma agoniante tristeza .
- Não fala isso. – Eu neguei com a cabeça, olhando-o com desaprovação. – Você tem a mim. – Eu não sabia se aquilo significaria alguma coisa pra ele, mas eu precisava que ele soubesse que eu estava ali por ele. – Eu fui forte por você no pior momento da minha vida. – Eu pausei por um tempo e abaixei a minha cabeça, enquanto me segurava para não chorar. – Acha que pode ser forte por mim também? – Eu disse em meio a um fraco sorriso, que só serviu para tirar o foco das lágrimas que escorreram dos meus olhos.
- Eu não consigo pensar em nenhum outro motivo para isso. – Eu notei o seu esforço para tentar sorrir. Sem pensar duas vezes, eu me aproximei e o abracei. Os braços dele me acolheram, mas não teve tanta força. As lágrimas dele nos meus ombros faziam dele vulnerável. Pra mim era um desabafo. Os olhos dele se fecharam para que as lágrimas parassem de escorrer. Ele tentava a todo o momento se acalmar, mas parecia a coisa mais difícil do mundo. O jeito que ele me abraçou me fez ter um choque de consciência e parecia ter me ajudado a entender ao menos um pouco do que ele estava sentindo.
- Eu sei que essa é a coisa mais idiota que eu poderia te pedir agora, mas tenta se acalmar. – Eu disse assim que terminei o abraço. – Não precisa fazer isso agora. Não precisa falar com ele agora. – Eu tentei dar a solução para que ele se acalmasse. – Tudo isso acabou de acontecer e você ainda está em choque e nervoso. Você precisa de um tempo pra pensar. – Eu completei e ele afirmou com a cabeça, concordando com o que eu havia dito. Ele passou as mãos em seu rosto, tentando secar as lágrimas que persistiam em ficar lá.
- É, eu preciso. – disse em meio a um longo suspiro.
- Você quer que eu peça pra ele ir embora? Vocês podem conversar um outro dia. – Eu sugeri e ele me olhou mais sério.
- Não vai ter mais conversa alguma. Nem hoje e nem nunca. Pode mandar ele dar o fora daqui. – Mesmo falando com grosseria, o seu tom foi de tristeza.
- Está bem. – Eu entendi completamente a raiva e indignação dele. – Eu vou até lá e você fica aqui. Eu já volto. – Eu me levantei e o deixei sentado no chão. Abri a porta e entrei na cozinha, me preparando para enfrentar novamente o meu sogro morto vivo. Quando eu entrei na sala, Steven me olhou com esperanças de que fosse o seu filho.
- Onde está o ? – O pai se aproximou de mim. Ele estava visivelmente aflito.
- Ele pediu que o senhor fosse embora. Ele está meio... nervoso. – Dar aquela noticia foi um pouco mais difícil do que eu imaginei. – Acho que ele precisa ficar sozinho e pensar um pouco em tudo isso. – Eu completei.
- Eu... entendo. – Steven abaixou a cabeça, parecendo decepcionado. – Bem, eu estou morando aqui em Nova York. Esse é o número do meu celular. – Ele me entregou um papel. – Quando o estiver mais calmo e quiser conversar, quer dizer, se ele quiser... – O pai de sorriu fraco. – Fala pra ele me ligar a qualquer hora do dia. – Ele completou.
- Eu falo. – Eu peguei o papel de suas mãos e ele me olhou, como se esperasse que eu dissesse mais alguma coisa. Eu fiquei olhando pra ele, sem entender o que é que ele estava esperando.
- Ajude ele. Sei bem que você é a única que pode fazer isso. – Steven pediu, demonstrando preocupação com o filho.
- Eu ajudarei. – Eu afirmei com a cabeça mesmo estranhando o fato de ele parecer saber absolutamente tudo que eu e o já vivemos. Ele sabia o que eu e o tínhamos. Eu só não sei como.
- Obrigado. – Steven voltou a sorrir e virou-se de costas pra mim, aproximando-se da porta. Eu não me movi. Só fiquei lá olhando ele se afastar. O jeito de andar dele também era bem parecido com o jeito do . Era impressionante.

Depois de ver Steven sair da casa, eu fui até a porta e a tranquei. Parei quase no centro da sala, pensando no quão aquilo era insano. E eu achando que a minha vida era difícil! Sofrer anos a perda de um pai, que estava vivo. Eu não consigo imaginar o quão traído o estava se sentindo ou qual a proporção da sua decepção com o homem mais importante de sua vida. O fato de ser um fardo tão difícil de ser suportado me fazia ficar muito mais sensibilizada com aquela situação. Não era só o fato de ver o estado que o está, mas sim o comportamento que ele tinha toda vez que falávamos sobre o pai dele ou quando lembrávamos do acidente. Eu sempre soube a importância que o pai tinha pra ele. Então, o sofrimento dele não deve estar sendo pouco.

Abandonei a sala e passei pela cozinha para chegar no quintal. estava exatamente no mesmo local em que eu o havia deixado. Fiquei observando-o por um tempo, antes dele notar a minha presença. Ele estava completamente parado e os olhos olhavam fixamente para o chão. Um olhar tão vazio e triste, que parecia procurar um motivo para viver. Andei até ele e parei de pé em sua frente. Os olhos se dispersaram e a cabeça levou algum tempo para se levantar. Estiquei os meus braços e estendi as minhas mãos para ajudá-lo a levantar. observou as minhas mãos por poucos segundos, antes de tomar coragem para segurá-las. Eu o puxei com toda a minha força e ele me ajudou a colocá-lo de pé.

- Ele já foi. – Eu afirmei e notei seus olhos demonstrarem um certo alivio. – Vem comigo. – Eu continuei a segurar uma de suas mãos e comecei a puxá-lo em direção ao interior da casa. me acompanhou sem fazer perguntas. Ele não tinha nada a perder. Passamos pela cozinha, pela sala e depois subimos a escada. Eu o levei até o meu quarto. Ele não falou absolutamente nada. – Eu vou fazer um chá pra você e enquanto isso você toma um banho. Deve ter algumas roupas suas no meu guarda-roupa. Você as esqueceu aqui há algum tempo. – Eu apontei em direção ao guarda-roupa. – Se você sair do banho e eu ainda não estiver aqui, pode deitar aqui na minha cama. – Eu apontei a cabeça em direção a cama que estava logo atrás dele. – Ok? – Eu perguntei, pois o seu silêncio me preocupou um pouco.
- Sim. – afirmou com a cabeça e disse com a voz um pouco fraca.
- Está bem. Fica a vontade. – Eu disse antes de soltar a sua mão. Saí do quarto e o deixei lá sozinho.

Era difícil pra mim. Eu não sabia bem como reagir ou o que dizer pra ele. É uma situação extremamente complicada e difícil. Eu também estava muito abalada. Tudo isso é uma loucura. Eu passei quase um ano achando que a culpa pelo não ter se despedido do pai era minha. Imagino que o meu pai também tenha se culpado todos esses anos. Era muito para se absorver de uma vez só. Porém, o era a minha total prioridade. Não importava como eu estava com tudo aquilo. Eu só tinha que estar bem para poder ajudá-lo.

Eu desci para o primeiro andar da casa e fui até a cozinha para fazer o chá como eu havia dito. fez o que eu havia lhe pedido. Por ele, ele se sentaria no chão e ficaria lá parado sem dizer uma só palavra pelo resto de sua vida, mas ele esforçou-se para atender o meu pedido. Ele sabia que eu só queria o seu bem e só estava tentando ajudar. achou a roupa no meu guarda-roupa e foi até o banheiro. Ficou algum tempo embaixo do chuveiro. A água parecia levar todas as lágrimas e vestígios externos da dor que ele sentia, mas não havia nada que levasse embora a dor que ele sentia por dentro. O banho o ajudou a enfriar um pouco a cabeça e a se acalmar. Quando voltou para o meu quarto não havia mais lágrimas de tristeza e choro de desespero. Ele aparentava estar calmo, mas continuava destruído por dentro. Deitou-se em minha cama e cobriu parte do seu corpo com o lençol que eu havia deixado lá.

Eu demorei mais do que deveria fazendo aquele chá. Eu me perdia nos meus pensamentos e quando me dava conta, nem me lembrava quanto tempo eu havia ficado ali parada. Eu implorava mentalmente para que o estivesse mais calmo e não estivesse mais chorando no andar de cima da casa. Eu não conseguia vê-lo daquele jeito. Não sem desmoronar junto com ele. Terminei de fazer o chá e antes de subir, tentei me preparar emocionalmente. Eu não sabia como eu o encontraria lá em cima. Eu precisava ser forte. Subi as escadas e adentrei o meu quarto. O encontrei deitado na minha cama com os olhos fixos no teto. O pensamento parecia estar longe e os olhos um pouco marejados. Me aproximei um pouco mais e quando ele notou a minha presença, dispersou os olhos e passou as mãos por eles para que eu não notasse as lágrimas.

- Hey. – tentou sorrir, mas não funcionou. Aquilo não me deixou nem um pouco aliviada.
- Desculpe a demora. – Eu me aproximei e me sentei ao seu lado na cama.
- Tudo bem. Eu sai agora mesmo do banho. – disse, enquanto sentava-se na cama.
- Aqui. – Eu estendi a xícara de chá. – Eu não sei se está bom. Faz algum tempo que eu não faço chá. – Eu fiz careta.
- Obrigado. – disse antes de tomar o primeiro gole. – Está ótimo. – Ele fez questão de dizer apenas para me deixar feliz. O fato de ele tentar fazer com que eu me sentisse bem, enquanto ele estava desabando por dentro me fez amá-lo um pouco mais.

Fiquei observando-o, enquanto ele terminava de tomar o chá em silêncio. O cabelo dele estava molhado e bagunçado, os olhos ainda pareciam inchados e as bochechas levemente rosadas. Ele vestia a roupa que estava no meu guarda-roupa e que também serviria de pijama. Era uma camiseta branca básica e lisa e uma bermuda. Eu ainda me perguntava se deveria ou não dizer alguma coisa.

- Estava muito bom. Obrigado. – disse, entendendo a xícara vazia em minha direção. Ele voltou a se deitar na cama e eu coloquei a xícara sobre o criado-mudo. – Peguei o seu travesseiro. – Ele disse, tirando o travesseiro que estava embaixo de sua cabeça e colocando ao seu lado, querendo que eu me deitasse ali.
- Não. Tudo bem. – Eu neguei com a cabeça. – Metade é sua e a outra é minha. – Eu aproximei o travesseiro da cabeça dele. Ele a levantou e aconchegou a sua cabeça nele. Eu me deitei ao seu lado e bem próxima a ele, colocando a minha cabeça na outra parte do travesseiro.

já estava deitado de lado e o seu corpo estava todo de frente para a minha direção. Eu fiz o mesmo com o meu corpo, deixando o meu rosto bem em frente ao dele. Nos olhamos por algum tempo em silêncio. procurava refúgio nos meus olhos e nos outros detalhes do meu rosto que tanto chamavam a sua atenção. Eu tentava encontrar nele algo que não demonstrasse tanto a sua dor e desespero, mas foi impossível. A tristeza estava por todos os cantos, principalmente no olhar. Era devastador olhar para aqueles olhos e não encontrar o que eu costumava encontrar: paz.

- Sabe que eu estou aqui por você, não sabe? – Eu disse, sem tirar os meus olhos dele. Ele afirmou com a cabeça, mantendo os seus olhos nos meus. Houve até mesmo um simples e pequeno sorriso, que eu não notaria se eu não estivesse tão desesperada para vê-lo sorrir. – Não sei se você quer conversar, mas se você precisar eu estou aqui pra te ouvir. – Eu não queria forçar nada. Eu não queria que ele se sentisse na obrigação de conversar sobre nada. Nesse momento, ele deixou de me olhar. Seus olhos encararam uma de suas mãos, que estava entre nós dois, apoiada no colchão.
- Me desculpa se eu... – começou a dizer, sem me olhar. Ele se sentia um pouco mal por estar demonstrando tanta fraqueza. Ele não queria estar daquele jeito na minha frente.
- Não. – Eu não deixei que ele terminasse a frase. – Você não fez nada que precisa ser desculpado. – Eu não queria que ele se sentisse mal por estar se abrindo comigo. Eu não queria que ele sentisse vergonha de estar demonstrando pela primeira vez o seu lado vulnerável. Eu não queria que ele sofresse e se preocupasse com o que eu estava achando. Ele precisava parar de pensar em mim por um tempo. – . – Eu o chamei, aproximando uma das minhas mãos de seu rosto. Toquei o seu queixo com um dos meus dedos e levantei o seu rosto. Notei poucas lágrimas em seus olhos. – Não precisa esconder as suas lágrimas de mim. – Acariciei o seu rosto com os meus dedos. – Eu não vou mentir pra você. As suas lágrimas não me assustam, mas elas me doem de um jeito que você nem imagina. Mesmo que doa, eu estou aqui para secá-las. Uma por uma. – Foi só começar a falar, que eu senti os meus olhos lacrimejarem também. Minha mão agora acariciava a lateral da sua cabeça e meus dedos se entrelaçavam em seus fios de cabelo. – Se você cair, eu caio junto, mas eu prometo dar um jeito de me levantar só para te dar a mão. Eu prometo fazer o meu melhor para ser a luz no meio da sua escuridão. Nem que seja a luz mais fraca de todas. Eu vou estar lá. – Eu disse em meio a um fraco sorriso, que nem chegou a deixar os meus dentes a mostra.
- Você já é. – finalmente deu um sorriso digno, mas que veio acompanhado de uma lágrima que escorreu por todo o seu rosto. – Que bom que você está aqui. – Ele levou a sua mão até a minha e a afastou de seu cabelo. A levou até os seus lábios e depositou um beijo antes de puxar a minha mão e o resto do meu corpo em sua direção. me trouxe pra cima dele e passou seus braços em torno do meu corpo. O abraço não me causou tanto desespero quanto o anterior. Ele realmente parecia um pouco mais calmo.
- Eu sei que está doendo agora e que a sua cabeça está uma bagunça, mas... – Nessa hora eu terminei o nosso abraço para poder terminar a frase olhando no seu rosto. – As coisas vão melhorar. – Com o meu corpo ainda em cima do dele, eu mantive o meu rosto em frente ao dele. Tive que jogar o meu cabelo para um dos lados para que ele não ficasse em seu rosto. – Eu também sei que é difícil, ou melhor, eu não sei, mas... – Eu hesitei, mas ele continuou me olhando com atenção. - Não precisa se fazer de forte pra mim. Não precisa guardar tudo pra você. Você tem que colocar tudo pra fora ou vai morrer com toda essa angustia dentro de você. – Eu acariciei o seu peito, próximo ao seu coração. – Chore se você precisar e se precisar falar, eu estou aqui. Fale comigo, ok? – Eu disse séria e ele parecia entender toda a minha preocupação. – Me deixa cuidar de você. – Ao ouvir a minha frase, vi seus olhos acumularem algumas lágrimas e um fraco sorriso surgir no canto do seu rosto. Ele afirmou com a cabeça, demonstrando concordância com o que eu havia dito e pedido.
- Aquele acidente... – fez uma breve pausa para acumular forças para conseguir terminar a frase. – Me trouxe a maior decepção, tristeza e dor que eu já senti, mas... - Ele voltou a sorrir e a me olhar, depois de desviar os olhos por poucos segundos. – Ele também me deu a cura pra tudo isso. – Como os nossos rostos ainda estavam frente a frente, ele aproximou uma de suas mãos e acariciou o meu rosto, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – Ele me deu você. – completou, tirando de mim um sorriso todo emocionado. Eu perdi o meu rumo. Foi uma das coisas mais bonitas que ele me disse. Em meio a tanta dor, ele conseguia enxergar em mim tudo o que eu queria que ele enxergasse. Não era só mais um dos nossos momentos românticos. Não se tratava disso. Se tratava de duas pessoas que se importam muito uma com a outra e que sabiam curar as feridas um do outro como ninguém. Quando ele notou que eu fiquei comovida, puxou o meu rosto e selou os meus lábios com carinho. Descolei os meus lábios do dele e em seguida depositei um outro beijo em sua bochecha. Voltei a me afastar e a colocar a minha cabeça no travesseiro. Ele novamente virou o seu corpo e o deixou de frente pro meu.

- Descansa um pouco. Mais tarde nós conversamos. – Eu disse, achando melhor ele dormir um pouco antes de voltar a falar sobre o assunto. Ele ainda estava bastante abatido. Levei minha mão até o seu rosto e o acariciei antes de subi-la até o cabelo dele, onde eu entrelacei os dedos. Fiquei acariciando a sua cabeça e aos poucos fui vendo os olhos dele se fecharem.



Senti um alívio ao ver o dormindo. Esse é o único jeito de fazer a dor parar. Pelo menos, por um tempo. Aproveitei que ele estava dormindo e fiquei um bom tempo olhando para o seu rosto. Os olhos que pareciam sorrir mesmo quando ele dormia, as grossas sobrancelhas, os lábios entreabertos, as bochechas ainda um pouco rosadas e a barba bem rala que parecia até ter sido desenhada. era perfeito. Perfeito pra mim. Ele não merecia passar por tudo o que estava passando. Eu nunca havia visto ele sofrer tanto e, sinceramente, nunca achei que doeria tanto em mim. O fato de eu ter ficado tão mal em vê-lo daquele jeito me fez ficar um pouco assustada. Eu sempre me surpreendia com os meus sentimentos relacionados ao . Eles têm uma força fora do comum que podem me levar ao céu em um minuto e ao inferno no outro. Eu não sabia se eu queria me importar tanto. Tudo aquilo era avassalador demais e me assustava pra caramba. Olhar ele dormindo daquele jeito tão calmo e não ver mais aqueles olhos tristes e aquelas lágrimas dolorosas me fazia querer fazê-lo feliz. Me fazia querer resolver todos os seus problemas. Eu sei que eu não posso, mas eu posso tentar amenizar a dor.

Acabei dormindo sem nem perceber e acordei com o se movimentando na cama. O corpo dele agora estava deitado corretamente, mas o rosto dele estava virado em minha direção. Uma das minhas mãos estava sobre o seu ombro direito. Quando olhei, ele parecia estar acordando. O quarto não estava tão claro quanto antes. Estava quase anoitecendo. Me espreguicei e depois voltei para a mesma posição de antes. abria os olhos aos poucos e notou que eu olhava pra ele. Por um segundo, ele achou que estava em Atlantic City e que tudo tinha sido um pesadelo.

- Oi. – Eu disse em um sussurro. Ele havia acabado de voltar a fechar os olhos, mas quando ouviu a minha voz voltou a abri-los.
- Oi. – disse com a sua voz de sono, que me fazia querer abraçá-lo até amanhã de manhã. Depois de algum tempo em silêncio, ele deixou de me olhar. Moveu a sua cabeça e encarou o teto do meu quarto. Continuei observando ele sem dizer uma só palavra. Ele parecia pensativo e eu não queria atrapalhá-lo. – Porque ele fez isso? – finalmente disse e voltou a me olhar. – Eu não consigo entender. – Ele afirmou, sério.
- Eu acho que nada no mundo pode justificar uma coisa dessa. – Eu não queria fazer criticas ou julgar ninguém. Eu só queria que o desabafasse.
- É difícil de entender, sabe? Nós éramos uma família. Ele...- negou com a cabeça. – Ele era um bom pai. – Ele completou, confuso. – Eu não sei por que ele fez tudo isso. Eu... – hesitou em continuar. – Será que ele achava a vida dele uma droga? Será que ele era tão infeliz assim vivendo comigo e com a minha mãe? – Ele finalmente disse o que eu tinha tanto receio de ouvir.
- Não ouse pensar que a culpa disso tudo é sua. – Eu o interrompi, sem admitir que ele pensasse algo tão absurdo. – Você era só um garoto. – Eu completei.
- Nós fazíamos tudo juntos. Foi ele quem me ensinou a jogar futebol. Foi ele quem me passou esse fanatismo pelo Yankees. A profissão que eu escolhi foi a mesma que a dele. – dizia, enquanto os seus olhos se dispersaram. Ele parecia estar longe. – Ele fez de mim tudo o que eu sou hoje. Ele era um tipo de herói, sabe? – voltou a me olhar. Eu afirmei com a cabeça, pois sabia exatamente como ele se sentia. – Agora, eu nem sei quem ele é. – Todo o brilho que estava em seus olhos, enquanto ele lembrava da sua infância de repente desapareceu.

- Independentemente do que ele fez, ele ainda é o seu pai. – Mesmo achando um absurdo o que o Steven fez, eu não podia incentivar o a não perdoá-lo. – Se ele voltou agora, ele voltou por você! – Eu afirmei com certeza.
- Fosse melhor que não tivesse voltado. Pelo menos, ele continuaria sendo um herói pra mim. – negou com a cabeça. – Ele simplesmente destruiu em 10 minutos tudo o que ele significava na minha vida. Todas as lembranças boas que eu tinha dele. – Ele estava sendo extremamente duro e sabia disso. Agir dessa forma fazia com que ele se sentisse melhor.
- Eu sei que você quer puni-lo, mas tente não punir a si mesmo no meio do caminho, está bem? – Eu aconselhei, sem querer me intrometer tanto naquele assunto que só dizia respeito a ele. – Algumas vezes, as boas lembranças são tudo o que nós temos. – Eu completei, acariciando o seu rosto por alguns minutos.
- Eu sei, mas é que... é difícil, sabe? O homem que me levou ao meu primeiro treino no futebol, que me levou no meu primeiro jogo do Yankees e que cantava pra eu dormir quando eu tinha pesadelos jamais me abandonaria. Jamais abandonaria a minha mãe. – Um sorriso surgiu no canto do seu rosto, quando ele notou que seus olhos se encheram de lágrimas. – Eu tive pesadelos com aquele acidente por meses. Eu tive que conviver todo esse tempo com aquela última memória e com aquelas últimas palavras. – Notei que ele engoliu as lágrimas e passou uma das mãos rapidamente pelos olhos. – Ele não podia fazer isso. Ele não podia ter feito isso com a minha mãe. – A mãe parecia ser o principal motivo da indignação com a atitude do pai. – Eu nunca vou perdoá-lo pelo que ele fez ela passar. – completou e mesmo estando abalado, ele conseguiu falar com firmeza.
- A sua mãe está bem agora. Ela está feliz. – Eu ficava tentando mostrar o lado bom de tudo. Eu queria ajudá-lo a não ficar tão mal.
- É, nós temos a agora. – sorriu ao mencionar a irmã.
- Viu? Vocês souberam se virar muito bem sem ele. – Eu também sorri, quando ouvi ele falar da . Eu estava morrendo de saudades dela! – Olhe pra você. – Eu me inclinei para poder olhá-lo melhor. – Se transformou em um garoto incrível e sempre conseguiu tudo o que queria com os seus próprios méritos. – Eu não queria que ele se lamentasse pelas coisas que não viveu por causa da ausência do seu pai, mas se orgulhasse do que conseguiu sem ele.
- Esse tudo inclui você? – deixou um sorriso escapar.
- Eu não sei. Você quer me incluir? – Eu não queria ser tão cara de pau. Ele se aproximou e jogou o seu corpo por cima do meu, me fazendo rir sem emitir som.
- É claro que eu quero. Você foi a minha conquista mais difícil e da qual eu mais me orgulho. – disse antes de selar os meus lábios, enquanto os seus dedos afastavam o meu cabelo do meu rosto. – Sério. – Ele disse, ficando um pouco mais sério. – Esse é só o meu jeito idiota e atrapalhado de dizer obrigado. Obrigado pelo que está fazendo. – aproximou-se novamente e beijou carinhosamente a minha bochecha.
- Eu só quero te ver feliz. – Eu disse assim que ele voltou a me olhar. Acariciei o seu rosto com uma das minhas mãos.
- Então, fica comigo. – pediu com uma doçura fora do normal. – Eu preciso de você. – Ele completou.
- Eu estou aqui. Eu não vou a lugar algum. – Eu disse em meio a um sorriso fraco, que foi o melhor que eu consegui no momento. Ele me fazia perder o rumo quando dizia essas coisas. – Ok? – Eu esperei uma resposta dele, que foi dada através de um simples aceno com a cabeça. Com o seu corpo ainda em cima de mim, ele selou novamente os meus lábios e em seguida me abraçou. Eu não me lembro de termos nos abraçado tanto em tão pouco tempo. Isso era só mais um indicador do estado emocional do . – Você está com fome? Nós podemos fazer alguma coisa pra comer. – Eu sugeri. Eu tinha certeza que ele não havia comido nada desde que havia saído da minha casa naquela manhã.
- É uma boa ideia. – disse assim que terminou o abraço. Ele saiu de cima de mim.
- Legal. – Eu me levantei prontamente da cama. – Então, vamos. – Enquanto eu colocava um calçado mais confortável, foi levantando-se da cama.

Improvisamos o jantar para variar. Impressionante como aquelas batatas fritas que são vendidas congeladas parecem ter sido feitas para as pessoas que não sabem cozinhar. Foi só fritar por algum tempo e parecia até que eu era uma cozinheira da mão cheia. conseguiu fazer um arroz apenas para acompanhar a batata frita. Até que não ficou ruim.

- Deu tempo de você entregar o contrato para o seu chefe? – Eu perguntei em meio ao nosso jantar meia boca.
- Deu. Eu tinha acabado de entregar quando você me ligou. – explicou, lembrando-se do seu desespero ao receber o meu telefonema.
- Eu não soube bem o que fazer. Ele simplesmente bateu na minha porta e nem sabia quem ele era. – Eu também me recordei do meu desespero ao descobrir toda a verdade.
- Eu não entendo porque ele veio até você. Ele nem te conhecia. – me olhou, estranhando aquele fato.
- Eu também não entendi nada. Ele me disse que me procurou porque sabia que eu podia te ajudar e poderia ajudá-lo também, mas como? – Eu ergui os ombros, sem entender nada. – Talvez ele tenha te vigiado durante esses anos. Ele deve ter visto nós dois juntos. Eu não sei. – Eu desisti de encontrar uma resposta.
- Me vigiado... – rolou os olhos com tamanho absurdo. – Porque me vigiar? Porque ele simplesmente não apareceu e disse logo que estava vivo? Porque eu não podia saber que ele estava vivo? – Ele demonstrava indignação.
- Eu não sei. Isso é loucura. – Eu neguei com a cabeça, sem conseguir pensar em nenhuma explicação plausível.
- Eu fico me perguntando como é que eu não desconfiei que ele estava vivo todo esse tempo, mas... – me olhou com um pouco de perplexidade. – Eu estava lá! Eu vi! Eu vi ele morto. Como... – Ele negou com a cabeça, sem entender como aquilo era possível.
- Eu não consigo me lembrar de muita coisa desse acidente. – Eu lamentei não poder ajudá-lo.
- Quando eu sai do carro, ele ainda estava vivo. Ele falou comigo! Depois eu fui até o seu carro. A ambulância chegou e quando eles te levaram, eu voltei para o carro do meu pai. Ele estava lá, mas não estava mais acordado. – lembrou-se com cuidado daquela noite.
- Você já sabia que ele estava morto ou achou que ele estivesse dormindo? – Eu perguntei, tentando ajudá-lo de alguma forma.
- A principio eu achei que ele estava dormindo ou que tinha só desmaiado. Os enfermeiros chegaram no carro e o levaram separadamente em uma outra ambulância. Eu só descobri que ele tinha morrido quando eu cheguei no hospital. – fez uma breve pausa. – Depois eu acabei concluindo que ele estava morto desde o momento que eu voltei pro nosso carro. Isso sempre ficou na minha cabeça. – Ele concluiu.
- Eu não consigo pensar em nada. – Eu disse depois de algum tempo.
- O caixão estava fechado. Eu ouvia as pessoas dizerem que o caixão estava fechado porque ele tinha se machucado muito no acidente, mas eu me lembro que ele não estava tão machucado. – recordou-se daquele dia horrível.
- O caixão deveria estar vazio. – Eu conclui e afirmou com a cabeça, concordando.
- Algumas coisas fazem sentido agora. – disse, pensativo.
- Jura? Pra mim nada faz sentido. – Eu olhei pra ele, me achando lerda.
- Quer saber? Não importa. Nada disso importa mais. Eu não quero mais ficar pensando nisso. – pareceu ter ficado de saco cheio com o assunto.
- Você tem razão. – Eu concordei com ele, pois sabia o quanto aquilo lhe fazia mal.

Nos forçamos a mudar de assunto. Terminamos de jantar e arrumamos toda a bagunça que havíamos feito na cozinha. Depois voltamos para o segundo andar. foi para o meu quarto, enquanto eu fui tomar banho. Quando eu voltei para o quarto, já estava dormindo. Eu não quis acordá-lo. Desliguei a TV que ele já não assistia e deixei só o abajur (que ficava ao lado da minha cama) aceso para que eu pudesse terminar de ler uma das minhas apostilas da faculdade. Afinal, amanhã seria segunda-feira! Voltemos a rotina!

Eu não me lembro do horário que eu dormi. Eu só sei que estava quase dormindo em cima da apostila, quando decidi me entregar ao sono. Me lembro de ter colocado a apostila sobre o criado-mudo, ter apagado o abajur e já deitar na cama dormindo. continuava dormindo ao meu lado e só acordaria na manhã seguinte.

- Droga. – Eu acordei um pouco assustada com o barulho do meu despertador. Me curvei para desligá-lo e vi que também acordou. – Desculpa. Eu esqueci de desligar o despertador. – Eu fiz careta, me sentindo mal por tê-lo acordado.
- Não tem problema. – disse em meio a um bocejo.
- Eu tenho que levantar. – Eu me lamentei, me espreguiçando na cama.
- Eu te levo. – ofereceu com os olhos ainda fechados.
- Não precisa. Pode ficar dormindo. – Eu não queria incomodá-lo.
- Não discuta comigo. – manteve os olhos fechados e me arrancou o primeiro sorriso do dia.
- Já que você insiste. – Eu ergui os ombros, me levantando da cama. Ele abriu os olhos para me ver levantar.
- Eu nem me lembro de ter dormido ontem. – fez careta, enquanto levantava-se lentamente da cama.
- Depois que você dormiu eu fiquei mais um tempo lendo. – Eu contei, pegando as minhas roupas no armário.

Deixei o sozinho no quarto e fui tomar um rápido banho, já que eu não podia me dar ao luxo de atrasar. foi até o seu carro para buscar a sua mala, que nem ao menos havia tirado do carro e esperou que eu saísse do banheiro para tomar banho também. Enquanto ele tomava o seu banho, eu terminava de arrumar. O dia havia amanhecido bem frio, então eu tive que me agasalhar bem. saiu do banheiro às pressas, pois estávamos um pouco atrasados. Vestiu rapidamente uma calça e um agasalho. Ele pretendia sair com o cabelo molhado naquele frio e depois de eu repreendê-lo ele decidiu vestir uma toca, que só serviu para deixá-lo ainda mais adorável.

- Certeza que não quer tomar café? – perguntou, enquanto descíamos apressadamente as escadas.
- Não. Eu não estou com fome. – Eu neguei com a cabeça. Fui até o sofá, peguei a minha bolsa e coloquei algumas apostilas lá dentro.
- Então, vamos. – abriu a porta e esperou que eu saísse para poder trancá-la.

dirigia em alta velocidade até o momento que eu disse a ele que não era necessário. Não tinha problema se eu chegasse alguns minutos atrasada. Eu não perderia a apresentação do seminário por causa disso. No caminho para a faculdade, enviei uma mensagem de texto pra Meg para avisá-la de chegaria um pouquinho atrasada. Ela me mataria de qualquer forma.

- Viu? Só 5 minutos atrasada. – Eu disse depois de olhar no relógio, quando chegamos em frente a faculdade.
- Que bom. Eu ficaria muito mal se fizesse você perdesse o seu seminário. – sorriu fraco, mantendo os seus olhos sobre mim.
- Você vai ficar bem? – Eu perguntei antes de me despedir.
- Defina bem. – esforçou-se novamente para sorrir.
- Sério. – Eu o olhei com preocupação.
- Eu vou ficar bem. – disse, enquanto aproximava-se, tocava o meu rosto com uma de suas mãos e selava calmamente os meus lábios. – Almoça comigo? – Ele propôs.
- É claro. – Foi a minha vez de selar os seus lábios.
- Eu te vejo mais tarde, então. – me beijou mais algumas vezes, me arrancando um sorriso bobo. – Boa sorte no seminário. Eu tenho certeza que vai se sair bem. – Beijou uma das minhas bochechas antes de se afastar.
- Obrigada. – Eu disse estupidamente abobalhada. Eu não estava acostumada com tanto carinho pela manhã. Abri a porta do carro e sai.
- Até mais tarde. – Eu disse antes de bater a porta e me afastar.

Como de costume, esperou que eu entrasse na faculdade para que ele pudesse ir embora. Ele fez o caminho de volta para casa e manteve-se pensativo o resto da manhã. Nem comer ele quis. apena chegou na minha casa, sentou-se no sofá e ficou lá deitado. Ele estava muito mais calmo naquela manhã, mas isso não o deixava menos inconformado com a situação. Doía muito uma decepção daquele tamanho. Doía muito receber uma apunhalada nas costas justamente da pessoa que sempre lhe fez tão bem, o seu herói. Foi difícil aceitar que ele havia sido traído pelo seu próprio pai. Foi muito difícil aceitar que seu pai não pensou no sofrimento que causaria por causa dessa farsa sem motivo.

A apresentação do seminário foi tão boa quanto poderia ser. Eu e a Meg fomos a quinta ou sexta dupla a se apresentar. Até que fomos bem aplaudidas e soubemos responder todos os questionamentos da professora. O fato de eu não ter conseguido estudar muito para a apresentação só fez a nossa nota parecer mais empolgante. As apresentações duraram até a última aula.

- Nós arrasamos. Fala sério! – Meg comentou toda empolgada, enquanto saíamos da sala.
- Você falou muito bem! – Eu a elogiei e ela ficou toda feliz.
- Como conseguiu responder todas aquelas perguntas? Tinha horas que eu nem sabia do que você estava falando. – Meg disse daquele seu jeito engraçado, me fazendo rir.
- Eu ali apostila ontem à noite. Ajudou muito. – Eu expliquei.
- Que tal almoçarmos para comemorar o sucesso da nossa apresentação? – Meg sugeriu e eu fiz careta. – O que foi? – Ela não entendeu a minha cara.
- Eu já tinha combinado de almoçar com o . – Eu forcei um sorriso ao final da minha frase.
- ? Mas você não disse que ele ia embora ontem? – Meg arqueou uma das sobrancelhas.
- Ele acabou ficando. – Eu mordi o meu lábio inferior em meio a uma careta. Eu não podia explicar. – Se você quiser pode ir almoçar com nós. – Eu sugeri.
- Ficar de vela? Eu passo! – Meg também fez careta.
- Comemoramos em um outro dia, então? – Eu comecei a andar mais depressa, pois se eu demorasse eu não conseguiria almoçar.
- Eu vou cobrar! – Meg disse um pouco mais alto, pois eu estava alguns passos na frente dela.
- Te vejo no hospital. – Eu disse olhando pra ela, enquanto dava alguns passos para trás. Sua resposta foi um simples aceno. Eu deixei de olhá-la e andei depressa até o portão da faculdade. O carro de estava estacionado no mesmo lugar de sempre, mas diferente dos outros dias, ele estava sentado no capô do carro. Ele me olhava, mas parecia não me ver. Eu fui me aproximando e mesmo de longe conseguia ver o vazio em seus olhos. Nada era pior do que vê-lo daquele jeito. Quando eu me aproximei, um fraco sorriso surgiu no canto do seu rosto.
- Oi. – realmente parecia me olhar agora.
- Oi. – Eu não consegui fingir que estava tudo bem, mas eu tentei.
- Como foi o seminário? – moveu-se, demonstrando que desceria do capô do carro. Eu dei um passo para trás para dar espaço para que ele descesse.
- Foi... tudo bem. – Eu disse em meio a um suspiro.
- Eu sabia que se sairia bem. – tocou uma das minhas mãos e me puxou para mais perto para selar os meus lábios. – Com fome? – Ele perguntou depois do beijo.
- Muita. – Eu afirmei e ele quase sorriu.
- Então, vamos. – soltou a minha mão e abriu a porta do carro para que eu entrasse.

Fomos em silêncio até o restaurante mais próximo. não queria falar para não demonstrar o quão mal estava e eu não queria falar nada, pois não sabia como ajudá-lo. Adentramos o restaurante e escolhemos a mesa. Nos sentamos frente a frente e pedimos o prato especial do dia, que parecia ser muito bom.

- Você conversou com o seu chefe sobre tudo isso? – Eu perguntei, tentando puxar assunto.
- Eu disse que precisava de alguns dias de férias. Ele me liberou, é claro. Depois de conseguir essa conta do Yankees, eu acho que eu poderia pedir qualquer coisa. – brincou com a sua própria situação. – Como fui eu que consegui a conta do Yankees, ele falou que era melhor eu estar presente em todas as reuniões que estivessem relacionadas a conta. Essa vai ser a única conta da qual eu vou cuidar por enquanto. – Ele me explicou.
- E quando você vai ter uma reunião? – Eu questionei.
- Eu tenho uma na quarta-feira a tarde lá em Atlantic City. Querem que eu passe detalhes do contrato para os outros publicitários e estagiários da empresa. – rolou os olhos.
- Essa quarta-feira? – Eu não gostei da notícia. Ele iria embora?
- Eu volto. Não se preocupe. – me tranquilizou em meio a um sorriso.
- Que bom. – Eu disse, olhando atentamente pra ele. deixou de me olhar e antes mesmo que percebesse, estava olhando fixamente para qualquer coisa do lado de fora da janela. Ele demorou algum tempo para notar que eu estava observando-o. Então, ele me olhou meio sem jeito e forçou um sorriso que nem ao menos deixou os seus dentes a mostra. – Você não sabe o quanto me dói te ver assim. – Eu disse com esperança de que deixássemos de fingir que estava tudo bem.
- Não se preocupa. Eu vou ficar bem. Eu só preciso de um pouco mais de tempo. – estendeu o seu braço no canto da mesa e eu levei a minha mão até a dele.
- Não importa quanto tempo passe. Nunca vai mudar, . – Eu neguei com a cabeça e ele estranhou a minha frase, que a principio parecia um pouco menos motivacional do que ele esperava.
- O que? – me olhou um pouco mais sério.
- O seu pai vai continuar vivo e essa decepção dentro de você também. – Eu não queria parecer dura demais. – Não é como se uma garota tivesse te decepcionado. Não é como se você pudesse encontrar uma pessoa e colocá-la no lugar dele pra que ela pudesse te ajudar a esquecer a sua mágoa. Ele é o seu pai, . Isso nunca vai passar, porque você vai continuar decepcionado e vai continuar sem ele. – Eu não sabia se estava sendo clara o bastante.

- O que está querendo dizer? – havia entendido, mas queria me ouvir dizer para ter certeza.
- Me desculpa, mas eu acho que você deveria procurá-lo. – Eu finalmente disse. Aquilo estava me sufocando. – Você sabe, ouvir o que ele tem pra dizer. – Eu completei.
- Eu nunca vou conseguir perdoá-lo. Não é nem por mim, mas pela minha mãe. Eu não estou nem ai com tudo o que tive que lidar todos esses anos, mas eu não perdoo ele pelo que ele fez a minha mãe passar. Não dá! – recusou o meu conselho sem pensar duas vezes.
- Eu não vou te forçar a nada. Seja qual for a sua decisão, eu estarei do seu lado. – Eu acariciei a mão dele. Ele olhou para as nossas mãos e pensou que a vida poderia ser muito pior se eu não estivesse lá com ele naquele momento difícil.
- Eu vou pensar nisso, ok? Eu prometo. – faria aquilo por mim.
- Está bem. – Eu afirmei com a cabeça. Eu estava contente só com o fato de ele pensar sobre aquilo.



O meu conselho fez com que ficasse ainda mais quieto e pensativo. Terminamos o almoço em silêncio e quando eu comecei a cogitar a possibilidade de ele estar bravo comigo por ter me intrometido em algo tão sério e importante, ele me beijou quando me deixou no trabalho. Foi um alívio saber que ele não estava bravo comigo, mas sinceramente? Eu preferia mil vezes ser a responsável pela dor que ele estava sentindo. Eu não queria que isso tivesse acontecido entre ele e o seu pai. Eu não queria que ele passasse por isso.

- Ai está você! – Meg me abordou, quando nos encontramos nos corredores do hospital.
- Oi, Meg. – Eu sorri ao vê-la.
- Como foi o almoço? – Meg me olhou com aquela cara de malandra.
- Foi legal. Eu acho que eu e o finalmente nos acertamos. – Eu fiz careta.
- Estou ouvindo um aleluia? – Meg brincou, me fazendo rir. – Sério. Porque ele não foi embora? – Ela perguntou, tentando voltar a ficar séria.
- Eu não sei muito bem. Eu acho que tem a ver com a conta do Yankees. Ele vai ficar mais alguns dias. – Eu menti, mas foi por uma boa causa. Meg não poderia saber.
- O me disse que ele voltava ontem. Acho que ficaram esperando por ele. – Meg lembrou-se da conversa que havia tido com o na noite anterior.
- Eu não sei se ele avisou os meninos e a família dele. – Eu nem havia pensado nisso. – Eu vou falar com ele mais tarde. – Eu completei. – E como o está? – Fazia algum tempo que eu não falava com ele.
- Ele está bem. Quer dizer, é o que ele diz. – Meg rolou os olhos.
- E você não contou nada sobre eu e o , certo? – Eu perguntei só para ter certeza.
- Não. É claro que não. – Meg afirmou, sem hesitar.
- Eu e o vamos contar pra eles em breve. – Eu não tinha certeza de quando faríamos aquilo, mas era algo que eu estava ansiosa para fazer. Eu não gosto de ficar escondendo as coisas dos meus amigos e da minha família.

Mesmo estando preocupada com o , eu consegui trabalhar bem naquela tarde. aproveitou o seu tempo sozinho e passou a tarde vagando pelas ruas de Nova York. Ele andou por toda parte, enquanto o seu pensamento parecia estar sempre cinco passos à frente. O vento e o frio daquele dia não foram suficientes para fazê-lo ir para casa. pensava no que eu havia lhe dito durante o almoço e não conseguia ter uma opinião concreta a respeito. Toda vez que ele achava que era uma boa ideia, ele acabava desistindo no segundo seguinte. Ao mesmo tempo que parecia uma boa ideia também parecia a pior ideia de todas. não conseguia se decidir. Ele não sabia o que fazer.

As pessoas passavam por ele na rua e mesmo sem conhecê-lo, pareciam saber que ele estava na pior. Aposto que todos imaginavam que deveria ser por causa de uma garota. Ninguém poderia cogitar tamanho absurdo. Ninguém jamais deduziria que o responsável pela sua decepção era o seu pai e que o motivo era inexplicável. parou duas ou três vezes em uma praça e ficou lá sentado por algum tempo. Ele procurava respostas nos bancos da praça, nas pessoas, nas crianças que brincavam no parquinho, nas árvores gigantescas e nas calçadas lotadas.

O seu passeio só acabou quando deu o horário de ele ir me buscar no trabalho. Quando eu o vi na porta do hospital, soube que ele não estava tão bem quanto eu desejava. Nada parecia ter mudado. O sorriso com que ele me recebeu não me enganou. Seguimos para a minha casa, mas no caminho paramos em um restaurante para comprarmos comida para jantarmos em casa.

Chegamos em casa e fomos tomar banho antes de jantarmos. Depois de me esperar sair do banho, foi a vez do . Eu aproveitei para adiantar o jantar. Quando ele desceu, o seu cabelo estava novamente molhado e ele vestia uma camiseta branca lisa e um shorts. Eu vestia o meu pijama simples composto por uma blusinha branca e um shorts xadrez. Só estávamos vestindo aquelas roupas não tão quentes, porque o aquecedor estava mantendo a casa bem quente. Nem mesmo parecia que estava um tremendo frio lá fora.

Depois de colocarmos juntos a mesa do jantar, nós jantamos. A comida estava ótima. Era diferente de toda a porcaria que nós costumamos comer. Era dessas comidas caseiras, sabe? Parecia até mesmo que era a minha mãe que havia feito. também havia adorado o jantar e disse que voltaríamos naquele restaurante mais vezes. Quando terminamos o jantar, começamos a tirar a mesa e até mesmo lavamos os pratos que sujamos.

- Olha o que eu comprei hoje. – mostrou o controle novo da TV, quando parou em frente ao sofá.
- Não acredito! – Eu sorri, enquanto me aproximava do sofá.
- Não precisamos mais levantar pra mudar de canal. – Ele sentou-se no sofá e apoiou os seus pés na mesinha de centro. Eu me deitei no mesmo sofá, passei as minhas pernas por cima do colo dele. Ele apoiou as mãos em uma das minhas coxas.
- Pode colocar no canal de esportes se quiser. – Eu não arrumaria briga por causa daquilo.
- Tem certeza? – me olhou desconfiado, me fazendo rir.
- Tenho. – Eu neguei com a cabeça em meio a risos.

Ficamos algum tempo assistindo TV, que parecia estar distraindo o . Eu não entendia absolutamente nada do que aquele canal falava, mas só em ver o todo entretido eu fiquei feliz. Quando um dos repórteres falou o nome de um dos jogadores, eu acabei me lembrando do que eu tinha que falar com o .

- Eu já estava esquecendo. – Eu disse, chamando a atenção de . – Hoje a Meg me falou que o estava te esperando voltar ontem. Eu não sei se os meninos estavam com ele ou não. – Eu contei, enquanto ele me olhava.
- Droga, eu esqueci. – fechou os olhos e se xingou mentalmente por alguns segundos. – Eu vi algumas ligações dele e dos meninos ontem no meu celular, mas eu nem consegui ligar de volta. – Ele negou com a cabeça. – Eu avisei a minha mãe quando estava no caminho pra cá, mas não avisei eles. – completou.
- Então, acho que você deve ligar pra eles. – Eu sugeri e no segundo seguinte ele se debruçou para pegar o celular sobre a mesa.
- Eu vou ligar pro . Aposto que ele ficou esperando eu ir buscar o Buddy. – abaixou o volume da TV para poder falar com o amigo. – Se eu ligar pro ele vai me xingar. Ligar pro seu irmão é assustador, porque ele fica me fazendo um monte de perguntas. Parece até que ele sabe sobre nós. – Ele disse em meio a uma careta e eu fui obrigada a rir.
- É mesmo? – Eu gargalhei.
- Está chamando! – referiu-se a ligação. Coloquei a mão na boca, sabendo que deveria ficar completamente quieta.
- Alô? – Eu ouvi a voz do e tive vontade de surtar. Que saudade!
- Oi, . É o . – disse, me olhando e me pedindo silêncio.
- ? Que ? – se fez de desentendido.
- Otário. – sorriu e negou com a cabeça.
- Como você está, cara? – também sorriu. Estava feliz por falar com o amigo.
- Está tudo bem. Como você está indo? – devolveu a pergunta.
- Bem, eu sou estudante, sou estagiário, tenho um relacionamento mais instável que o que você tinha com a e nas horas vagas eu banco a babá de cachorros. O que você acha? – disse em meio a um suspiro.
- Eu acho que poderia ser pior. – Diante do que estava vivendo, sabia que não podia reclamar de sua vida.
- É verdade. Ao invés de um, você poderia ter deixado dois cachorros pra eu cuidar. Isso realmente seria muito pior. – ironizou, me fazendo rir silenciosamente.
- Como o Buddy está? – perguntou, já que estávamos falando do cachorro.
- Buddy? Quem é Buddy? – fingiu que havia se esquecido do pobre cachorro. – OH MEU DEUS! – Ele fingiu desespero.
- Eu te arrebento, palhaço. – negou com a cabeça, sabendo que o amigo estava brincando.
- Eu acho que o Buddy nunca esteve melhor. A minha mãe está cuidando melhor dele do que de mim. – desabafou.
- A sua mãe? – me olhou, segurando o riso.
- Ela está apaixonada pelo cachorro. Se os meus pais se separarem, a culpa é toda do Buddy. – disse, fazendo o gargalhar.
- Não acredito! – não conseguia se controlar.
- Eu estou falando sério! Aquele cachorro come melhor do que qualquer outra pessoa nessa casa. – continuou descrevendo a situação e eu e o não conseguíamos parar de achar graça. – Aliás, você já não deveria ter voltado pra Atlantic City? – Ele engatou a pergunta.
- Foi por isso que eu estou te ligando. Era pra eu ter voltado, mas aconteceram uns problemas e eu vou ter que ficar. – Esforçou-se para voltar a falar sério.
- Espera um pouco. Até quando essa bolinha de pelo vai ter que ficar na minha casa? – falou sem pensar. Ele coçou a garganta. – Quer dizer, ficar até quando? – Ele arrumou.
- Mais alguns dias. Eu não sei. – rolou os olhos, ignorando o que o amigo havia dito anteriormente.
- Você falou com os caras? O veio me perguntar se você tinha ligado pra me avisar que adiaria a sua volta. – perguntou.
- Não falei. Você poderia avisá-los pra mim? – não sabia se estava pedindo muito.
- Eu aviso. – concordou. – Mas e como estão as coisas ai? Como é morar temporariamente em Nova York? – Ele mudou de assunto.
- Ah, é normal. É ruim porque eu estou... sozinho aqui, né? – me olhou e fez careta. – Não tem muita gente pra conversar. – Ele completou.
- Nossa, que jeito mais frio de dizer que está morrendo de saudades de mim. – brincou, fazendo levar uma das mãos ao rosto e rir.
- Você sabe que eu sou tímido. – entrou na brincadeira, fazendo rir.
- É, eu sei. – disse aos risos. – Mas como você está? Quer dizer, quando você foi pra Nova York você ainda estava meio mal por causa da . – Ele quis saber.
- Eu definitivamente já superei. – afirmou, me olhando.
- Isso quer dizer que você já arrumou outra? – entranhou a forma com que falou.
- Não. Quer dizer que eu estou ocupado demais pra pensar nisso agora. – mentiu, já que não tinha outro jeito. – Mas e você e a ? Como vocês estão? – Ele aproveitou para perguntar.
- Depende muito do dia. Que dia é hoje? Terça? Acho que estamos numa boa hoje. O dia de brigar é amanhã. – exagerou, causando a sua própria risada. – Brincadeira. Estamos bem. Você sabe... Às vezes rola uma briga ou outra. Acho que não nos acostumamos a nos dar tão bem. – Ele falou mais sério.
- Eu sei exatamente como é. Uma hora dá certo! – voltou a me olhar.
- Eu espero mesmo. – fez careta, se perguntando quanto tempo aquilo demoraria.
- Então, nós vamos nos falando, cara. Quando eu souber qual dia eu volto, eu te aviso. – começou a terminar a ligação.
- Estou esperando ansiosamente. – brincou novamente.
- Eu também. – rolou os olhos. – Não esquece de avisar os caras. – Ele falou novamente para não esquecer.
- Pode deixar! Até mais. – esperou se despedir.
- Até! Valeu. – disse antes de desligar.
- Oh, meu Deus. Eu sinto tanta falta dele. – Eu comentei, fazendo bico.
- Não deixe ele saber, mas... eu também. – sorriu fraco, enquanto voltava a colocar o celular sobre a mesa.
- E do Buddy eu nem vou falar, se não eu vou acabar chorando. – Eu dei um sorriso mais murcho.

Os amigos já estavam avisados e a família de também já sabia que ele demoraria mais alguns dias para voltar para casa. Vê-lo falar no telefone com o me deu esperanças de que ele melhorasse e não ficasse tão mal quanto antes. Eu estava errada. Depois de desligar o telefone, continuamos assistindo ao programa de esportes. continuava mudo e a sua inquietação demonstrava o tamanho do seu esforço para parecer estar bem.

Ficamos mais algum tempo deitados no sofá da sala. Eu queria falar alguma coisa, mas não sabia o que dizer. Me parecia que o não queria falar sobre o assunto, então eu não queria forçar uma conversa. Eu não queria forçá-lo a desabafar ou falar sobre aquele assunto que tanto o machucava, mas não fazer nada me fazia um tremendo mal. Eu me sentia inútil. Era como se eu estivesse assistindo ele cair em um buraco fundo e não estivesse estendendo a minha mão para segurá-lo e trazê-lo de volta.

- Você quer sobremesa? – Eu me movi no sofá e tirei as minhas pernas de cima dele. – Deve ter alguma coisa na geladeira. – Eu me levantei e parei ao seu lado de pé.
- Não. Valeu. Eu to bem. – negou com a cabeça e me olhou quase que friamente. Eu sabia que ele não estava fazendo por mal.

Eu me afastei e fui, ou melhor, eu fugi para a cozinha. Aquilo estava me sufocando! Me sufocava ficar fingindo que está tudo bem e ficar fingindo que não estou vendo ele desmoralizar a cada minuto que passa. Eu queria ajudá-lo, mas falar daquele assunto com ele me assustava, porque era o momento que ele ficava vulnerável e o momento em que ele mais precisava de mim. Eu tinha medo de não ser o suficiente para fazê-lo se reerguer. Todas as minhas tentativas até agora foram ignoradas ou não funcionaram. Nada do que eu fazia parecia certo. Nada parecia fazê-lo ficar um pouquinho melhor e isso me matava. Eu não conseguia retribuir tudo o que ele já havia feito por mim.

Fiquei algum tempo parada no meio da cozinha, me perguntando o que fazer. Apoiei minhas mãos na bancada e a encarei. Eu nunca achei que isso me afetaria tanto. Eu não fazia ideia que o significava tanto pra mim. Eu não sabia que era capaz de amá-lo tanto a ponto de querer tomar todas as suas dores só para não vê-lo sofrer. Eu queria poupá-lo de tudo isso, mas eu parecia estar deixando tudo pior.

Ainda na sala, sabia muito bem que a minha ida até a cozinha tinha outro propósito. Ele conseguia ver o quão mal eu estava e o quanto eu queria ajudá-lo. Ele sabia que a sua dor estava se transferindo pra mim. não estava fazendo de propósito. Ele não queria que eu ficasse mal ou que achasse que não estava sendo boa o suficiente para ajudá-lo a passar por esse momento difícil. Não tinha nada a ver comigo. Tinha a ver com a sua teimosia em parecer forte em relação ao que estava acontecendo em sua vida. Tinha a ver com o fato de seu pai não ser digno de todo o seu sofrimento.

A TV estava ligada em sua frente, mas o mundo parecia estar no mudo. pensava no fato de eu estar no cômodo ao lado, escondendo o meu sofrimento por não poder ajudá-lo. Ele pensava no quão aquilo estava me afetando, sendo que nem era um problema meu. estava péssimo. Não tinha como negar. Era como se ele estivesse indo pro fundo do poço e tivesse levando tudo a sua volta, inclusive eu. Ele queria melhorar. Ele queria deletar essa parte ruim de sua vida e viver somente a parte boa comigo, mas querer nem sempre é poder.

Eu voltei para a sala e percebeu a minha presença. Ele voltou a fingir prestar atenção na TV e eu não tive tempo de notar. Eu me sentei ao seu lado e virei o meu rosto para olhá-lo. Ele percebeu e também virou o seu rosto pra me olhar. Não falamos absolutamente nada, apenas trocamos olhares. Eu tentei sorrir, mas ele me conhecia bem. É claro que não consegui convencê-lo.

- Tudo bem? – perguntou, esperando uma mentira como resposta.
- Sim. – Eu me movi no sofá e virei o meu corpo em direção a ele, encolhendo as minhas pernas e sentando na mesma posição que os índios costumam sentar.
- Eu...queria conversar com você. – disse, parecendo um pouco apreensivo. Só pelo tom de sua voz, eu já sabia que era algo sério.
- Claro, pode falar. – Eu dediquei toda a minha atenção a ele.
- Eu pensei muito hoje. – Ele deixou de me olhar para abaixar a sua cabeça.
- Pensou sobre o que? – Eu quis saber. Eu já estava ficando preocupada.
- Sobre o que você disse hoje no almoço. Sobre eu procurar o meu pai. – voltou a me olhar e viu a minha tensão diante do assunto.
- E... o que você decidiu? – Eu continuei olhando pra ele, esperando a sua resposta.
- Olha, é difícil pra mim lidar com isso. É difícil ignorar tudo o que estou sentindo em relação ao meu pai, mas... – hesitou por algum tempo. – Eu sei que mesmo sem querer eu estou te arrastando pro meio de tudo isso. Eu sei que você está preocupada e que fica mal quando me vê desse jeito. – Ele rolou os olhos, apontando pra si mesmo. – Eu sei mesmo que você se importa, porque eu já estive no seu lugar. Eu já te vi sofrer tantas vezes e eu me lembro que em cada uma delas eu queria tirar a sua dor e transferi-la toda para mim. – A frase dele fez com que eu o olhasse com ainda mais carinho. – Eu sei que você está sofrendo com toda a minha dor. – sorriu com tristeza, quando viu algumas lágrimas se acumularem nos meus olhos. – Eu posso lidar com a minha dor, mas eu não posso lidar com a sua. Eu não consigo, entende? – Os olhos tristes se abaixaram por alguns segundos. Eu estava surpresa com o que havia acabado de ouvir. Em meio a uma enorme tristeza e dor, ainda conseguia pensar em mim. Eu nunca vou me acostumar com isso.
- Você não existe. - Eu neguei com a cabeça. Me aproximei, passei meus braços em volta de seu pescoço e beijei carinhosamente sua bochecha. Ele passou os seus braços em volta do meu corpo, demonstrando que queria me manter próxima. Aproveitei e depositei ainda mais beijos em seu rosto, o que fez ele sorrir. - Então, você vai perdoar o seu pai? - Eu ainda estava bem próxima a ele.
- Não. Eu vou encontrá-lo e vou ouvir o que ele tem pra dizer. – afirmou e eu não questionei. Para quem não queria mais ver o pai, encontrá-lo já era um grande passo.
- Está bem. – Eu concordei imediatamente, pois estava com medo de ele acabar desistindo. – Espera. – Eu me afastei dele e corri até a cozinha para buscar o papel que o Steven havia me dado. – Você tem que ligar pra ele. – Eu entreguei o papel pro .
- Mais essa? – fez careta. Eu já estava querendo demais.
- Vocês têm que combinar um lugar pra vocês se encontrarem. – Eu disse, discando o número que estava no papel que ele segurava. – Aqui. – Eu entreguei o telefone pra ele, que hesitou algum tempo antes de pegá-lo da minha mão. Ele estava receoso em falar com o pai.
- Alô. – Steven não sabia de quem se tratava, pois não conhecia aquele número. Ao ouvir a voz do pai, travou. – Alô? – Steven insistiu, já que não teve resposta. Eu olhava pro e esperava ele falar qualquer coisa. Ele parecia não conseguir. Me olhou e negou com a cabeça. Eu o encorajei fazendo alguns gestos.
- É o . – foi curto e grosso.
- ? – Steven não acreditou que seu filho estava do outro lado da ligação. – Que bom falar com você, filho. – O pai não conseguia disfarçar a empolgação com a ligação.
- Você tinha dito que queria conversar e explicar tudo. – estava sendo extremamente seco. Não havia nenhuma emoção em sua voz. – Pode ser amanhã? – Ele foi objetivo e ignorou a empolgação do pai.
- É claro! – Steven não pensou duas vezes.
- Está bem. – respirou fundo. Estava mesmo fazendo isso? – Tem um restaurante há dois quarteirões daqui. – Ele parecia estar falando no automático.
- Eu sei qual é. – O pai afirmou.
- Eu vou chegar lá ás 20hrs. – mais uma vez foi grosseiro, marcando o encontro no horário que ele mesmo havia decidido. Não importa se o pai poderia ou não comparecer no restaurante naquele horário. Aliás, seria ainda melhor pra ele se Steven não fosse.
- Eu estarei lá. – O pai já não parecia tão empolgado quanto antes.
- Ok. – afirmou e até mesmo balançou a cabeça pra cima e pra baixo. Parecia até querer se convencer daquilo que estava fazendo.
- Estou muito feliz que você tenha ligado. – Steven fez uma última tentativa de demonstração de carinho.
- Eu te vejo lá, Steven. – Até mesmo para a minha surpresa, terminou a ligação. Steven? O pai ficou tão triste quanto se possa imaginar ao ouvir o seu filho chamando-o pelo seu nome e não de ‘pai’. – Está feito. – estendeu o telefone em minha direção.

De todas as opções, escolheu a mais fácil: agir friamente. Na verdade, isso era bem a cara dele. Se ele estava tentando fingir que não se importava perto de mim, imagina se ele não faria o mesmo com o responsável pela sua decepção? Eu não o culpava. Provavelmente, eu agiria da mesma forma. Claro, com algumas lágrimas e ataques de choros a mais.

Eu sabia que o estava se forçando a fazer aquilo por causa de mim. Eu provavelmente deveria dizer ‘Hey, não precisa fazer isso se não quiser’, eu sei! Mas eu também sei que isso vai ser a melhor coisa que ele vai fazer. É como as mães agem quando os filhos não querem ir a escola, sabe? Elas sabem que você não quer ir, mas os forçam a ir porque sabem que isso é o melhor pra eles. Eu tinha toda a certeza do mundo que aquilo era o melhor pro . Eu não podia deixar ele tirar de sua vida uma pessoa tão importante quanto o seu pai. Eu não vou deixar!

- E está tudo bem? – Eu o observei com receio. Eu não queria que ele desistisse de tudo.
- Está. – respirou fundo, deixando de me olhar. –Eu não quero pensar nisso agora. Eu preciso me distrair, sei lá. – Ele negou com a cabeça e passou as mãos pelo seu rosto.
- Ok. O que você quer fazer? – Eu perguntei com toda a minha inocência.
- Duvido que você adivinhe! – me olhou com aquele sorriso malandro.



- Dar uma volta no shopping? – Eu me fiz de boba. O sorriso dele aumentou e ele começou a se mover no sofá.
- Uma coisa mais... reservada. – começou a jogar lentamente o seu corpo sobre o meu.
- Comer? – Eu continuei com o jogo de adivinhação.
- Bem, eu não usaria esse termo. – fez careta, parecendo em dúvida. A resposta dele me fez rir. Ele selou os meus lábios, enquanto eu ainda ria.
- Talvez ver um filme romântico? – Eu dei mais um palpite, enquanto os olhos dele me encaravam de bem perto. As pontas dos nossos narizes se tocavam.
- Podemos fazer o nosso próprio filme romântico. – deu a ideia, que me despertou algumas curiosidades.
- Podemos? – Eu perguntei em meio a um sorriso.
- Nós somos o casal protagonista que vive feliz para sempre. – selou os meus lábios novamente.
- Só isso? – Eu perguntei, achando a sua história pouco criativa.
- O resto é proibido pra menores. – fez careta e eu neguei com a cabeça. Ele era inacreditavelmente adorável.
- Eu não faço ideia do que você está falando. – Eu brinquei novamente e logo depois puxei o seu rosto e o beijei por poucos segundos. – Acho que você vai ter que me mostrar. – Eu disse assim que descolei os nossos lábios. Ele mal me deixou terminar a frase e já voltou a me beijar.

Ficamos algum tempo ali no sofá, mas não fizemos nada além de nos beijar. Apesar das brincadeiras, não estávamos no clima para pensar em sexo. Não precisamos nem falar sobre o assunto. Conhecíamos tão bem um ao outro, que conseguíamos interpretar os toques, os beijos e principalmente a troca de olhares. conseguiu a sua distração e eu estava feliz por tê-lo ajudado nisso. Ok, não era só por isso. Beijá-lo é sempre uma boa coisa. Independente da situação.

- Quando você disse ‘feliz para sempre’, você só estava seguindo os padrões clichês dos filmes ou... – Eu fiquei um pouco sem jeito de perguntar. Eu não sou cara de pau o tempo todo.
- Eu disse por quê... isso é pra sempre. – Eu entendi que ele se referiu a nós. Eu sorri em meio a uma sensação de surpresa e felicidade.
- Não brinca comigo. – Eu tentei fazer um olhar ameaçador, que só serviu para fazê-lo sorrir.
- Sem brincadeiras. – falou mais sério, aproximando-se um pouco mais e beijando carinhosamente uma das minhas bochechas. – Nós somos pra sempre, ok? – Eu não consegui responder. Fiquei algum tempo olhando pra ele com aquele sorriso idiota no rosto. Ele aproximou-se mais uma vez e depositou um beijo na ponta do meu nariz.
- Ok. – Eu disse em um tom baixinho, pois eu estava completamente hipnotizada. A minha voz mal saiu.

Não é que eu esteja feliz com todos os problemas que o Steven trouxe para o , mas a volta dele realmente nos uniu de uma forma inexplicável. Engraçado o fato d isso acontecer justamente quando estávamos prestes a nos afastar novamente. Ele voltaria para Atlantic City e eu continuaria sozinha em Nova York. O destino é mesmo surpreendente, não acha?

Dormimos na minha cama novamente. Quer dizer, eu dormi! O acha que eu não percebi o quão mal ele dormiu naquela noite. Ele virava de um lado pro outro e levantou algumas vezes para procurar o seu sono. estava nervoso com o encontro que teria com o seu pai. Ele definitivamente não estava pronto. Ele tinha medo de ter novamente aquela crise de choro e desespero. ainda não sabia como encontrar o seu pai poderia ajudá-lo. Talvez aquele encontro só faria o ter ainda mais raiva de seu pai.

Acordei no meio da noite e o encontrei encarando o teto. Ainda meio sonolenta, aproximei o meu corpo do dele e beijei a sua bochecha. Em seguida, apoiei a minha cabeça em seu peito. me acolheu em seus braços e antes que eu voltasse a adormecer, beijou o topo da minha cabeça. Eu não podia deletar os seus pensamentos e tirar a sua dor, mas eu conseguia mostrar a ele que independentemente do que aconteça, eu vou estar lá por ele. Isso o reconfortava mais do que ele jamais imaginou.

Ainda em seus braços, eu acordei assim que amanheceu. Olhei o relógio um pouco assustada, achando que tivesse me atrasado, mas eu estava errada. Os braços de ainda estavam em volta do meu corpo quando eu levantei a minha cabeça para ver se ele finalmente tinha dormido. Os olhos estavam fechados e a respiração estava calma. Fiquei até um pouco mais aliviada por vê-lo dormindo.

Já que eu estava acordada, resolvi ir até o banheiro, mas antes eu tive que me desvencilhar dos braços de sem acordá-lo. Eu consegui! Fui ao banheiro sem fazer qualquer barulho e aproveitei para fazer a minha higiene matinal. Voltei para o quarto só alguns minutos depois e adivinha? O tinha acordado.

- Oi. – Eu disse, enquanto me xingava mentalmente por tê-lo acordado. Encostei a porta do quarto e voltei a me aproximar da cama.
- Oi. – espreguiçou-se por alguns instantes. Eu voltei a me deitar ao seu lado. – Estou atrasado? Eu... – Ele moveu-se, demonstrando que levantaria da cama.
- Não. Espere. – Eu segurei o seu braço, impedindo que ele se levantasse. voltou a colocar a sua cabeça no travesseiro e continuou me olhando. – Eu não estou atrasada. – Eu afirmei, virando o meu corpo em sua direção.
- E o que você está fazendo acordada? – estranhou o fato de eu já ter acordado.
- E o que você fez acordado a noite toda? – Eu arqueei uma das sobrancelhas e ele ficou surpreso, pois achou que eu não tivesse percebido.
- Você... sabe. – fez careta, deixando de me olhar nos olhos.
- Está tudo bem? – Eu levantei o seu rosto para que ele voltasse a olhar em meus olhos.
- Não precisa se preocupar. – tentou me passar tranquilidade, mas não funcionou tão bem. Eu sabia que ele estava nervoso. Ele trouxe o seu corpo pra cima do meu e chegou até a me roubar um simples beijo.
- Isso não é uma opção. – Eu disse, interrompendo o beijo. Abri os meus olhos e encarei o seus olhos de bem perto. Ele torceu a boca em meio a uma careta. – E quer saber? Eu não vou na faculdade hoje. – Eu avisei.
- Como assim não vai? – me olhou com aquele seu jeito sério.
- Eu vou ficar com você. – Eu ergui os ombros.
- Não. Não precisa. – recusou a ideia imediatamente.
- Não quer que eu fique? – Eu fingi indignação e ele rolou os olhos em meio a um sorriso.
- É claro que eu quero. – afirmou depois de selar rapidamente os meus lábios. – Mas eu sei por que você está querendo fazer isso. Não precisa. Eu estou bem. – Ele reafirmou.
- Mas eu... – Eu ia argumentar, mas ele me interrompeu.
- Olha, estou muito honrado por ser um motivo bom o bastante pra fazer uma nerd como você faltar na faculdade, mas eu não vou deixar você fazer isso. – novamente negou a minha gentileza. – Eu vou te levar pra faculdade, depois vou te levar pro hospital e te buscar. Eu te deixo em casa, vou de uma vez resolver esse problema com o meu pai e depois vamos esquecer isso. Combinado? – Ele resumiu o nosso dia.
- Combinado. – Eu não quis insistir, pois não queria chateá-lo naquele dia. Era um dia importante e eu não queria interferir em nada.

Em meio a beijos, carinhos e uma lábia daquelas, ele me convenceu a ir pra faculdade. Eu queria passar aquele dia importante com ele, mas os meus compromissos não permitiam. Eu queria acalmá-lo e passar a ele toda a tranquilidade que ele precisava para sobreviver ao encontro com o seu pai. Tudo aquilo também tinha a ver com a minha preocupação. Só eu vi como ele reagiu ao último encontro que teve com o seu pai. Só eu vi o quanto ele sofreu. Eu tinha medo do que poderia acontecer.

A preocupação acabou não me deixando fazer nada direito naquele dia. Ir para a faculdade foi tão inútil, que se eu não tivesse ido até lá daria no mesmo. Eu não consegui prestar a atenção em nada. Menti para a Meg que o sono era culpado pela minha desatenção em tudo. Meg insistiu para que eu fosse almoçar com ela e eu acabei cedendo porque se eu fosse almoçar com o , eu teria que ver o seu nervosismo e teria que lutar novamente contra a minha vontade de ficar e cuidar dele.

tentava esconder o seu nervosismo até de si mesmo. Ele tentava se distrair, mas cada vez que ele olhava no relógio e constatava que ele tinha uma hora a menos para aprender a lidar com tudo aquilo, ele tinha um desespero momentâneo. A sua cabeça parecia girar e o nó na garganta aparecia. conseguiu dormir algum tempo durante a tarde, mas no tempo em que ficou acordado ele se perguntava como faria aquilo. Ele pensava no que perguntaria ao seu pai e o como reagiria diante das respostas.

O horário para ir me buscar se aproximava e ele sabia que já deveria começar a se arrumar ou chegaria atrasado no restaurante. Ele não teve coragem. Tudo o que estava relacionado ao encontro daquela noite lhe trazia uma angústia fora do normal e uma sensação ruim. Saiu de casa tentando evitar os preparativos para o encontro que ele não estava preparado para ter.

Eu saí do trabalho cheia de esperança de encontrar uma expressão mais confiante no rosto de . Eu precisava daquilo pra parar de ficar tão preocupada. Eu precisava saber que ele estava bem. No lado de fora do hospital, o encontrei no mesmo lugar de sempre. Quando olhei em seu rosto, percebi que ele não estava tão sério, mas também não estava sorrindo. Porém, os olhos dele acabaram entregando toda a verdade. O olhar estava cheio de angustias e incertezas.

- Oi. – Eu cheguei a sorrir para fingir que não havia notado a real situação dele. Me aproximei, toquei cada lado do seu rosto com as minhas mãos e selei os seus lábios exatamente como eu fiz nos dias anteriores. Antes que eu me afastasse depois que descolei os nossos lábios, os braços dele repentinamente fizeram a volta no meu corpo e ele me abraçou. Nunca foi tão fácil saber e entender o que ele sentia como foi com aquele abraço. A angustia, o medo, a dor e a tristeza estavam todos lá. Era tão claro e evidente, que parecia até que eu podia sentir um pouquinho de cada um daqueles sentimentos.
- Hey, tudo bem? – Eu sussurrei em meio ao nosso abraço. Não demorou quase nada para que ele negasse a sua cabeça, enquanto os seus olhos se enchiam de lágrimas. Todos aqueles sentimentos o sufocaram durante o dia, que quando ele me viu sair daquele hospital conseguiu enxergar o melhor lugar para desabafar e permitir-se ser fraco. Os braços dele me abraçavam tão intensamente, que eu achei que ele não me largaria nunca mais. – Qual o problema? – Eu voltei a sussurrar, enquanto afastava um pouco o nosso corpo e terminava o abraço para poder olhar em seu rosto. Os olhos cheios de lágrimas me causaram mil vezes mais preocupação. – Qual o problema? – Eu repeti a pergunta, já que ele demorou para responder da primeira vez.
- Não dá. Eu não consigo. – negou incessantemente com a cabeça e engoliu com esforço o seu choro. – Eu ainda não sou forte o bastante pra isso. Me desculpa. – Ele respirou com cuidado para que a sua voz de choro não ficasse em evidência.
- Você é forte. Eu sei que é! – Eu afirmei, olhando em seus olhos. – Eu te conheço desde... sempre. Eu sei tudo sobre você, conheço todas as suas características e eu te garanto que fraqueza não é uma delas. – Eu toquei o seu rosto com uma das minhas mãos e ele fechou os seus olhos, tentando aceitar tudo o que eu havia acabado de dizer. – Olha pra mim. – Eu pedi e ele abriu os olhos. – Você é forte! – Eu reafirmei.
- Vai comigo? – pediu com aqueles seus olhos tristes. – De alguma forma, eu sou mais forte quando você está por perto. – Ele completou, analisando o meu rosto de bem perto.
- E se o seu pai quiser falar em particular com você? Eu ainda sou uma estranha pra ele. – Eu não queria atrapalhá-los.
- Nós não guardamos segredos um do outro, não é? Não importa o que ele diga, você vai saber. – argumentou a seu favor. – Não importa o que ele pensa ou o que ele ache. Eu só preciso que você esteja lá comigo. – Ele completou.
- Então, eu vou. – Eu afirmei em meio a um fraco sorriso. Ele também sorriu parecendo mais aliviado.
- Obrigado. – me olhou com carinho, aproximou-se e selou os meus lábios sem pressa. – Obrigado por ser tudo o que eu preciso. – Ele beijou o meu rosto e depois a minha testa.

Tenho que confessar que além de preocupada com aquele encontro, eu estava muito nervosa. Eu jamais achei que teria que ir naquele encontro. Eu não estava preparada para ser tão forte quanto o esperava que eu fosse. Porém, eu não me importava de ir até lá. Se é isso o que o precisa, é isso o que eu vou fazer. Eu estarei lá ao lado dele.

Nós fomos pra casa e mesmo sabendo que eu lhe faria companhia, não pareceu mais calmo. Eu notava o jeito que seus dedos inquietos batiam no volante do carro e a sua respiração pesada de tempos em tempos. Aquilo só servia para que eu me preparasse ainda mais para o que eu vivenciaria naquela noite.

Quando chegamos em casa, fomos logo nos arrumarmos ou chegaríamos atrasados. Eu não sabia o que usar. Eu não queria caprichar tanto no visual, pois a ocasião não era tão apropriada. Eu não estava indo para uma festa, sabe? Por outro lado, era um restaurante relativamente chique. Eu não podia ir de qualquer jeito. Assim que eu sai do banho, entrou no banheiro para fazer o mesmo. Eu me arrumava, enquanto ele terminava o banho. Optei por um jeans, uma básica preta e uma jaqueta por cima. Escolhi um sapato que combinava com a roupa e amarrei o meu cabelo (VEJA A ROUPA AQUI). Não exagerei na maquiagem e nem nos acessórios. Eu não queria chamar atenção.

Depois de acabar de me arrumar, sai do meu quarto e ao passar pelo corredor, notei que já havia descido. Com apenas o meu celular nas mãos, eu desci a escada e o encontrei próximo a porta. Ele me esperava apoiado na parede. As suas mãos estavam no bolso da sua calça jeans e ele olhava distraidamente para o teto. só me olhou quando eu me aproximei e parei próxima a ele. Apesar da ocasião não ser boa, estava bem vestido. Aliás, quando é que ele não estava bem vestido? Ele vestia calça jeans, camiseta listrada em preto e branco e o seu tênis de marca. O cabelo não estava nem tão bagunçado e nem tão arrumado. O sorriso desmotivado descreveu a sua vontade de desistir de fazer aquilo.

- Nós podemos ir? – Eu dei poucos passos e parei na frente dele.
- Desculpa por... ter te pedido pra... – mal começou a se desculpar e eu o interrompi com um breve beijo.
- Não. – Eu toquei o seu rosto e o olhei de perto. – Seja egoísta pelo menos uma vez na sua vida. Pare de pensar em mim. – Eu pedi e ele afirmou com a cabeça, demonstrando ter entendido o recado.
- Está bem. Então, como eu estou? – sorriu de forma desajeitada e abriu os braços para exibir a sua roupa.
- Está perfeito pra mim. – Eu o elogiei, depois de olhá-lo dos pés a cabeça.
- Legal. – sorriu com um certo nervosismo. – Você está incrível também. – Ele não podia deixar de dizer. – Estou dizendo isso com todo o egoísmo do mundo. Eu juro! – fez careta ao lembrar-se do meu pedido.
- Bobo. – Eu neguei com a cabeça em meio a um sorriso bobo, enquanto me aproximava e beijava a sua bochecha. Ele passou o seu braço em volta da minha cintura, iniciando um singelo abraço. – Vai dar tudo certo. Eu prometo. – Eu sussurrei próximo a uma de suas orelhas. Quando eu voltei a olhar em seu rosto, se aproximou para selar os meus lábios.

O restaurante ficava bem perto da minha casa. Mal deu tempo de nos prepararmos um pouco mais para aquele encontro. O nervosismo que sentíamos era diferente. A minha única preocupação era o . As coisas eram um pouco mais complexas e complicadas para ele. Estava relacionado a memórias, traumas e família. Eu também tinha medo que aquele encontro de pai e filho desse errado e eu acabasse sendo responsável por uma dor ainda pior.

- Ainda dá tempo de desistir? – respirou fundo ao olhar para a entrada do restaurante. Havíamos acabado de deixar o carro no estacionamento.



- Eu estou aqui. – Eu disse, levando a minha mão até a dele e entrelaçando os nossos dedos. abaixou a cabeça e olhou para as nossas mãos. Aquilo dava a ele uma força inimaginável para enfrentar qualquer problema. Estávamos juntos e ele sabia que eu não o deixaria cair.
- Certo. – disse logo depois de levantar a minha mão ainda colada a sua e levá-la até os seus lábios para que ele pudesse depositar um beijo.

Nós caminhamos juntos até a porta do restaurante e quando o recepcionista perguntou se queríamos uma mesa pra dois, disse que tinha ido encontrar alguém. Os olhos dele percorreram rapidamente todo o restaurante e não demorou quase nada para que ele avistasse o seu pai. estremeceu imediatamente. Foi instantâneo. Seguimos de mãos dadas até chegarmos na mesa em que Steven estava sentado. Quando paramos em frente a mesa, os olhos dele ficaram algum tempo fixos nas nossas mãos. olhava para o seu pai e ainda não conseguia acreditar que ele realmente estava ali. Era como ver o seu passado triste e miserável diante de seus olhos.

- Me desculpe! Eu não sabia que ela viria também. – Steven quebrou o silencio, enquanto pedia ao garçom mais uma cadeira.
- Eu pedi para que ela viesse. – falou do seu jeito mais frio. Se não fosse pelo , eu já teria ido embora.
- Obrigada. – Eu agradeci o garçom assim que ele trouxe mais uma cadeira para a mesa. e eu nos sentamos lado a lado. Steven permaneceu sentado em frente ao .
- Como você está, ? – Steven me olhou.
- Estou bem. Obrigada. – Eu tentei sorrir, mas acho que foi uma péssima ideia. Eu não devolvi a pergunta como de costume, pois não queria ocupar o tempo que ele tinha para falar com o seu filho.
- E você, meu garoto? – Steven sorriu ao olhar para , que sentiu a sua raiva aumentar ao ouvir o seu pai chamando-o daquele jeito.
- Não me chame assim. – encarou o pai e não demonstrava qualquer tipo de emoção.
- Eu sei que você está bravo e... - Steven não conseguiu terminar.
- Não. Você não sabe. Você não sabe mais nada sobre mim. – A frieza e grosseria de estava deixando tudo ainda mais tenso. – Vamos pular essa parte patética em que você finge que temos um relacionamento normal de pai e filho, ok? Eu não vim aqui pra isso. – cortou novamente a conversa fiada e fez o sorriso no rosto de seu pai desaparecer.
- Você veio para quê, então? Humilhar o seu pai na frente da sua garota? – Steven apontou a cabeça em minha direção. Porque eu estava sendo mencionada na conversa?
- Eu não preciso te humilhar ou passar para alguém a impressão de que você é um péssimo pai. Você fez isso sozinho. Lembra? – não gostou do jeito que o seu pai falou. Depois do que ele fez, Steven não tinha direito algum de ficar bravo.
- ... – Eu tentei intervir. Olhei pra ele um pouco aflita e levei uma das minhas mãos até a sua coxa, onde eu acariciei por poucos segundos. Eu entendo o e sei que ele tem todos os motivos do mundo para estar agindo tão agressivamente, mas aquilo não resolveria nada. Além de fazer mal a ele, não o ajudaria a conseguir as respostas que queria.
- Boa noite. Posso anotar o pedido de vocês? – O garçom nos interrompeu no momento certo. Steven disfarçou e começou a fazer o seu pedido para o garçom. respirou bem fundo e passou uma das mãos pelo seu rosto. Ele estava enlouquecendo.
- Fica calmo. – Eu sussurrei em seu ouvido e depois beijei o seu rosto. Ele me olhou e sorriu com nervosismo.
- E vocês? – O garçom nos olhos. Fizemos o nosso pedido sem tanta frescura. Nós já tínhamos ido naquele restaurante, então já sabíamos o que pedir. Quando o garçom se afastou, um enorme silêncio permaneceu na mesa. Steven certamente estava com medo de dizer mais alguma coisa e ser novamente atacado pelo seu filho.
- Olha, vou ser honesto com você. Eu não queria estar aqui. Na verdade, eu não queria te ver nunca mais. – O tom de ainda era um pouco grosseiro, mas ele estava tentando se controlar. Steven pareceu ter levado uma enorme rasteira. Ele estava visivelmente triste. – Eu perdi você naquele acidente e foi a coisa mais difícil que já me aconteceu. Agora, eu finalmente estava bem. Eu tinha boas lembranças, eu tinha alguém para chamar de herói e um exemplo para seguir. Agora... – Ele negou com a cabeça. – Eu não tenho nada. Você tirou tudo isso de mim. – foi duro ao terminar a fala.
- Se eu soubesse que você ficaria tão bravo e... mal com a minha volta, eu não teria voltado. Eu achei que você ficaria feliz. – Steven pareceu se lamentar.
- Eu ficaria feliz se não tivesse demorado quase 8 anos pra fazer isso. Eu ficaria feliz se não tivesse passado os últimos anos sofrendo por... nada! A dor e as lágrimas foram por nada! Consegue entender isso? – Mesmo mantendo-se frio, queria que o seu pai entendesse o que ele passou nos últimos anos.
- Eu entendo! Eu também tive que ficar longe de você e da sua mãe. Acha que foi fácil pra mim não ver você crescer? Acha que foi fácil ver a sua mãe se casar com outro homem? – O jeito com que Steven estava falando começava a me comover.
- Foi uma escolha sua! – debateu imediatamente.
- Não. Não foi. – Steven respondeu da mesma forma. A frase gerou um silêncio estranho e incomodo. Eu estava surpresa e vi ali um motivo para perdoá-lo.
- O que está dizendo? – olhou perplexamente para o pai. Steven me olhou por um tempo como se quisesse dizer alguma coisa. Eu não entendi.
- Eu não tinha outra opção. – Steven ainda não havia explicado e isso deixou extremamente apreensivo. – Se lembra quando eu te contei que me alistei ao exército quando era mais jovem? – Ele perguntou e afirmou com a cabeça. – Eu cheguei a ir para o Afeganistão uma vez. – Steven contava aos poucos e isso só deixava mais aflito.
- O que tudo isso tem a ver com aquele acidente? – queria saber logo a resposta.
- Eu fiz alguns amigos no Afeganistão, mas eu também fiz inimigos. – Steven fez uma breve pausa. Parecia ser difícil pra ele falar sobre aquele assunto. – Perigosos inimigos. – Ele completou.
- O que você está tentando dizer? – A apreensão de aumentava a cada segundo.
- Eu sofri algumas ameaças, . Eu sofri ameaças durante algum tempo e eu conseguia me virar muito bem sozinho até conhecer a sua mãe. Depois você nasceu e eu não era apenas responsável por mim e pela sua mãe. Eu era responsável por você também. – Steven continuava falando com dificuldade sobre o assunto. A expressão no rosto de já não era mais a mesma e o pai dele parecia uma outra pessoa pra mim. Eu não o via mais como o homem que abandonou a sua família.
- Então, tinha alguém que queria te matar. – engoliu seco. A situação mudou de uma hora pra outra.
- Ele não queria apenas me matar. Ele queria vingança. Eu sabia que em alguma hora ele acabaria chegando em você e na sua mãe. Eu não podia permitir isso. – Steven negou com a cabeça. parecia ainda mais perdido do que antes. Apoiou um dos cotovelos na mesa e levou a mão até o seu rosto e depois até o seu cabelo. Era muita informação de uma só vez.
- Você fingiu estar morto pra despistar esse cara. – concluiu, mas não foi tão fácil aceitar aquilo.
- Mais do que isso. Eu fingi estar morto pra proteger você e a sua mãe. – Steven fez a revelação que mudava de vez toda aquela história.
- Meu Deus... - Eu deixei escapar um suspiro. Se estava sendo difícil pra mim entender e digerir aquelas novas informações, imagina como estava sendo para o ?
- Você deveria ter contado pra minha mãe. Deveria ter me contado. – ainda tentava lutar contra aquelas informações, que pareciam fazer de seu pai a mesma pessoa de antes.
- Você era apenas uma criança, . Não deveria ter mais de 12 anos. Eu também não queria envolver a sua mãe. Eu não queria que ela vivesse o resto da vida dela com medo. Eu não queria impedi-la de viver a sua vida por causa do meu passado. – Steven explicava e tentava esconder a sua emoção. – Eu jamais permitiria que você e a sua mãe pagassem pelos meus erros. Foi exatamente isso que eu fiz. – Ele completou e passou as mãos pelos seus olhos para limpar as lágrimas que se acumularam lá.
- Quem é esse cara? – O tom da voz de mudou repentinamente.
- Você não vai comprar a minha briga. – Steven falou com mais autoridade.
- Não é apenas a sua briga! É a minha briga também. Esse cara destruiu a minha família e quase destruiu a minha vida também. – Mesmo sem saber de quem se tratava, queria vingança. Sem medir as consequências. Aquilo me assustou um pouco.
- Não é uma opção. Eu fiz tudo isso pra te proteger. Não vou deixar você se expor agora. – Até mesmo o jeito sério e bravo de falar do Steven me lembrava o . Eles eram bem parecidos em muitos aspectos. estava visivelmente abalado com tudo aquilo. Abaixou a sua cabeça em meio a um silêncio ensurdecedor. Ao ver a situação em que ele se encontrava, levei a minha mão até a dele, que estava apoiada sobre a mesa e a apertei. virou o seu rosto pra me olhar e revelou os seus olhos tristes, mas também aliviados. Eu afirmei com a cabeça em meio a um sorriso como se dissesse ‘Viu? Eu não disse?’.
- Então, aquele acidente não foi um acidente? – deduziu e antes que Steven dissesse qualquer coisa, ele me olhou. Ele queria que eu dissesse alguma coisa? Queria dizer alguma coisa pra mim?
- Definitivamente não. – Steven deixou de me olhar para olhar para o filho.
- Como fez isso? Eu estava lá. Eu vi que você estava... morto. – ainda queria algumas respostas.
- Como eu disse, eu fiz alguns amigos durante o minha época de Afeganistão. Eu conheci muitas pessoas, que hoje são pessoas importantes. Policiais, médicos renomados e até mesmo agentes do FBI. Eles me ajudaram. – Steven não deu tantos detalhes.
- Você foi sozinho em uma das ambulâncias, não é? Foi nessa hora que... – As coisas começavam a fazer sentido agora.
- Eles me levaram pra outro lugar. A pessoa que foi pro hospital era um outro homem que havia se acidentado e morrido algumas horas antes. – Steven complementou a explicação. Eu ouvia tudo e parecia estar assistindo a uma dessas séries policiais da TV. – Está tudo bem, ? – Ele me olhou novamente, depois de notar a minha expressão de perplexidade.
- Está dizendo que... – Eu não sabia se deveria continuar. – Planejou aquele acidente? – Eu não sei se alguém lembra, mas eu perdi a memória naquele acidente. Steven deu sorriso, que me pareceu deboche.
- Eu não planejei aquele acidente. Eu só estava pronto para o caso de ele acontecer. – Steven respondeu a minha pergunta e me deixou ainda mais pensativa.
- Com licença. – O garçom voltou a nos interromper e dessa vez ele trazia os nossos pratos. Enquanto o garçom nos servia, eu me peguei olhando para Steven. Tinha algo errado.
- Obrigada. – Eu agradeci depois de receber o meu prato.

Não trocamos tantas palavras durante o jantar. Mesmo enquanto comia, eu não conseguia parar de pensar em tudo aquilo que eu havia escutado naquela noite. Era tudo insano demais para acreditar e até mesmo pensar. Era realmente uma pena o fato de eu não me lembrar claramente daquela noite.

- Você está morando aqui agora? – Steven perguntou, enquanto terminava de comer.
- Não. Eu estou na cidade por causa do... trabalho. – explicou, mas preferiu não citar o fato de estar morando temporariamente na minha casa.
- Trabalho? – Steven queria saber qual carreira o filho havia decidido seguir.
- Estou estudando publicidade e consegui um trabalho na sua... empresa. Eu acabei de fechar um contrato com o Yankees. – resumiu a sua vida profissional em uma frase. O sorriso no rosto de seu pai foi indescritível.
- Você disse ‘Yankees’? – Steven mostrou-se surpreso.
- É, eu disse. – reprimiu um sorriso.
- Isso é... – Steven negou com a cabeça, demonstrando a sua perplexidade. – Incrível. Eu estou orgulhoso. – Ele olhou o filho com admiração.
- Obrigado... pai. – A minha felicidade em ouvir chamando-o de pai foi quase tão grande quanto a felicidade de Steven. Cheguei até a ver poucas lágrimas em seus olhos.
- E você, ? Sempre morou aqui em Nova York? – Steven novamente me trouxe pra conversa. Talvez ele não quisesse me deixar excluída.
- Não, eu sou de Atlantic City também. Eu vim pra Nova York pra estudar medicina. – Eu respondi com um sorriso.
- Medicina? É uma profissão muito bonita. – Steven pareceu admirado e eu fiquei sem graça.
- É mesmo. Eu adoro. – Eu concordei com ele, enquanto sentia a mão de tocar uma das minhas coxas e acariciá-la. Ele também me olhava com admiração, demonstrando o orgulho que tinha de mim.

Nós conversamos mais algum tempo. e Steven atualizaram vários assuntos. Ele contou sobre o futebol na escola, sobre o casamento da sua mãe e o nascimento da . também contou resumidamente que estudamos juntos e nos conhecemos há anos. Steven parecia muito empolgado ao saber de tudo. estava finalmente feliz. Mesmo tentando não demonstrar tanto afeto pelo seu pai, havia um sorriso lindo e sincero em seu rosto. Acho que alcancei o meu objetivo.

Steven fez questão de pagar a conta, o que me fez deduzir que ele tinha muito dinheiro. O restaurante era caro e a conta não tinha ficado tão barata. chegou a se oferecer para pagar, mas Steven não permitiu. Depois que a conta foi paga, saímos juntos do restaurante. Eu olhava pro e ele nem parecia a mesma pessoa que havia entrado naquele restaurante.

- Bem, então... – Steven parou em frente ao restaurante. Eu e paramos de frente pra ele. Os nossos carros estavam em lados opostos.
- Eu estou feliz por ter vindo. – afirmou com a cabeça, olhando para o pai.
- Obrigado por ter dado a chance de me explicar. Eu sei que não é o suficiente e muito menos apaga o seu sofrimento, mas eu quero que saiba que sinto muito e que ficar longe de você foi a coisa mais difícil que eu fiz. Espero que ainda dê tempo de recuperarmos o tempo perdido. – Steven abriu novamente o seu coração. Era evidente o carinho e amor que ele sentia pelo filho. Chegava a ser comovente.
- É claro que dá tempo, pai. – sorriu para o pai e antes mesmo que Steven tivesse qualquer reação, o abraçou. Foi de longe a melhor coisa do dia e até mesmo da semana. Foi um abraço tão intenso e sincero. Parecia que eles estavam tentando recuperar todo o tempo perdido em um só abraço. Meus olhos se encheram repentinamente de lágrimas e eu ri silenciosamente, pensando no quão boba e chorona eu era. Eu nunca estive mais feliz pelo .
- Vocês deveriam conhecer a minha casa. Não é muito longe daqui. – Steven riu de si mesmo, enquanto secava as lágrimas em seus olhos.
- Nós podemos marcar um dia. – sugeriu, segurando o riso. Seu pai nunca foi de demonstrar emoções. Era provavelmente a primeira e última vez que o veria chorando.
- Pode ser amanhã. – Steven não queria ficar tanto tempo sem ver o filho.
- Amanhã não vai dar. Eu tenho uma reunião em Atlantic City. Eu só volto pra cá na quinta-feira a noite. – lamentou por ter de adiar a visita. – Pode ser na quinta-feira, então. – Ele afirmou, enquanto me olhava. Ele parecia querer a minha opinião a respeito. Eu afirmei com a cabeça em meio a um sorriso.
- Está bem. Esse é o endereço. – Steven entregou um pequeno pedaço de papel para o filho. – Espero vocês na quinta-feira. – Ele sorriu com empolgação.
- Eu estarei lá. – afirmou, olhando o pai com carinho.
- Você também vai, não é ? Está mais do que convidada. – Steven deu poucos passos em minha direção.
- É claro. Vai ser um prazer. – Eu afirmei novamente com aquele sorriso sem graça no rosto.
- Ótimo. – Steven me olhou e em seguida abriu os braços. – Vamos, me dê um abraço também. Você é parte da família agora. – A atitude dele me surpreendeu, mas colocou um enorme sorriso no rosto do . Ainda sem graça, me aproximei e o abracei conforme ele pediu. Foi um abraço relativamente normal.
- O sempre falou muito bem do... senhor. Agora eu vejo o porquê. – Aquele abraço me fez admirá-lo um pouco mais. Apesar de tudo o que fez, ele era uma boa pessoa.
- Pode me chamar de ‘você’. – Steven me olhou com carinho e depois fez o mesmo com o . – Então... – Ele sabia que estava na hora de se despedir. Ele estendeu a mão em direção ao filho.
- Eu quero que saiba que... – segurou a mão do pai e a apertou. – Eu te perdoo, pai. – Ele disse em meio a um fraco sorriso. Steven afirmou com a cabeça com um sorriso emocionado e uma enorme gratidão. Puxou o seu filho para mais um abraço.
- Meu garoto. – Steven não se aguentava de tanta felicidade. O sorriso não desaparecia de seu rosto mesmo visivelmente emocionado. Deu alguns tapinhas nas costas do filho. – Eu não costumava ser tão emotivo assim. – Ele riu de si mesmo. Sua frase fez eu e o rirmos também.
- Não mesmo. – concordou com o pai entre risos.
- Está bem, eu vou parar de abraçar vocês e vou deixá-los ir embora. – Steven olhou carinhosamente pra mim e pro .
- Eu te vejo na quinta-feira. – deu alguns passos para trás.
- Obrigada pelo jantar, senhor Jonas. Quer dizer, Steven. – Eu esqueci que ele não queria que eu o chamasse daquele jeito. Steven afirmou com a cabeça, satisfeito com a forma que eu havia lhe chamado.
- Obrigado pela companhia. – Steven sorriu. – Foi um prazer te conhecer, . – Ele acenou com uma das mãos.
- Boa noite, pai. – também acenou, antes de virarmos de costas para o pai para podermos ir em direção ao carro.



TROQUE A MÚSICA:



Andávamos em direção ao carro e a cada passo que dava, ele olhava para trás para ver o seu pai. Parecia que ele não conseguia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Parecia que havia tirado um peso enorme do coração. Parecia que agora ele conseguia respirar de novo. Não tinha nó na garganta, não tinha ódio, raiva, mágoa ou qualquer outra coisa que fosse ruim pelo seu pai. O precisava tanto perdoar o seu pai, que no momento em que ele soube que havia um motivo para tudo o que Steven fez, o perdão foi quase que automático. Ele não pensou duas vezes ou questionou se era certo ou não. Steven foi praticamente obrigado a abandonar sua família e se não era culpa dele, não tinha mais motivos para guardar tantos sentimentos ruins por uma pessoa que amava tanto. O perdão dado ao seu pai foi um alívio para o seu coração e até mesmo para a sua alma.

- Olhe só pra você. – Eu disse, depois de observar por um tempo a felicidade de , que continuava olhando pra trás de tempos em tempos, enquanto andávamos em direção ao carro.
- O que foi? – tentou esconder o sorriso.
- Esse sorriso no seu rosto. Você está feliz. – Meu rosto continuava virado em direção a ele, enquanto continuávamos andando lado a lado.
- Ele é incrível, não é? – também estava feliz por eu tê-lo convencido a ir até lá. Ele sempre quis que esse encontro acontecesse, mas o medo não deixava ele assumir.
- É, ele é. – Eu concordei com ele. – Assim como você. – A minha frase fez com que ele me olhasse. – Foi muito legal você tê-lo perdoado. – Eu estava orgulhosa dele.
- Eu me sinto muito melhor agora. – quis explicar como se sentia.
- Você nem parece a mesma pessoa que entrou naquele restaurante. – Eu disse no exato momento em que chegamos no carro. Ele foi comigo até o lado da porta do passageiro me fazendo pensar que ele abriria a porta para mim, mas ao invés disso ele colocou-se em minha frente, apoiando as suas costas na porta.
- E isso é bom? – perguntou, estendendo a sua mão em minha direção. Eu sorri feito boba, enquanto levava a minha mão até a dele. me puxou lentamente para mais perto.
- Isso quer dizer que você está feliz. Então, sim. É uma coisa boa. – Eu soltei a sua mão e levei a minha até um de seus ombros.
- Você sabia que isso acontecer, não é? – olhava em meus olhos de forma tão intensa, mas ao mesmo tempo tão doce.
- Honestamente? Não. – Eu neguei com a cabeça e ri sem emitir qualquer som. – Eu estava morrendo de medo que desse tudo errado e que as coisas entre você e o seu pai piorassem, mas eu sabia que se as coisas dessem certo, seria a melhor coisa que já havia te acontecido. Eu acho que estava certa. – Olhei nos olhos dele e senti uma coisa incrível dentro de mim. Não tinha mais tristeza ou dor. Eram os belos olhos de antigamente. Era o mesmo olhar que me tirava o folego antes mesmo que eu descobrisse que era apaixonada por ele no ensino médio.
- Não. Você está errada. – me surpreendeu ao me corrigir.
- Estou? – Eu olhei pra ele sem entender.
- Hoje... foi a segunda melhor coisa que já me aconteceu. – disse com aquele sorriso esperto, que parecia querer me dizer alguma coisa.
- Sério? E... qual foi a melhor coisa que já te aconteceu? – Eu tentava ler os seus olhos antes mesmo que ele respondesse.
- Você. – Eu não estava esperando por aquilo. sorriu e achou graça da minha reação de surpresa ao ouvir o que ele tinha acabado de dizer.
- Eu? – Eu estava literalmente sem reação e sem palavras. Aquilo basicamente quebrou as minhas pernas e o resto do meu corpo. – Mas é o seu pai, . – Meu coração parecia estar a mil por hora.
- Ele não seria nada se você não tivesse me convencido a vir aqui hoje. Ele não estava do meu lado nesses últimos dois dias, que foram (de longe) os piores da minha vida. – sorria, enquanto levava uma das mãos até o meu rosto. Ele passou a acariciar a minha bochecha com um de seus dedos. – Quando aquele acidente aconteceu, eu achava que não haveria mais vida depois daquilo. Foi você que me mostrou que eu estava errado. Foi você que me deu um objetivo, que eu só acabei conseguindo alcançar no último ano do ensino médio. – Eu mordi o meu lábio inferior para reprimir o meu riso. Eu sabia que ele estava falando sobre mim. – Nada no mundo, nem mesmo o meu pai conseguiria me fazer ir todos os dias na escola do jeito que você conseguiu. – me viu rir e acabou rindo também. – Está vendo? Você tem todas as características pra ser a melhor coisa que já me aconteceu. E olha que eu nem citei o seu corpo, os seus olhos, o cheiro maravilhoso do seu cabelo, o seu sorriso lindo e... – Os olhos dele desceram até os meus lábios, que ainda sorriam fraco por causa do que eu estava ouvindo. – O seu beijo, que eu não consigo viver sem. – Os meus olhos também passaram a encarar os seus lábios.
- Essa é só mais uma das suas indiretas pra me beijar ou está dizendo a verdade? – Eu perguntei, lançando o meu olhar desconfiado pra ele. Ele riu, enquanto trazia o meu rosto em direção ao seu.
- Os dois. – disse depois de selar os meus lábios e antes de voltar a me beijar. As duas mãos dele seguravam o meu rosto, enquanto ele guiava o nosso beijo, que já tinha sido aprofundado, mas não estava tão intensificado. Engraçado como até o beijo dele estava diferente depois que ele resolveu os problemas com o seu pai. Ele estava mais leve e dessa vez não tinha nada em sua cabeça além de nós dois.



O beijo não durou muito, pois ouvimos que não estávamos sozinhos no estacionamento. Havia um casal entrando em um carro próximo ao nosso. Interrompemos o nosso beijo, mas não deixou de puxar o meu lábio inferior antes descolarmos de vez a nossa boca. Aquilo sempre me fazia sorrir e dessa vez não foi diferente.

- Pra casa? – perguntou, depois de algum tempo me olhando sem qualquer motivo. Eu afirmei com a cabeça. Eu adorava o fato de ele considerar a minha casa como sua casa também. Eu adorava o fato de estarmos dividindo tudo um com o outro.

Entramos no carro e seguimos para a minha casa. Como eu já disse, o restaurante não ficava tão longe da minha casa, então não demoramos nada pra chegarmos em casa. Adentramos a casa e eu subi as escadas, enquanto ele terminava de trancar a casa. Entrei no meu quarto e fui até o espelho, enquanto começava a tirar todos os acessórios que eu estava usando e algumas peças de roupa que eu vestia. Tirei os meus sapatos e continuei tirando os meus brincos, quando entrou no quarto. Eu tirei a minha jaqueta e a coloquei sobre uma cadeira. Olhei pro através do espelho e o vi tirar a sua jaqueta também e depois o seu tênis. Ele sentou-se na beirada da cama e ficou olhando pra mim. Apesar de estar de costas pra ele, eu conseguia vê-lo através do espelho. Depois de notar que ele estava a algum tempo olhando pra mim, desisti de resistir e olhei pra ele também. sorriu daquele seu jeito malandro e sedutor. Eu devolvi o sorriso, enquanto desamarrava o meu cabelo. Através do espelho, vi se levantar da cama e vir em minha direção. Eu passava as minhas mãos pelo meu cabelo para tentar não deixá-lo tão bagunçado. Ele parou bem atrás de mim e voltamos a nos olhar através do espelho.

- Você está me olhando daquele jeito. – Eu disse, enquanto tirava a minha pulseira.
- Qual jeito? – reprimiu o riso, aproximando-se ainda mais. Ele tocou os meus ombros e com uma certa dificuldade conseguiu tocar o meu rosto e virá-lo em sua direção.
- Espera... – Eu ria, enquanto ele tentava me beijar. O meu sorriso não deixava que ele fizesse isso. – Ei... – Eu ainda estava com a pulseira nas mãos e precisava pelo menos colocá-la em algum lugar. Curvei um pouco o meu corpo e consegui colocar a pulseira dentro do meu porta-joias, quando o já começava a puxar.
- Deixa. – passou seus braços em volta do meu corpo e me levantou. – Eu te ajudo a tirar o resto. – O rosto dele se afundou em meu pescoço, enquanto ele me levava em direção a cama. Eu estava rindo sem emitir qualquer som, pois a rala barba dele me fazia cócegas. Ele jogou os nossos corpos na cama de uma só vez. Com o corpo ainda em cima do meu, tirou sorrateiramente o rosto do meu pescoço e procurou a minha boca, que ainda esboçava um sorriso. Ele me beijou e eu correspondi ao seu beijo sem qualquer hesitação. Levei as minhas mãos até o seu rosto e depois escorreguei uma delas até a sua nuca. Nos beijamos durante algum tempo, mas não com muita intensidade. Não tínhamos pressa naquela noite.
- Eu senti sua falta. – Eu disse, interrompendo repentinamente o beijo. A minha frase fez com que ele sorrisse. Ele entendeu exatamente o que eu quis dizer. selou a minha boca mais uma vez antes de deslizar os seus lábios até uma das laterais do meu pescoço. As mãos dele foram mais espertas e desceram um pouco mais, passando pelos meus seios e alcançando a minha cintura. Os dedos dele desabotoaram a minha calça com facilidade.

Os beijos dele em meu pescoço começavam a me deixar um pouco mais empolgada do que deveria, então tratei de jogar o meu corpo contra o dele, ficando por cima dele. Fui eu que acabei beijando ele dessa vez. As mãos dele tocaram a minha cintura, subiram lentamente pelas minhas costas e alcançaram o meu rosto. Seus dedos se entrelaçaram no meu cabelo e o afastou do meu rosto. O beijo mal chegou a ser intensificado, quando eu o interrompi. Deslizei um pouco o meu corpo, enquanto fazia o mesmo com os meus lábios, que depositaram apenas alguns beijos em seu pescoço. O meu objetivo era outro.

viu eu me afastar dele e se perguntou se havia feito algo errado. O seu olhar de incompreensão me fez deixar um sorriso escapar. Me desvencilhei das mãos dele e fiquei de pé na cama bem na frente dele. O olhar dele mudou e manteve-se fixo em meu rosto. perguntava-se o que eu estava fazendo. Comecei a puxar a minha calça jeans para baixo com um pouco de dificuldade, pois ela era um pouco justa demais. só observava e não sabia o que fazer. Se antes ele não sabia o que eu estava fazendo, agora ele sabia que eu estava tentando matá-lo. Joguei a calça ao lado da cama e fiz o mesmo com a minha blusinha, deixando apenas a minha lingerie branca a mostra. não piscava e nem ao menos se movia. Quando achei que o tivesse matado, ele resolveu dar um sinal de vida. Levantou-se e colocou-se sentado. Levantou a sua mão para que pudesse me ajudar a fazer o mesmo. Eu segurei a sua mão e fui me abaixando até me sentar em seu colo, mantendo o meu corpo de frente pro dele.

- Você está bem? – Eu perguntei, depois que ele permaneceu olhando para o meu rosto por algum tempo.
- Me diz como você pode não ser a melhor coisa que já me aconteceu. – negou com a cabeça me olhando com carinho.
- Me diz como é possível não estar apaixonada por você. – Eu toquei o seu rosto e depois levei a minha mão até o seu cabelo, onde eu passei a acariciar. – Me diz como as outras garotas vivem sem um Jonas em suas vidas. Tem mais de você por ai. Não é possível. – Os meus olhos chegavam a brilhar, enquanto eu o admirava de bem perto. Ele era estupidamente bonito e eu nem conseguia acreditar que ele era todo meu. Sabe aquele sonho que toda a adolescente tem de viver uma história de amor com o garoto mais bonito que ela já viu? Eu estou vivendo, comendo e respirando esse sonho maravilhoso.
- Eu acho que pra cada Jonas existe uma . – também me admirava daquele seu jeito nada discreto. Os olhos dele sempre pareciam sorrir, quando ele me olhava e mantinha aquele seu sorriso destruidor no rosto, que eu tenho certeza que ele nem sabe que existe. – E você é a minha. – Ele levou uma de suas mãos até o topo do meu rosto e depois deslizou por ele, afastando os fios que beiravam o meu rosto. – Você é a minha . – repetiu, me fazendo dar um sorriso completamente espontâneo. Os olhos dele abaixaram-se para não perder nenhum detalhe do sorriso que ele tanto amava apreciar. Levei minhas mãos até o final de sua camiseta e comecei a puxá-la lentamente para cima. me ajudou a tirá-la mais rapidamente e não demorou nada para que seus dedos se entrelaçassem em meu cabelo, me puxando para que ele pudesse me beijar.
Já nos beijávamos há algum tempo, quando toquei os seus ombros largos e deslizei até seus braços musculosos. As mãos espertas dele deram uma escapada até as minhas costas e conseguiram abrir o meu sutiã, que tirou na mesma hora. Aquilo me vez interromper o beijo de uma pra outra para que os meus lábios pudessem explorar a área que as minhas mãos já exploravam. Meus beijos começaram em seu pescoço e começaram a descer lentamente. Para poder fazer aquilo direito, eu precisava que ele deitasse. Então, eu o empurrei para trás quando toquei o centro do seu peito. Enquanto se deitava, segurou as minhas coxas para me manter próxima. Meus lábios continuavam descendo pelo seu peitoral sob o olhar criterioso de . Desabotoei a sua calça jeans e já fui tirando ela conforme eu descia. Depois que me livrei dela, voltei a subir e fui direto até o seu rosto. As mãos dele mantiveram o meu rosto em frente e bem próximo ao dele, enquanto ele me olhava daquele jeito que deixava o seu desejo em evidência. Daquele jeito que me fazia querer beijá-lo até o mundo acabar. As mãos de impediam que eu iniciasse um beijo e ele também não tomava a atitude que eu tanto esperava. Foi quando ele jogou repentinamente o seu corpo sobre o meu e me beijou antes que eu fizesse qualquer outra coisa.

O beijo se intensificou antes que percebêssemos e começamos a perder o controle da situação. Minhas mãos passaram a segurar suas costas com mais força, quando os beijos dele desceram pelo meu queixo e chegaram ao meu pescoço. As mãos dele eram um pouco mais adiantadas e desciam na frente, abrindo caminho para os seus lábios. Meus olhos já não conseguiam acompanhá-lo, pois começaram a se fechar quase que involuntariamente. Os lábios dele passaram mais lentamente pelos meus seios e alcançaram a minha barriga. A barba rala dele já não me fazia cócegas. A velocidade da minha respiração duplicou, mas isso não o impediu de tirar a minha calcinha. A sua cueca foi tirada logo em seguida.

A nossa noite só serviu pra comprovar o que nós descobrimos durante aquela semana: não era só mais uma fase, não estávamos usando um ao outro apenas como passatempo e nós também não vivíamos mais com a certeza de que não ficaríamos juntos. Ainda não era nada oficial, eu sei. Não estávamos namorando e nem tínhamos qualquer tipo de compromisso, mas eu acho que nem precisamos já que já passamos por tanta coisa.

O sexo, os beijos e carinhos já não eram uma novidade pra nós. Na verdade, tudo isso já fazia parte da nossa rotina. A melhor rotina que eu já tive, eu tenho que dizer! Aquela rotina também havia sido sonhada pelo por anos e agora estava finalmente acontecendo. Ele estava visivelmente radiante. Os olhos, o sorriso e o seu jeito demonstrava isso.

- Então, você vai voltar pra Atlantic City amanhã de manhã? – Eu perguntei, sem olhá-lo. Minhas costas e a minha cabeça estavam apoiadas no peito dele. Ele estava sentado com as costas apoiadas na cabeceira da minha cama.
- É, eu vou ter que voltar. – pareceu lamentar. Uma das mãos dele subia e descia em meu cabelo, enquanto ele acariciava a minha cabeça. – Eu tenho uma reunião amanhã durante a tarde e outra na quinta-feira a tarde. – Ele explicou, apoiando levemente o seu queixo em minha cabeça.
- Então você só vai poder voltar na quinta-feira a noite mesmo. – Eu deduzi um pouco triste. Meu corpo estava enrolado em um dos lençóis da cama. O corpo de estava sendo coberto por outro lençol.
- É... – também parecia triste com a noticia. Eu não precisei nem olhá-lo para saber. – Você vai ficar bem? – Ele perguntou, atencioso.
- Na verdade, não. – Eu disse e a mudança de reação dele foi instantânea. Ele parou de acariciar a minha cabeça na mesma hora.
- Não? – olhou para baixo em direção a minha cabeça.
- Eu vou sentir a sua falta. – Eu disse, escondendo um fraco sorriso. Eu não estava olhando pra ele, mas eu tinha certeza que ele estava sorrindo agora.
- Eu também vou sentir a sua falta, amor. – Os dedos dele voltaram a brincar com os fios do meu cabelo, enquanto ele depositava um beijo no topo da minha cabeça.
- Amor? – Foi difícil esconder o sorriso dessa vez.
- Eu disse em voz alta? – se fez de desentendido. A sua pergunta me fez inclinar o meu rosto para olhá-lo.
- Disse. – Eu olhei pra ele sem conseguir parar de sorrir. Ele abaixou o seu rosto para me olhar.
- Tudo bem se eu... – ficou visivelmente sem jeito. Ele imaginou que eu estivesse debochando dele por algum motivo.
- Tudo bem, amor. – Eu afirmei com a cabeça e o vi sorrir com nervosismo, quando me ouviu dizer a palavra ‘amor’. Ele aproximou-se e selou carinhosamente os meus lábios. O selinho terminou em meio a um sorriso bobo meu.

Estávamos vivendo uma época única em nossas vidas. As coisas começavam a dar certo para nós dois em todos os aspectos. Já estivemos juntos muitas vezes e por muito tempo, mas nunca daquele jeito. Sempre tivemos o meu irmão por perto monitorando os nossos passos e mãos bobas. Era diferente pra nós o fato de estarmos juntos e termos a liberdade que temos um com o outro. Era diferente pra nós relacionar amor com sexo. Então, aproveitaremos o máximo que pudermos dessa nova fase das nossas vidas.

Conversamos por mais algum tempo e o propôs até descer e fazer o seu tradicional chocolate quente, mas eu não permiti que ele saísse de perto de mim. Queria aproveitar o nosso tempo juntos, já que ficaria quase dois dias sem vê-lo. Acabamos adormecendo nos braços um do outro. Antes de dormir, consegui fazê-lo prometer que me acordaria antes de ir embora.

Acordei na manhã seguinte com beijos em meu ombro e com o braço de em volta do meu corpo. Eu movi a cabeça para que ele soubesse que eu já estava acordada e foi então que ele depositou mais um beijo na lateral do meu pescoço. A barba rala dele me fez sorrir, mas meus olhos continuaram fechados. Nada pode descrever a sensação de estar nos braços dele logo de manhã.

- Eu tenho que ir. – sussurrou próximo ao meu ouvido. Eu neguei com a cabeça e em seguida virei o meu corpo em sua direção.
- Não. – Eu disse, jogando o meu corpo por cima do dele e beijando-o.
- Qual é. Não faz isso comigo. – ria sem emitir qualquer som, enquanto eu beijava cada parte do seu rosto.
- Só mais 5 minutos. – Eu pedi, parando de beijá-lo para encarar os seus olhos. As pontas dos nossos narizes ainda se tocavam.
- 2 minutos! – tentou negociar.
- 3 minutos. – Eu fiz uma nova proposta.
- Feito! – disse e no segundo seguinte, trocou de posição comigo e colocou o seu corpo em cima do meu. Ele me beijou antes que eu argumentasse qualquer coisa.

Aproveitamos muito bem os nossos 3 minutos e quando eles se acabaram eu fiquei impressionada com a pontualidade do . Ele me deu um último beijo antes de se levantar da cama. Observei ele pegar algumas peças de roupa em sua mala e levá-las para o banheiro. Ele ficou lá algum tempo e eu permaneci na cama, já que ainda tinha algum tempo até ter que começar a me arrumar para a aula. saiu do banheiro com outra cara. Ele havia tomado banho e o seu cabelo estava molhado e arrumado. Mesmo indo para uma reunião, ele não vestia terno e nada tão social. As reuniões em sua empresa não eram tão formais. Portanto, ele vestia jeans, uma camiseta branca lisa e um blazer preto e simples por cima. Quando eu o vi, eu me levante, pois sabia que teria que me despedir.

- Me passa essa camisa, por favor? – Eu pedi, depois de ter vestido a minha lingerie.
- Aqui. – me entregou a sua camisa, que ele havia usado há alguns dias.

começou a juntar algumas de suas coisas e depois a colocá-las em suas duas malas de mão. Aproveitei que ele estava ocupado e fui rapidamente ao banheiro para fazer a minha higiene matinal. Quando eu voltei para o meu quarto, estava terminando de fechar as malas. Me deu até um aperto no coração, pois eu sabia que ele iria embora.

- Já? – Eu perguntei parada próxima a porta.
- Já. – deixou de olhar as malas e virou-se para me olhar.
- Você... precisa de ajuda? – Eu disse, quando ele pegou as duas malas nas mãos.
- Não. Tudo bem. – jamais me deixaria levá-las. Não sei nem porque eu perguntei.

Com as malas em mãos, abandonou o meu quarto e eu fui logo atrás dele. Eu não pretendia levá-lo até o lado de fora da casa, já que eu vestia apenas uma camisa e uma calcinha, que também acabava ficando a mostra. Nós descemos a escada e ao chegar ao final dela parou e virou-se pra mim.

- Então... – colocou as malas no chão. Eu sabia o que aquele ‘então’ queria dizer. Fiz um bico e tentei comovê-lo com o olhar. Ele sorriu, achando uma graça aquela minha cara. – Amanhã eu já estou de volta. – Ele tentou me animar. aproximou-se e segurou o meu rosto antes de selar longamente os meus lábios.
- Eu vou estar aqui esperando. – Eu disse assim que descolamos os nossos lábios.
- Se você precisar de alguma coisa é só me ligar. – era sempre muito atencioso. Principalmente depois que começaram aquelas ameaças.
- Pode deixar. – Eu afirmei ainda em seus braços. Ele beijou carinhosamente a minha testa e depois afastou-se, voltando a pagar as suas malas no chão. Quando ele virou-se de costas pra mim, eu não aguentei. – Espera, espera... – Eu entrei em sua frente e ele riu como se já soubesse que isso fosse acontecer. – Só mais um beijo. – Eu também ria, enquanto passava meus braços em torno de seu pescoço. novamente soltou as suas malas para poder passar os seus braços em torno da minha cintura. Ele apertou o meu corpo contra o seu e permitiu que eu o beijasse. Foi mais do que um selinho. Chegamos até a aprofundar o beijo, mas ele não podia ser longo. Foi só um beijo de despedida. Depois de beijar os seus lábios, eu beijei a sua bochecha e depois um dos lados do seu pescoço. Ele aproveitou a oportunidade para me abraçar.
- Se cuida, ok? – sussurrou em meu ouvido. Ele não parava de sorrir por causa de todos os beijos que tinha acabado de ganhar.
- Você também. – Eu terminei o abraço, pois sabia que estava atrasando-o demais.

Depois da melhor despedida que poderíamos ter, voltou a pegar as suas malas e tratou de ir embora de uma vez antes que algo o fizesse ficar de vez. Ele saiu pela porta e antes de fechá-la me olhou pela última vez. Eu acenei e ele piscou um dos olhos pra mim. Eu tive vontade de correr e agarrá-lo de vez, mas não dava. Eu tinha que deixá-lo ir.

Com o voltando para Atlantic City, eu tinha tudo para que o meu dia fosse sem graça e chato. Eu voltei para o meu quarto e já comecei a me arrumar para ir para a faculdade. Mesmo sem o lá, eu ainda tinha uma rotina pra seguir. Tomei um rápido banho e vesti uma roupa bem quente, já que parecia estar bem frio lá fora. Eu também não tinha ninguém para me levar para a faculdade naquele dia, então eu tive que ir sozinha com o meu carro.

Acabei chegando na faculdade com uma certa antecedência. Quando cheguei na sala, a Meg nem tinha chegado ainda. Aliás, ela iria me matar quando soubesse que fui com o meu carro, sendo que poderia ter pedido para ela ir me buscar. Eu me esqueci completamente desse detalhe.

- Nossa! Já chegou? O que foi que aconteceu? – Meg mostrou-se surpresa ao entrar na sala e me ver.
- Eu sabia que você ia dizer isso. – Eu ri, me preparando para levar a bronca. – O acordou cedo hoje pra voltar pra Atlantic City e eu acabei acordando também. – Eu expliquei sem tantos detalhes. Até porque eu sabia que ela não está nem um pouco interessada na vida do .
- O voltou pra Atlantic City? Você quer dizer... pra sempre ou? – Meg ficou surpresa com a notícia. Eu não estava com cara de choro e nem nada.
- Não. Ele só foi pra uma reunião. – Eu disse, vendo ela fazer uma discreta careta.
- E você veio de carro? – Meg finalmente perguntou. Lá vem!
- Eu vim. Desculpa! Eu deveria ter te avisado. Podíamos usar um carro só. – Eu já fui logo dizendo que fiz besteira para tentar diminuir a bronca.
- Não acredito, . – Meg me olhou com cara feia.
- Foi mal. Eu esqueci completamente. – Eu fiz careta, enquanto negava com a cabeça.
- Você tem esquecido muito os seus amigos ultimamente, não é? Será que o tem alguma coisa a ver com isso? – Meg mandou uma indireta, que acabou sendo uma mega direta.
- O que? Não! – Eu não esperava por essa.
- Nós nem almoçamos juntas. Nem as nossas sessões de filme existem mais. – Meg argumentou.
- Eu sei. É que... – Eu não sabia o que dizer, porque se eu for analisar bem, a Meg tem razão. Nós não estamos mais fazendo o que costumávamos fazer.
- O , certo? Como eu disse. – Meg deduziu, vendo o professor adentrar na sala.
- Nós vamos recuperar o tempo perdido, ok? Eu prometo. – Eu disse em um tom um pouco mais baixo, pois o professor começava a explicar a matéria.

É difícil aceitar, mas a Meg está completamente certa. Nós estávamos sempre juntas antes do voltar para a minha vida. Almoçávamos juntas quase todos os dias, estudávamos juntas, íamos para os bares e para as festas juntas e quando não tínhamos nada melhor para fazer, nós fazíamos a nossa própria sessão de filmes. Desde que o voltou, todo o meu tempo tem sido dedicado a ele. Isso não costumava a acontecer antes. Quando eu e o namorávamos, eu nunca deixava os meus amigos de lado, porque todos os meus amigos eram amigos do também. Estávamos sempre juntos. Agora é mais complicado, porque o e a Meg simplesmente não se suportam. É difícil passar um tempo com os dois sem que eles acabem uma conversa insultando um ao outro. Isso fazia com que eu me sentisse mal. Eu não queria deixar a Meg de lado. Ela esteve do meu lado quando o término com o aconteceu. Aliás, ela e o Mark, né? Viu? E as coisas só se complicam cada vez mais.

- Você já acabou o trabalho de amanhã? – Meg perguntou, enquanto saíamos da sala de aula.
- Acabei. E você? – Eu perguntei, virando o meu rosto para olhá-la.
- Eu acabei ontem também. – Meg respondeu, enquanto íamos em direção ao estacionamento. – O seu carro está pra lá? – Ela apontou em uma das direções.
- Está. – Eu confirmei.
- O meu também. – Meg sorriu. Poderíamos continuar andando juntas e conversando mais um pouco. – Pra onde você vai agora? – Ela perguntou. Se o não estava aqui, com quem eu almoçaria?
- Você vai almoçar? – Eu já sabia o que ela queria saber. Ainda bem que eu não teria que almoçar sozinha.
- Vou. – Meg afirmou e eu já me animei. – Eu e o Mark combinamos de almoçar naquele restaurante aqui perto. Porque não vem com a gente? – Ela completou. Pronto. Ferrou!
- Você... já tinha combinado com o Mark. Eu... não quero atrapalhar vocês. – Eu comecei a dar desculpas. Eu não sei se estava pronta para olhar na cara do Mark de novo.
- E qual o problema? Nós já almoçamos juntos milhões de vezes! – Meg percebeu a minha rápida mudança de comportamento ao ouvir o nome do Mark.
- Eu sei, mas é que... – Eu nem sabia o que justificar. O que eu deveria dizer? ‘Eu não sei como olhar na cara dele, porque eu e ele estávamos quase namorando em um dia e no outro eu estava na cama com o !’ ?
- Me deixe adivinhar: ? – Meg me olhou como se dissesse ‘Viu? Olha o interferindo na nossa amizade novamente.’.
- Não é isso. – É claro que é isso! Mas cadê a minha coragem pra assumir? – O Mark pode ficar chateado, já que era um encontro só de vocês dois. – Eu não sabia mais de onde arrumar desculpas.
- Eu tenho certeza que o Mark não vai ficar chateado! – Meg acaba com todas as minhas desculpas. O que eu faço da minha vida agora? – Vamos! Como nos velhos tempos! – Ela me olhou com aquela empolgação, que fazia com que eu me sentisse a pior amiga do mundo. Porque eu estava fazendo ela implorar? Vamos! Aceite logo! Aceite pela Meg!
- Então, tudo bem. Eu vou. – Eu forcei um sorriso, quando ela comemorou.
- Legal! Você vai com o seu carro e eu com o meu. Nos encontramos lá. – Meg disse, enquanto afastava-se.
- Eu te vejo lá. – Eu gritei de volta, andando para o lado oposto. – Droga. O que eu estou fazendo? – Eu sussurrei em meio a um suspiro.

Eu não sei como eu vou contar isso ao depois, mas eu sei que ele vai ficar bravo. Eu só espero que ele acabe entendendo. Eu não podia decepcionar a Meg mais do que eu já havia decepcionado. Eu estava em falta com ela e eu sabia disso. Além disso, eu não queria que ela tivesse mais um motivo para odiar o . Eu não queria que ela pensasse que nos afastamos por culpa dele. Eu tenho esperança de que algum dia eles vão gostar um do outro.

Eu dirigi até o restaurante, que por sinal era o mesmo restaurante que o Mark me levava para almoçar quase todos os dias na época em que estávamos juntos. As coisas não poderiam piorar! Eu disse isso mesmo? Cedo demais. Eu cheguei no estacionamento e vi o carro de Meg estacionado, mas ela não estava lá dentro. Isso quer dizer que ela já entrou no restaurante e já deveria estar lá com o Mark. Isso quer dizer que eu vou ter que chegar do nada no restaurante sozinha. A Meg quer me complicar! Passei pelo estacionamento e quando vi o carro de Mark estacionado eu senti um frio na barriga. Posso sair correndo dali? Adentrei o restaurante e procurei por eles. Eles estavam em uma mesa do outro lado do restaurante. Fui me aproximando da mesa e o Mark de repente me viu. Juro que ele paralisou. Ele estava de frente pra mim e a Meg estava de costas. Quando ele me olhou daquele jeito, eu quase dei meia volta.

- Desculpem a demora. Eu não estava encontrando vaga no estacionamento. – Eu menti na cara dura. Eu me sentei ao lado de Meg e ficava repetindo em minha cabeça ‘Aja naturalmente!’. – Oi, Mark. – Eu olhei pra ele e só consegui dar um fraco sorriso.
- Como você está, ? – Como sempre... muito educado esse Mark.
- Estou bem e você? – Eu disse e sem nem perceber que já estava pensando no quão bonito ele estava. Ops. Apaga. Não. Não.
- Também. – Mark respondeu, enquanto me via abaixar repentinamente a cabeça. Não dava pra ficar olhando pra ele.
- Você já fez o pedido, Meg? – Eu mudei totalmente o assunto.
- Não. Eu acabei de chegar. – Meg estranhou a minha pressa repentina. Cadê o controle remoto da minha vida pra eu correr essa parte?
- Eu estava falando pro Mark que o disse que deve vir para Nova York no feriado. – Meg contou a novidade que a estava deixando tão feliz.
- É mesmo? Ele não me contou nada. – Eu fiquei surpresa, mas super feliz. Finalmente alguém vem me visitar.
- Aliás, ele me contou que um dos seus amigos ligou pra ele falando que o iria ficar mais alguns dias aqui. – Meg falou na maior inocência e eu quase dei uma voadora nela por mencionar o na frente do Mark.
- Foi o que ligou eu acho. – Eu sorri como se nada estivesse acontecendo.
- Sim! Foi esse nome mesmo que ele disse. – Meg se lembrou. – E eu tive que continuar fingindo que não sabia de nada. – Ela fez careta. Ela já havia dito que se sentia mal por esconder as coisas do .
- Eles não sabem? – Mark perguntou e eu congelei. Ele está falando comigo? Oi?
- O que? – Eu fingi que não ouvi.
- Os seus amigos. Eles não sabem sobre você e o ? – Mark perguntou novamente. PORQUE ESTAMOS FALANDO DO MEU RELACIONAMENTO MESMO?
- Não. – Eu sorri completamente sem graça. – É complicado. – Eu achei que essa fosse a melhor forma de dizer ‘É que o meu irmão não pode saber que estamos praticamente morando juntos e que, consequentemente, eu não sou mais virgem.’.
- É bem complicado. – A Meg disse, fazendo cara feia. Eu vou ser uma má amiga se eu atacar um prato na cara dela? O que ela está fazendo?
- Eu tenho certeza que ela sabe o que está fazendo, Meg. – Mark não queria que Meg ficasse implicando comigo e com o . Ele sabia que o principal motivo para a Meg não gostar do era ele.
- É, Meg. – Eu olhei pra ela com um sorriso de deboche. Até o melhor amigo dela estava do meu lado.
- Ok, ok. Eu entendi. – Meg rolou os olhos. – Vocês nunca param de ficar defendendo um ao outro, né? – Ele suspirou longamente. Isso soou um pouco estranho e deixou tudo ainda mais constrangedor. Apesar de tudo, eu sabia que ela não estava fazendo de propósito. A Meg é assim mesmo. – Esperem um pouco. Eu vou rapidinho até o banheiro e já volto. – Ela levantou-se da mesa. Eu pensei em acompanhá-la, mas eu não queria que o Mark achasse que eu estivesse fugindo dele. – Não façam o pedido sem mim. – Meg pediu antes de virar de costas e começar a se afastar.
- Ela... não gosta mesmo do , não é? – Mark me olhou com um sorriso tímido.
- Nem um pouco. – Eu também olhei pra ele e acabei rindo quando acabei a frase.
- Eu sinto muito. Eu acho que... eu tenho um pouco de culpa nisso. – Mark fez careta, o que estava tudo bem pra ele falar sobre aquilo.
- Imagina. – Eu neguei com a cabeça.
- Eu... não quis perguntar na frente da Meg. Depois da ameaça daquele dia ficou tudo bem? – Mark finalmente pode perguntar o que tanto queria.
- Sim, ficou tudo bem. As ameaças pararam. – Eu disse para tranquilizá-lo. – Eu não sei quem estava fazendo tudo aquilo, mas eu acho que... ele desistiu. – Eu completei.
- Isso é ótimo. Eu fico feliz e... menos preocupado. – Mark ficou completamente sem graça por demonstrar se importar tanto.
- Obrigada por se preocupar. – Eu agradeci, pois não achei que aquele fosse um motivo para ele se envergonhar. Sua resposta foi um breve e fraco sorriso. Abaixou a sua cabeça por poucos segundos e encarou suas mãos em cima da mesa.
- Você... parece feliz. – Mark levantou o seu rosto para me olhar. Voltei toda a minha atenção pra ele. Quando ouvi a sua frase, eu achei que aquilo seria algo que traria um clima estranho entre nós, mas quando eu olhei pra ele e vi o carinho em seus olhos, a frase mudou completamente de sentido.
- É, eu estou feliz. – Eu respondi sem conseguir olhá-lo direito. Eu ainda me sentia um pouco mal com aquilo.
- Você pode não acreditar, mas... eu estou feliz por você. – Mark falava com tanta sinceridade, que chegava a me impressionar. Ele não tinha motivos pra mentir.
- Eu acredito. – Eu afirmei com um sorriso espontâneo. Era impressionante o quão incrível ele é. Ele também merecia muito ser feliz.



Não era surpresa para ninguém que o Mark ainda sentia alguma coisa por mim. Eu sabia e até o sabia. O mundo sabia, mas isso não fazia com que ele forçasse nada. Ele não estava me cobrando nada. Ele não estava insultando o ou tentando fazer a cabeça da Meg contra ele. O Mark estava defendendo o pra Meg há poucos minutos atrás. O Mark defendeu o na época do término do nosso namoro. O Mark percebeu o que eu sentia pelo e mesmo estando apaixonado por mim, ele foi capaz de se afastar para me ver tão feliz quanto eu estou hoje. Inacreditável, né? O Mark era muito admirável e acabava sempre mostrando-se o oposto do . Não, eu não estava dizendo que o não seja admirável, mas tem algumas atitudes que o Mark toma, que o jamais tomaria. O nunca perde a oportunidade de ofendê-lo na minha frente. O nunca perde a chance de começar uma briga quando o vê. O jamais abriria espaço para que eu tivesse um outro homem em minha vida. O amor de cada um era demonstrado de jeitos diferentes, mas também era correspondido por mim de maneira diferente. Eu estou com o agora e não me arrependo da minha decisão. Só é uma pena eu ter conseguido tudo isso as custas do sofrimento de um cara tão incrível quanto o Mark.

- Já pediram? – Meg voltou para mesa.
- Ainda não. – Mark afirmou, mudando completamente de postura, já que não estávamos mais sozinhos.
- Que desespero é esse pra comer? – Eu olhei pra Meg e ela me olhou feio.
- Estranho seria se ela não estivesse desesperada para comer, né? – Mark comentou, me fazendo gargalhar.
- Hey! – Meg o olhou com cara feia. – O que é isso? Um complô? – Ela olhou pra mim e depois para o seu melhor amigo.
- Não. São só... verdades. – Eu ainda ria um pouco quando eu disse e a vi segurar o riso, enquanto fazia careta. Mark e eu nos olhamos e trocamos risadas e sorrisos maldosos.
- Vocês dois são idiotas. – Meg disse, enquanto ria também. Eu estava sentindo falta desses nossos momentos juntos.

Nós almoçamos juntos e foi exatamente como nos velhos tempos. Parecia que nada havia mudado entre nós. Eu e o Mark estávamos sempre sacaneando a Meg e era sempre muito engraçado porque ela ficava realmente brava, depois acabava entrando na brincadeira. Nós riamos e nos divertíamos muito juntos. Eu fiquei muito feliz por não termos perdido isso. Mark ainda era o mesmo. O mesmo humor bobo, o mesmo sorriso bonito e os mesmos olhos verdes destruidores. Foi muito bom estar lá com eles, mas eu não sei se vou conseguir contar para o sobre aquele almoço.

Depois de almoçarmos, eu e a Meg seguimos juntas para o hospital. Quer dizer, cada uma foi com o seu carro. Eu trabalhei muito naquele dia e ao contrário do dia anterior, eu consegui me concentrar no meu trabalho. Mesmo o estando longe, ele estava muito melhor que ontem e estava feliz. Isso me deixava muito mais tranquila.

A reunião de tinha acabado há poucos minutos. Ele olhou no relógio e viu que ainda eram 4 horas da tarde. A outra reunião seria só no dia seguinte e agora, ele não tinha mais nada para fazer até lá. pensou algum tempo no que fazer. Visitaria a família? Sairia com os amigos? Ele até achou que seria uma boa ideia, mas não lhe parecia tão atrativo do que pegar o seu carro e voltar para Nova York. Pensou se valia a pena fazer uma nova viagem naquele dia e a resposta foi sim. Valia muito a pena passar mais uma noite ao meu lado. Valia a pena todos os esforços para ficar mais um pouco do meu lado.

Em questão de minutos, ele resolveu tudo o que faria naquele dia. Como eu só esperava que ele voltasse no dia seguinte, decidiu me fazer uma surpresa. Ele pensou em absolutamente tudo. Despediu-se dos colegas de trabalho e pegou o seu carro para ir até a sua casa. Se sua mãe descobrisse que ele estava na cidade e não foi visitá-la, estaria morto. Foram incontáveis os abraços que sua mãe lhe deu. Infelizmente, a estava na escola e ele não poderia vê-la. Despediu-se prometendo voltar em algumas semanas.

O próximo passo da surpresa levou até a casa de . Ele não tinha certeza se ia encontrá-lo em casa naquele horário, mas ele arriscaria. Bateu na porta duas vezes e só na terceira vez a porta foi aberta. estava em casa sim e foi justamente ele quem abriu a porta.

- ? – ficou surpreso em ver o amigo em sua porta.
- Achei que não estivesse em casa. – riu sem emitir som ao ver o quão o amigo ficou surpreso em lhe ver.
- E eu achei eu estivesse em Nova York. – abriu os braços e logo depois estendeu a mão para cumprimentar o amigo.
- É bom te ver, cara. – apertou a sua mão e puxou o amigo para um abraço.
- É bom te ver também. – deu alguns tapinhas na costa do amigo. – Você parece bem. – Ele analisou o amigo.
- E você parece meio... cansado. – arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu estou estudando igual um maluco. Vou ter uma prova amanhã, que me faz ter saudades das provas da senhora Dark. – brincou, fazendo gargalhar.
- Eu esqueci que você tinha virado um nerd. Onde estão os seus óculos de nerd? – olhou mais sério pro .
- Cala a boca. – rolou os olhos. – Você parece muito bem mesmo. – Ele voltou a falar de .
- Não faz nem 5 minutos que nos encontramos e você já começou a me cantar? Vamos com calma. – debochou do amigo, que riu ao negar com a cabeça.
- Eu estou falando sério, porra! O que está acontecendo com você? – tentou adivinhar, olhando atentamente para o amigo. – Como anda a sua vida sexual? – Ele disse apenas para ver a reação do .
- O que!? – forçou uma falsa indignação.
- Sabia! – gargalhou. – Seu malandro! – Ele empurrou o amigo.
- Eu não sei do que você está falando. Eu sou virgem. – brincou, segurando o riso.
- Virgem? Você é tudo, menos virgem, Jonas. – fez careta e voltou a gargalhar.
- Você é paranoico! – negou com a cabeça.
- Quem é ela? – insistiu.
- Não tem ninguém! – mentiu na maior cara de pau. – E eu não vou nem perguntar da sua vida sexual, porque tenho medo de dormir aqui mesmo na porta da sua casa. – Ele brincou com o amigo.
- Vai se ferrar. – forçou um falso sorriso.
- Onde está o Buddy? – ainda gargalhava, enquanto olhava para dentro da casa.
- Você quer dizer aquela pequena criatura peludinha que você abandonou na minha casa? – adentrou a sua casa e fez sinal com a cabeça para que entrasse também.
- Qual é! Eu vim devolver o amor da sua mãe por você. – sorriu. – Eu vim buscá-lo. – Ele completou.
- Ainda bem que a minha mãe não está em casa ou ela mandaria você me levar ao invés dele. – riu de sua própria desgraça. – Vem. Ele está aqui. – Ele levou o até o quintal. Eles adentraram o quintal e Buddy estava bem lá no fundo e parecia não ter visto que tinha companhia.

- Hey, Buddy! – gritou e viu o pequeno cachorrinho acordar repentinamente com aquele ar de desespero. Buddy ficou mesmo desesperado quando viu o seu melhor amigo se agachar e esperar que ele corresse em sua direção. Buddy saiu em disparada e nem mesmo deu tempo de latir. Ele pulou nos braços do , que começou a gargalhar com a cena. – Ei, calma. Eu estou aqui. – segurou o cachorro nas mãos e o levantou, colocando-o em frente de seu rosto. – Você cresceu um pouco, não é? – A resposta de Buddy foram os latidos, que ainda eram muito fraquinhos. – Ele te tratou bem? – Ele perguntou deixando de olhar o Buddy e depois olhando para . – Se não tratou, você me fala que eu resolvo. – Ele riu com a empolgação sem fim do cachorro.

- Eu te disse que ele estava bem. Está melhor do que eu. – riu, vendo a empolgação de e Buddy.
- Você vai sentir falta dele. Assuma! – levantou-se com Buddy em seus braços.
- Até parece. – forçou um sorriso.
- Ansioso pra conhecer Nova York? – perguntou ao Buddy, enquanto eles voltavam pra dentro da casa de .
- Nova York? Você vai voltar pra lá? Eu já ia ligar para os caras pra marcarmos uma partida de futebol. – disse, desapontado.
- Eu tenho que voltar. Ainda tenho trabalho por lá. – arrependeu-se de ter falado sobre Nova York.
- Trabalho, né? – cruzou os braços, olhando desconfiadamente para o amigo.
- Aliás, acho que vou conseguir aquele jogo do Yankees na primeira fileira. – mudou sorrateiramente de assunto.
- Porque está mudando de assunto? – parecia ainda mais desconfiado. – Você sempre me conta sobre os seus rolos. Porque está me escondendo agora? – Ele arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu não sei do que você está falando. – forçou um sorriso, virou-se de costas e deu alguns passos em direção a porta da casa.
- ESPERA! – A ficha de pareceu ter caído. – Espera um pouco. – Ele aproximou-se de , que voltou a olhá-lo. – Você veio buscar o Buddy e agora vai levá-lo pra Nova York. – colocou a mão no queixo, pensativo.
- Estou me sentindo muito sozinho em Nova York. Ele será uma boa companhia. – inventou a melhor desculpa que conseguiu.
- Se lembra como você estava mal quando você foi pra Nova York? Você estava mal por causa da... . – Quando ouviu o meu nome sair da boca de , ele começou a surtar silenciosamente. Porque o estava falando sobre mim? Ele não podia estar desconfiando.
- O que isso tem a ver? – fez careta apenas para mostrar que o amigo estava delirando.
- Você estava frio e muito estranho. Agora você volta e... é o de novo. – começava a encaixar as peças.
- Olha, eu posso ir embora? Eu não estou entendendo absolutamente nada do que você está falando. – queria sair correndo logo dali.
- Nova York... Buddy... a sua felicidade... – foi repetindo aquilo em voz alta.
- Quando você parar com as drogas, vocês me liga. – deu poucos tapinhas no ombro do amigo e foi saindo.
- Você encontrou a , não encontrou? – olhou para o amigo ainda de costas.
- Como é que é? – fez careta antes de voltar a olhar para .
- Você reencontrou a em Nova York! É claro! – começou a rir.
- Eu não vejo a há tempos. Nós terminamos. Você sabe! – tentou ficar mais sério para fingir estar ofendido com a conversa.
- É mesmo? Então, não vai fazer mal se eu ligar pra ela. – colocou a mão no bolso e tirou de lá o seu celular.
- Pra quê? Não temos mais nada a ver um com o outro. – queria impedir, mas não queria dar muita bandeira.
- Se ela mentir, eu vou saber. – não deixou-se convencer.
- Ela deve estar trabalhando agora. – se assustou com o que tinha acabado de dizer. – Quer dizer, se ela ainda estiver trabalhando, é claro. Eu não sei, porque eu não a vejo há meses. – Ele riu, sem jeito.
- Eu ainda não consigo saber quando você está mentindo pra mim, mas ela eu sei. Ela nunca me engana. – começou a discar o meu número.
- Como pode ter tanta certeza? – o desafiou.
- Quando ela mente, ela geralmente fala 3 coisas. – explicou.
- Que coisas? – não acreditou.
- Ela sempre fala: ‘Imagina!’ no mínimo umas 3 vezes ; ‘Eu jamais mentiria pra você.’ ; ‘Até parece!’ e ‘Eu teria te contado.’ – explicou, enquanto colocava o celular no viva voz.

Eu tinha acabado de aplicar injeção em um dos pacientes, quando ouvi o meu celular tocar sobre a mesa. Eu geralmente não atendo, mas como não tinha ninguém na minha sala e o horário da próxima vacina era em 10 minutos, eu poderia atender. Ainda mais quando se tratava do meu melhor amigo. Era difícil eu não atendê-lo.

- Hey, lindo. – Eu atendi toda cheia de graça. Eu estava morrendo de saudades dele.
- Como você está? – conversava comigo, mas olhava pro , que tentava não deixar o seu nervosismo transparecer.
- Eu estou ótima e você? – Eu respondi em meio a um sorriso, pois estava feliz por ouvir a voz dele.
- Ótima? – sorriu pro , que rolou os olhos. – Eu estou ótimo também. – Ele respondeu. – Desculpe te ligar agora. Eu sei que está no trabalho, mas é que eu precisava te perguntar uma coisa. – via que não demonstrava qualquer reação.
- Está tudo bem. Eu ainda tenho uns 10 minutos até a próxima vacina. O que você quer perguntar? – Eu fiquei curiosa. O que seria?
- Sabe o que é? Eu vi o aqui em Atlantic City hoje. – ficou em silêncio, esperando a minha reação.
- É... mesmo? – Eu fiz careta e comecei a gaguejar.
- É mesmo. Ele estava muito feliz e eu fiquei me perguntando o motivo. – começou o seu plano. implorava mentalmente para que eu não caísse no jogo de .
- Por que... está me perguntando isso? – Eu forcei uma risada.
- Por um minuto eu cheguei a pensar que você estava relacionada com toda aquela felicidade. – começou a fazer as insinuações.
- Eu? Imagina! – Eu estava quase tendo um troço. riu silenciosamente pro e fez o número um com uma das mãos.
- Você não o encontrou nem uma vez? Por que... você sabe que ele está trabalhando em Nova York. – fez um novo teste.
- É claro que não. Imagina! Se isso tivesse acontecido, eu teria te contado! – Eu disse com medo de estar demonstrando o meu nervosismo. abriu os braços, olhando pro , que negou com a cabeça.
- Eu sei que contaria. É que eu sei bem de toda a sua história com o e sei que não seria nada estranho se vocês tivessem uma recaída. – continuava fingindo que acreditava em mim.
- Recaída? Até parece! Ele é passado. Acredite. – Eu acabei dizendo mais uma das palavras da lista de , que estava deixando completamente maluco.
- Tem certeza? Porque eu sempre achei que vocês acabariam voltando de algum jeito. – estava achando tudo muito engraçado, mas não podia rir.
- Imagina! Eu nunca mentiria pra você. – As minhas mãos suavam frio. Porque eu atendi aquele celular? Quando me ouviu dizer a última frase, ele fez cara feia e suspirou como se tivesse perdido um gol.
- Espera... – começou a rir do nada. – Essa é a terceira vez que você disse ‘imagina’, né? Eu acabei perdendo as contas. – Ele entregou o seu plano, que ele já havia me dito há muito tempo atrás.
- Que droga. – Eu coloquei uma das mãos em meu rosto e comecei a me chamar mentalmente de burra. Não acredito que eu caí de novo nesse truque ridículo do . – Ele está ai, não está? – Eu deduzi. Eu sempre fico tão nervosa, que essas palavras saem quase que automaticamente.
- Estou. – disse, enquanto negava com a cabeça.
- Desculpa! – Eu sabia que ele deveria estar muito bravo. Ele não queria que ninguém soubesse sobre nós por enquanto.
- Obrigada, . Você foi muito útil. – ainda ria. – Beijos. Estou morrendo de saudades. – Ele disse antes de desligar o telefone.
- Estou com saudades também. Ei, pega leve com ele, por favor. – Eu pedi ao , pois sabia que ele colocaria o contra a parede agora.
- Deixa comigo. – desligou o celular.
- Feliz? – ergueu os ombros. Impressionante como era impossível esconder alguma coisa do .
- Estou feliz por vocês. – fez uma expressão meiga, que fez rolar os olhos.
- Para com isso. – segurou o riso.
- Então, é com ela que você... – pausou antes de concluir o final da frase. Seus olhos se arregalaram e a boca se abriu. – OH MEU DEUS. – Ele estava surpreso com a novidade.
- O que? – riu, impressionado em como o concluía rápido as coisas.
- Você tirou a virgindade da . – estava inconformado e chocado.
- Você falando assim faz tudo soar muito mal, sabia? – fez careta e negou com a cabeça.
- Caralho, quando o descobrir você vai morrer. – disse sem nem pensar.
- É por isso que você não vai contar pra ninguém, se não além de perder o seu amigo, você perder a sua vida, porque eu mesmo vou fazer questão de te matar. – fez aquelas suas ameaças bobas.
- Eu não vou contar. Não quero ser o responsável pela sua morte. – disse, causando ainda mais medo em .
- Cala a boca. Eu vou resolver isso do meu jeito. – tentou ignorar.
- Você e a sozinhos em Nova York. É claro! Como eu não pensei nisso antes? – ainda estava surpreso.
- Agora que você já descobriu o meu segredo, já sabe que a sua melhor amiga tem uma vida sexual mais ativa que a sua e que eu vou morrer em breve, eu vou embora. – precisava ir logo embora. – Eu vou levar o Buddy pra . É surpresa. – Ele explicou.
- Awn, você voltou a ser fofo. – fingiu uma voz engraçada.
- Palhaço. – mostrou o dedo do meio pro amigo, que gargalhou ainda mais.
- Ei, Buddy! Nos vemos por ai, ok? – curvou-se para olhar para o cachorrinho, que ainda estava nos braços do .
- Você é um idiota, mas você sabe que eu te amo, não é cara? – sabia que tinha que agradecer o amigo. – Obrigado por ter cuidado dele. – Ele estendeu a mão.
- Estou esperando o jogo na primeira fileira. – apertou a mão do amigo e eles novamente se abraçaram rapidamente.
- Estou providenciando isso. – avisou. – Obrigado mesmo. – Ele sorriu com carinho para o amigo.
- Sempre que precisar. – sorriu da mesma forma. – Eu disse isso mesmo? – Ele fez careta.
- Obrigado por guardar o meu segredo. Que bom que você foi o primeiro a saber. – deu alguns passos para trás.
- Eu sempre vou apoiar vocês. – avisou, acompanhando-o até a porta.
- Valeu mesmo. – apreciava o apoio que seu amigo sempre nos deu. – Nos vemos em breve. – Ele saiu para o lado de fora da casa.
- Manda um beijo pra . – pediu.
- Eu mando. – disse antes de sair andando em direção ao seu carro.
- Tchau, Buddy! – gritou, enquanto colocava o cachorro no banco do passageiro.

pediu seguidas vezes para que Buddy permanecesse no tapete do lado do passageiro. Buddy pareceu ter entendido o pedido. acenou para o amigo pela última vez antes de fechar a porta. entrou em seu carro e deu a partida. O seu caminho era novamente Nova York, mas dessa vez ele não estava sozinho.

- Ei, Buddy! Está pronto para reencontrar a ? – perguntou, olhando para o pequeno cachorro. A resposta de Buddy foram dois simples latidos.

Eu não fazia ideia de que o estava voltando para Nova York e muito menos que ele estava levando o Buddy com ele. Os meus planos daquele dia era chegar em casa, comer qualquer coisa e começar a estudar para uma das provas que eu teria na semana seguinte. Meg chegou até a me convidar para ir jantar na casa dela, mas eu tive que recusar. Eu tinha mesmo que estudar. Quando chegou no final do expediente, Meg se despediu e foi embora um pouco antes de mim, que acabei organizando e guardando alguns resultados de exames.

conseguiu chegar em minha casa quase uma hora antes de eu sair do trabalho, então ele teve tempo para se organizar. Como já o conhecia, Big Rob deu uma das chaves da casa para que o entrasse. Deixou o Buddy escondido no quintal e passou a preparar a sua surpresa. O tempo era mais do que suficiente para ele arrumar tudo, inclusive a si mesmo.

Eu sai do hospital um pouco mais de 7 horas da noite. Eu fui rapidamente até o estacionamento e assim que entrei no carro, eu travei a porta. Depois que aquelas ameaças começaram, eu nunca mais fui a mesma. Especialmente quando eu estou sozinha. Eu sempre acho que tem alguém me observando.

Dei partida no carro e segui em direção a minha casa. Eu estava cansada naquele dia, por isso, eu já estava planejando tomar um energético para me manter acordada naquela noite. Eu cheguei em minha casa e quando aproximava o meu carro da garagem, levei um susto ao ver o carro do lá. Não podia ser. Estacionei o carro e depois de descer dele, me aproximei do carro ao lado.

- É mesmo o carro dele. – Eu sussurrei, olhando dentro do carro. As luzes da casa estavam apagadas e eu deduzi que se tratava de uma surpresa. – Oi, Big Rob. – Eu passei por ele com um fraco sorriso.

- Boa noite, . – Big Rob me olhou como se dissesse ‘Você já sabe que ele está ai dentro, né?’.

Cheguei na porta de entrada e destranquei a porta. Fiquei até com receio de abri-la, pois imaginei que ele me assustaria. Abri lentamente a porta e no meio de toda aquela escuridão, eu enxerguei uma vela acesa. Foi impossível não sorrir e ficar toda boba. Eu fechei a porta atrás de mim e a tranquei. Coloquei a minha bolsa em qualquer lugar e me aproximei da vela acesa. Ao lado dela, tinha um pequeno envelope. Antes de abri-lo, olhei em volta e tentei enxergar o naquela escuridão. Eu não consegui. Abri o envelope sem saber o que esperar.

‘Procure a próxima vela!’ – O envelope me dava essa instrução e logo embaixo tinha uma seta indicando o lado esquerdo. Era a letra do . Eu quase morri de amores só com aquele envelope que não dizia nada demais. Eu conseguia sentir o perfume dele e também sentia um cheiro maravilhoso de comida, que eu não consegui identificar. A próxima vela estava na sala da jantar. A luminosidade me guiou até ela.

‘Sua mãe nunca te disse que não se deve ler no escuro? Acenda a luz!’ – A frase do envelope me fez rir sem emitir qualquer som. O era realmente um bobo muito adorável. Eu me afastei um pouco da vela, fui até o interruptor e acendi a luz. A primeira coisa que me chamou atenção foi a mesa de jantar posta. Eu não acredito que ele tinha feito um jantar pra mim. Antes que eu dissesse qualquer coisa, meus olhos foram cobertos por duas mãos. estava logo atrás de mim.

- Adivinha? – tentou mudar a sua voz e eu voltei a rir. Levei as minhas mãos até as mãos dele.
- Eu... não faço a menor ideia. – Eu menti, apenas para não acabar com a graça dele. – Espera. Eu já sei. – Eu tirei as minhas mãos das mãos dele e as levei para trás para que eu pudesse tocar o corpo dele. Para entrar na brincadeira, eu levei as minhas mãos até o quadril dele. – É o . – Eu afirmei com certeza agora. começou a rir e tirou as mãos dos meus olhos.
- Não acredito que fez mesmo isso. – sorria pra mim, quando eu me virei de frente pra ele.
- Você pediu que eu adivinhasse. – Eu ergui os ombros, fazendo cara de inocente.



- Vem aqui. – passou seu braço em torno do meu corpo e me puxou em sua direção. Toquei o seu rosto com as minhas duas mãos, enquanto selava os seus lábios.
- O que está fazendo aqui? – Eu interrompi o beijo, mas mantive a nossa proximidade.
- Surpresa! – ergueu os ombros, fazendo cara de menino travesso.
- A sua reunião foi cancelada? – Eu quis saber.
- Não. – sorriu fraco e negou com a cabeça. – Acho que não consigo ficar longe de você. – Ele ficou visivelmente sem jeito. A minha cara e o meu sorriso bobo demonstraram o quão sem palavras eu fiquei. Foi então que ele se aproximou e me roubou mais um beijo, que dessa vez acabou se aprofundando. Eu gostava do jeito que ele me tomava em seus braços, que fazia parecer que eu era propriedade dele. Eu gostava do jeito que ele me tocava e me mostrava que não me deixaria ir a lugar algum.

O nosso longo e maravilhoso beijo fez ter certeza de que voltar para Nova York naquela noite foi a melhor coisa que poderia ter feito. O jeito que o nosso beijo se encaixava perfeitamente fazia com que ele fosse ainda mais viciante. Aos poucos, o nosso beijo começou a dar indícios de que estava chegando em seu final. Os dentes de prendiam o meu lábio inferior e eu só conseguia sorrir com os meus olhos ainda fechados. Selei a boca dele pela última vez antes de fazer o mesmo com o seu lábio inferior. Ele riu, enquanto apertava ainda mais o meu corpo com os seus braços. Beijou o meu rosto carinhosamente e depois voltou a me olhar nos olhos.

- Não acredito que você fez o jantar, amor. – Eu deixei de olhá-lo para poder olhar para a maravilhosa mesa de jantar que ele havia colocado.
- Eu tentei fazer. – também olhou para a mesa de jantar.
- Eu adorei. – Eu segurei o seu rosto e depositei vários beijos em seu rosto. Ele fez careta em meio a risos. – Você está cheiroso e tão bem arrumado. – Eu olhei pra ele.
- Eu me arrumei pra você. – aproveitou para me mimar mais um pouco.
- Você está tão bonito e eu... estou assim. – Eu me senti mal. Nem banho eu tinha tomado.
- Você está linda. Eu adoro quando você está toda de branco assim. – sempre era muito gentil e puxa-saco. Não dava pra levar ele a sério.
- Você é uma graça, mas eu acho que vou subir e tomar um banho bem rapidinho. – Eu disse e vi ele fazer cara feia.
- Não precisa. – negou com a cabeça.
- Precisa sim. Me dá 10 minutos e eu volto. – Eu selei os seus lábios rapidamente, me desvencilhei de suas mãos e sai apressadamente em direção ao segundo andar.

Eu precisava me arrumar e estar bonita pro . Ele fez tudo com tanto carinho e pensou até nos detalhes. Eu não posso ficar vestida com essa roupa que eu estou usando desde manhã. Eu queria estar bem e cheirosa pra ele. Mesmo ele dizendo que não se importava com o jeito que eu me vestia.

Tomei um banho bem rápido e vesti um vestido curto bem simples. Deixei o meu cabelo solto e passei perfume. Eu estava tão feliz por ele estar ali. Eu estava feliz por ele ter me feito aquela surpresa. O estava sempre cuidando de mim, me dizendo coisas lindas e me fazendo surpresas. Eu era mesmo sortuda por ter alguém como ele.

Não cheguei nem a passar maquiagem. Eu apenas tomei banho, me arrumei e voltei a descer para o primeiro andar. Eu não queria deixá-lo esperando. Além disso, eu sabia que ele tinha feito o jantar e não queria que esfriasse. Eu estava com muita fome. Quando voltei para o andar debaixo, ele me esperava. estava apoiado na mesa e olhava para o alto da escada com aquele sorriso lindo. Parecia até que ele sabia que eu ia descer.

- Demorei? – Eu disse, parando em sua frente. Ele me olhou da cabeça aos pés daquele seu jeito desleixado.
- Eu nem deveria estar aqui. Qualquer tempo do seu lado é lucro pra mim. – sorriu fraco. Ele não tentou qualquer aproximação, então eu tive que fazer. Toquei o seu rosto com uma das minhas mãos antes de selar os lábios dele.
- Estou feliz por você estar aqui. – Eu disse assim que descolei os nossos lábios. Os olhos dele ainda estavam fechados, quando ele me segurou com seus braços e depositou um beijo no meu rosto e depois em meu pescoço. Eu me curvei, enquanto gargalhava. Eu ainda não havia me acostumado com a barba dele, que apesar de ser bem rala, me fazia muitas cócegas.
- Que cheiro bom. – disse baixinho, depois de afastara sua boca do meu pescoço.
- A sua barba ainda me faz cócegas. – Eu expliquei o motivo de ter me esquivado de seus beijos.
- A minha barba te faz cócegas? – fingiu que havia tomado aquilo como uma crítica e cerrou os seus olhos em minha direção. – Eu vou te mostrar o que são cócegas. – Antes de ele terminar a frase, eu já estava do outro lado da sala.
- NÃO COMEÇA! – Eu gritei, quando vi ele dar alguns passos na minha direção.
- O que foi? Eu não estou fazendo nada. – ergueu as mãos, demonstrando inocência. Ele não parava de rir.
- Nem pense nisso, ! – Eu fui ficando aflita, enquanto ele continuava se aproximando. Eu já estava colada na parede e não tinha pra onde correr. – Hey, pode ir parando ai! – Eu tentei falar sério, quando ele teve um surto repentino e começou a correr na minha direção. Eu só sei que eu sai correndo para um dos lados e comecei a rir, assim como ele. – NÃO! É SÉRIO! – Eu gritei, tentando impedi-lo, mas é claro que eu não consegui. me alcançou facilmente e me segurou com seus dois braços. – Não faz isso. – Eu pedi, enquanto ele me arrastava para o sofá. Ele me jogou lá e colocou o seu corpo por cima do meu. – É sério! Não faz isso... – Eu mal terminei a frase e ele já levou suas mãos até a minha barriga e começou a fazer cócegas.
- Fazer o que? – parou por poucos segundos. – Isso? – Ele voltou a fazer cócegas, enquanto eu me contorcia e ria como nunca.
- PARA! – Eu tentava ficar séria, mas as cócegas não me deixavam. Não demorou muito para que ele atendesse o meu pedido. Ele parou o seu rosto em frente do meu, enquanto eu parava aos poucos de rir. – Como você ousa!? – Eu tentei fazer cara de mal.
- Eu adoro o som da sua risada. – riu, antes de me roubar um longo selinho.
- Me fazer feliz não é suficiente? – Eu fiquei desconcertada e deixei um sorriso fraco escapar.
- Você... é feliz? – perguntou, olhando o meu rosto de bem perto. Ele gostou do que ouviu.
- Sou. – Eu afirmei, passando meus braços em volta de seu pescoço.
- Sabe o que vai te fazer ainda mais feliz? – perguntou retoricamente. – A surpresa que eu tenho pra você. - Ele esperou para ver a minha reação.
- Surpresa? – Eu já fiquei curiosa. – Você quer dizer... o jantar? – Eu achei que aquela fosse a surpresa.
- Não. Outra surpresa. – disse e eu já tentei adivinhar o que era através de seus olhos.
- Que surpresa é essa? – Eu perguntei com receio. O que será? Ele levantou-se do sofá e estendeu a mão pra mim.
- Vem. Eu vou te levar até ela. – me puxou e começou a me guiar para algum lugar.
- Pra onde estamos indo? – continuava segurando a minha mão e me puxando. Passamos pela sala de jantar e agora passávamos pela cozinha. Eu olhava em volta e tentava encontrar algo incomum, mas não conseguia ver nada. Paramos em frente a porta que dava acesso para o quintal, enquanto o a destrancava.
- Quase... – me avisou para que eu parasse de fazer perguntas. Ele destrancou a porta e me puxou lá para fora.
- O que é que tem aqui fora? – Eu não estava entendendo nada. Até agora eu não tinha visto nada demais. virou-se pra mim e me olhou com um enorme sorriso. Ele já havia visto o Buddy atrás de mim. – O que foi? – Eu perguntei, sem saber por que ele estava me olhando daquele jeito. Foi naquele momento que eu ouvi um fraco latido, que fez o meu coração parar. Eu não demorei nem mais um segundo para virar para trás e dar de cara com aquela criaturinha tão linda e pequena que eu estava morrendo de saudades. – Buddy.... – Eu sorri, já com os meus olhos cheios de lágrimas. Assim que me reconheceu, Buddy veio correndo em minha direção. Eu me ajoelhei no chão para poder recebê-lo em meus braços. Ele começou a lamber as minhas mãos e qualquer outra coisa que ele encontrava pela frente. – Oh, meu Deus! Você está enorme... e lindo. – Eu comecei a rir de toda a empolgação dele ao me ver. se sentou ao meu lado para observar a cena de mais perto.
- Olha como ele está feliz. – gargalhou, vendo Buddy parecer um maluco indo e vindo com o seu focinho em volta de mim. A voz de chamou a atenção do cachorro, que mudou o foco de sua atenção. – Ei, Buddy. – Ele sorriu, brincando com o cachorro.
- Eu ainda não acredito que ele está aqui. – Eu acariciei o corpo de Buddy, enquanto ele subia em cima do colo de . – Olha pra ele. – Eu me abaixei e aproximei o meu rosto do de Buddy. – É a coisa mais fofa que eu já vi. – Eu o segurei nas mãos e ambos nos encaramos por algum tempo. Parecia até que ele estava tentando falar comigo.
- Ele é seu. Sempre foi seu. – virou o seu rosto para me olhar. – Ele tem que ficar com você. Ele precisa de você. – Ele sorriu fraco, me fazendo olhar pra ele. – Nós precisamos de você. – A sua frase me fez esquecer por um segundo que o Buddy estava ali. Ele tinha feito tudo aquilo por mim. O fato de ele estar ali, o jantar e o Buddy... ele fez tudo aquilo por mim. Ele fez pra me fazer feliz. Tem como não amá-lo?
- Você não faz ideia do quanto tudo isso significa pra mim. – Eu disse, sem saber como agradecê-lo. – Você não sabe o que você significa pra mim. – Eu resolvi melhorar a frase. Ele deu aquele sorriso, que quase não deixava os seus dentes a mostra.
- Não sei mesmo. Porque você não me conta? – não se cansava de me ouvir dizer coisas sobre ele. Ele não se cansava de saber que eu estava louca por ele. Eu ri do quão bobo ele era. Coloquei o Buddy no chão e fui até o . Parei o meu corpo em frente ao dele e toquei o seu peito, enquanto o empurrava para trás. As costas dele estavam encostadas na grama e eu coloquei o meu corpo em cima do dele. Eu não estava completamente deitada sobre ele. Cada um dos meus joelhos estava de um lado do corpo de e ambos estavam apoiados na grama.
- Não sei se isso é uma boa ideia. – Eu disse, enquanto o via dar um enorme sorriso diante da minha atitude de deitá-lo no gramado. – O seu ego já é enorme. – Eu toquei um dos lados do seu rosto, enquanto beijava o outro lado.
- Você reclama, mas no fundo você gosta. Eu sei que gosta. – respondeu, enquanto recebia um beijo do outro lado do seu rosto.
- Você está errado. Eu odeio isso em você. – Eu parei o meu rosto bem em frente ao dele. Os nossos lábios quase se tocavam, mas os nossos olhos continuavam abertos. – Odeio o seu ego e esse sorriso que você sabe que me faz perder o chão. – Eu olhei para os lábios dele por alguns segundos, mas ele continuou olhando nos meus olhos. – Odeio o simples fato de você deixar o seu cabelo bagunçado só porque sabe que isso me deixa maluca. Odeio ainda mais o fato de me conhecer tão bem e conseguir me fazer as melhores surpresas. – Eu o olhava nos olhos. – Mas eu juro que te mataria se algum dia você mudasse ou deixasse de fazer qualquer uma dessas coisas. Eu gosto assim... eu não mudaria nada. – Eu disse antes de levar os meus lábios até os deles. Ele quis aprofundar o beijo e eu permiti. Segundos depois, o Buddy começou a latir seguidas vezes. interrompeu o beijo e me olhou com cara feia. Olhamos para o Buddy e ele parou de latir na hora.
- Você lembra das regras, Buddy? É a minha vez. Dá pra respeitar? – deu uma bronca no cachorro, o que me fez gargalhar.
- Tadinho. – Eu ainda ria, enquanto depositava um beijo no rosto de . – Você não tinha feito o jantar? Porque eu ainda não comi? – Eu perguntei, saindo de cima dele e me levantando.
- Já deve ter esfriado tudo. – estendeu as mãos para que eu o ajudasse a levantar. Segurei as suas mãos e o puxei com força para cima. – Eu vou esquentar. – Ele disse, enquanto íamos em direção a porta que dava acesso a casa.
- Vem, Buddy. – Eu chamei o cachorro para nos acompanhar.

esquentava a comida, enquanto eu brincava um pouco mais com o Buddy. Eu estava absurdamente feliz por revê-lo. Parecia até que eu tinha acabado de ganhá-lo. Parecia que era a primeira vez que eu o via. Eu estava boba e feliz. Brincamos por alguns segundos até ele cansar. Não demorou para que ele se aconchegasse no tapete da sala de estar e acabasse dormindo.

- Está pronto. – me chamou e eu levantei rapidamente. Eu estava faminta.
- O que temos aqui? – Eu me aproximei da mesa e observei o que ele tinha feito. Era uma massa coberta com um molho branco, que parecia ser delicioso. – Uau! Está com uma cara ótima. – Eu elogiei e o vi ficar todo feliz.
- Eu nunca fiz. Eu espero que tenha ficado bom. – estava receoso. Era a primeira vez que se aventurava na cozinha.
- E o que é isso? É vinho? – Eu perguntei ao ver uma taça cheia próximo ao meu prato.
- Você gosta? – fez careta. Ele não sabia se havia acertado.
- Eu adoro, mas... você sabe o quanto eu sou fraca pra bebida. – Eu o avisei. Como se ele já não soubesse.
- É, eu sei. – riu sem emitir som ao lembrar-se das minhas últimas bebedeiras.
- Está tentando me embebedar? - Eu cerrei os olhos em sua direção.
- Sabe que eu não preciso disso pra poder me aproveitar de você. – também cerrou os olhos.
- Você tem razão. Eu preciso parar de ser assim tão fácil. – Eu disse e a expressão dele mudou.
- Quer saber? Toma mais vinho. Toma a garrafa toda. – levantou-se e colocou o vinho do meu lado. Eu gargalhei com a sua atitude.

Nós começamos a jantar e a conversarmos. Entre uma garfada e outra, eu acabava tomando um gole de vinho. O vinho era tão bom e fraco, que eu não achei que ele faria tanto efeito. Eu não estava notando que estava começando a ficar um pouco alterada. Quando o percebeu, ele tirou a garrafa de perto de mim, mas parecia um pouco tarde. Mesmo parando de beber, o vinho continuava fazendo efeito. Como eu ia saber que isso aconteceria? Eu tomei no máximo umas três taças. Eu não costumava tomar com frequência.

- Não acredito que você ficou conseguiu ficar bêbada com vinho. – me olhou, depois de me ouvir falando besteira por uns 5 minutos.
- Bêbada? Que bêbada? – Eu o olhei com cara feia. – Eu não estou bêbada. Só estou um pouco... alegre. – Eu o corrigi. – Olha o meu sorriso. – Eu mostrei quase todos os meus dentes. – Viu? Esse é o meu sorriso de... pessoa alegre. – Eu fiz o mesmo sorriso.
- Não acredito. – me olhou, segurando o riso.
- Lembra do meu primeiro porre? Eu fiquei me insinuando pra você e falei até da sua bunda. – Eu comecei a rir sozinha. – Eu era tão idiota por que... eu queria muito te... agarrar e tirar a sua roupa, mas eu não podia porque eu era virgem e... muito inocente. – Eu comecei a contar com empolgação.
- Não me diga. – me ouvia atentamente com aquele riso no canto do riso.
- Juro! Eu era mesmo virgem. – Eu disse bem séria. – Hoje eu não sou mais, por que... você sabe... você, nós... – Eu apontei pra ele com um sorriso sedutor.
- É, eu meio que me lembro desse dia. – Ficava cada vez mais difícil do controlar o riso.
- Estávamos molhados por causa da água... que... – Eu mostrei com a mão.
- Da chuva, você quer dizer. – me ajudou.
- Isso! – Eu afirmei com um sorriso. – Como você sabe? – Eu olhei pra ele, surpresa.
- Eu... estava lá, lembra? – me olhava, incrédulo.
- Oh, é mesmo. Aliás... você estava ótimo naquele dia. – Eu pisquei um dos olhos pra ele. Tentei dar o meu melhor sorriso.
- É mesmo? – gostou do meu elogio.
- Não. Espera! Isso seria o que a antiga diria. – Eu fiz careta. – A de agora diria que você estava bem gostoso naquele dia. – Eu falei naturalmente. Vi as sobrancelhas dele arquearem de uma só vez em meio a um sorriso de surpresa. – Antes eu não falava muito essas coisas, porque eu ficava com vergonha, mas acho que já posso falar isso abertamente, já que nós fazemos sexo com muita frequência. – Eu ergui os ombros.
- É... – não aguentou e começou a rir. – Você tem razão. Já temos liberdade pra esse tipo de coisa. – Ele afirmou com a cabeça.
- Eu posso falar agora mesmo que você está MUITO gostoso sem problema algum. – Eu voltei a erguer os ombros.
- Acha mesmo? – voltou a tentar se controlar.
- Acho. Aliás, eu acho que.... – Eu me levantei da cadeira e consegui dar apenas dois passos antes de quase cair no chão. Eu só não cai porque o conseguiu me segurar a tempo. – Opa. – Eu comecei a rir. – As minhas pernas estão meio moles. – Eu continuava rindo, enquanto ele me levava até a cadeira. Eu sempre ouvi dizer que vinho costuma dar moleza nas pessoas e também as deixa alegres, mas eu não achei que fizesse efeito tão rápido.
- Senta aqui. – cedeu a sua cadeira para que eu sentasse.
- Não. Eu estou bem aqui. – Eu apoiei uma das mãos na mesa de jantar e fiz com que ele sentasse na cadeira novamente.
- Eu já disse que você está gostoso? – Eu disse ao vê-lo de mais perto.
- Já. – sorriu, sem acreditar que havíamos voltado naquele assunto.
- Eu acho que devíamos subir e fazer sexo. – Eu tentei dar um sorriso sedutor. Ele deu de novo aquele riso de surpresa. O vinho tinha despertado a minha completa sinceridade.
- Eu... acho que não vai dar. – parecia se lamentar.
- E se eu pegar essa água e jogar em mim? – Eu quase peguei uma jarra de água que estava sobre a mesa, fazendo referência a minha primeira vez. salvou a jarra a tempo.
- Não! Não precisa. – colocou a jarra longe de mim.
- Você... não quer? – Eu o olhei, séria.
- Eu quero muito, mas não com você nessas condições. – fez careta. Era muito difícil negar aquele tipo de coisa pra mim.
- Nessas condições? Eu só estou um pouco alegre e... mole. – Eu rolei os olhos. – O que que tem? Se você estivesse mole... isso sim seria um problema. – Eu disse e ele começou a gargalhar. – Eu estou falando sério. – Eu o segurei pelo braço e o fiz levantar. Ele ficou de pé na minha frente. – Eu só acho que não vou conseguir desabotoar a sua calça. Tudo bem se você desabotoar? – Eu perguntei e ele não conseguia acreditar que aquilo era sério.
- Amor, tudo bem fazermos isso outro dia. – segurou o meu rosto com as suas duas mãos e selou os meus lábios.
- Você veio de Atlantic City até aqui. Eu não quero te decepcionar porque eu estou um pouco... - As minhas pernas ficaram repentinamente moles e eu quase cai novamente.
- Opa. – me segurou na hora certa.
- Um pouco mole. – Eu completei a minha frase.
- Você não vai me decepcionar. – achou fofa a minha preocupação. – Se eu tivesse que vir pra Nova York só pra te ver por 5 minutos, eu viria do mesmo jeito. – Ele me explicou.
- Você é mesmo lindo, sabia? – Eu sorri fraco.
- Vem. Eu vou te levar pro quarto. Você precisa deitar. – segurou a minha mão e começou a me puxar em direção a escada. Quando cheguei no primeiro degrau, olhei pra cima e vi outras 4 escadas. Eu estava meio zonza.
- Eu acho que... não vou conseguir subir. Eu to meio... – Eu olhei pra escada, fazendo cara feia.
- Eu te levo. – me pegou em seus braços antes que eu dissesse qualquer outra coisa. Eu passei meus dois braços em volta de seu pescoço e apoiei a minha cabeça em seu ombro.

subiu a escada comigo em seus braços. Aquelas taças de vinho realmente me derrubaram. Eu não sei se juntou com o meu cansaço, mas eu estava destruída. Cheguei a cochilar por poucos segundos com a cabeça apoiada no ombro do . Os meus olhos se fechavam involuntariamente. Eu acordei quando ele me colocou deitada na cama. Sem que eu pedisse, foi até o meu guarda-roupa e pegou o meu pijama. Eu estava parecendo um zumbi na cama, então ele mais uma vez fez o inesperado. Ele tirou o meu vestido com todo o cuidado e me ajudou a vestir o pijama. Ajudou não, ele fez isso sozinho. Eu não me lembro de mais nada daquela noite. Eu apaguei completamente.

A minha dor de cabeça me acordou bem cedo na manhã seguinte. Quando abri os olhos, eu nem me lembrava de como tinha ido parar ali. Eu também não me lembrava de ter vestido o meu pijama. O estava dormindo ao meu lado como um anjo. A claridade do quarto só fazia os meus olhos arderem e a minha dor de cabeça aumentar. Então, eu tive que mantê-los fechados por algum tempo. Eu tentei me obrigar a dormir mais um pouco, mas eu só ficava virando de um lado para o outro na cama e acabei acordando o .

- Ei, você está bem? – Ouvi a voz dele e me xinguei mentalmente por tê-lo acordado.
- Sim, eu só estou.... – Eu fiz careta ao abrir um pouco os meus olhos.
- De ressaca. – completou a minha frase.
- Não acredito que bebi tanto na noite passada. – Eu neguei com a cabeça.
- Você não bebeu! Isso é que é estranho. – sorriu, me olhando. A cabeça dele ainda estava sobre o travesseiro.
- Essa dor de cabeça está me matando. – Eu levei uma das mãos até a cabeça.
- Você quer que eu vá comprar algum remédio? – propôs.
- Eu tenho um remédio na cozinha. – Eu disse, tentando me lembrar onde eu havia colocado.
- Eu vou buscar. – levantou-se na mesma hora.
- Eu acho que está na primeira gaveta da bancada. – Eu disse sem ter certeza.
- Ok. Eu já volto. – levantou-se e foi até a cozinha. Encontrou o remédio exatamente onde eu havia dito. Voltou para o quarto com o remédio e um copo de água em mãos. – Aqui está. – Ele sentou-se ao meu lado na cama.
- Obrigada. – Eu me sentei na cama e peguei o copo e o remédio de suas mãos. Tomei o remédio e devolvi o copo de água pra ele. Ele o colocou sobre o criado-mudo e voltou a se deitar ao meu lado.
- Eu não devia ter te deixado beber aquele vinho. – culpou-se pela minha ressaca.
- Não foi culpa sua. – Eu consegui sorrir fraco pra ele. – Eu sinto muito se estraguei a nossa noite. – Eu me lamentei.
- Você não estragou. – não queria que eu me culpasse.
- Como eu vim parar aqui? E como eu vesti o meu pijama? – Eu perguntei, curiosa para saber o que tinha acontecido.
- Eu te trouxe e vesti o pijama em você também. – explicou, me vendo fazer careta. Que vergonha!
- Não acredito. – Eu neguei com a cabeça. – Isso quer dizer que você me viu seminua? – Eu fingi estar ofendida.
- Eu juro que não espiei nada. – disse, me arrancando um sorriso. Nós rimos um para o outro e depois ficamos algum tempo em silêncio.
- Eu acho que não vou para a aula hoje. – Eu disse, vendo o horário. Estava quase na hora de começar a me arrumar.
- É melhor você ficar aqui descansando mesmo. – achou que era a melhor coisa a ser feita.
- Não está na hora de você ir pra Atlantic City? – Eu perguntei, pois não queria que ele se atrasasse.
- Eu acho que vou ligar para o trabalho e desmarcar a reunião. Eu não quero te deixar sozinha. – Ele ainda demonstrava preocupação.
- Não! Imagina. Pode ir. Eu só preciso dormir um pouco e eu vou estar nova em folha. – Eu jamais prejudicaria o trabalho dele.
- Tem certeza? Eu posso ficar e cuidar de você. – propôs e eu me perguntei como ele conseguia ser tão maravilhoso?
- Eu adoraria, mas eu não vou deixar você perder a sua reunião. Eu vou ficar bem. Eu prometo! – Eu me aproximei e beijei o seu rosto.
- Está bem. – sabia que não conseguiria me fazer mudar de ideia. – Eu vou me arrumar, então. – Ele voltou a se sentar na cama. – Se você ainda não estiver bem hoje a noite, nós marcamos um outro dia para ir na casa do meu pai. – se levantou. Foi até a sua mala e pegou algumas peças de roupas.
- Nós vamos sim. Eu com certeza já vou estar bem. – Eu já tive outras ressacas e sabia que o remédio me ajudaria.

foi ao banheiro e se arrumou para ir direto para a reunião. Ele insistiu mais um pouco para ficar, mas eu insisti que ele fosse. Ele foi praticamente a força e prometeu voltar no começo da noite. Depois que o saiu, eu avisei a Meg que não iria para a faculdade naquele dia e voltei a deitar. Eu sabia que se eu dormisse, eu acordaria melhor. E foi exatamente isso que aconteceu. Eu dormi até o horário do almoço e quando acordei eu estava muito melhor.

- Hey, Buddy. – O cachorro fez uma festa quando me viu descer a escada. – Que saudades eu estava de você. – Eu disse, enquanto brincava com ele. – Você está com fome, não é? – Eu deduzi, já que ele não havia comido desde a noite passada.

Eu me arrumei e levei o Buddy comigo até um shopping de animais que tinha ali na região. No caminho, a minha mãe me ligou e disse que pretendia ir me visitar naquele final de semana. Como o vai estar na minha casa, eu tive que inventar uma desculpa para fazer com que ela e o meu pai desistissem de vir. Então, eu disse que passaria o final de semana todo estudando loucamente para uma prova e que não poderia aproveitar a presença deles. A minha mãe desistiu da visita e disse que tentaria vir na semana seguinte. Ufa!

Buddy e eu chegamos no shopping e fomos direto no local em que ficavam as rações. Passamos pelos acessórios, que eu não pretendia comprar agora porque eu não tinha tanto tempo, já que eu queria entrar mais cedo no trabalho para poder sair um pouco mais cedo. Eu não sabia qual das rações era a mais adequada, então um dos funcionários me auxiliou. O fato do Buddy estar comigo ajudou na hora do vendedor escolher a ração indicada para ele.

Nós voltamos para casa com um pouco de pressa. Corri me arrumar para o trabalho e antes de sair dei a ração para o Buddy, que mal me viu sair. Eu estava realmente melhor da minha ressaca. Talvez o meu estomago ainda não estivesse 100%, mas eu não tinha mais tonturas e nem sentia moleza.

Quando cheguei no trabalho, Meg ainda não tinha chegado. Por ter chegado mais cedo, eu poderia sair mais cedo. Isso era ótimo, pois eu não queria que eu e chegássemos atrasados na casa do Steven. Meg chegou algum tempo depois e logo começou a me contar que eu não tinha perdido nada de muito importante nas aulas daquele dia. Eu também expliquei pra ela resumidamente o motivo de eu não ter ido a aula e a vi ficar muito preocupada. Ela não sossegou até ter certeza que eu estava bem.

O horário de trabalho passou bem rápido naquele dia. Não sei se foi impressão ou foi porque eu cheguei mais cedo naquele dia. O mesmo aconteceu com o . Ele teve que discutir alguns assuntos sobre o contrato do Yankees. Surgiu uma nova ideia e pretendiam mostrar o projeto para os gestores antes da reunião definitiva que eles teriam no sábado, ou seja, teria que levar esse novo projeto para o Yankees no dia seguinte para que na reunião de sábado, esse novo projeto entre em pauta e seja discutido entre os gestores.

Eu consegui sair do trabalho umas 5 horas da tarde. Essa foi mais ou menos a hora que o também saiu de Atlantic City para voltar para Nova York. Antes de ir para casa, eu passei novamente no shopping de animais e comprei alguns acessórios e brinquedos para o Buddy. Comprei uma casinha e uma cama para que ele pudesse dormir. Comprei alguns ossos de brinquedo e até mesmo uma coleira com o nome dele.

Eu cheguei em casa louca para mostrar as novidades para o Buddy. Estacionei o carro e quando fui até a porta já fui levando a casinha e a cama que eu havia comprado. Assim que eu abri a porta, Buddy começou a latir e a me rodear. Era incrível ter alguém me esperando em casa. Coloquei a casinha e a cama do Buddy no canto da sala. Depois encontraria o melhor lugar para colocá-las.
- Olha, Buddy! – Eu peguei ele em minhas mãos e o coloquei em frente a sua casinha. – Você tem uma casinha agora. Essa cama também é sua. – Eu passei a mão sobre a cama, que parecia extremamente confortável. – Você gostou? – Eu perguntei e ele respondeu com alguns latidos. – Gostou da sua nova casa? – Eu voltei a pegá-lo e o trouxe para perto do meu rosto. Ele era a coisa mais fofa do universo. Eu não conseguiria mais ficar longe dele. – Eu tenho mais uma surpresa pra você. Eu só vou tomar um rápido banho e te mostro. – Eu falava com ele como se ele realmente me entendesse.

Buddy ficou no primeiro andar brincando e mordendo a sua nova cama, enquanto eu subi para tomar banho. Eu não pretendia me arrumar já para ir até a casa do Steven, então eu vesti uma roupa qualquer depois de sair do banho. Penteei o meu cabelo e voltei a descer para o primeiro andar. Buddy ainda estava entretido com a sua nova cama, o que me fez rir.

- Ei, Buddy! Vem! – Eu me agachei e esperei que ele viesse até mim. Ele veio e eu o peguei nos braços. – Vamos pegar a sua surpresa. – Eu me dirigi em direção a porta.

O brinquedo que eu havia comprado para ele ainda estava no carro, então eu o levei até o carro comigo. O Buddy nunca foi desses cachorros que fogem e não voltam nunca mais. O Buddy era muito agitado, mas só em lugares que ele conhecia e em lugares fechados. Então, eu não tive problema em colocá-lo no chão ao lado do carro, enquanto eu pegava o osso que eu havia comprado. Eu estava tão distraída com o Buddy, que não notei que o Mark tinha acabado de chegar e estava estacionando o carro na garagem da sua casa.
- Olha o que eu comprei pra você. – Eu me agachei e mostrei o osso para o Buddy. Ele olhou para a minha mão, perguntando-se o que era aquilo. Eu acho que ele nunca tinha brincado com um osso antes. – Você não vai pegar? – Eu balancei o osso de um lado para o outro e ele pareceu mais interessado. De longe e já fora do carro, Mark observava a cena. Ele perguntava-se se eu tinha comprado um cachorro novo, pois não se lembrava de eu mencionar um cachorro antes. Depois de notar que o carro de não estava na garagem, ele resolveu se aproximar. – Pega, Buddy. – Eu joguei o osso e o Buddy foi correndo pegar. Foi então que ele descobriu a verdadeira utilidade daquele osso. Ele começou a brincar e a morder o osso com empolgação. Eu fiquei feliz por ele finalmente ter demonstrado interesse. – Você gostou, não é? – Eu fui até o Buddy e acariciei os seus pelos, enquanto ele continuava dando atenção ao osso.
- Eu não conheço esse garoto. – Mark disse, enquanto mantinha-se parado há alguns passos de mim.
- Oi... Mark. – Eu levei um mega susto, pois não o vi chegar. – Você não teve a oportunidade de conhecê-lo, né? – Eu deixei de olhá-lo para olhar para o Buddy. – Hey, Buddy! – Eu chamei o cachorro e ele me olhou na mesma hora. – Vem aqui. Eu quero que conheça uma pessoa. – Eu o peguei nas mãos e o coloquei em frente ao Mark. – Esse é o Mark. – Eu disse, vendo o cachorro observar em silêncio aquela pessoa que ele nunca tinha visto.
- É um prazer te conhecer, Buddy. – Mark sorriu para o cachorro, que ganhou o seu coração no primeiro segundo. Ele era muito fofo! Acariciou a cabeça do cachorro, que rapidamente cedeu aos seus encantos e se aproximou para cheirá-lo. – Eu gostei do nome. – Ele sorriu pra mim. – Você o comprou recentemente? – Ele quis saber.
- Não. Eu ganhei do há alguns meses. – Eu disse e ele se arrependeu na hora de ter perguntado. Eu também fiquei sem jeito em falar. – Eu fiquei algum tempo sem vê-lo e agora ele veio pra ficar. – Eu tirei o do nosso assunto.
- Ele é uma graça. – Mark sorriu, vendo Buddy se deitar para receber os seus carinhos.
- Ele gostou de você. – Eu também sorri. O Buddy era mesmo muito folgado.
- Somos amigos agora não é, Buddy? – Mark perguntou e o pequeno cachorro continuava rolando na grama.
- Olha como ele é folgado. – Eu comecei a rir da atitude dele.
- O bom é que você não vai ficar mais tão sozinha. Você tem um fiel companheiro agora. – Mark deixou de olhar para o Buddy para me olhar.
- Ele é o meu cão da guarda agora. – Eu ironizei e nós dois rimos.

Mark e eu ainda estávamos agachados frente a frente e Buddy estava no chão entre nós. Foi exatamente essa a cena que o viu, quando chegou com o carro e o estacionou na vaga ao lado do meu carro. Mark o viu primeiro que eu, já que eu estava de costas. O olhar dele para o carro atrás de mim me fez olhar para trás. Naquele segundo, tudo perdeu a graça. O sorriso sumiu do meu rosto e eu fiquei de pé quase que imediatamente.
- Bacana. – engoliu seco e suspirou longamente em seguida. Ele ainda estava dentro do carro convencendo-se a não surtar. Não valia a pena surtar, porque ele já fez isso antes e isso só serviu para nos fazer brigar. Ele não queria brigar. Abriu a porta do carro e a primeira pessoa a abordá-lo foi o Buddy. – Ei, amigão. – sorriu ao ver o pequeno cachorro se esforçar para pular em seu colo. Só o fato do Buddy ter deixado o Mark falando sozinho, já melhorou o seu humor.
- Eu acho que eu... já vou indo. Eu tenho que resolver umas coisas. – Mark levantou-se a apontou em direção a sua casa. Eu sabia que era uma desculpa. A presença do não o deixava confortável.
- Tudo bem. – Eu sorri fraco. Aquilo me deixava um pouco triste sim. Não era com o ou com ele, mas sim com aquela situação extremamente desconfortável. Eu e o Mark costumávamos ser bons amigos e agora ele e o cara que eu amo não podem nem ao menos ficar na mesma sala. Eu não posso falar com um sem decepcionar o outro. Eu não podia me aproximar de um, sem ter que me afastar do outro. Nenhuma das opções me deixava inteiramente feliz.
- Eu adorei conhecer o Buddy. – Mark sorriu e abaixou a cabeça. Nos olhamos por poucos segundos e parece que nossos olhares disseram um ao outro que aquilo não nos fazia feliz. Ele não estava feliz por ter que se afastar e eu não estava feliz por afastá-lo. O carinho que ele demonstrou pelo Buddy só me fez adorá-lo um pouco mais.
- Eu te vejo por ai. – Eu dei um passo para trás, pois temia ganhar um beijo no rosto. Isso sim faria a terceira guerra acontecer na varanda da minha casa. Ainda próximo ao carro, brincava com o Buddy, mas estava atento a minha conversa com o Mark.
- Eu espero que sim. – Mark colocou as mãos no bolso e deu alguns passos para trás antes de virar de costas e se afastar de vez.

Eu sabia que agora eu teria que enfrentar o . Eu tinha quase certeza de que ele viria com 5 pedras na mão. Eu deixei de observar o Mark se afastar e me virei na direção que o estava. O Buddy estava com ele e eu acabei me aproximando sem esperar o que estava por vir. Me aproximei do seu carro e da porta do motorista, que estava aberta. O estava sentado no banco com as pernas viradas para o lado de fora e os pés estavam sobre o gramado que tinha em frente a minha casa. Apoiei uma das minhas mãos na porta aberta e parei em frente a ele. Eu sorri espontaneamente ao vê-lo brincar carinhosamente com o Buddy.

- Oi. – Eu disse meio receosa. Ele levantou a cabeça e depois levantou-se do carro.
- Oi, amor. – se aproximou e selou os meus lábios. A minha primeira reação foi de surpresa. Oi? Eu o olhei em meio a um sorriso surpreso.
- Como foi... a reunião? – Eu me recompus rápido antes que ele notasse.
- Foi entediante como sempre. – fez careta. – Você está melhor? – Ele perguntou, preocupado.
- Sim. Estou bem melhor. – Eu fiquei feliz com a pergunta.
- Que bom. Eu estava preocupado. – sorriu fraco e eu o olhei com carinho.
- Está pronto para conhecer a casa do seu pai? – Eu perguntei, vendo um enorme sorriso surgir em seu rosto.
- Na verdade... não. – abaixou a cabeça e olhou para a sua roupa.
- Eu já tomei banho e só falta eu me arrumar. Acho que dá tempo de você tomar banho e se arrumar também. – Eu sugeri, enquanto caminhávamos em direção a casa.
- Dá tempo e sobra! – brincou e eu o empurrei levemente para o lado. Recolhi o brinquedo do Buddy do chão e o levei para dentro.

Confesso que a reação do diante da minha proximidade com o Mark me surpreendeu. Eu fiquei feliz sim, mas fiquei ainda mais surpresa. O que estava acontecendo? Era alguma piada? Eu tinha a impressão de que ele era uma bomba relógio prestes a explodir. Alguma hora, ele vai surtar. Não é possível! Não teve nem cara feia e nem indiretas sobre o Mark. Nada!

A realidade é que o teve que se esforçar muito para fingir que nada havia acontecido. Ia ser a mesma coisa de sempre: ele ia insultar o Mark, eu ia defendê-lo, nós íamos brigar e depois acabaríamos no acertando. Não valia a pena. Mesmo que o ódio pelo Mark corroesse cada parte do seu corpo. Ele se segurou para não termos que brigarmos mais uma vez. O fato de o Mark ter conquistado até o Buddy também o deixava furioso!

Como o previsto, terminou de se arrumar antes de mim. Ele vestiu apenas uma calça jeans, tênis, uma camiseta comum e por cima um moletom cinza. Ele me esperava lá embaixo, enquanto Buddy fazia companhia. Eu caprichei um pouco mais (VEJA AQUI) , pois queria causar uma boa impressão para o meu sogro. Ele era o pai do e eu queria que ele gostasse de mim. O Steven era extremamente importante para o , então ter a simpatia dele era mais do que uma obrigação.

- Até você, Buddy? – conversava seriamente com o Buddy na sala. – Não é possível que só eu ache esse cara um idiota. – Ele esbravejou, colocando o Buddy em frente ao seu rosto. Ele referia-se ao Mark.
- Desculpa a demora. – Eu interrompi a conversa ao descer apressadamente as escadas. – Nós podemos ir. – Eu parei próxima a ele.

Arrumamos a casinha e a cama para que Buddy ficasse confortável, enquanto estávamos fora. ficou impressionado com a roupa que eu vesti, pois achou que era só uma simples visita. Sentiu-se até mal por estar vestindo um simples moletom, mas a verdade é que ele ficava um charme de moletom. Me lembrava a nossa época de ensino médio.

Seguimos para a casa do Steven. Deixamos Buddy alimentado e deixamos água para o caso dele ficar com sede. Fomos com o carro do e eu fui auxiliando-o durante o caminho, já que ele não conhecia muito bem Nova York. O endereço do Steven estava em minhas mãos e também tinha um GPS para me ajudar. A casa de Steven não ficava tão longe, mas também não ficava perto. Eu conhecia um pouco o lugar, porque já fui em uma festa com a Meg ali na região há alguns meses.

- Acho que é aqui. – Eu olhei através do vidro do carro.
- Espera. Eu... conheço essa casa. – A casa não parecia estranha para o e isso o intrigou imediatamente.
- Conhece? – Eu o olhei, surpresa.
- Nossa! Eu acho que era a casa da minha avó. – não tinha certeza do que estava dizendo. Visitou poucas vezes a sua avó paterna.

Não me surpreendia nem um pouco. O cara ficou escondido por anos! Se esconder em um lugar que, apesar de abandonado, é da sua família era genial! Ele basicamente não precisou entrar em contato com ninguém para poder se instalar ali. Nem ao menos com a imobiliária. Era mesmo genial! Descemos do carro e fomos andando em direção a casa, que por sinal era bem grande. Grande demais para apenas um homem. No meio do caminho, segurou cuidadosamente uma das minhas mãos. Segurar a mão dele sempre me deixava feliz, pois me lembrava de quando nós namoramos.

- Olá! Achei que não viriam mais! – O pai deu um enorme sorriso ao abrir a porta e nos ver.
- Você sabe como são as mulheres, não é? – apontou a cabeça pra mim, enquanto sorria. Eu fiquei extremamente sem graça, mas consegui sorrir.
- Eu sei bem. Entrem. Fiquem a vontade! – Steven virou de costas e deu alguns passos. Eu e entramos na casa e fechamos a porta. Aproveitei que Steven estava de costas e olhei pro , fazendo uma cara feia. Eu já estava tímida perto do pai dele e ele ainda fica me sacaneando na frente dele? Seja menos, Jonas!
- Então... – disfarçou quando o seu pai voltou a nos olhar. – Eu já estive nessa casa, certo? – Ele queria ter certeza.
- Você era bem pequeno. Essa era a antiga casa da sua avó. – Steven confirmou.
- Eu não sabia que parte da sua família era daqui de Nova York. – Eu olhei pro , tentando não ficar de fora do assunto.
- Os meus pais tinham essa casa aqui, mas nós ficávamos mais em Atlantic City. Costumávamos vir aqui em época de férias. – Steven me explicou.
- É um bom lugar pra se esconder. – foi obrigado a admitir.
- É! Meus pais deixaram a casa pra mim quando eles morreram. – Steven voltou a explicar.
- Eu me lembro da minha mãe falar sobre uma casa em Nova York que você tinha deixado pra nós no seu testamento. Ela até falou em vender, mas ela... acabou deixando isso pra lá. – recordou-se bem.
- Ela nunca gostou muito daqui. Ela nunca fez questão de ficar com essa casa. Foi por isso que eu escolhi ficar aqui esse tempo todo. Eu sabia que ninguém me encontraria aqui. – Steven sentou-se ao nosso lado no sofá.
- Deve ter sido muito difícil pra você ficar todo esse tempo isolado nesse lugar. – Eu tentei demonstrar que eu me importava.
- Foi bem difícil, mas saber que a minha família está bem faz toda a diferença pra mim. – Steven olhou com carinho para o filho. – Olha o sorriso no rosto desse garoto. – Ele apontou a cabeça em direção ao filho. Eu virei o meu rosto para olhar para o . O sorriso dele aumentou.
- Ela é totalmente culpada. – me olhou e eu senti o meu rosto corar. Meu braço estava quase enganchado ao dele e ele segurava a minha mão.
- Onde vocês se conheceram? – Era mais do que normal um pai querer saber detalhes do relacionamento do filho. Eu e o nos olhamos e pensamos o quão complicado seria explicar aquilo.
- Bem... – Eu nem sabia como começar.
- Pai, se lembra da última coisa que você me disse na noite do acidente? – achou ter conseguido um jeito melhor de explicar aquilo.
- É claro que eu me lembro. – O pai parecia curioso e interessado.
- Você falou sobre uma garota que eu iria conhecer e que eu amaria do mesmo jeito que você amava a minha mãe. – recordou-se da frase. – Você estava falando dela, pai. – Ele apontou a cabeça pra mim.
- Estava? – Steven não entendeu.
- Eu a conheci naquela noite. Ela... estava no carro que bateu no nosso carro naquela noite. – revelou de uma vez.
- Não acredito! – Steven mostrou-se surpreso. – Mas que coincidência, não é? Parece até que eu estava prevendo o que ia acontecer. – Ele disse com um enorme sorriso.
- Depois ele se mudou para a mesma escola que eu estudava e... acabou acontecendo. – Eu pulei a minha perda de memória. Não valia a pena contar.
- Isso é ótimo! Ela me parece uma boa menina. – Steven me olhou e depois olhou discretamente para as nossas mãos, que continuavam dadas. – Ela também é muito bonita, filho. O sorriso dela... me trás boas recordações. – Ele disse e parecia em êxtase vendo o seu pai aprovar uma coisa que era tão importante pra ele.
- Boas lembranças? É mesmo? – Eu olhei para o Steven, tentando entender a sua frase.
- Espero que tenha interpretado isso como um elogio, porque essa era a minha intenção. – Steven achou que pudesse ter sido grosseiro.
- É claro. Obrigada. – Eu notei que ele ignorou a minha pergunta, então resolvi deixar isso para lá.
- E então, vamos conhecer a casa? – Steven levantou-se do sofá e eu e o fizemos o mesmo.

Steven nos mostrou todos os cômodos da casa, que por dentro não parecia tão grande quanto por fora. A decoração da casa era bem antiga, considerando que a casa pertencia a avó do . Apesar de alguns quadros estranhos, a casa era uma graça. Parecia ser bem confortável e muito bem limpa. acabou se lembrando de alguns cômodos da casa, mas não conseguiu se lembrar de outros, que acabaram sendo modificados ao longo dos anos.

- Agora que vocês já conheceram o meu esconderijo, acho que nós podemos jantar. Vocês estão com fome? – Steven nos levou de volta para a sala.
- Você cozinha agora, pai? – o olhou com uma careta engraçada.
- Não fale assim. Eu sempre fui muito esforçado na cozinha. – Steven defendeu-se em meio a risos.
- Eu ainda tenho alguns traumas de infância por causa da sua comida. – brincou e ambos riram.
- Mentira, Steven! O cheiro está maravilhoso. – Eu entrei na conversa para defender o Steven, que com certeza havia se esforçado para fazer aquele jantar.
- Viu? Ela tem muito bom gosto. – Steven sorriu pra mim.
- Ela é muito puxa-saco. Isso sim! – brincou e eu voltei a ficar sem graça.
- Não é nada disso. O cheiro está mesmo bom. – Eu fiz cara feia pro e depois voltei a sorrir para o Steven.
- Bem, o jantar não vai ser tão maravilhoso quanto o que comemos naquele restaurante. – Steven lembrou-se da comida memorável que comeu na última vez que estivemos juntos.
- A adora aquele restaurante, mas não vamos lá com tanta frequência. – explicou rapidamente.
- Como eu já disse, você tem muito bom gosto, . – Steven voltou a me elogiar. – Você deve conhecer alguns bons restaurantes aqui na cidade, não é? – Ele me olhou um pouco mais sério.
- Ela tem muitos dons, mas cozinhar não é um deles, sabe? Então, ela conhece sim vários restaurantes. – piscou um dos olhos para o pai, porque sabia que eu ficaria brava.
- Quer parar de falar isso? Agora o seu pai deve achar que você passa fome na minha casa. – Eu tentei fazer cara feia para o , mas o sorriso me entregou.
- Os restaurantes são bem mais práticos, certo? – Steven disse para que eu não ficasse sem graça.
- Exatamente! – Eu concordei com ele e rolou os olhos.
- Eu e a temos isso em comum. Eu também prefiro os restaurantes. – Steven disse.- Você tem algum pra me indicar, ? – Ele me olhou intensamente.
- Tem tantos.... – Eu tentei pensar em algum.
- Talvez algum que você tenha ido recentemente. – Steven cruzou os braços, me olhando com muita atenção. O jeito com que ele falou me chamou atenção. Parecia que ele estava tentando me dizer alguma coisa.
- Eu... – Eu tentava entender o que estava acontecendo ali. – Eu não consigo pensar em nenhum agora. – Eu completei a frase com um sorriso desconfiado. O jeito que o Steven me olhou me causou algumas estranhezas que eu não conseguia explicar.
- Eu não vou mais enrolar vocês. Vamos jantar. – Steven disfarçou e afastou-se, nos guiando até a mesa de jantar.

Aquilo ficou na minha cabeça o resto da noite. Cada vez que o Steven me olhava, parecia que ele estava querendo me dizer alguma coisa. Ele e o compartilhavam histórias sem fim e eu apenas escutava. Às vezes eu me pegava olhando para ele, me perguntando o que é que tinha de errado.

- Ela foi aceita em uma das melhores universidades de medicina do país. – adorava ficar contando isso pra todo mundo. – Eu te disse naquele dia, não é? – Ele perguntou.
- Você me contou! Isso é incrível. Meus parabéns, . – Steven voltou a sorrir pra mim. – Os seus pais devem estar muito orgulhosos. – Ele completou.
- Eles estão sim. É uma pena que eu tenha que ter ido pra longe deles pra viver esse sonho. – Apesar do que estava acontecendo, eu tentava agir naturalmente.
- Eles ficaram em Atlantic City? – Steven perguntou. Já tínhamos acabado de jantar.
- Ficaram. Eu vim sozinha para cá. – Eu expliquei sem tantos detalhes.
- Eu duvido que tenha se sentido sozinha. Você deve ter feito grandes amigos aqui, não é? – Mais um olhar estranho e uma frase que mais parecia uma indireta. Oi? – Quer dizer, você é uma garota incrível. É difícil não ter encontrado amigos aqui. – Ele completou.
- Sim, eu fiz alguns amigos, mas... eu também deixei alguns em Atlantic City. – Aquilo passou a me incomodar. Eu não sabia o que era.
- Você iria adorar conhecê-los, pai. O irmão dela é um dos meus melhores amigos. – queria que o pai soubesse de tudo da sua vida.
- Namorando a irmã do seu melhor amigo, hm? – Steven sorriu, malandro.

A conversa entre pai e filho durou mais algum tempo. Eu não me intrometia muito na conversa, mas Steven tentava me trazer para os assuntos a todo o momento. Ficamos lá até 10 horas da noite mais ou menos. começou a mostrar algumas fotos para o pai, mas não deu muito tempo de mostrar todas as pessoas importantes de sua vida, pois percebeu que eu estava quieta demais e achou melhor irmos embora. Ele deduziu que eu estava com sono e lembrou que eu trabalharia no dia seguinte. Pai e filho se despediram com abraços, que chegaram a me fazer sorrir. Eu também ganhei um abraço de Steven, que disse estar muito feliz por eu ter ido até lá com o .

Chegamos no carro e não conseguia disfarçar a sua felicidade com tudo o que estava acontecendo em sua vida. Eu estava mais do que feliz por ele, mas eu achei que não conseguiria compartilhar daquele momento com ele, pois eu estava um pouco chateada. Os olhares e frases de Steven estavam em minha cabeça e eu estava certa de que ele não tinha gostado de mim. Isso me deixou muito chateada mesmo. Ele era uma pessoa muito importante para o e eu não consegui fazê-lo gostar de mim. Steven claramente se esforçou para que o filho não percebesse, mas eu notei que ele não via em mim a garota que ele sonhou para o filho durante todos esses anos. Eu sentia que não era o suficiente para o agora.

- Está tudo bem? – tocou uma das minhas coxas e virou o seu rosto para me olhar. Ele me acordou de um transe sem fim. Ele estranhou o meu silencio ensurdecedor.
- Está sim. – Eu levei a minha mão até a dele, que ainda acariciava uma das minhas coxas e dei um fraco sorriso pra ele. não era bobo e sabia muito bem que eu estava mentindo, mas não me forçaria a contar nada. Mais cedo ou mais tarde, ele descobriria.

O meu silencio o incomodava. queria saber o que tinha me deixado daquele jeito. Seria alguma coisa relacionada ao seu pai? Só poderia ser, já que o meu comportamento mudou de uma hora para outra. Eu não sai da casa do Steven do mesmo jeito que eu entrei. Alguma coisa parecia estar errada para o . Ele chegou a pensar que pudesse ter falado alguma coisa que tivesse me incomodado, mas o jeito que eu estava agindo com ele demonstrava que ele não era o problema.

Eu ficava tentando entender o que o Steven estava tentando insinuar com todas aquelas frases e olhares estranhos, mas eu não conseguia entender. O que será que eu fiz para que ele não gostasse de mim? Ou será que ele simplesmente achava que eu não era a melhor pessoa para o filho dele? Eu queria respostas, mas nem sempre existem respostas. Steven pode não ter gostado de mim simplesmente porque não foi com a minha cara. Acontece, não é? Esse é o meu caso com a Amber. Nós nunca gostamos uma da outra por motivo algum. Nós simplesmente não fomos com a cara uma da outra. Só que uma coisa é a Amber não gostar de você. Outra coisa é o pai do seu ‘namorado’ não gostar de você. O tinha a admiração de todos da minha família. Todos gostavam dele! Eu queria que todos que fossem importantes pra ele gostassem de mim também. A me adorava e a mãe do também, mas Steven não gostava. Eu senti através do seu olhar.

- Tem certeza que não quer me contar porque você está desse jeito? – perguntou quando chegamos na minha casa.
- O Buddy está dormindo. – Eu sussurrei e aproveitei para fugir da resposta. É claro que o percebeu.
- Hey! – me chamou, quando eu estava prestes a subir a escada. Eu parei, respirei fundo e me virei para olhá-lo. – Qual o problema? – Ele segurou a minha mão e me puxou pra perto. Ele tentava descobrir a resposta através dos meus olhos.
- Eu só estou cansada. – Eu neguei com a cabeça e forcei um sorriso para convencê-lo. – Está tudo bem. – Eu toquei o seu rosto e selei brevemente os seus lábios.
- Está bem. – pararia de insistir, já que percebeu que eu não queria mesmo falar.
- Eu vou subir e vou dar uma estudada na minha apostila. Eu tenho uma prova na semana que vem. – Eu disse antes de selar os lábios dele mais uma vez.
- Eu tenho que dar uma lida em uns documentos também antes de levar para a gerência do Yankees amanhã. – fez careta.
- Eu te espero lá em cima. – Eu apontei a cabeça em direção a escada. Eu sabia que ele ainda iria trancar a casa e ligar o alarme.

Honestamente, eu não sabia por que aquilo estava me deixando tão mal. Eu não sou a primeira e nem serei a última nora que não foi aprovada pelo sogro. Quem se importa? Eu gosto do e não do Steven! Quem tem que gostar de mim é o ! Me irritava o fato de eu me importar tanto com tudo e com todos. O Steven não fez a menor diferença no meu relacionamento com o até hoje, porque ele faria agora? Não é como se o fosse me abandonar porque o pai dele não gostou de mim. Quer saber mesmo o motivo de todo esse meu mal estar? No fundo, eu sabia o que aqueles olhares e aquelas indiretas queriam dizer. Eu só não queria enxergar.

Troquei a roupa e vesti o meu pijama. Encovei os meus dentes e fui para a cama com a minha apostila. Eu não estava nem um pouco a fim de estudar, mas eu precisava! A prova da semana que vem não seria fácil e eu não podia me dar ao luxo de estudar as vésperas da prova. Coloquei alguns travesseiros apoiados na cabeceira da cama e apoiei as minhas costas neles. Era melhor eu não ler deitada ou acabaria dormindo.

terminou de trancar a porta, apagou todas as luzes e subiu para o segundo andar. Ainda não era 11 horas da noite, então estava cedo demais para dormir. Entrou no meu quarto e me viu estudando. Eu nem sequer olhei para ele, pois estava concentrada. tirou a sua roupa ali mesmo e colocou apenas um shorts, que ele costumava usar para dormir. Eu notei ele me olhando o tempo todo, mas eu me obrigava a não ceder. Ele cansou de esperar que eu lhe desse atenção, então simplesmente pegou alguns papeis em sua pasta e os levou para a cama. deitou na mesma posição que eu, mas do lado inverso. Ele juntou algumas almofadas ao lado das minhas pernas e se deitou. Eu estranhei o fato de ele deitar de frente pra mim, mas deduzi que ele apenas queria se manter longe para não me atrapalhar.

Ficamos em silêncio algum tempo. Eu continuava lendo a minha apostila e o analisava os documentos da conta do Yankees. Eu fiz questão de colocar a apostila em frente ao meu rosto para não correr o risco de olhar pra ele e perder a concentração. fez o mesmo por puro orgulho. Bem, o orgulho não durou tanto tempo. O silêncio dele me chamou atenção e me fez abaixar um pouco a minha apostila para olhá-lo. Fiz isso da forma mais discreta, mas tive o azar de fazer isso justo no momento que ele fazia o mesmo. Nossos olhares se cruzaram por poucos segundos. Eu cheguei a sorrir, mas não percebeu, pois a apostila tampava parte do meu rosto e só deixava os meus olhos a mostra. Continuamos trocando olhares como se fossemos dois adolescentes que tinham acabado de se conhecer. Ele escondia-se atrás de suas folhas e eu atrás da minha apostila.

Quando eu finalmente resolvi dar um basta naquele flerte juvenil e me concentrar novamente na matéria que eu estava tentando estudar, deu um jeito de voltar a chamar a minha atenção. Os dedos dele começaram a subir pelas minhas pernas como se fossem formiguinhas. Eu não o olhei, mas acabei sorrindo escondida atrás da minha apostila. Os dedos dele pararam quietos por algum tempo e logo depois voltaram a subir as minhas. estava tentando chamar a minha atenção de qualquer jeito. Resolvi ceder novamente e voltei a olhá-lo por cima da minha apostila. Ele também me olhava e parecia sorrir com os olhos. Eu odiava quando ele fazia isso! Tentei novamente focar somente na minha apostila e não demorou nem um minuto para eu sentir a cama se mover. Eu me mantive firme mesmo percebendo que ele se aproximava. apareceu do meu lado antes mesmo do que eu esperava. Eu continuei sem olhá-lo apenas para deixá-lo ainda mais louco. Meus olhos estavam na apostila, mas eu já não estava lendo mais nada.

- Vai mesmo me ignorar desse jeito? – aproximou o seu rosto do meu pescoço e depositou um beijo.
- Eu preciso estudar anatomia. – Eu segurei o riso e me esforcei para ceder as investidas dele. Naquela altura, eu estava fazendo aquilo só para irritá-lo.
- E se eu disser que posso te ajudar com uma aula prática? – aproximou o seu rosto do meu e ficou me olhando de bem perto. Eu deixei escapar um sorriso no canto do meu rosto, mas não me atrevi a olhá-lo.
- Tentador, mas eu tenho mesmo que estudar. – Eu disse uma coisa, mas o meu sorriso dizia outra.
- Eu duvido que você consiga falar isso olhando pra mim. – notou que eu estava evitando olhá-lo. Ele me conhecia bem.
- Não vou olhar pra você. – O meu sorriso aumentou e ele riu sem emitir som. Uma das mãos dele tocou um dos lados do meu rosto, enquanto ele depositava beijos no meu pescoço. Os beijos subiram pelo meu queixo e chegaram em minha bochecha.
- Não faz isso. – Eu neguei com a cabeça sem conseguir parar de sorrir. Os beijos dele me arrepiavam da cabeça aos pés. – É sério, . – Eu tentei voltar a olhar para apostila, mas ele pegou ela da minha mão. Eu ainda sorria, quando ele colou os seus lábios no meu. Ele colocou a apostila de qualquer jeito sobre o criado-mudo.
- Achou que ia me ignorar e ia sair ilesa disso? – cerrou os olhos em minha direção, colocando suas pernas em cada lado do meu corpo e ficando em cima de mim. Eu ri sem emitir som e antes que eu respondesse qualquer coisa, ele me beijou. Eu correspondi ao seu beijo, enquanto ele puxava o meu corpo para baixo para que eu me deitasse inteiramente na cama.

Esses momentos que nós tínhamos fazia o meu coração disparar como nunca. Era como estar vivendo os meus filmes de romance favoritos. Nem parecia que era real. Nem parecia que esse tipo de coisa estava acontecendo com uma simples garota de Atlantic City. O nosso beijo nem chegou a ser intensificado, pois ele era interrompido constantemente com os nossos sorrisos dados em horas erradas.

- Esses momentos com você.... – interrompeu o beijo para dizer aquilo olhando nos meus olhos. – Eu não trocaria por nada. – Selou longamente os meus lábios, enquanto entrelaçava os seus dedos em meu cabelo e o afastava do meu rosto. – Você é perfeita pra mim. – Ele sussurrou, usando a ponta do seu nariz para brincar com a ponta do meu.
- Será que o seu pai também acha isso? – Eu aproveitei para falar sobre aquele assunto que continuava martelando na minha cabeça.
- O que? – afastou um pouco o seu rosto, pois ficou surpreso por eu ter falado do seu pai.
- É que.... – Eu neguei com a cabeça. Eu me sentia meio boba por ter que falar isso em voz alta. – Eu acho que o seu pai não gostou tanto de mim. – Eu deixei de olhá-lo nos olhos.
- Porque você acha isso? – disse com um sorriso de incompreensão. Agora ele sabia o motivo da minha mudança de comportamento repentina e o meu silêncio durante a volta para casa.
- Eu não sei. Eu só... – Eu ergui os ombros. Eu não conseguiria explicar nem se eu quisesse.
- Ele disse alguma coisa que... – Eu nem deixei que ele terminasse a frase.
- Não! É claro que não. Ele foi incrível, mas... eu acho que ele não gostou tanto de mim. – Eu forcei um sorriso para que aquilo não soasse tão dramático.
- Deixa de ser boba! É impossível ele não ter gostado de você. – achou aquilo o maior absurdo.
- Porque impossível? – Eu não achava que fosse tão impossível assim.
- Porque você faz o filho dele feliz. – respondeu sem hesitar. – Que pai pode não gostar da pessoa que mais faz o seu filho feliz? – Ele perguntou e eu demorei para conseguir responder.
- Acha mesmo isso? De verdade? – Eu queria ouvir ele dizer que sim para que eu me convencesse de que foi coisa da minha cabeça.
- Sabe o que eu acho? Eu acho que a opinião dele é totalmente irrelevante pra mim. Se ele gostar de você... ótimo! Eu vou achar maravilhoso! – dizia me olhando nos olhos daquele seu jeito doce. – Se ele não gostar, não importa! Eu gosto de você e nada e nem ninguém pode mudar isso. Nem mesmo o meu pai. – Ele sorriu, quando viu a minha expressão de apreensão.
- Eu sei disso, amor. – Eu abri um enorme sorriso e acaricie o seu rosto, que estava tão próximo ao meu. – Eu só queria que ele gostasse de mim. – Eu desabafei.
- Ele gostou de você! Olha, eu conheço ele muito bem e te garanto que ele te achou incrível! Tira isso da sua cabeça, ok? – pediu, pois não queria que isso me deixasse mal. Era algo totalmente sem fundamento pra ele.
- Ok. – Ele conseguiu me convencer e me ajudou a tirar um pouco daquela coisa ruim que eu sentia.
- Agora, eu preciso te fazer um convite. – mudou completamente de assunto.
- Um convite? – Eu já fiquei curiosa.
- Sim. – riu com a minha tamanha curiosidade. – Amanhã tem uma festa de gala em comemoração ao aniversário do presidente do Yankees. Eles me convidaram. – Ele explicou com cautela.
- E você quer que eu vá com você. – Eu deduzi logo de cara.
- Sim, eu quero que você vá comigo. – confirmou o que eu já sabia. – Essas festas são muito chatas e eu adoraria que você estivesse lá comigo. – Ele parecia um pouco sem graça por estar pedindo.
- Uma festa cheia de caras engravatados e mulheres requintadas e metidas. Que tipo de convite é esse? – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- Isso é um sim? – fez careta.
- É claro que é! – Eu disse e o vi ficar todo feliz.

O convite de me fez esquecer completamente o Steven. Na mesma hora, eu comecei a fazer planos e cheguei a conclusão de que eu teria que comprar um vestido novo para ir naquela festa de gala. Eu tenho vários vestidos sim, mas nenhum tão requintado para tal evento. Além disso, eu acompanharia o na festa. Eu não podia ir de qualquer jeito, certo?

Eu passei o resto da noite falando pro do tipo de vestido que eu teria que comprar. É claro que ele acabou dormindo em meio a minha empolgação. Ele não era a pessoa mais indicada para me ouvir falar daquele tipo de assunto. As minhas amigas eram as melhores pessoas para me ajudarem, mas já que elas não estavam presentes eu teria que recorrer a Meg.

acordou naquela manhã certo de que me levaria para a faculdade, mas eu achei melhor ir sozinha para que eu pudesse dar uma passada no shopping na hora do almoço para tentar encontrar um bom vestido. Isso quer dizer que também dispensei o almoço com ele, mas ele até achou uma boa ideia, pois teria que ir até o escritório do Yankees para apresentar o novo projeto. A reunião de confirmação da nova campanha de publicidade da marca Yankees seria decidida naquele sábado, portanto, todos os projetos tinham que ser apresentando antes.

Buddy demorou para me deixar ir para a faculdade naquela manhã. Ele queria brincar e quando eu ameaçava sair, ele começava a chorar. O osso milagroso que eu havia comprado pra ele acabou me salvando. Era só ver o osso que ele se esquecia de mim. Me despedir do foi um pouco mais fácil do que no dia anterior. Ele me avisou que a reunião com a gerência do Yankees seria praticamente na mesma hora da festa. O salão que a empresa alugou era enorme e no andar de cima tinha uma sala enorme de reunião. Após a reunião, que com certeza seria breve, os gerentes pretendiam descer e já ficar na festa. faria o mesmo se não tivesse que ir me buscar. Para agilizar a sua volta a festa, decidiu ir para a reunião pronto. Depois ele só passaria me buscar. Foi assim que combinamos.

Foi tudo muito corrido naquele dia. Eu tive que fazer a Meg sair um pouco mais cedo da aula comigo para irmos ao shopping encontrar uma roupa pra mim. Fomos ao shopping mais próximo e fomos entrando nas primeiras lojas que íamos encontrando. Eu não sabia ao certo o que vestir. Meg dizia que eu tinha que ir bem ousada para chamar a atenção de todos. Eu acabei decidindo por um modelo mais clássico. Eu não queria chamar atenção, mas eu também não queria passar despercebida.

Ao passar pela quarta loja, eu encontrei o vestido perfeito (VEJA AQUI)! Era exatamente o que eu estava querendo. Parecia ter sido feito para a ocasião. A Meg disse que o vestido foi feito pra mim. Deu tudo muito certo. Eu provei e ele caiu como uma luva! Eu não precisaria arrumar e nem ajustar nada.

Com o vestido em mãos, corremos para comer alguma coisa e irmos para o trabalho. A minha ansiedade para sair logo daquele shopping devia-se as lembranças ruins da última vez que eu estive ali. Foi naquele shopping que eu recebi aquela ligação anônima, que me ameaçava por algum motivo que até hoje eu não descobri. Aliás, acho que nem vou descobrir porque as ameaças pararam. Isso me deixava muito mais aliviada.

Não chegamos atrasadas, mas foi por pouco. O meu plano inicial era chegar mais cedo para poder sair mais cedo do trabalho para ter tempo para me arrumar, mas pelo jeito não ia dar. A hora acabou passando muito rápido e a quantidade de trabalho me distraiu de tal forma, que fiquei até um pouco além do meu horário. Sai do hospital as pressas e dirigi o mais rápido que eu pude até a minha casa. Corri para tomar banho, enquanto o Buddy implorava a minha atenção.

- Desculpa, Buddy! Eu estou muito atrasada. – Eu sorri com tristeza, passando a mão pelos seus pelos.

O relógio mostrava que eu tinha apenas meia-hora para terminar de arrumar. Eu tinha que ser muito rápida dessa vez. Vesti o meu vestido novo e comecei a me maquiar. Parei de me maquiar por alguns segundos para secar o meu cabelo e arrumá-lo. Prendi apenas um de seus lados e deixei o outro lado cair sobre o meu ombro. Com o cabelo pronto, eu voltei a focar na maquiagem, que exigiu o meu total esforço. Eu não queria nada muito pesado, pois o meu vestido era branco. Usei apenas cores claras na maquiagem e fui um pouco mais ousada na escolha dos acessórios. Optei por um colar com uma pedra grande, que ganhei do meu pai na minha formatura do ensino médio. Os brincos eram um pouco mais discretos. Coloquei as minhas sandálias brancas, que praticamente não ficariam em evidência por causa do comprimento do vestido. O último passo foi o perfume, que o vivia dizendo que gostava.

Pela primeira vez, eu estava pronta antes mesmo do chegar. Eu desci as escadas e tentei conter a minha inquietação. Eu não estava acostumada a esperar. Além disso, eu ainda não tinha certeza se eu estava vestida adequadamente para aquela festa. Eu não costumo ir nessas festas de negócios. Os meus vestidos longos sempre eram usados nos bailes da escola ou em algum casamento. Era a minha primeira vez em uma festa de gala, então não sabia se estava simples ou arrumada demais. Morri de vontade de enviar uma foto para as minhas amigas para saber a opinião delas, mas isso faria todas desconfiarem do que estava acontecendo entre eu e o .

Não demorou até que eu ouvisse o carro do estacionar em frente a minha casa. Depois de ir até a janela para confirmar que era ele, eu apaguei rapidamente as luzes e abri a porta. Tranquei a porta sem olhar para ele, que ainda estava dentro do carro terminando de dar o nó em sua gravata borboleta. Me afastei da porta e me virei em direção ao carro dele. Dei alguns passos e comecei a andar um pouco mais devagar, quando percebi que ele estava saindo do carro. Parei no meio do caminho e passei a observá-lo sair do carro, mantendo toda a sua atenção na sua gravata. não tinha certeza se havia dado o nó corretamente. Ele não era muito bom nisso. deu a volta no carro e depois de abotoar o seu smoking, ele levantou o seu rosto e finalmente percebeu que eu estava há alguns passos dele. me olhou e os seus olhos pareceram sorrir pra mim. O meu sorriso tímido certamente demonstrou o quão sem graça eu estava. Dei alguns passos em sua direção até chegar e parar na frente dele. Os olhos dele me analisaram durante o caminho.

- E então? – Eu perguntei com um fraco sorriso antes de dar uma lenta volta para que ele me analisasse por completo. O olhar extremamente doce e o sorriso no canto do rosto dele não foram suficientes para me responder.
- Você está... – negou com a cabeça sem conseguir encontrar uma palavra boa o bastante para usar. – Maravilhosa. – Ele completou em meio a um fraco suspiro. As palavras dele me fizeram ficar um pouco mais aliviada. ainda me olhava sem acreditar no quão incrível eu estava. Ele não imaginou que eu ainda pudesse surpreendê-lo tanto.
- Você também está muito bonito. – Eu tentei devolver o elogio mesmo estando um pouco sem jeito. Eu nunca me acostumava com aquele jeito que ele me olhava, que fazia com que eu me sentisse tão especial. – Eu adorei o smoking. – Eu aproximei uma das minhas mãos da gravata que ele usava e a endireitei. não conseguia tirar os seus olhos do meu rosto, que agora estava um pouco mais próximo do dele.



- O que foi? – Eu também passei a olhá-lo de mais perto. Ele anda distribuía olhares por todo o meu rosto.
- Você não faz ideia do quanto você está linda. – olhou nos meus olhos e eu pude sentir o meu rosto corar.
- Obrigada. – Eu sorri, enquanto abaixava a minha cabeça na esperança de que ele não notasse o quão sem jeito eu estava. É claro que ele notou e é claro que ele usaria os seus truques para fazer com que eu me sentisse mais a vontade. segurou a minha mão e me puxou lentamente para mais perto dele. A sua atitude me fez voltar a olhá-lo. – Tenho que causar uma boa impressão para os seus chefes. – Eu apoiei uma das minhas mãos em seu ombro e voltei a olhar em seu rosto.
- Como assim? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Acha que eles vão gostar de mim? – Eu mantive o meu rosto em frente ao dele e me esforcei para não rir do seu ciúmes forçado.
- Espero que não. – afirmou sério e eu o encarei com a mesma expressão. Aos poucos o sorriso foi aparecendo no rosto de ambos. – Eu senti a sua falta hoje. – Ele disse quando se deu conta do quanto adorava as nossas brincadeiras bobas.
- Eu também senti a sua falta. – Eu respondi, tentando conter o meu sorriso diante da frase que ele havia acabado de me dizer. Subi uma das minhas mãos até a lateral direita do seu rosto, enquanto me aproximava para selar os seus lábios. A mão dele tocou a minha cintura, quando ele imaginou que o beijo seria aprofundado e foi nesse momento que eu fui obrigada a interrompê-lo. – Não dá. – Eu fiz careta. – Vai sair todo o meu batom. – Eu disse, vendo ele me olhar com cara feia.
- Bem... – deixou de me olhar para ver as horas no relógio em seu pulso. – Não tem problema se chegarmos um pouco atrasados na festa. – Ele voltou a me olhar. – Acho que dá tempo de eu tirar o seu batom, o seu vestido e... – foi dizendo daquele seu jeito malandro.
- ... – Eu rolei os olhos em meio a um sorriso.
- Não? Ok. – afirmou como se nada tivesse acontecido. Em meio ao meu julgamento, ele aproximou inesperadamente e roubou um rápido selinho. Afastou-se em seguida, mas continuou segurando a minha mão. começou a me puxar em direção ao seu carro e eu o acompanhei com um enorme sorriso no rosto.

Chegamos no carro e fez questão de abrir a porta pra mim. Me ajudou a entrar no carro, enquanto eu segurava com cuidado parte da pequena calda do meu vestido. O local da festa não ficava tão longe da minha casa. Como eu disse, o Yankees alugou um salão enorme para dar aquela festa. O local era bem conhecido na cidade.

Mesmo não estando atrasados, foi difícil encontrar uma vaga para estacionar o carro. O local tinha estacionamento, mas as vagas que sobraram estavam um pouco longe demais. só desistiu quando eu disse que não tinha problema se nós estacionássemos longe e andássemos até lá.

Andamos um pouco a pé até a entrada do salão. Enganchei um dos meus braços em um dos braços do , pois fiquei com medo de virar o pé no meio do caminho. Eu segurava a calda do vestido com a outra mão. Chegamos na porta do salão, deu os nossos nomes ao recepcionista, que tinha uma lista em mãos. Eu ajeitei rapidamente o meu vestido e soltei a calda. O meu braço continuava entrelaçado ao de , enquanto esperávamos o recepcionista encontrar os nossos nomes na lista. A nossa entrada foi logo liberada e nós adentramos o salão lado a lado. Algumas pessoas nos olharam. Todos pareciam pessoas importantes e até mesmo intimidadoras. As mulheres estavam muito bem vestidas e os homens usavam praticamente o mesmo terno.

- Não sei se estou pronta para lidar com toda essa pressão de ser a acompanhante do publicitário mais famoso da região. – Eu sussurrei discretamente próximo ao seu ouvido. Ele sorriu, achando graça.
- E eu não sei se estou pronto para ser o publicitário mais famoso da região. – disse próximo ao meu ouvido.
- Champanhe? – Um garçom nos interrompeu.
- Sim. Obrigada. – Eu peguei uma taça e o pegou outra. – E então, qual desses é o seu chefe? – Olhe discretamente em volta, enquanto tomava o primeiro gole do meu champanhe.
- Está difícil encontrar alguém aqui que não seja o meu chefe. – segurou o sorriso, sendo discreto.
- Está falando sério? – Engraçado como tudo pareceu muito mais intimidante depois dele ter me dito aquilo.
- A maioria são gerentes do Yankees. – explicou, tomando um gole do seu champanhe. – Aquele que está próximo da porta e está rodeado de puxa-sacos é o presidente do Yankees. – Ele disfarçou, sem querer chamar atenção.
- Está falando daquele senhor que está vindo na nossa direção? – Eu sussurrei, olhando pro com um sorriso nervoso.
- Fica calma. Ele é gente boa. – devolveu o sorriso discreto e logo fomos abordados pelo tal presidente.
- Eu não sabia que já havia chegado, rapaz. – O senhor que aparentava ter uns 65 anos olhou para o . O presidente não estava na reunião daquele dia, portanto, eles não tinham visto um ao outro ainda.
- Eu acabei de chegar. Também não tinha visto o senhor. Como está? – estendeu a mão, que foi apertada pelo senhor. Ele me olhou como se quisesse que o me apresentasse. Como ele não havia me apresentado ainda, então fiquei sem saber como reagir.
- Oh, desculpe. – sorriu, sem jeito. Os olhos do senhor sobre mim fizeram ele deixar o nervosismo de lado e se dar conta de que precisava me apresentar. – Essa... – Ele me olhou de forma doce e com um fraco sorriso. – Essa é a . – Eu dei o meu melhor sorriso para o senhor na minha frente. – Ela... – hesitou continuar a frase, pois não sabia se era o momento certo de dizê-la. O presidente do Yankees o olhou, esperando que ele concluísse a sua frase. – Ela é a minha namorada. – A frase dele me fez olhá-lo com surpresa. Namorada? Wow!
- É um prazer. Aliás, meus parabéns. – Em meio ao meu nervosismo e instabilidade devido ao que eu tinha acabado de ouvir, eu estendi a minha mão em direção ao chefão. Ele sorriu e apertou a minha mão com as suas duas mãos.
- Obrigado! E o prazer é todo meu. – O senhor sorriu pra mim com uma extrema simpatia e depois olhou para o . – Desculpe não ter perguntado como você está, . Quando eu vi essa bela garota ao seu lado achei que não fosse necessário. É impossível não estar bem em tão boa companhia. – Ele piscou um dos olhos para o e eu senti as minhas bochechas corarem.
- O senhor tem toda a razão. – devolveu o sorriso bem humorado e me olhou rapidamente apenas para ter certeza que eu estava morrendo de vergonha.
- Aproveitem a festa. – O presidente tocou um dos ombros do e deu alguns leves tapas.
- Feliz aniversário. – estava se esquecendo do principal.
- Muito obrigado. Com licença. – Ele me olhou com extrema educação. Eu dei um último sorriso, vendo ele se afastar.
- Ok, isso foi meio constrangedor. – Eu voltei a ficar de frente pro . Acho que eu ainda estava corada.
- Oh, meu Deus! Ele estava mesmo dando em cima de você? – sorriu, demonstrando perplexidade. – Eu deveria acabar com ele. – Ele disse em um tom mais baixo em meio a risos.
- Deixa de ser bobo. Ele só estava sendo gentil. – Eu segurei o riso antes de tomar mais um gole do champanhe.
- Na minha frente? – cerrou os olhos pra mim.
- Oh, é mesmo. Eu tinha me esquecido que agora eu sou a sua namorada. – Eu devolvi os mesmos olhos cerrados e o vi negar com a cabeça.
- Eu não faço ideia do que você está falando. – desconversou, segurando o riso.
- Não faz, né? Que bom! Porque não houve pedido de namoro algum, o que faz de mim a garota mais livre e desimpedida dessa cidade. – Eu o provoquei e ele fingiu me fuzilar com os olhos.
- É mesmo? Isso é ótimo porque eu conheço um cara que se interessaria por você. – fingiu falar sério, mas ele não conseguia me enganar.
- Jura? E como ele é? – Eu demonstrei interesse. Havia um sorriso no canto do meu rosto.
- Bem, ele é bonitão, sabe? Boa pinta. Cara de galã. – começou a se descrever com toda a sua modéstia.
- E o que mais? – Eu me mantive séria, demonstrando interesse .
- Bem sucedido. – disse, me arrancando um sorriso.
- Modesto? – Eu perguntei e ele também sorriu.
- Na maior parte do tempo. – afirmou, esforçando-se para voltar a ficar sério.
- E ele sabe cantar? Sabe como é, né? O meu ex-namorado cantava e eu acabei ficando um pouco exigente demais. – Eu fiz careta e ele voltou a segurar o riso.
- Ouvi boatos que ele pode ser o mais novo integrante do ‘One Direction’. – ergueu os ombros. Eu não aguentei e tive que rir.
- Não brinca! – Eu ainda ria, enquanto o via tomar mais um gole do champanhe.
- Vê se não espalha. – sussurrou e eu neguei com a cabeça, sem acreditar no quão idiota e lindo ele era.
- Ciumento? – Eu perguntei, curiosa pela sua resposta.
- Quase nada. – negou com a cabeça com aquela sua cara de malandro.
- E como são as ex-namoradas dele? Eu tenho um sério problema com ex-namoradas. – Eu fiz uma pergunta mais capciosa.
- Elas não têm importância alguma, mas ele me disse que a última foi um problema. Era meio mimada, sabe? – fez careta, me fazendo cerrar os olhos em sua direção.
- Sei. – Eu afirmei, fingindo estar brava.
- Mas ele também me disse que mesmo sendo mimada, ela era a garota mais incrível que ele já conheceu. – corrigiu, tentando me manipular e melhorar a sua situação. Ele conseguiu.
- Entendi. – Eu reprimi um sorriso, pois não queria dar o braço a torcer. – Eu tenho só mais uma pergunta sobre ele. – Eu disse, aproximando a minha boca de um de seus ouvidos. Fiz isso da forma mais sutil, afinal, estávamos em uma festa de gala.
- Qual é mais ou menos o tamanho da bunda dele? – Eu sussurrei e ouvi ele gargalhar silenciosamente.
- Olha, eu não costumo ficar olhando para as bundas dos homens, mas a dele costuma fazer muito sucesso entre as mulheres. – ainda ria um pouco.
- Então, eu com certeza vou gostar dele. – Eu brinquei e nós dois acabamos rindo juntos.
- Que bom quem você está aqui. – A risada dele se transformou em um lindo sorriso. – Olha pra esse lugar. – Ele deixou de me olhar para olhar a sua volta. – O que eu faria sem você aqui? – completou, voltando a me olhar.
- Estou feliz em estar aqui e poder fazer parte desse momento especial da sua vida. – Eu sorri fraco, enquanto ele me olhava todo sério. Em meio a um gesto de carinho, ele aproximou a sua mão da minha e a segurou. Depois de entrelaçar os nossos dedos, aproximou nossas mãos de seu rosto e beijou o lado superior da minha mão. O meu sorriso tímido e o olhar, que também parecia sorrir pra ele o fazia ficar ainda mais encantado. Nossos dedos continuaram entrelaçados, quando um dos gerentes nos surpreendeu.
- Então, é ela? – O gerente disse, fazendo eu e o olharmos pra ele.
- Hey! Sim, é ela! – achou graça da forma que o gerente nos surpreendeu. Era o mesmo gerente que havia emprestado a chave do parque.
- Ele fala muito de você. – O gerente sorriu pra mim e eu voltei a ficar sem graça.
- É mesmo? Espero que tenham sido só coisas boas. – Eu olhei discretamente pro e o gerente achou graça.
- Foi ele quem me emprestou as chaves do parque. – explicou, pois sabia que eu estava meio perdida.
- Oh, sim! Foi incrível conhecer o parque. Eu agradeço pelo empréstimo das chaves. – Eu tentei ser o mais simpática e adorável possível.
- Fico feliz em ter ajudado de alguma forma. – O gerente sorriu, apontando para nós dois juntos. – E você, garoto? Como está? – Ele estendeu a mão em direção ao .
- Tudo ótimo e com o senhor? – apertou a sua mão.
- Estou ótimo também. – O gerente disse, pegando uma taça de champanhe que um dos garçons passou servindo. – Olhem só pra isso. – Ele apontou a cabeça em direção ao outro lado do salão, onde alguns casais dançavam a música ambiente. – Em todas as festas eles estão lá dançando. Parece até que foram contratados para fazer isso. – O gerente disse em tom de deboche e eu e o rimos para não sermos indelicados. – E vocês, não dançam? – Ele perguntou.
- Não. – afirmou prontamente.
- Sim. – Eu respondi junto com o , criando uma situação um pouco desagradável. Eu e nos olhamos e sorrimos para tentar descontrair.
- Nós não dançamos com muita frequência. – Eu sorri, olhando para o gerente com uma careta. Ele riu da situação.
- Entendi. – O gerente ainda ria. – Tentem abrir uma exceção essa noite. Essa festa está precisando. – Ele disse antes de afastar-se.
- Isso foi estranho. – Eu disse, vendo o gerente afastar-se ainda mais.
- De onde foi que ele saiu? – me olhou de um jeito engraçado.
- Eu gostei dele. – Eu comecei a ficar um pouco mais a vontade.
- Ele é um dos gerentes mais legais. – disse no momento em que viu uma movimentação do outro lado do salão. – Eu acho que estão servindo o jantar. Vamos sentar. – Ele puxou a minha mão, que ele já segurava há algum tempo.

O jantar estava maravilhoso. Eu ainda não sei o que era aquilo que os garçons serviram, mas eu sei que era delicioso. Eu cheguei a pensar em repetir, mas fiquei morrendo de vergonha. Ainda mais porque a todo o momento vinha alguém até a nossa mesa para cumprimentar o . Eu tive que me levantar umas 5 vezes e ficar sorrindo, sem saber se os meus dentes estavam sujos por causa da comida. Eu precisava ir ao banheiro com urgência.

- Eu vou ao banheiro. Eu já volto. – Eu me levantei da mesa, logo depois que começaram a servir as sobremesas, que estavam todas expostas em uma mesa enorme. Eu não via a hora de voltar e comer alguma coisa.

Eu ainda estava no banheiro quando ouvi uma música alta. Alguma coisa estava acontecendo lá fora. Agradeci mentalmente por ter trazido aquela minha bolsa, que apesar de pequena tinha de tudo. Passei uma água na boca e retoquei a minha maquiagem. A música do lado de fora continuava despertando a minha curiosidade. Fechei a minha bolsa e dei uma última olhada no espelho antes de sair do banheiro. A música vinha de um lado do salão e o outro lado parecia um pouco vazio. Muitas pessoas estavam dançando aquela música típica de festas de gala. O estava junto com as pessoas que não estavam dançando. Graças a Deus. Comecei a andar em direção a ele, mas fui abordada no meio do caminho.

- Hey, garota! – Era apenas o presidente do Yankees! Me perguntei se tinha feito alguma coisa errada. Eu não tive tempo de responder. – Faria a gentileza de dançar comigo? Estou tentando fugir dessas senhoras, que todo ano vivem correndo atrás de mim ou... do meu dinheiro. – Ele era um idoso muito simpático. Daqueles que dá vontade de abraçar, sabe?
- Dançar? – Eu senti que ia cair dura a qualquer momento. – Eu não sei se... – Eu ia tentar dar uma desculpa, mas o senhor estendeu o braço para que enganchasse o meu. O que eu faço?
- Os jovens sempre sabem dançar. – O presidente ficou esperando eu deixá-lo me guiar até o local onde as outras pessoas dançavam. Eu sabia que não podia recusar um pedido daqueles. Era o chefe do !
- Vai ser um prazer. – Eu enganchei o meu braço no dele e ele começou a me guiar. O meu coração queria sair pela boca e eu tentava me acalmar. Olhei pra trás e procurei pelo . Quando eu o encontrei, fiz uma careta pra ele como se dissesse ‘SOCORRO!’ e o infeliz apenas riu e fez sinal de que era pra eu ir de uma vez. Cadê o ciúme desse idiota, agora?

Nos aproximamos dos outros casais e o presidente ficou de frente pra mim. Colocou uma das mãos em minhas costas e a outra mão segurava uma das minhas mãos a uma altura média. Quando ele me olhou, percebeu de cara o meu nervosismo. Ele sorriu do seu jeito simpático e pediu que eu não ficasse nervosa.

- Eu não sou tão intimidante como dizem. – O presidente tentava me deixar a vontade.
- Estão todos me olhando e se perguntando ‘Quem é essa garota?’. – Eu disse e o vi gargalhar.
- Onde está o seu namorado? – O presidente perguntou, olhando em volta.
- Ele está ali. – Eu apontei discretamente com a cabeça. Ele olhou para o e acenou para ele, que devolveu o aceno.
- Eu gosto desse rapaz. Ele é muito competente, apesar da idade. – O presidente voltou a prestar a atenção em nossa conversa.
- Ele é incrível. – Aproveitei para dar uma moral pro .
- Você gosta mesmo dele, não é? Eu consigo ver nos seus olhos. – O presidente sorriu. Parecia que eu estava conversando com o meu avô. Sério!
- Está mesmo tão na cara assim? – Eu fiz careta. Ele achou graça. – Tenho que ser um pouco mais discreta. – Eu completei e ele negou imediatamente.
- Não há problema algum em demonstrar o que sente. Além disso, não há nada no mundo mais bonito do que uma mulher apaixonada. – O presidente do Yankees estava mesmo me dando conselhos?
- E os homens apaixonados? – Eu arqueei a sobrancelha, curiosa.
- Oh, eles ficam mais bobos quando estão apaixonados. Olhe para ele. – O presidente apontou a cabeça discretamente em direção ao . Ele nos olhava com aquele sorriso bobo no canto do seu rosto.
- O senhor tem toda a razão. – Eu concordei ao voltar a olhá-lo aos risos.
- Eu tenho uma ampla experiência nesse assunto. O Yankees nem sempre foi o único amor da minha vida. – O presidente disse com o ar de mistério, que só serviu para me deixar curiosa. – Mas não vamos falar sobre o meu amor, vamos falar sobre o seu. – Ele voltou a olhar para o . Fez sinal com a cabeça, pedindo para que ele se aproximasse. – Vou devolvê-la a ele. – O presidente me avisou, enquanto esperávamos o se aproximar.
- E como o senhor pretende despistar todas essas senhoras que estão nos olhando? – Eu perguntei em um tom um pouco mais baixo.
- Eu dou o meu jeito. – Ele piscou um dos olhos pra mim. chegou ao nosso lado naquele momento. - Acho que estou com uma coisa que te pertence, rapaz. – O presidente sorriu para o , que imediatamente me olhou.
- É, eu acho que sim. – afirmou e nós acabamos trocando sorrisos e olhares.
- Obrigado pela dança. – O presidente segurou uma das minhas mãos para que ele pudesse depositar um beijo no topo dela.
- Foi um prazer. – Eu sorri para ele, que sorriu de volta.
- Ela é toda sua. – O presidente olhou pro e piscou um dos olhos. Ele afastou-se, deixando eu e o parcialmente sozinhos. A pista de dança ainda estava cheia.
- Dança comigo ou agora você só dança com homens importantes? – estendeu uma das mãos, me olhando com os olhos cerrados.
- Eu vou fazer esse esforço. – Eu tentei esconder o meu sorriso, enquanto levava a minha mão ao encontro da dele. Ele me puxou para mais perto e levou sua outra mão até as minhas costas. Eu mantive uma das minhas mãos junta a dele e coloquei a outra em seu ombro.
- Como consegue fazer isso? – perguntou, quando começamos a dançar.
- Isso o que? Dançar? – Eu estranhei a sua pergunta.
- Conquistar todos a sua volta. – me olhava, admirado.
- Conquistar todos menos o seu pai, você quer dizer. – Eu o corrigi e ele negou com a cabeça como se dissesse ‘De novo isso?’.
- Eu já disse que é impossível não gostar de você, amor. – tentou sem paciente, mesmo sabendo que não havia fundamento no que eu havia dito. – É impressão sua. – Ele reafirmou o que ele já havia me dito antes. – Agora me conta como conseguiu arrancar tantos sorrisos do presidente do Yankees. Eu nem sabia que ele tinha tantos dentes. – disse, me fazendo rir.
- Eu não posso te contar. – Eu neguei e ele me olhou com cara feia.
- Como assim não pode me contar? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Porque estávamos falando sobre você. – Eu disse e a expressão em seu rosto mudou.
- Eu? – estranhou, mas mesmo assim sorriu. – Então, você e o meu chefe estavam rindo e falando mal de mim pelas costas? – Ele cerrou os olhos.
- Na verdade, estávamos falando sobre amor. – demorou para processar a palavra ‘amor’.
- Se está tentando me dizer que somos um triangulo amoroso agora, eu quero dizer que os sábados são meus. – brincou, me fazendo rir e olhá-lo com perplexidade. – É brincadeira! – Ele disse com medo que eu tivesse levado a sério. – Eu não te divido com ninguém. – me puxou para mais perto e depositou um beijo em meu rosto.

Nós nos divertimos e dançamos por algum tempo. Quando a música começou a melhorar, as pessoas começaram a ir embora. Com isso, a festa consequentemente acabaria mais cedo. Eu e sentíamos os garçons nos olhando e implorando para que fossemos logo embora para que eles pudessem ir para casa também. Acabamos decidindo ir embora um pouco depois das 11 horas. Ao nos dirigirmos até o lado de fora do salão, fomos surpreendidos com uma chuva.

- Oh, droga. – resmungou, quando chegamos do lado de fora do salão. – Está chovendo. – Ele parou de andar.
- Tinha um guarda-chuva no carro. Eu nem pensei em pegar. – Eu parei ao seu lado e observei que a chuva não era tão forte. Não tinha raios e trovões.
- E eu parei o carro longe pra ajudar. – se xingou mentalmente.
- Nós podemos esperar. – Eu sugeri e olhei pra ele, que pareceu não gostar da ideia.
- Eu vou lá pegar o carro e passo aqui pra te pegar. – arrumou uma segunda opção, que ele parecia já ter decidido.
- Não. – Eu segurei o seu braço, antes que ele desse um passo. – Você vai se molhar. – Eu neguei com a cabeça.
- Não tem problema. Eu vou e volto bem rápido. – argumentou, tentando me convencer.
- Então, eu vou com você. – Eu propus e ele me olhou mais sério.
- Até parece! Não vou deixar você sair nessa chuva. – nem cogitou aquela hipótese.
- Não tem problema. A festa já acabou mesmo. – Eu insisti mais uma vez.
- Eu estou tentando ser um cavalheiro. Dá pra você colaborar? – confessou diante da minha teimosia.
- Você é um cavalheiro, amor. – Eu achei fofo o fato de ele querer me impressionar. Me aproximei, segurei o seu rosto e o beijei. O sorriso dele aumentou, enquanto os braços dele deram a volta em minha cintura. – Você é lindo, é incrível e... tudo o que um cara maravilhoso pode ser. Eu sei disso, ok? Não precisa ficar querendo me provar nada. - Eu selei os lábios dele, enquanto ele rolava os olhos. Mesmo com todos aqueles elogios, ele ainda me achava teimosa.
- Escuta. – me olhou sério. – Eu vou buscar o carro e passo aqui te buscar. – Ele falou lentamente, escondendo um sorriso no canto do seu rosto. Eu fiz careta e ele forçou um sorriso que deixou todos os seus dentes a mostra.
- Você não vai mesmo me deixar ir junto? – Eu cerrei os olhos pra ele.
- Você não precisa ir. Eu vou ráp... – ia argumentar novamente, mas resolvi surpreendê-lo. Quando ele viu, eu estava um passo a sua frente e embaixo da chuva. – ! – Ele me olhou bravo.
- Opa! – Eu abri os braços, sentindo a chuva me molhar completamente. – Bem, parece que eu já estou molhada. Acho que posso te acompanhar agora, certo? – Eu sorri, vendo ele negar com a cabeça.
- Você não fez isso! – não acreditava no que eu havia feito.
- Eu fiz. – Eu afirmei e ele começou a rir.
- Você é maluca, sabia? – ainda ria.
- E você é um cavalheiro, lembra? Me acompanha até o carro? – Eu perguntei, erguendo os meus ombros.
- É claro que sim. – disse depois de dar dois passos e parar em minha frente. Ele também estava embaixo da chuva agora.

Começamos a andar lado a lado embaixo daquela chuva, que não estava mais tão forte, mas também não era uma simples garoa. A água da chuva já havia molhado todo o meu vestido branco, que por ser um pouco mais largo e longo não deixou nenhuma das partes do meu corpo a mostra. O meu cabelo também já estava um desastre, mas a minha maquiagem não estava das piores, já que eu não havia passado nada tão pesado e escuro. O smoking do também estava todo molhado.

- Você não pode agir como uma garota normal, não é? – virou o seu rosto para me olhar, mas continuávamos andando na direção em que o carro estava.
- E o que é agir como uma garota normal? – Eu perguntei sem me ofender.
- Uma garota normal jamais ia querer estragar a maquiagem ou o penteado. Nenhuma garota ia querer molhar o vestido novo pra não deixar o namorado sair na chuva sozinho. – justificou, me fazendo gargalhar.
- Você disse... namorado? – Eu voltei no assunto que não estava tão claro pra mim.
- Sim, eu disse. – sorriu e rolou os olhos. – Por quê? Você não quer ser a minha namorada? – Ele me olhou com desconfiança.
- Isso é um pedido oficial ou uma pergunta capciosa? – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- Uma pergunta capciosa. – aguardou a minha resposta.
- Sinceramente? Eu adoraria ser a sua namorada... de novo. – Eu respondi sem pensar duas vezes e vi a felicidade nos olhos dele.
- É mesmo? – adorou me ouvir dizer aquilo.
- Lembrando que eu não estou respondendo o seu pedido oficial. Estou respondendo a sua pergunta capciosa. – Eu disse e o vi fazer careta. – Você começou. – Eu ergui os ombros aos risos.
- E se, por um acaso, fosse um pedido oficial? A sua resposta seria diferente? – ficou curioso. Aquele quase pedido de namoro me deixou um pouco nervosa, mas muito feliz. Como eu estava demorando para responder, ele resolveu sair do meu lado e ir até a minha frente. – Hey? – Ele queria uma resposta. – A sua resposta seria diferente? – Ele repetiu a pergunta. Eu levantei o meu rosto pra olhá-lo e demorei mais algum tempo para responder.
- Talvez. Acho que só vai saber quando fizer o tal pedido. – Eu fugi da pergunta e ele voltou a rir sem emitir qualquer som.

Não é que o não gostasse de mim ou não quisesse nada sério. Ele gostava do jeito que estávamos. Ele gostava daquele compromisso que tínhamos, que de compromisso não tinha nada. Além disso, da última vez que resolvemos rotular o nosso relacionamento de ‘namoro’, tudo começou a dar errado e acabou tudo muito mal. Então, estava bom para ele do jeito que estava, mas ele também sabia da minha ansiedade para um novo pedido de namoro. Para o , eu sempre fui e sempre serei a sua namorada. Eu só não sabia disso ainda.

- Sabe que rotular ou não o nosso relacionamento não muda o que eu sinto por você, não sabe? Sabe que não muda o que nós temos, não é? – estava indiretamente se justificando por não me pedir logo em namoro. Parou no meio da calçada e pegou uma das minhas mãos, me puxando para mais perto.
- É claro que eu sei. – Eu jamais diria o contrário e muito menos o pressionaria a fazer nada. Selei os seus lábios só para confirmar o que eu estava dizendo. Eu não queria que ele achasse que eu estava brava ou chateada, porque eu realmente não estava.
- A sua boca está muito gelada e os seus lábios estão tremendo. – abaixou os seus olhos para olhar para a minha boca.
- Eu estou morrendo de frio. – Eu confessei, passando os meus braços em torno do corpo dele para que ele me abraçasse e me esquentasse.
- Eu disse pra não sair na chuva, não disse? – disse em tom de ‘Eu avisei!’. Ele me abraçou forte.
- Pronto! Já me esquentei. – Eu disse bem perto de seu ouvido.
- O carro não está tão longe. – disse, vendo que já tínhamos andando uma grande distância. – Veste o meu blazer. – Ele terminou o abraço e já foi tirando a peça de roupa.
- Tem certeza? – Eu não queria que ele passasse frio também.
- Tenho. – me entregou o blazer e me observou, enquanto eu o vestia.
- Obrigada. – Eu agradeci, terminando de vestir. – Ficou grande só pra variar. – Eu brinquei, enquanto ele fechava o meu casaco. – A minha maquiagem deve estar toda borrada e o meu cabelo nem se fala. – Eu disse, enquanto ele me observava. Eu deveria estar horrível.
- Não. Você está linda. – sorriu, enquanto passava a mão pela lateral do meu rosto e colocava uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.



- Como você é mentiroso. – Eu cerrei os olhos e neguei com a cabeça. – Eu estou toda molhada e com esse seu blazer enorme. Eu mal consigo andar direito com esse vestido comprido. – Eu me abaixei e peguei a barra do vestido e a torci, pois a água só estava deixando o vestido mais pesado.
- A chuva está piorando. Vamos ter que andar mais rápido. – olhou em volta e viu a intensidade da chuva aumentar. – Você consegue correr? – Ele perguntou.
- Eu não sei. Eu... – Eu não tinha certeza porque eu estava de salto. A chuva se intensificou repentinamente. Eu e o olhamos pra cima e vimos que a coisa ficaria ainda pior.
- Vem! – segurou a minha mão as pressas e começou a me puxar.
- Espera! Eu... – Eu mal tive tempo de dizer nada. Começamos a correr lado a lado. Ele segurava a minha mão para que eu não caísse, mas continuava me puxando. Eu segurava a barra do meu vestido com a minha outra mão. – Você está indo muito rápido. – Eu gritei, pois estava com medo de cair.
- Eu estou te segurando! Não vou te deixar cair. – virou o seu rosto para me olhar, mas continuou correndo.

Apesar de estar completamente molhada, correndo feito louca e com medo de cair, eu estava me divertindo com aquela nossa pequena aventura na chuva. Temos um grande histórico com chuvas, mas nunca foi tão divertido. ficava brincando e dizendo que eu tinha que correr mais rápido, mas eu não conseguia. Ele ficava rindo da minha dificuldade de correr com salto e ameaçou até a me pegar no colo para chegarmos mais rápido no carro.

- Onde estão as chaves? – colocou as mãos no bolso com toda a pressa. Estávamos parados em frente ao carro, que continuava trancado.
- Está brincando que você perdeu as chaves. – Eu olhei pra ele com um pouco mais de dificuldade, porque a chuva realmente estava bem mais forte agora.
- Achei! – gritou, quando encontrou as chaves no fundo de seu bolso.
- Abre logo! – Eu o apressei e ele me olhou. Ele parecia não ter pressa alguma.
- Acha mesmo que eu vou deixar você entrar desse jeito no meu carro? – fingiu-se de sério e eu quis matá-lo.
- Você está de brincadeira! – Eu esbravejei, olhando pra cima e vendo a chuva piorar cada vez mais.
- É claro que é brincadeira. – deixou um sorriso escapar. – Eu estou só tentando ganhar tempo. Eu gosto de te ver assim. – Ele me olhou dos pés a cabeça.
- Assim como? Molhada? – Eu abri os braços, enquanto ria.
- É meio sexy, não acha? – disse em meio a risos. Ele deu um passo em minha direção, segurou a minha mão e me puxou mais pra perto.
- Eu acho um pouco... molhado demais. – Eu fiz careta, enquanto ele depositava um beijo carinhoso em minha bochecha completamente molhada.
- Eu estou falando sério. – colocou o seu rosto em frente ao meu. – Gosto de fazer essas coisas sem sentido com você. Gosto do jeito que você consegue transformar uma coisa tão boba como correr na chuva em uma coisa tão especial e que eu provavelmente vou me lembrar sempre. Gosto do jeito que você se preocupa em estar horrível com o meu blazer enorme e molhado, quando na verdade é a coisa mais sexy de todas. – Ele abaixou os olhos para olhar a minha roupa.
- Mais sexy do que quando eu estou bêbada? – Eu perguntei, quando estávamos prestes a nos beijar.
- Não vamos exagerar. – riu sem emitir som antes de me dar um longo e carinhoso selinho.

Não demorou muito para que entrássemos no carro. Eu tomei todo o cuidado para não molhar tanto o carro do , mas ele insistia para que eu ficasse a vontade e repetia que não tinha problema algum. Dentro do carro estava bem mais quente e obviamente menos molhado. O meu vestido estava em pingos e o meu cabelo nem se fala. avisou que tinha uma toalha no banco detrás e eu a peguei para secar pelo menos o meu rosto. Ajudei o a secar o seu rosto também, enquanto ele dirigia.

A chuva dificultou um pouco a nossa volta pra casa. teve que dirigir bem devagar, pois não conseguia enxergar quase nada. Apesar de estar forte, a chuva não tinha raios ou trovões. A minha principal preocupação era o Buddy. Eu imaginei que ele estivesse morrendo de medo daquela chuva, por isso, eu queria chegar logo em casa.

Descemos correndo do carro, depois que o o estacionou na garagem da minha casa. Ainda tomamos um pouco de chuva no caminho até a porta. Eu abri a porta as pressas e nós entramos eufóricos na casa. Eu corri até a cozinha e fui até o quintal para pegar algumas toalhas que estavam no varal. Voltei para a sala e entreguei uma delas para o .

- Mas que chuva! – reclamou, enquanto enxugava-se com a toalha.
- E o Buddy? – Eu me lembrei de procurá-lo assim que terminei de me enxugar com a toalha. Eu não consegui vê-lo em nenhum lugar. – Será que ele está bem? – Eu perguntei, preocupada.
- O que você acha? – apontou com a cabeça em direção a casinha do Buddy. Adivinha? Ele estava lá dentro dormindo como um anjo.
- Não acredito! E eu preocupada. – Eu ri, sem acreditar.
- Ele está bem melhor que nós. – abaixou a cabeça para olhar para a sua roupa.
- Tem razão. Eu preciso tirar essa roupa e vou ter que tomar outro banho. – Eu olhei para o meu vestido, que ainda pingava um pouco.
- Eu vou fechar a casa e já subo. – insinuou que queria que eu subisse, então eu o fiz.

Subi a escada com um pouco de dificuldade e com a barra do meu vestido nas mãos para não arrastá-lo no chão. Fui direto para o banheiro, pois não queria molhar o meu quarto. Parei em frente ao espelho e agradeci mentalmente por não ter usado uma maquiagem tão pesada naquele dia. A que eu havia passado tinha borrado um pouco sim, mas não ficou tanto em evidência. O meu cabelo sim estava péssimo. Ele ainda estava encharcado! Eu estava feliz porque eu finalmente iria tomar banho.

Liguei a torneira da banheira para que ela enchesse, enquanto eu tirava a minha maquiagem e os meus acessórios. A água estava extremamente quente e eu estava louca para poder entrar nela. Ainda em frente ao espelho, comecei a tirar a minha maquiagem com um produto e um algodão que eu guardava no armário do banheiro. Tirei toda a maquiagem, que parecia estar por todo o meu rosto. O batom eu tirei com um pedaço de papel.

terminou de fechar a casa e foi para o quintal para deixar parte de sua roupa molhada. Ele tirou os sapatos, a meia e a camisa e os colocou em cima do tanque. Abandonou o quintal só com a calça social e adentrou novamente a casa. Apagou todas as luzes do primeiro andar e subiu a escada em direção ao segundo. Sua intenção era ir para o meu quarto, mas mudou de ideia quando viu a luz do banheiro acesa. Ele sabia que eu estava lá.

Depois de tirar a maquiagem, eu comecei a tirar os meus acessórios. Tirei os sapatos e logo depois tirei o colar. Mesmo olhando no espelho, notei que alguém me olhava da porta. Virei o meu rosto e vi o lá parado com aquele olhar sério e aquele quase sorriso em seu rosto. Eu não consegui nem disfarçar a minha reação ao vê-lo sem camisa. O cabelo dele ainda estava molhado e também estava bagunçado agora. Eu não sei se ele fez de propósito, mas ele estava maravilhoso daquele jeito.

- Trancou tudo? – Eu perguntei, depois de ficar algum tempo sem conseguir falar por vê-lo daquele jeito.
- Tranquei. – afirmou, enquanto adentrava o banheiro. Ele parou há alguns passos de mim. Eu terminava de tirar os meus brincos e ainda conseguia sentir os olhos dele sobre mim.
- Está tudo bem? – Eu estranhei o seu silêncio, enquanto me olhava. Será que tinha acontecido alguma coisa?
- Está! – respondeu em meio a um sorriso nervoso. Eu não entendi o que estava acontecendo ali. Neguei com a cabeça como se dissesse ‘O que foi?’.
- Eu... quero te dizer uma coisa. – deu mais alguns passos em minha direção e parou logo atrás de mim.
- Me... dizer uma coisa? – Eu fiquei nervosa com o jeito que ele falou. – Me dizer o que? – Eu fiquei de costas para o espelho e de frente pra ele. Fiquei esperando ele dizer qualquer coisa e a única coisa que ele fez foi sorrir e abaixar a cabeça. – Aconteceu alguma coisa? – O que ele estava tentando me dizer?
- Aconteceu sim. – voltou a levantar o seu rosto para me olhar. Ele deu mais um passo para poder ficar mais próximo de mim.
- O que? – Eu tentava deduzir o que era através de seus olhos.
- Eu estou feliz. – olhou em meus olhos.
- Que bom... né? – Eu ainda não entendia qual era a surpresa em tudo aquilo. É claro que era ótimo ele estar feliz, mas não era novidade alguma.
- Eu quero dizer... completamente feliz. – sabia que tinha que explicar melhor. – Pela primeira vez na minha vida, está tudo dando muito certo. Eu tenho tudo o que eu sempre quis e estou vivendo tudo o que eu sempre sonhei. Eu estou feliz com o meu trabalho, com a minha vida amorosa e com a minha família. Eu pensei que jamais conseguiria ser completamente feliz, porque mesmo se eu tivesse tudo eu ainda não teria o meu pai. – Ele explicava todo sorridente. – Nem disso eu posso reclamar mais. – Ele ergueu os ombros.
- Você merece tudo isso. – Ouvi-lo dizer aquilo me deixava MUITO feliz. Não só por colaborar só um pouquinho pra essa felicidade, mas por vê-lo tão bem.
- Eu não sei se eu mereço, mas sei que não conseguiria nada disso sem você. – A sua frase me deixou um pouco surpresa.
- Sem mim? – Eu sabia que havia colaborado com a vida amorosa dele, mas com as outras coisas não.
- Eu vim pra Nova York por causa de você. Eu só aceitei a conta do Yankees, porque eu precisava vir atrás de você. – contou, me pegando se surpresa. – Eu só estou bem com o meu pai hoje, porque você me pediu para dar uma chance pra ele. – Ele fez questão de lembrar. Eu nem sabia o que dizer. Ele me pegou mesmo de surpresa! Estávamos encharcados no meio do banheiro. Eu não estava preparada pra ouvir uma coisa dessa. – Então, eu quero te agradecer. – Ele respirou fundo antes de continuar. – Eu quero te agradecer por ser o alicerce da minha vida e da minha felicidade. Nada disso estaria acontecendo sem você. – completou, fazendo com que eu me aproximasse, passasse os meus braços em volta do seu pescoço e selasse longamente os seus lábios.



- Você não precisa me agradecer por fazer a coisa que mais me dá prazer no mundo. – Eu interrompi o beijo e disse com os olhos ainda fechados.
- Eu amo você. – sussurrou prestes a me beijar. Ao ouvi-lo dizer aquela frase que eu não ouvia há tempos, eu abri repentinamente os meus olhos. Afastei um pouco o meu rosto do dele e o encarei com um sorriso de perplexidade.
- O que você disse? – Eu não sabia que seria tão bom ouvir ele dizer isso pra mim de novo.
- O que? Nada. – reprimiu o sorriso, pois sabia que eu estava ansiosa para ouvir aquilo.
- Não. Você disse! – Eu entendi o que ele estava tentando fazer e comecei a achar graça.
- Eu não sei do que você está falando. – fez se desentendido, mas a sua risada o entregou. Ele passou os braços em volta da minha cintura e beijou carinhosamente a minha bochecha.
- Para! Eu ouvi você dizendo, ! – Eu continuava falando, enquanto ele distribuía beijos em minhas bochechas e depois na lateral do meu pescoço.
- Eu disse que amo você! Ok? Eu amo você! – repetiu com o seu enorme sorriso e seu jeito descontraído. Eu fiquei olhando pra ele algum tempo com aquele sorriso bobo no rosto. Eu não achei que ficaria tão eufórica por ouvir aquilo.
- Eu nem me lembro qual foi a última vez que ouvi você me dizer isso – Eu ainda estava abobalhada.
- Prometo não te deixar esquecer nunca mais. – prometeu me olhando nos olhos. Havia tanta sinceridade em seu olhar, que eu só consegui deixar de olhá-lo quando eu fechei os meus olhos para beijá-lo. O beijo foi imediatamente correspondido por ele e chegou a ser aprofundado, mas o interrompeu sem mais nem menos. – E você? Tem alguma coisa pra me dizer? – Eu sabia exatamente o que ele queria ouvir de volta.
- Na verdade, eu tenho. – Eu disse e vi ele ficar todo animado. Os olhos brilhavam e o sorriso falava mais alto do que tudo. Fiz um pouco de mistério antes de me desvencilhar de suas mãos e me virar de costas pra ele. – Você pode me ajudar a abrir o meu vestido, por favor? – Eu perguntei, virando o meu rosto para trás para olhá-lo. Não era o que ele esperava ouvir, mas eu juro que ele não ficou decepcionado. Ele sabia exatamente o que eu queria dizer com aquilo.

Através de seu reflexo no espelho, eu vi o se aproximar com aquele sorriso no canto do seu rosto. Eu puxei o meu cabelo para frente e senti as mãos dele descerem lentamente o zíper em minhas costas. Quando notei que o meu vestido já estava completamente aberto, eu voltei a ficar de frente pra ele. ficou parado, me olhando com aqueles seus olhos que pareciam sorrir. Trocamos olhares por pouco tempo sem dizer absolutamente nada. Notei quando os olhos dele observaram a banheira e confirmaram que ela ainda não estava cheia.

- Você... ia tomar banho, certo? – deixou de olhar a banheira e voltou a me olhar. A sua pergunta me fez rir sem emitir som algum.
- É, eu ia sim. – Eu confirmei, esperando que ele tomasse a atitude.
- Eu acho que poderia te fazer companhia. Você mais do que ninguém sabe que corro um enorme risco de ficar resfriado se não fizer isso agora. – Sua justificativa propositalmente boba não deixava o sorriso desaparecer do meu rosto.
- Era exatamente isso que eu estava pensando. – Eu afirmei com a cabeça. Essa parecia ser a autorização que ele queria. Nós trocamos sorrisos confidentes e não demorou quase nada para que ele segurasse uma das minhas mãos.

Para a minha surpresa, me levou até o chuveiro. Eu achei que a banheira seria o nosso destino. Ele ligou o chuveiro e eu fui a primeira a entrar embaixo daquela água quente. Fechei os meus olhos por poucos segundos, quando coloquei a minha cabeça embaixo da água. Ainda com os olhos fechados, senti a mão dele em minha cintura me empurrando até a parede que estava atrás de mim. A água também caia sobre o agora, mas eu nem tive tempo de vê-lo novamente molhado. Meus olhos continuaram fechados, quando os lábios dele foram ao encontro dos meus. Uma das mãos dele tocava o meu rosto e a outra tinha seus dedos entrelaçados em meu cabelo. guiava o nosso beijo, enquanto aquela água maravilhosa e quente aquecia o nosso corpo. Aproveitei que as minhas mãos estavam livres para explorar o seu peitoral e suas costas largas. O beijo ainda estava acontecendo, quando as mãos dele abandonaram sutilmente o meu rosto e o meu cabelo e desceram até os meus ombros. Suas mãos deslizaram suavemente pelos meus braços, levando as alças do meu vestido com elas. Ajudei ele a se desvencilhar das alças do meu vestido, que acabou deslizando até os meus pés. Dei um pequeno passo para frente para me desvencilhar de vez do vestido, que já estava no chão. Empurrei um pouco o seu corpo pra trás e quando notei que quase interrompi o nosso beijo, eu segurei o seu rosto com as minhas duas mãos. Continuamos embaixo do chuveiro, enquanto as mãos dele deslizavam cuidadosamente pelas minhas costas. Eu não usava sutiã por causa do meu vestido. Aproveitei que estava no controle do beijo para interrompê-lo. O rosto dele continuava bem próximo ao meu, quando eu abri os meus olhos e o vi completamente molhado. Eu dei um enorme sorriso e levei uma das minhas mãos até o cabelo de , empurrando-o para trás com os meus dedos. Ele também me observava sem dizer nada.

- Eu amo você. – Eu disse mesmo com toda aquela água em nosso rosto. Os olhos dele abaixaram-se e encararam os meus lábios, que tinham acabado de dizer aquelas sonhadas 3 palavras. Os olhos voltaram a sorrir assim como os seus lábios, que voltaram a procurar a minha boca.

Mesmo sendo longo, o beijo não se intensificava. Estávamos aproveitando cada segundo daquela nova experiência. Minhas mãos desceram até a cintura dele e meus dedos abriram o botão de sua calça e depois desceram o zíper. A calça deslizou facilmente até o chão. As mãos dele começaram a descer pelas minhas costas e alcançaram o meu quadril, ainda coberto com a calcinha. Ele manteve as mãos lá até o momento que ele finalizou o beijo. novamente me colocou contra a parede, enquanto seus lábios começaram a deslizar pelo meu pescoço. Minha mão estava em sua nuca, enquanto seus lábios deslizavam com extrema facilidade pelo meu corpo molhado. Os lábios passaram pelos meus seios e depois pela minha barriga, chegando em minha calcinha. levantou o seu rosto pra me olhar antes de puxar delicadamente a minha calcinha para baixo. Ergui as minhas pernas para ajudá-lo a tirá-la. Quando se viu livre dela, voltou a subir o seu corpo, enquanto suas mãos subiam em cada lateral do meu corpo. O rosto dele voltou a ficar em frente ao meu, enquanto trocávamos olhares. A água do chuveiro parou repentinamente, me fazendo olhar para cima. Logo depois, percebi que foi o que havia desligado o chuveiro.

- Desistiu? – Eu perguntei, sem entender.
- Até parece. – respondeu com aquele ar de mistério, que me intrigou. Com um dos braços em volta do meu corpo, ele começou a me puxar para frente, enquanto dava alguns passos para trás. Eu não entendi o que estava acontecendo até o momento que eu vi a banheira quase cheia. Paramos bem ao lado da banheira e olhamos para ela por poucos segundos. desligou a torneira e voltou a me olhar.

entrou na banheira e se agachou, enquanto tirava a sua cueca com um pouco de dificuldade. Depois estendeu a sua mão para me ajudar a entrar na banheira com ele. Eu segurei minha mão e adentrei a banheira. A mão de me guiou para perto dele, me fazendo sentar bem em sua frente. Levou suas mãos até as minhas coxas e as puxou, me trazendo para ainda mais perto. Ele sentou-se e colocou cada uma das minhas pernas em um lado do seu corpo, me fazendo sentar em seu colo. Assim que tive a oportunidade, selei os seus lábios, enquanto bagunçava o seu cabelo ainda molhado. me puxou para um beijo e eu acabei cedendo. Uma das minhas mãos tocava o rosto dele e a outra tinha seus dedos entrelaçados nos fios de cabelo próximos a sua nuca. As mãos dele ainda seguravam a minhas coxas.

As coisas começaram a se intensificar um pouco, quando deixei de beijar os seus lábios para beijar a lateral do seu pescoço. Os olhos fechados de demonstravam a sua excitação. Meus lábios se aproximaram de uma de suas orelhas e ele reagiu levando suas mãos até o meu quadril e apertando-o. Meus lábios foram voltando em direção a boca dele e ele apressou o processo, me beijando. Eu notei que ele estava ansioso e louco para me beijar, por isso me fiz um pouco de difícil. Com um sorriso safado no rosto, interrompi o nosso beijo que mal se aprofundou direito. Ele abriu os olhos e me olhou, sem entender. Eu segurei o seu rosto com as minhas duas mãos e ainda com o sorriso esperto no rosto, inclinei o meu rosto para um dos lados e selei os lábios. achou que seria mais do que um simples selinho e ficou frustrado, quando eu descolei de novo os nossos lábios. Ele estava ficando louco com aquele meu joguinho de beijá-lo ou não.

- Não brinca comigo. – pediu com os olhos fixos em minha boca. O seu pedido fez o meu sorriso aumentar, mas não me fez desistir da brincadeira. Inclinei o meu rosto para outro lado, aproximei tanto a minha boca da dele, que acho que cheguei a tocá-la. Os olhos dele acompanhavam todo o trajeto da minha boca. Parecia até que ele estava enfeitiçado por ela. Inclinei o meu rosto para a direita pela última vez, selei os lábios dele e puxei o seu lábio inferior com os meus dentes para frustrá-lo mais uma vez, mas dessa vez ele não deixou barato. jogou repentinamente o seu corpo por cima do meu e começou a me empurrar para trás. Ele me empurrou até um dos lados da banheira, onde eu escostei as minhas costas. Eu não tinha pra onde fugir agora. O sorriso malandro foi dado por ele dessa vez. Ele é quem estava no controle agora. Com ele ainda em cima de mim, encaixou os nosso corpos e me beijou logo na sequência. Seu corpo se movimentava, enquanto minhas desciam e subiam pelas suas costas. Nos beijamos até o momento que não tínhamos mais folego pra isso. Meus dentes pressionavam o meu lábio inferior para que eu não deixasse nenhum ruído escapar. Os beijos dele desceram pelo meu pescoço e os meus olhos mantinham-se fechados. A minha respiração aumentava cada vez mais e isso parecia satisfazer o . Em determinado momento, ele não conseguia mais dar os seus beijos com tanto discernimento. Depois que chegamos ao máximo da nossa excitação, voltamos a sanidade e nos beijamos mais algumas poucos vezes.

Permancemos na banheira por mais algum tempo. Só saímos de lá quando a água começou a enfriar e começamos a ficar com frio. saiu da banheiro primeiro e eu sai logo depois, mas antes passei rapidamente pelo chuveiro para tomar um banho de verdade dessa vez. enroulou-se em uma das toalhas e disse que me esperaria no quarto. Eu terminei o meu banho e fui para o meu quarto para vestir o meu pijama. estava deitado na cama e já tinha vestido a sua cueca. Ele me olhou, sorriu e fez sinal com a cabeça para que eu fosse lá com ele.

Terminei de vestir o meu pijama e me juntei a ele. Beijei o seu rosto e depois os seus lábios antes de colocar a minha cabeça em seu peito. Ele me acolheu com os seus braços e depositou um beijo no topo da minha cabeça. Notei que estava passando um filme na TV, que já estava ligada.

- Você está assistindo o filme? – Eu perguntei, inclinando o meu rosto pra cima.
- Eu acabei de colocar nesse canal. O filme parece ser bom. – disse, olhando para a TV.

Assistimos juntos ao filme, que mesmo sendo de comédia tinha um pouco de romance também. Acabamos adormecendo no final do filme. Acordei no meio da noite com o volume alto da TV e só então me dei conta de que tínhamos dormido. Desliguei a TV e vi que o também tinha dormido. Como o sono dele era um pouco mais pesado que o meu, ele nem me viu levantar. Antes de voltar a dormir, beijei carinhosamente a sua bochecha. O admirei por poucos segundos e me dei conta do quão feliz eu estava por tê-lo tão perto.

Era sábado, então poderíamos dormir até mais tarde naquele dia. Acabei acordando no mesmo horário que acordava durante a semana e foi a melhor coisa do mundo saber que eu poderia continuar na cama. Eu aproveitei para ir ao banheiro e já fiz até a minha higiene matinal. O fez o mesmo algumas horas depois. Deveria ser um pouco mais de 11 horas da manhã, quando ele se levantou. Eu acabei acordando com a movimentação da cama, quando ele levantou. Fiquei em silêncio até ele voltar para a cama. Quando ele voltou, eu fingi que estava dormindo e o nem percebeu. Ainda sonolento, ele voltou a se deitar na cama e virou-se de costas pra mim. Eu abri os meus olhos e ri em silêncio por ter conseguido enganá-lo. estava prestes a voltar a dormir, quando sentiu os meus beijos em seu pescoço. Rocei a ponta do meu nariz em seu rosto e ele não conseguiu evitar o sorriso.

- Bom dia, meu amor. – Eu sussurrei em seu ouvido e notei que ele se arrepiou da cabeça aos pés.
- Bom dia. – respondeu com a sua voz rouca e destruidora. Como o seu corpo ainda estava de costas para mim, ele fez questão de virar-se para poder me ver e me dar um beijo. Trouxe o meu corpo para cima do seu e passou seus dois braços em volta do meu corpo. – É tão bom dormir e acordar do seu lado. – Ele ainda estava sonolento.
- Adoro essa sua voz de sono. – Eu disse entre um beijo e outro. Ele gostou do que ouviu e sorriu com os olhos ainda fechados.
- O que aconteceu no filme de ontem? – perguntou, curioso para saber o final do filme.
- Eu dormi também. – Eu fiz cara feia, pois também estava curiosa.
- Que droga. – fez careta, depois de abrir os seus olhos. – Que horas são? – Ele perguntou.
- Um pouco mais de 11 horas, eu acho. – Eu estava com preguiça de pegar o meu celular para ver.
- Daqui a pouco eu tenho uma reunião. – disse com desânimo, passando suas mãos pelo rosto.
- Você quer comer alguma coisa? – Eu perguntei, pois não sabia se a sua reunião ia demorar para acabar. Ele poderia ficar com fome.
- Isso é um convite? – perguntou, me olhando com o seu sorriso malandro.
- Não! – Eu gargalhei, negando com a cabeça.
- Eu acho que dá tempo de almoçarmos antes sim. – respondeu a minha pergunta de maneira mais séria agora.
- E o que nós vamos comer? – Eu sabia que ele não ia querer que eu cozinhasse.
- Eu vou buscar comida naquele restaurante bom, que nós comemos naquele dia. – se ofereceu e resolveu o nosso problema.
- Ok. Então, eu vou colocando a mesa. – Eu disse, quando o vi levar lentamente da cama.

trocou de roupa para ir ao restaurante. Eu continuei vestindo o pijama, já que não sairia de casa mesmo. Ele saiu para ir ao restaurante e eu fui arrumar a mesa para podermos almoçar. Como o restaurante ficava bem perto da minha casa, não demorou muito tempo para voltar. Nós almoçamos juntos e relembramos a festa do dia anterior, que foi realmente muito boa e muito chique.

- Que horas é a sua reunião mesmo? – Eu acho que perguntei aquilo umas 50 vezes.
- Começa 2 horas. A gestão e a presidência vai escolher a campanha. – explicou, deixando clara a importância da reunião.
- Eu vou aproveitar e estudar durante a tarde, porque é impossível fazer isso com você aqui. – Eu disse me referindo a última vez que eu tentei estudar. Ele respondeu com uma careta.
- Estou pensando em dar uma passada na casa do meu pai antes de ir pra reunião. – já estava sentindo falta do pai.
- Passe lá sim. Ele vai adorar. – Eu achava uma graça a relação que o tinha com o seu pai.
- Então, é melhor eu me apressar ou não vai dar tempo. – levantou-se da mesa.
- Deixa que eu arrumo aqui. – Eu não queria que ele perdesse tempo me ajudando a arrumar toda a bagunça que havíamos feito.

subiu as pressas para o segundo andar para se trocar para a reunião. Eu terminei de tirar a mesa e depois lavei a pequena louça que havíamos sujado. Assim que eu acabei, eu fui pegar os meus livros e apostilas para estudar. Coloquei tudo sobre a mesa de jantar e me sentei. Eu estava prestes a começar a estudar, quando desceu a escada. Ele já estava pronto e estava muito bonito.

- Já? – Eu perguntei, enquanto ele se aproximava.
- Não quer ir comigo na casa do meu pai? Eu te deixo aqui depois. – perguntou, depois de inclinar-se e beijar o topo da minha cabeça.
- Não, tudo bem. Eu vou ficar estudando mesmo. É muita coisa pra ver e estou com medo de não conseguir estudar tudo a tempo. – Eu expliquei, mostrando para ele todos aqueles livros e apostila que estavam sobre a mesa.
- Tudo bem. Eu não vou te atrapalhar mais do que eu já atrapalhei. – sorriu fraco. – O que vamos fazer hoje a noite? – Ele quis saber. Era sábado a noite. Era proibido ficarmos em casa.
- Eu não sei. – A principio, eu não consegui pensar em nada. – E se fossemos ao cinema? Talvez assistirmos um filme sem dormirmos no final. – Eu disse e ele riu.
- Eu gostei da ideia. – ainda ria do que eu havia dito.
- Combinado, então! – Eu também acabei rindo.
- Eu vou indo senão não vou conseguir visitar o meu pai. – disse, esperando que eu me levantasse para me despedir.
- Está bem. – Eu me levantei e fiquei de frente pra ele. Passei os meus braços em volta de seu pescoço e selei os seus lábios. Ele roubou mais outros 3 selinhos em seguida, me fazendo sorrir feito boba. – Manda um beijo pro seu pai e boa reunião. – Eu disse.
- Bons estudos. – selou os meus lábios pela última vez. – Eu te vejo mais tarde. – Ele deu alguns passos para trás.
- Até mais tarde. – Eu observei ele pegar a sua pasta e ir em direção a porta. Eu o acompanhei até lá. Ele me olhou pela última vez e piscou um dos olhos. Eu acenei com uma das mãos, vendo a porta começar a se fechar. Quando a porta estava prestes a ser fechada por completo, ela voltou a ser aberta mais rapidamente. voltou a entrar na casa e antes mesmo que eu tivesse alguma reação, ele se aproximou, segurou o meu rosto com suas duas mãos e me deu mais um beijo. Não foi um selinho, mas também não foi um beijo de cinema. Ele terminou puxando o meu lábio inferior e selando pela última vez os meus lábios.



- Eu amo você. – disse assim que descolou os nossos lábios. Ele voltou apenas pra me dizer aquilo. Como não amar um cara assim?
- Eu também amo você. – Abri os meus olhos e encarei os seus olhos de bem perto. Agora sim ele poderia ir embora.

Sabendo que já estava atrasado, saiu rapidamente pela porta. Eu fiquei algum tempo olhando para a porta com um sorriso bobo no rosto. Ouvi ele entrar no carro e depois dar a partida. Tendo certeza de que o não voltaria mais, eu voltei para a mesa e para os meus estudos.

Deu tempo de visitar rapidamente o seu pai, que ficou surpreso com a visita do filho. não tinha avisado nada que iria, então o pegou meio desprevenido. Mesmo assim, matou a saudade de seu pai e lamentou não poder ficar tanto por causa da reunião importante que ele teria. Steven foi extremamente compreensivo e sentiu até o orgulho da responsabilidade que seu filho demonstrava no trabalho. Foi um sonho ver o filho se transformar em um publicitário que ele jamais conseguiu ser.

Era um pouco mais de 4 horas da tarde. A reunião de já havia começado e eu já tinha estudado bastante, mas pretendia estudar ainda mais. Foi quando o meu celular começou a tocar. O número estava no visor do meu celular, mas eu não o conhecia. Imaginei que fosse engano, por isso, atendi o telefonema sem dar muito atenção. Mantive até os meus olhos no meu livro.

- Alô? – Eu atendi, sem qualquer expectativa.
- . – O fato da pessoa do outro lado da linha ter falado o meu nome, me chamou atenção. Demorou alguns segundos para que eu identificasse o dono daquela voz.
- Steven? – Eu tinha quase certeza que eu estava delirando.
- , eu preciso da sua ajuda agora. – A voz demonstrava apreensão e o meu coração parecia ter parado. Eu logo pensei que algo tinha acontecido com o .
- Aconteceu alguma coisa? – Eu não estava nem respirando direito.
- Eu não estou me sentindo muito bem. – A voz dele também transmitia dor.
- Steven, o que está acontecendo? O que você está sentindo? Já chamou uma ambulância? – Eu me levantei da cadeira completamente preocupada.
- Eu não posso chamar ambulância ou qualquer outra pessoa. Ninguém pode saber que eu estou vivo, lembra? – Steven explicou.
- Como eu posso ajudar? Você quer que eu ligue pro ? – Eu fiquei muito nervosa e não sabia como ajudar.
- Não. Eu sei que ele está em uma reunião importante. Eu não quero prejudicá-lo. Será que você pode vir até aqui? – Steven perguntou. – Você é estudante de medicina. Talvez você possa me ajudar. Eu acho que é apenas uma queda de pressão. – Ele completou.
- É claro! Eu estou indo agora mesmo. – Eu me afastei da mesa e já comecei a subir a escada para me arrumar.
- Venha de taxi, está bem? Pode ser perigoso pra mim se alguém ver o seu carro em frente a minha casa durante o dia. Eu não costumo receber visitas e não posso chamar atenção de ninguém. – Steven explicou a situação.
- É claro, tudo bem. Eu vou só vestir uma roupa! Tente manter-se sentado, ok? Eu já chego ai. – Eu desliguei a ligação e comecei a trocar de roupa rapidamente. Vesti uma blusinha branca e lisa, uma jaqueta jeans e uma calça também jeans. Enquanto me arrumava, liguei para um taxi.

Eu fiquei extremamente nervosa, pois Steven era uma pessoa importante para o e, consequentemente, pra mim. Ele pediu a minha ajuda e eu sentia a responsabilidade de ajudá-lo. Eu não poderia deixar nada acontecer com ele. não poderia passar por isso logo agora que está tão feliz.

Eu terminei de me arrumar e coloquei um medidor de pressão que eu tinha dentro da bolsa. Eu não sabia muito bem como eu iria ajudá-lo. Eu ainda nem era capacitada para tal coisa. Eu sou apenas uma estudante de medicina. Eu tinha sim um certo conhecimento teórico, mas quase nenhum conhecimento prático. Porém, a situação era uma exceção. Eu daria o meu máximo para ajudar o Steven e se as coisas saíssem do controle, eu chamaria uma ambulância. Mesmo que Steven tentasse me impedir.

O taxi não demorou nem 10 minutos. Eu fechei a casa e fui para o taxi. Passei o endereço para o motorista de forma ofegante e ao perceber que eu estava com pressa, ele dirigiu o mais rápido que conseguiu. Levou alguns minutos até chegarmos na casa de Steven. Eu paguei o taxi e sai correndo em direção a casa dele. Nem sequer bati na porta, pois percebi que ela estava destrancada. Eu entrei na casa e fechei a porta. Olhei em volta e não encontrei Steven.

- Steven? – Eu chamei por ele. Aquela altura eu já estava morrendo de medo do homem estar desacordado em algum canto da casa. – Steven? – Eu gritei novamente.
- Eu estou aqui. – Ouvi a voz do Steven na sala ao lado. Mesmo aliviada, andei apressadamente até o cômodo ao lado.
- Steven! – Eu estava feliz por vê-lo. – O que foi que aconteceu? – Eu fui até ele, que estava sentado no sofá. Coloquei a minha bolsa sobre o sofá e fiz o mesmo com a jaqueta, que eu tirei, pois a corrida me fez sentir calor.
- Eu não sei. Acho que foi só uma queda de pressão. – Apesar de alegar estar mal, Steven até estava com uma cara boa.
- Está se sentindo melhor? – Eu perguntei, preocupada.
- Eu acho que sim. – Steven sorriu fraco. – Você veio bem rápido. – Ele comentou.
- O taxi não demorou nada. – Eu expliquei.
- Eu ia ligar para o , mas não queria preocupá-lo. Então, recorri a você. – Steven moveu-se no sofá, demonstrando que iria levantar.
- Eu também não liguei pra ele e nem pra ninguém. Fica tranquilo. – Eu queria tranquilizá-lo, pois sabia que ele se preocupava muito com o fato de ser descoberto ali. Só eu e sabíamos que ele estava vivo.
- Eu sei que posso confiar em você, . – Steven levantou-se do sofá e deu alguns passos.
- Eu fiquei muito preocupada. – Eu olhei pra ele, que estava de costas pra mim.
- Ficou mesmo? – Steven perguntou ainda de costas.
- Fiquei! – Eu afirmei sem hesitação.
- Você é mesmo muito atenciosa, não é? – Steven deu mais alguns passos. Ele parecia estar andando em direção a porta da casa. – Chega a ser comovente e... – Ele parou em frente a porta e a trancou, retirando a chave da fechadura em seguida. – Convincente. – Steven completou.
- O que? Eu... não entendi. – Eu estranhei tanto a sua atitude, quanto a sua frase.
- Vai se fazer de desentendida também? – Steven virou-se e olhou para mim de longe. – Não precisa continuar com o teatro. Eu sei exatamente quem você é. – Ele começou a dar lentos passos em minha direção.
- Steven, eu... – Eu olhava pra ele assustada. Eu não sabia do que ele estava falando.
- ‘Eu não sei do que você está falando.’ – Steven afinou a sua voz e disse com deboche. – Previsível como sempre! – Ele suspirou.
- O que está acontecendo, Steven? – Eu o olhei com incompreensão. Porque ele estava falando comigo daquele jeito?
- Acabou, ! – Steven continuou andando em minha direção e eu comecei a dar poucos passos pra trás. – Chega de teatro! Chega de mexer com a minha família! Chega da sua vingança, porque a minha só acaba de começar. – Ele disse com ódio em seus olhos. Meu coração estava acelerado e minhas mãos começaram a tremer.
- Você está me assustando. – Eu continuei dando alguns passos para trás. Eu não sabia pra onde correr.
- Estou te assustando? – Steven riu com deboche. – Achei que a sua fragilidade fosse parte do teatro, mas pelo visto você é mesmo fraca, não é? – O olhar dele era a coisa mais assustadora de todas. Eu nunca vi nada tão frio quanto aquele olhar.
- Você nem ao menos me conhece. – Eu me atrevi a enfrentá-lo, pois realmente me ofendi com as suas palavras.
- Eu te conheço muito mais do que você imagina, . – Steven disse o meu nome completo. Eu nunca disse a ele o meu nome completo. Como ele sabia? – Foram anos vendo você repetir a história que eu conheço muito bem. Foram anos esperando pelo dia de hoje! – Ele tinha um sorriso sarcástico no rosto.
- Eu quero ir embora. – Eu engoli o desespero que estava quase tomando conta de mim e fui andando rapidamente em direção a porta da casa. Cheguei nela e confirmei que ela estava trancada. Foi ai que eu me desesperei de vez. – Abra a porta! – Eu esmurrei algumas vezes a porta.
- Você não vai querer perder o show, vai? – Steven observou, demonstrando prazer com o meu desespero.
- VOCÊ NÃO PODE ME TRANCAR AQUI! – Eu esbravejei assim que me virei para olhá-lo.
- EU TE AVISEI, NÃO AVISEI? – Steven retrucou ainda mais furioso. O jeito que ele gritou me tirou as forças e a coragem. Eu neguei com a cabeça, demonstrando que não sabia do que ele estava falando. – EU DEI TRÊS AVISOS E VOCÊ IGNOROU TODOS ELES! – Ele se aproximou de mim, enquanto gritava e eu encostei as minhas costas na porta, pois não tinha pra onde correr. As suas palavras clarearam a minha mente e me mostravam o que eu demorei tanto tempo para descobrir.
- É você. – Eu disse com lágrimas nos olhos e com a voz fraca. Era uma mistura de medo com tristeza. Tudo começava a fazer sentido agora. – Era você naquele prédio! Era a sua letra naquela carta! – Eu disse, sentindo um nó se formar em minha garganta. As lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos.
- Você vai se arrepender de ter entrado na vida do meu filho. – Steven parou em minha frente e encarou minhas lágrimas com frieza. – Ele está tão cego de amor, que não enxerga quem você é, mas eu enxergo! – Ele segurou com força um dos meus braços e me puxou para mais perto dele. – Eu voltei para salvá-lo de você! – Steven disse, olhando em meus olhos, que estavam completamente tomados de lágrimas e de medo. – Eu voltei para acertar as contas! – Ele disse com ódio. – Eu vim para pegar você! – Steven finalizou.
- Não... – O meu choro aumentou e eu tentei me desvencilhar de sua mão, que machucava o meu braço.
- Pegue o seu acento, ! – Steven apertou ainda mais o meu braço e me jogou de qualquer jeito contra o sofá, me forçando a sentar nele. – O show vai começar. – Ele sorriu com satisfação.










CONTINUA...









Nota da Autora: 


Hey! Então, eu espero que estejam gostando da fanfic. Está dando muito trabalho, mas eu estou AMANDO escrevê-la. Eu me inspirei em uma outra fanfic que eu li e fiz as minhas MUITAS alterações (com a autorização da autora da mesma). Como vocês já perceberam, ela está em andamento. Eu vou postar de acordo com o que eu for escrevendo. 

Vocês devem ter percebido que nessa fanfic, os Jonas não são tão 'politicamente corretos' e nem tem uma banda. Eu achei legal fazer uma coisa diferente.

Enfim, deixe o seu comentário aqui embaixo. A sua opinião é importante, pois me incentiva a escrever ainda mais e mais.

Beijos e qualquer coisa e erro, mandem reply pra mim lá no @jonasnobrasil . 


Um comentário:

  1. Termineeeei socrroo!!!!! Oq q tá acontecendo???!!! to pirando

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