Capítulo 44



NO CAPÍTULO ANTERIOR...




- É isso? Você está usando o Mark pra se vingar do fato de eu sair com a Amber? – não estava acreditando.
- Não, ! Eu estou saindo, porque eu quero sair. As minhas ações já não dependem das suas. Aliás, isso já mudou há muito tempo entre nós. – Eu ia continuar jogando na cara dele.
- Você não vai sair com esse cara, . – disse em tom de ordem. Ele não podia imaginar em nada pior do que saber que eu estava saindo com o Mark.
- O Mark é só um amigo. Você vai ter que confiar em mim. – Eu usei o argumento da confiança. Sempre funcionou comigo.
- FODA-SE O MARK, FODA-SE A CONFIANÇA! – pausou para respirar e se acalmar. – Eu sou o seu namorado e eu tenho direito de opinião. Eu não quero que você vá. – Ele pediu com mais paciência.
- E quando foi que eu tive o direito de opinião? E quando foi que você pediu a minha autorização pra sair com a Amber? – Eu comecei a me exaltar. – Eu vou! Não me importa a sua opinião ou a sua permissão ou não. As nossas regras são as mesmas. Se você vai desrespeitá-las, eu vou fazê-las serem esquecidas de vez. – Eu disse com convicção. Chega de ser feita de idiota. É a minha vez e eu vou aproveitar cada segundo dessa diversão.





Capítulo 44 – Nascidos Para Dizer Adeus



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:



- É isso que você quer? – estava fora de si. Só eu conseguia tirar ele do sério daquele jeito. – Hein? É isso? Você quer ir? – Ele voltou a perguntar. – Então vá! Vá e se divirta, ! Dance e aproveite pra achar um idiota pra trazer pra casa. Você é tão independente agora e está sozinha nessa enorme cidade, não é? – Ele estava surtando, mas não deixava a ironia de lado.
- Deixa de ser idiota, ! Você sabe muito bem que eu não preciso desse tipo de coisa pra me divertir. Você me conhece! Porque precisa fazer todo esse escândalo por causa de uma festa? – Eu não acreditava no quão egoísta ele era.
- Agora você também não precisa de mim pra se divertir, né? Pra o que mais você não precisa de mim? – achou que havia achado um bom argumento.
- É o primeiro lugar que eu vou sem você! Quantas coisas você já fez sem mim depois que eu vim pra Nova York? Pra o que mais você não precisa de mim, ? – Eu refiz a pergunta dele.
- Quer saber? – chegou ao limite. – EU JÁ TO CANSADO! Eu já estou cansado de tudo isso, ! – tentou se controlar. – Droga! Você escolheu isso! Não era o seu sonho? Você não queria estar ai? Você está exatamente onde queria estar e eu estou aqui esperando por você. Eu disse que eu esperaria! O que mais você quer que eu faça? O que mais você quer de mim? – Ele estava usando aquela voz grossa, que ainda me deixava perplexa. – Você quer que eu passe o dia chorando e lamentando a sua falta? Você quer que eu pare de viver a minha vida pra lamentar a sua ausência. É ISSO? – Ele gritou e eu nem consegui responder. Droga, eu vou me arrepender por não ter respondido. – Desculpa, querida! Eu tenho uma faculdade, eu tenho um trabalho, eu tenho responsabilidades aqui! – nunca tinha falado tão claramente sobre a minha ida pra Nova York. Eu não sabia que ele se sentia desse jeito. – Eu tenho tanta coisa pra fazer! Tanta coisa pra pensar! O único tempo que sobra pra nós, nós acabamos brigando. Eu estou tão cheio de tudo isso. Eu... – hesitou dizer, apenas negou com a cabeça.
- DIZ! – Eu o encorajei. – Diz o que você está querendo dizer! – Eu o enfrentei de novo e ele manteve-se em silêncio. – Se está sendo tão difícil de você, porque ainda está me esperando? Porque continuar com isso? – Eu tinha até medo de ouvir a resposta dele.
- Está vendo? Nós não podemos apenas conversar sobre isso, não é? Você não descansa enquanto não acaba com tudo, enquanto não estraga tudo! – voltou a falar daquele jeito grosseiro.
- Chega, ! – Eu neguei com a cabeça. Eu queria tanto não estar demonstrando a minha decepção com as palavras dele. – Eu cansei de te ouvir! Volte a me ligar quando você parar de agir como um idiota e quando você arrumar um tempinho pra mim na sua agenda! – Eu disse e desliguei.
- Ela... – tirou o celular do ouvido e olhou para o visor do mesmo. – Ela desligou na minha cara! – Ele negou com a cabeça, incrédulo.

Eu desliguei o celular e o tirei do ouvido com uma raiva extrema. Eu mantive o olhar em qualquer lugar, enquanto eu tentava absorver tanta raiva de uma só vez. Levei uma das minhas mãos até o meu cabelo, entrelacei meus dedos nele e o empurrei pra trás. Levantei o celular e olhei pra ele. Eu queria ligar pra ele e mandar ele ir a merda! Eu queria dizer tudo o que estava sentindo, tudo o que estava preso na minha garganta há tempos.

- Idiota! – Eu disse em um quase grito e coloquei o celular com força sobre a mesa.
- ... – Meg nunca havia me visto daquele jeito. Ela não sabia como me acalmar ou se deveria fazer isso.
- ELE SEMPRE FAZ ISSO! – Eu neguei com a cabeça. – Ele me deixa maluca! Ele... – Eu andava de um lado pro outro, furiosa.
- Não, não, não, não! – Meg veio em minha direção. – Não faz isso! Você não percebeu? Ele é quem deve estar enlouquecendo agora! – Meg sorriu, malandra.
- O que? – Eu fiz careta. Do que ela estava falando?
- Vocês acabaram de brigar e ele sabe que você vai pra uma festa. Ele deve estar morrendo de medo de acordar amanhã com um chifre na cabeça. – Meg gargalhou.
- Você está falando sério? – Eu a olhei, incrédula. Eu surtando e ela achando a maior graça.
- Pare de levar tudo tão a sério! Você está em Nova York! Se divirta! – Meg abriu os braços.
- Você é maluca... – Eu suspirei, segurando o riso.
- Maluca não. Eu apenas sei me divertir e melhor: eu não preciso de um homem pra isso. – Meg piscou pra mim. – Quer dizer, eu até preciso, mas só por algumas horas. – Meg voltou a rir.
- Oh meu Deus, você não presta! – Eu ataquei a primeira almofada que eu vi pela frente na direção dela.
- Então como vai ser? – Meg voltou a sentar-se no sofá.
- Eu não sei.. – Eu disse um pouco pensativa.
- Se você estiver pensando em não ir a essa festa, eu vou te matar! – Meg notou que eu estava pensativa até demais.
- Oh, eu não correria esse risco! – Eu rolei os olhos.
- Já sabe qual roupa você vai vestir? – Meg perguntou. Ela também estava em dúvida sobre a roupa que deveria usar.
- Eu não sei muito bem. – Eu cocei a cabeça. – Eu tenho uma calça nova e tem uma blusinha que eu... – Eu ia dizendo, mas Meg me interrompeu.
- Resposta errada! – Meg negou com a cabeça. – Escute bem! Eu vou até a minha casa, vou tomar banho e vou terminar de me arrumar aqui. Se eu chegar e você estiver de calça, eu juro que vou transformá-la no shorts mais curto que você já viu na sua vida! – Meg levantou-se do sofá.
- Mas, Meg... – Eu tentei argumentar, mas não consegui.
- Vista algo curto e provocante. Você está indo a uma festa universitária e não no aniversário de 70 anos de casados dos seus pais. – Meg pegou sua bolsa sobre a mesa e andou em direção a porta. – Te vejo daqui a pouco. Beijos. – Meg jogou beijos de longe e passou pela porta.
- Estou ferrada... – Eu neguei com a cabeça, olhando para a porta.

Eu não posso estar tomando a decisão errada. O vive saindo com a ex-namorada dele e eu não sou obrigada a aceitar, mas mesmo assim ele está me forçando a isso. Então eu também vou força-lo a aceitar a minha nova situação. A situação em que eu não sou a idiota que fica a noite de sábado estudando medicina. A situação em que eu saio e me divirto como uma garota normal. está errado dessa vez e ele vai ter que aprender essa lição.

- , vamos sair? – disse assim que o amigo atendeu o telefone.
- Depende, quem vai pagar o motel hoje? – brincou, enquanto encarava a TV do seu quarto.
- É sério! – rolou os olhos e segurou o riso. – Eu preciso conversar, enfriar a cabeça. – explicou para que entendesse de vez.
- Claro, cara. Onde? – rapidamente entendeu que se tratava de algo importante.
- Bem, tem o barzinho aqui na frente. – olhou da sacada e viu que não parecia tão lotado, já que não haveria balada naquela noite.
- Estarei lá em uma hora. – levantou-se para se arrumar.
- Vejo você lá. Valeu. – desligou o celular e depois encarou o visor. Deveria deixar o orgulho de lado e ligar? – Não! – respondeu pra si mesmo e levantou-se para tomar banho.

Eu demorei alguns longos minutos para escolher a roupa que eu usaria. Eu não tinha certeza sobre nada. Tudo parecia inadequado demais para a ocasião. Depois de um certo tempo, escolhi um shortinho e uma blusa mais cumprida. Peguei a minha toalha e fui em direção ao banheiro, mas a campainha tocou.

- Estou indo! – Eu gritei, descendo as escadas. Eu já sabia quem era. – Meg! – Eu disse assim que abri a porta.
- Você nem tomou banho ainda. Porque não estou surpresa? – Meg disse me fazendo rir.
- Eu estava indo agora mesmo. – Eu apontei em direção a escada.
- Então vá! Eu te espero aqui embaixo. Quando você acabar, desça e nós nos arrumamos. – Meg se jogou no sofá e começou a mexer em seu celular.
- Certo, eu já volto. – Eu me virei de costas e subi as escadas rapidamente.

A verdade? Eu realmente estava esperando a minha excitação de ir a essa festa se manifestar. Eu sabia que em algum momento ela acabaria aparecendo. Talvez eu devesse pensar mais em tudo o que me disse no telefone. A minha raiva aumentava e talvez a minha empolgação fizesse o mesmo. Meg continuava jogada no sofá e ao contrário de mim, ela estava bem empolgada com a festa. Ela estava muito concentrada no que estava fazendo em seu celular, quando ouviu um barulho. O mesmo barulho que havia escutado antes.

- Que merda é essa? – Meg se levantou e olhou em volta. Viu o meu celular tocando sobre a mesa. Ela estava se aproximando dele, mas parou de tocar.
- Vamos, atende! – havia acabado de sair do banho e estava sentado em sua cama. Talvez desse tempo de se desculpar e me convencer a não ir a essa festa. – Vamos!– voltou a ligar.
- Alô? – Meg atendeu o meu celular, que insistia em tocar. Deveria ser importante, né?
- Alô... – respondeu, estranhando. – Quem é? – Não era a minha voz.
- Eu não sei. Pra quem você ligou? – Meg quase riu.
- Você não é a . – manteve aquela careta em seu rosto. Não fazia do que estava acontecendo.
- E você não é o Brad Pitt. – Meg voltou a se sentar no sofá.
- Oh, já sei! – sorriu e negou com a cabeça. – Você deve ser a amiga universitária rebelde. – se lembra de eu ter falado sobre a Meg e também se lembra de não ter gostado de nada do que eu contei sobre ela.
- E você deve ser o namorado controlador e sistemático. – Meg devolveu a ‘delicadeza’.
- Oh, você é engraçada! Que gracinha! – disse com falsidade. – Onde está a ? – já havia cansado de falar com Meg.
- Ela está tomando banho. – Meg respondeu sem dar tanta atenção.
- Então leve o telefone pra ela. – não estava satisfeito com os modos de Meg.
- Oh, é claro! Quer que eu corte as suas unhas do pé também? – Meg arqueou uma das sobrancelhas.
- Ok. – riu por poucos segundos. – É Meg, não é? – Ele estava se esforçando para manter a paciência. – Você não acha que eu liguei pro celular da pra falar com você, não é? – Ele estava se segurando.
- Não, eu não acho. Acontece que eu não sou a sua empregada e não faço a mínima questão de te agradar. – Meg respondia com tanta frieza que até parecia estar acostumada com esse tipo de conflito.
- O que? Eu estou pedindo pra você levar o telefone pra e não pra você varrer a casa, garota. – começou a perder a paciência.
- Primeiro: garota, uma ova! Eu tenho nome e eu gosto dele. – Meg começou a ficar irritada. – Segundo: Vamos deixar uma coisa bem clara aqui! A é a sua namorada e você pode fazê-la de boba e tratá-la do jeito que quiser, mas eu não sou nada sua. É melhor começar a ter respeito se quer me pedir alguma coisa. – Meg cansou de tentar ser educada.
- Nossa, tem alguém de... – ia dizer, mas hesitou dizer.
- TPM? – Meg deduziu e rolou os olhos. – Não, não é TPM. Quem precisa de TPM quando se tem um idiota como você? – Meg começou a pegar pesado.
- Você fala como se me conhecesse. – riu com sarcasmo.
- Exatamente! Eu nem te conheço e já acho que a está cometendo o maior erro da vida dela. – Meg tinha uma língua afiada. O que ela tem pra falar, ela fala.
- Oh, então agora nós vamos discutir o meu relacionamento? – não gostou do que Meg falou, mas continuava agindo falsamente.
- É claro que não. A última coisa que eu quero é sentar e falar o quanto você não merece a . – Meg disparou.
- O que? – quase riu. – O que é que você sabe sobre mim? Você não sabe nada! – estava indignado com o que estava sendo obrigado a ouvir.
- Eu não sei mesmo, mas sabe do que eu sei? Eu sei que a minha amiga fica todos os finais de semana trancada em casa e rodeada de livros porque ela não quer ter problemas com o namorado que está há km’s de distância dela. – Meg fez uma pausa. – Eu sei que a minha amiga fica a semana inteira esperando o maldito telefone tocar. Quando ele toca, é bem fácil deduzir: ou é a família dela, os amigos e até, quem sabe, o Obama, não você! – Meg estava incrivelmente afiada hoje. Eu adorei isso!
- Acabou? – não queria falar sobre o assunto, muito menos com ela.
- É, acabei. – Meg sorriu, satisfeita.
- Então é agora que eu devo agradecer pela sua incrível opinião que, aliás, eu não pedi em nenhum momento? – ironizou.
- A verdade dói, né? – Meg riu.
- Sabe o que dói mesmo? Saber que a tem que aturar alguém como você. – estava furioso. Ele já estava se sentindo mal com tudo e agora vinha aquela doida e começava a disparar tudo aquilo contra ele.
- Sabe que estamos nos divertindo? Vamos até sair hoje! – Meg tinha que falar sobre a festa.
- É claro! – negou com a cabeça. – É claro que a ideia foi sua! – rolou os olhos, furioso.
- Desencana, cara! É só uma festa! – Meg não conseguia entender aquela necessidade que tinha de me deixar presa em casa. Qual o problema em sair?
- É, mas todo mundo sabe o que rola nessas festas universitárias. – argumentou.
- E daí? Até parece que você não conhece a ! – Meg riu, indignada. – A garota está se sentindo a pior namorada do mundo só porque está indo a uma festa patética sem você. Se eu deixasse, ela iria com umas 10 blusas de frio e umas 5 calças só pra não chamar a atenção dos caras. – Ela chegou a se irritar. agia como se eu fosse uma louca baladeira.
- E o que você aconselhou ela a vestir? – estava até com medo de ouvir a resposta.
- Biquíni! Sabe aqueles bem pequenos, fio-dental? – Meg brincou.
- Vai se ferrar! – revirou os olhos. Ele sabia que Meg estava apenas provocando ele.
- Shorts, blusa ou qualquer outra coisa que uma garota normal usa! Qual o problema? – Meg jamais entenderia as atitudes do .
- Eu não acredito que cheguei a pensar em pedir pra você ficar de olho nela pra mim. – riu de si mesmo.
- Eu também não acredito. Que ridículo! – Meg também riu. – Se dependesse de mim, você não conseguiria tirar a cabeça do travesseiro amanhã de manha de tanto chifre que teria nela. – Meg voltou a provocá-lo.
- Eu já mandei você se foder, né? Que tal ir a merda agora? – disse com extremo sarcasmo.
- Eu aviso que você ligou. – Meg estava prestes a desligar.
- Não precisa se dar ao trabalho. Eu não quero nada de você. – respondeu e desligou o celular no instante seguinte.
- Tanto faz. – Meg ergueu os ombros. Realmente não estava preocupada com o .

Eu sinceramente estava achando que estava começando a ficar empolgada para aquela festa. entenderia. Eu sempre entendi, por que ele não entenderia? Não importa. Ele não tem opção. Saí do banho e fui até a minha cama. Sobre ela estava as peças de roupas que eu havia escolhido usar naquela noite. Coloquei o shortinho e depois a blusa.

- Meg! Sobe aqui! – Eu gritei do meu quarto e logo depois consegui ouvir os passos dela na escada.
- Eu já estava quase dormindo no sofá. – Meg disse assim que entrou em meu quarto.
- Está bom assim? – Eu me virei pra ela e vi ela analisar a minha roupa.
- Está se você pretende ir na barraquinha de churros aqui na esquina. – Meg fez careta e eu segurei o riso.
- O que? Qual é! Não está tão ruim assim. – Eu suspirei longamente.
- Espera, eu vou dar um jeito nisso. – Meg passou por mim e foi até o meu guarda-roupa. – Vamos ver o que você tem aqui. – Meg começou a revirar as minhas blusinhas. – Não! Não. Absolutamente não! – Ela ia dizendo a cada blusinha que ela via. – Nossa, o que o pijama da sua mãe está fazendo aqui? – Meg olhou um camisão antigo que eu não usava há anos.
- Muito engraçado. – Eu cruzei os braços.
- Wow... – Meg tirou uma das blusas do meu armário.
- Não! Nem pensar! – Eu fui até ela, tirei a blusa das suas mãos e voltei a guardá-la no armário.
- Está resolvido! – Meg voltou a pegar a tal blusa no meu armário. – Coloque! Eu quero ver como fica. – Ela me entregou a blusinha.
- Meg, você me paga! – Eu rolei os olhos e fui arrastada até o banheiro. Coloquei aquela blusinha que eu não usava há tempos. – Não serviu! – Eu menti, depois de me olhar no espelho.
- Boa tentativa! Me deixe ver. – Meg gritou do lado de fora do banheiro.
- Droga... – Eu suspirei e abri a porta.
- Oh-meu-Deus! – Meg abriu a boca, perplexa.
- Ficou um lixo. – Eu revirei os olhos.
- Ficou perfeito! – Meg estava mais empolgada do que nunca. – Você vai assim! – Ela confirmou.
- Meg, a minha cintura está descoberta. – Eu olhei pra blusa.
- Ainda bem que você tem uma bela cintura, né? – Meg piscou um dos olhos pra mim. – Minha vez. – Meg foi até a cama e pegou sua roupa dentro da sacola. O shorts dela era menor que o meu e a blusa desabotoada deixava uma parte do seu top preto a mostra.
- Tudo isso é mesmo necessário? – Eu me olhei no espelho (VEJA A ROUPA AQUI).
- Eu tenho certeza que vamos ser as mais comportadas da festa. – Meg riu, pegando a sua roupa e indo em direção ao banheiro. – E coloque essas meias e essas botas. – Ela apontou para uma bota e um meião que eu havia usado na semana passada.

Demorou para que ficássemos prontas. Meg demorava tanto quanto eu para se arrumar. Meg estava mais do que satisfeita com o seu visual. Ela estava vestida para matar qualquer cara que passasse por ela. Eu já não estava tão segura. Quer dizer, eu sabia que a roupa estava combinando e que, possivelmente, eu estava vestida de acordo com a ocasião, mas eu me sentia desconfortável em me vestir daquele jeito sem ser para impressionar o .

- E então, como estamos? – Meg foi ao meu lado e nós duas nos olhamos no espelho. Eu me olhei dos pés a cabeça e voltei a ver aquela garota de Atlantic City. Aquela que estava solteira e que saia com as amigas pra curtir.
- Oh, eu estou me sentindo como... – Eu pensei antes de dizer. – Como a Amber. – Eu fiz careta.
- Ótimo! Vamos tirar uma foto e mandar pro só pra ele ver o que está perdendo. – Meg pegou o seu celular e eu o agarrei imediatamente.
- Está maluca? – Eu tirei o celular da mão dela e ela riu.
- Brincadeira. – Meg continuou rindo. - E então, que horas que o gostoso do seu vizinho disse que ia chegar mesmo? – Ela me olhou.
- O MARK disse que ia chegar... – Eu fui dizer, mas o barulho da campainha me interrompeu. – Agora. – Eu quase ri.
- Então vamos de uma vez. – Meg pegou sua bolsa e seu celular e começou a andar em direção a porta. Eu a acompanhei e nós descemos as escadas.
- Eu só vou pegar meu celular. – Eu apontei em direção a mesa.
- Eu abro a porta. – Meg andou rapidamente até a porta e a abriu. Ao ver Mark, Meg não disfarçou a rápida olhada que ela deu nele por inteiro. – Olha só, quem estava faltando. – Ela sorriu rapidamente, desajeitada. As vezes ela era tão cara de pau que até se assustava.
- Cheguei cedo? – Mark fez careta. Ele havia se atrasado um pouco.
- Não! Estamos prontas. – Eu apareci na porta ao lado da Meg. Mark me olhou, surpreso. Ele nunca havia me visto vestida desse jeito. Ele também olhou pra Meg, que também o surpreendeu.
- Vocês estão... lindas. – Mark sorriu, sem jeito.
- Normalmente eu diria outra coisa, mas pra não te assustar, vou dizer que você está muito charmoso. – Meg disse e eu e Mark nos olhamos, segurando a risada.
- Valeu! – Eu agradeci, enquanto ainda ria.
- Eu não acho que isso vá ser uma boa ideia. – Mark fez careta. – Quando nós entrarmos naquela festa, uns 20 caras vão pular em cima de vocês. Eu não vou dar conta de todos eles. – Ele riu de sua própria brincadeira.
- Bem, eu não preciso de proteção. Eu gosto de ver os caras se jogando aos meus pés. – Meg disse, fingindo ser convencida.
- Com eles no chão, fica mais fácil dela pisar em cada um deles. – Eu brinquei. Meg não é tão fácil quanto aparenta, mas ela também não é o tipo de pessoa que você imagina com marido e filhos daqui 15 anos.
- Ela me conhece. – Meg sorriu pra mim.
- Ela não precisa, mas eu preciso de proteção. – Eu levantei a minha mão e mostrei a aliança de namoro.
- O ... certo! – Mark afirmou com a cabeça.
- Eu tentei convencê-la a tirar essa coisa do dedo, mas só cortando o dedo junto e eu nem estou tão malvada hoje. – Meg disse, fazendo Mark rir.
- Até parece. – Eu rolei os olhos.

Mark nos levou até o seu carro. Deixei que Meg fosse na frente com ele e ela não perdeu tempo. Meg e Mark começaram a conversar espontaneamente. Não era como se Meg estivesse dando em cima dele ou algo assim. Eles realmente se deram bem e pareciam ter assuntos e ideias em comum. Eu continuava em silêncio no banco detrás. Eu podia fazer parte daquela conversa também, mas eu não estava nem prestando atenção neles. Peguei o meu celular e vi que não havia nenhuma mensagem ou ligação do . Aquilo partia o meu coração. Eu cheguei a procurar o número dele nos contatos, mas eu não cliquei em ‘ligar’. Eu não vou ligar. Eu não vou dar o braço a torcer dessa vez, porque não sou eu que fiz besteira.

- Chegamos. – Mark disse, quando aproximou o carro do grande salão em que estava acontecendo a festa. – Vocês querem descer? Esperem aqui e eu vou procurar uma vaga pra estacionar o carro rapidinho. – Mark perguntou e Meg saltou do carro.
- Vamos ficar esperando aqui. – Meg respondeu já fora do carro. Eu fui obrigada a descer também.
- Não demora! – Eu olhei pro Mark e ele entendeu o que eu quis dizer. Eu não queria ter que correr o risco de ser agarrada por um idiota qualquer.
- É rápido! – Mark saiu com o carro e eu acompanhei o carro com os olhos até perdê-lo de vista.
- Você está bem? – Meg disse depois de me olhar e perceber que havia algo errado.
- Estou! Eu só... não estou acostumada com isso. – Eu forcei um sorriso e olhei pra entrada do salão. Havia centenas pessoas lá dentro.
- Você deveria se divertir, lembra? – Meg me olhou, séria.
- Eu vou! Eu prometo. – Eu aumentei o sorriso para convencê-la.
- É assim que se fala. – Meg piscou um dos olhos pra mim. Ela virou-se para olhar o salão e ficou ainda mais ansiosa. – Eu estou tão empolgada! – Meg ajeitou o cabelo e voltou a me olhar.
- É muita gente, né? – Eu comecei a tentar mostrar a minha empolgação, já que eu não queria ser uma má companhia naquela noite.
- Dei sorte! – Mark apareceu do nosso lado. – Um carro estava saindo com o carro na hora que eu estava passando e consegui a vaga. – Ele sorriu, satisfeito.
- Ótimo! Vamos. – Meg apontou com a cabeça em direção ao salão.

O volume da música aumentava a cada passo que dávamos em direção ao salão. Tinha várias pessoas com garrafas e latinhas nas mãos. Eu até havia me esquecido que aquilo não era uma festa do ensino médio. Como previmos, Mark conseguiu o ingresso na porta do local. Nós entramos e vimos o quão lotado aquilo estava. Meg me olhou e deu um básico surto de 5 segundos. Agarrou a minha mão e me puxou para que nós não nos perdêssemos. Mark estava atrás e não tirava os olhos de nós. Ele sabia que se nos perdesse ali, jamais nos encontraria.

- O que vocês querem beber? – Meg perguntou, quando chegamos no balcão. Ela ia pedir alguma coisa.
- Eu quero uma tequila. – Mark respondeu prontamente. Eu olhei pra ele, surpresa. Tequila? Ele bebe? Como assim?
- Eu também quero tequila. – Meg olhou pra bartender que rapidamente pegou dois copos e os encheu até a boca. – E pra você, ? – Meg olhou pra mim.
- Eu quero... – Eu olhei todas aquelas garrafas atrás da bartender, que me olhava. Eu não conhecia nenhuma daquelas bebidas. Eu sou extremamente ignorante nesses assuntos. – Eu quero um refrigerante. Qualquer um! – Eu disse e Meg me olhou.
- Qualquer um? – Meg arqueou as sobrancelhas. – Que rebelde! – Meg riu da minha cara.
- Eu sou fraca pra bebida alcoólica. – Eu fiz careta.
- Acredite! Ela é realmente fraca pra isso. – Mark completou com um riso no rosto. Até havia me esquecido que ele estava lá no dia do meu primeiro porre.
- Beleza. Pega aqui. – Meg pegou o copo do Mark e entregou pra ele. Fez o mesmo com o meu e depois pegou o seu copo.

Meg não conseguia parar quieta. Mesmo na hora que estávamos conversando, ela ficava dançando a música que estava tocando. Mark e ela estavam se dando bem. Eles ficavam conversando e rindo a todo o momento. Cheguei a pensar que já estavam comendo a ficar alegrinhos por causa da bebida, mas eu tenho que saber que nem todo mundo é tão fraco pra bebida como eu. Olhei para o lado e todos estavam dançando, se pegando ou bebendo. Parecia que era só eu que não estava me divertindo. Uns três caras já haviam chegado na Meg, mas ela rejeitou todos.

- Eu vou pegar mais uma bebida. Vocês querem? – Meg perguntou.
- Não, eu estou bem. – Eu neguei com a cabeça.
- Eu também não quero. Eu vou dirigir. – Mark fez careta.
- Eu já volto. – Meg saiu e deixou eu e Mark sozinhos.

Ficamos algum tempo em silêncio. Estávamos apenas observando as pessoas dançaram empolgadamente. O que está acontecendo comigo? Eu adoro dançar. Eu sempre adorei essas festas. Porque eu não estou me divertindo? Droga! Eu odeio isso!


estava sentado no balcão do barzinho que ficava em frente a sua casa. Ele esperava chegar. Ele precisava desabafar. jamais entenderia e estava com mais problemas que ele. era a sua única opção, mas isso não quer dizer que ele seria a última. Não importa! Ele só precisava conversar com alguém. Já haviam passado 20 minutos do horário combinado com , mas o atraso dele já não era uma surpresa.

- Desculpa a demora. – sentou-se ao lado do .
- Tudo bem. – negou com a cabeça.
- Como está indo? – perguntou ao olhar pro amigo. – Oh, não precisa nem responder. – Ele negou levemente com a cabeça.
- E você? – olhou pela primeira vez para o amigo naquela noite.
- Beleza. – afirmou. – E então, o que aconteceu? – Ele queria logo saber o que havia acontecido dessa vez.
- Como se você não soubesse. – sorriu e negou com a cabeça.
- É sobre a . – deduziu com certeza. – O que foi dessa vez? – não sabia o que mais poderia estar dando errado entre nós.
- Nós brigamos... de novo. – deixou de olhar para o amigo para olhar para o copo de refrigerante que estava bebendo.
- Amber? – tentou adivinhar o motivo da briga.
- Incrível, mas não. Ela... – negou novamente com a cabeça. – Ela está em uma festa agora. Uma festa da faculdade. – demonstrava irritação só em falar no assunto.
- E? – continuou olhando pro , achando que a história não havia acabado.
- E... que eu estou puto! Ela vai em festas sem mim, agora? – começou a demonstrar a sua indignação. – Ela saí, enquanto o idiota fica aqui esperando ela. – Ele riu de si mesmo.
- Você fala como se você estivesse trancado em um quarto há meses. – quase riu.
- O que? – o olhou, irritado.
- Desculpe, cara! Eu sei que você acha que está certo, mas eu não quero que você fique enganando a si mesmo. – não mentiria apenas para dizer o que esperava e queria ouvir. – Você está esperando por ela, mas você continua vivendo a sua vida. Você trabalha, estuda e saí com os amigos. – foi bem claro.
- Exatamente! Eu saio com os meus amigos e ela? Sabe com quem ela está saindo hoje? Com o Mark! – achou que agora entenderia a sua situação.
- Oh, certo! Você odeia o Mark. – riu e negou com a cabeça. – Mas, cara, ele é o amigo que ela tem lá. Todos os outros estão há km’s dela. – estava tentando fazer ele entender a realidade.
- Amigo é o caralho! Todo mundo sabe que esse imbecil é louco por ela. – simplesmente não conseguia entender.
- Bem... – ia continuar, mas hesitou. Não queria irritar ainda mais o .
- Fala! – sabia que tinha mais coisas a dizer.
- Todo mundo aqui também sabe que a Amber é louca por você. – finalmente disse.
- É diferente! Eu sou homem! Eu tenho o controle da situação. Nada pode acontecer, porque eu não quero! Não é como se ela pudesse me agarrar a força. – argumentou. – A ... – Ele pensou antes de dizer. – Ela é só uma garota. Ela está longe e eu não posso fazer nada pra protegê-la! Se alguém resolve fazer algo com ela, ela não consegue se defender! Eu não estou lá, entende? – intercalava a raiva e a decepção.
- Você fala como se o Mark fosse um cafetão. – voltou a rir.
- Eu estou falando sério, porra! – irritou-se ao ver rindo.
- Eu sei, cara! Mas é que... – negou a cabeça. – A sua irmã deve ser mais perigosa que o Mark, entende? – não sabia como fazer entender. – E a não é a garotinha indefesa que você está falando. Ela já deu uma surra no Peter e eu tenho dó do cara que a faça mal. – Ele me conhecia muito bem. Não havia motivos para desconfiar de mim.
- Não é só isso. – abaixou a cabeça, pensativo. – Eu sinto que... – Ele não gostava de dizer aquilo em voz alta. – Eu sinto como se não estivesse dando a atenção que ela merece. Tem o trabalho e a faculdade. Eu sinto como se estivesse em falta com ela e cara, isso me perturba todos os dias. – explicava como se estivesse se sentindo culpado.
- E agora você está achando que ela vai procurar a atenção de outro cara. – novamente deduziu.
- Ela não faria isso, faria? Eu não consigo parar de pensar nisso. – suspirou longamente.
- Você sabe que ela não faria nada que pudesse te machucar. – falou com certeza. – E se ela foi a essa festa, foi porque ela está se sentindo mal com o fato de você estar se afastando. Talvez ela apenas esteja tentando chamar a sua atenção. Ela só precisa saber que você ainda se importa, . Ela precisa de você. – disse e ficou surpreso consigo mesmo. Foi um belo conselho.
- Droga, eu fiz besteira. – passou a mão pelo rosto, enquanto negava com a cabeça. – Merda. – Ele suspirou longamente.
- Agora ela está na festa e está com raiva de você. – ergueu os ombros.
- Isso é muito confortador. Obrigado! – finalmente havia percebido que fez besteira. – Eu falei um monte de coisa pra ela. Eu... – deu um soco no balcão. – Eu sou um idiota. Eu sempre acabo perdendo a cabeça e falando besteira. Merda! – Ele estava visivelmente arrependido.
- Bem, parece que o meu trabalho por aqui está feito. – já havia conseguido trazer o amigo de volta a realidade.

Era exatamente daquilo que estava precisando. De algo que o fizesse acordar a tempo. A tempo de consertar as coisas entre nós. Agora ele já sabia que havia feito besteira e que havia sido extremamente egoísta. Ele estava se sentindo péssimo e tinha medo do que eu poderia fazer naquela noite. conhece o meu lado vingativo. Ele sabia que não seria difícil eu achar um garoto naquela festa e ele também sabia que metade dos caras da festa iriam tentar algo comigo. Como eu reagiria? Eu cederia só pra jogar na cara deles que eu não sou a idiota que ele pensa? Infelizmente não. Eu não sou tão esperta.

- Eu tenho certeza que se você estivesse em casa estudando, estaria se divertindo mais. – Mark disse, depois de um longo silêncio.
- Está tão na cara? – Eu segurei o riso.
- Está escrito na sua testa. – Mark passou sua mão em frente a minha testa e sorriu.
- Eu estou me esforçando. Isso conta? – Eu arqueei a sobrancelha e ele fez cara de pensativo.
- Se esforçando? – Mark arqueou a sobrancelha. – A coisa mais divertida que eu vi você fazer até agora foi dar o fora naquele último cara que veio aqui. – Ele sorriu sem mostrar os dentes.
- Sério? – Eu abri os braços. – Eu juro que já fui mais divertida! Talvez eu só não esteja em um bom dia. – Eu ergui os ombros.
- E o motivo para o seu dia não estar bom tem um nome? – Mark me olhou, desconfiado.
- Não! – Eu não queria falar sobre o .
- Desculpe, eu não sabia que era um assunto que não podíamos falar. – Mark fez careta.
- E como você está? Tudo bem? – Eu mudei imediatamente de assunto.
- Agora eu sou o assunto? – Mark sorriu espontaneamente.
- O assunto é qualquer um que não seja o meu namorado sendo um idiota egoísta. – Eu sorri rapidamente. – E você? Como está o trabalho e a faculdade? – Nós não falamos muito sobre ele. Já era hora.
- Está tudo bem. Você sabe, como sempre. Nada de novo. – Mark ergueu os ombros.
- Você trabalha com o seu pai, não é? – Eu perguntei apenas para continuar naquele assunto.
- Sim, eu sou meio que um secretário dele na empresa em que ele trabalha. – Mark explicou.
- Eu nunca havia pensado nisso, mas eu nunca conheci o seu pai. – Eu disse, pensativa. Eu não me lembrava do pai dele.
- É... – Mark sorriu fraco. – Ele não mora comigo e com a minha mãe. Eles se separaram há alguns anos. – Ele afirmou como se o assunto não fosse tão confortável pra ele.
- Oh, entendi. Eu não sabia. – Eu mordi o lábio inferior, enquanto fazia careta. Eu não devia ter falado desse assunto.
- Não, não tem problema. Tudo bem! Eu já superei. – Mark viu que eu tinha ficado sem jeito e se sentiu um idiota por isso.
- Os assuntos de hoje estão meio que chatos, não acha? – Eu rolei os olhos e ele riu.
- Pelo menos a Meg está se divertindo. – Mark apontou com a cabeça e eu me virei para olhar. Meg estava dançando com um cara que ela provavelmente não lembrará amanhã de manhã.
- E eu achando que você era a bola da vez. – Eu disse e voltei a olhar pro Mark.
- Eu e a Meg? – Mark pareceu surpreso. – Não.. – Ele começou a rir.
- O que foi? Vocês se deram tão bem! – Porque ele estava rindo? Não era tão improvável assim.
- É verdade, nós nos demos muito bem, mas isso não funcionaria. – Mark negou com a cabeça, olhando Meg dançar. – Mas se te conforta, eu acho que nós seremos bons amigos. Ela é incrível. – Mark voltou a me olhar.
- Eu nunca fui uma boa cúpida mesmo. – Eu ergui os ombros, segurando o riso.
- É, você é péssima! – Mark fez careta e rolou os olhos.
- Hey! – Eu cerrei os olhos e dei um fraco tapa em seu braço.
- O que? É verdade! – Mark começou a rir.
- Certo, próximo assunto! – Eu disse, me segurando para não rir.


Eram quase2 da madrugada e ainda estava acordado. Ele já havia voltado pra sua casa há algumas horas. Depois dos conselhos de , eles conversaram sobre . Nada demais. Ao contrário de , não era bom em ouvir conselhos. Ele fazia apenas o que achava certo e parecia tão certo pra ele torturar . Era quase meia noite quando desistiu de convencer a fazer a coisa certa. havia voltado pro seu apartamento, sem saber muito bem o que pensar ou fazer. Ele achou que eu talvez fosse ligar ou dar qualquer sinal de vida. Os minutos continuavam passando e nada. Nunca foi tão interessante ficar deitado em sua cama, enquanto olhava para o teto. Principalmente quando havia centenas de coisas ara ele fazer.
- Eu não vou ligar. Ela não vai atender. – falou sozinho, enquanto olhava pro visor de seu celular. O orgulho estava falando mais alto de novo. – Dane-se! – mordeu o lábio inferior e negou com a cabeça. Ele havia decidido mandar uma mensagem de texto. Demorou alguns minutos para escrever o que queria. escrevia e apagava. Nada parecia ser bom o suficiente para me fazer desistir de qualquer cara que eu supostamente estava pensando em usar como vingança.


- Esse foi o 6° cara que chegou em você hoje, não é? – Mark me olhou com um sorriso no canto do rosto.
- Você está contando? – Eu olhei pra ele, surpresa.
- Estou? – Mark fez careta. - Oh, você tem razão. Essa festa está mesmo uma droga. – Mark riu, me fazendo rir também.
- Porque não vai se divertir? Eu vou ficar bem. – Eu não queria que ele perdesse a diversão por causa de mim.
- Não, é claro que não. – Mark nem cogitou aquela possibilidade.
- Mark, é sério! Eu vou ficar... – Eu ia continuar a frase, mas eu pausei quando senti o meu celular vibrar no meu bolso. – Espera. – Eu peguei o celular e a primeira coisa que enxerguei no visor foi ‘Mensagem de texto de ’. Eu deixei de olhar o celular e rolei os olhos.
- Qual o problema? – Mark percebeu a minha rápida mudança de comportamento.
- É o ... – Eu mordi o lábio inferior e neguei com a cabeça. Mark não disse nada, achou melhor não se manifestar sobre o assunto.

Eu não tenho certeza se eu devo ler a mensagem dele. Não importa o que esteja escrito ali. Só o fato dele ter mandado aquela mensagem, dele ter deixado o orgulho de lado e ter vindo atrás mesmo sabendo que eu estava em uma festa já havia mexido extremamente comigo. O meu coração já quis sair pela boca e eu não consegui pensar em mais nada.

- Leia. – Mark aconselhou. Eu olhei pra ele e suspirei longamente. Voltei a olhar pro visor do celular e cliquei para ver a mensagem.

‘Eu sei que você está brava comigo, mas nós precisamos conversar. Me ligue quando você chegar em casa. Estarei esperando por você. :(‘ - Era o que dizia a mensagem do . Eu reli a mensagem diversas vezes seguidas. Cada vez que eu lia era como uma facada no meu peito.

- Droga... – Eu tentei me recompor e guardei o celular no bolso.
- Tudo...certo? – Mark me olhou, preocupado.
- Esquece! Vamos esquecer essa porcaria de celular. – Eu respirei fundo e passei a mão rapidamente pelo meu rosto. – Então, essa festa está uma droga. – Eu tentei retomar o assunto anterior, mesmo sabendo que era impossível.
- Quando eu vim aqui da outra vez, estava melhor. – Mark entendeu a minha mudança de assunto.
- Quando você veio da outra vez, eu não estava aqui. Está explicado! – Eu disse e ele me olhou, sério.
- Porque está falando assim? – Mark arqueou uma das sobrancelhas.
- Você deveria estar dançando ou estar com alguma garota. Você não precisa perder a festa por causa de mim. – Eu expliquei.
- Não é você! – Mark argumentou.
- Desde que entramos aqui, eu já vi 4 garotas comerem você com os olhos. – Eu voltei a olhar pra ele e sorri.
- Você está contando? – Mark cerrou os olhos e manteve um sorriso fraco no rosto.
- Ok! – Eu segurei o riso. - Não muda de assunto! Pode ir! Eu vou ficar bem sozinha! – Eu tentei falar sério, apesar do meu sorriso.
- Com licença. – Um cara apareceu, ficando entre mim e o Mark. Nós olhamos pra ele, sem saber o que ele queria. – Ela está com você? – O garoto perguntou, apontando um dos dedos pra mim. Ele segurava uma garrafa de uma bebida qualquer.
- Não. – Mark analisou o garoto e manteve-se sério.
- Me permite? – O garoto me olhou e sorriu. Mark ergueu os ombros e rolou os olhos como se dissesse ‘Tanto faz!’. – Você não pode estudar na Albert! – O garoto virou-se pra mim e lançou o seu melhor.
- É mesmo? E por quê? – Eu só havia escutado cantada patética naquele lugar. Estou procurando pela melhor. Veremos se essa é pelo menos criativa.
- Eu me lembraria desse rosto e desse... – O garoto abaixou os olhos e depois voltou a olhar em meu rosto. – Deixa pra lá. – Ele riu. Mark revirou os olhos e riu do pobre garoto em minha frente.
- E então? O que está rolando? – Meg chegou até nós e não percebeu o que estava acontecendo.
- Você tem uma amiga? Ótimo! Eu tenho um amigo pra ela. – O garoto sorriu pra Meg, que o olhou e fez careta. O garoto parecia ter pensado em tudo.
- E quem é você, boy magia? – Meg tentou dizer aquilo sem rir.
- Eu sou o cara que vai levar a sua amiga pra dançar. – O garoto me olhou e me lançou aquele olhar matador. Ok! Ele até era bonitinho, mas seria melhor se ele tivesse ficado calado.
- Bem, se a amiga sou eu, não vai acontecer! – Eu respondi numa boa. Não fui grossa nem nada.
- Não, não faz isso comigo. – O garoto fez cara de cachorro que caiu da mudança. – Só um pouco! – O garoto insistiu. Mark o olhou e voltou a analisá-lo.
- Não, eu não quero. Valeu! – Eu forcei um sorriso e me virei de costas pra ele.
- Qual é! – O garoto achou que ainda poderia conseguir alguma coisa. Mark estava na minha frente e eu revirei os olhos. Voltei a olhar pro garoto apenas para não ser mal educada. – Eu venho observando você a noite toda! Você não dançou uma só vez! Me dê a chance! Você não pode ter vindo aqui apenas pra ver todo mundo se divertir. – O cara começou a argumentar.
- Cara, eu não quero! Ao contrário de todas as outras garotas dessa festa, eu não estou procurando um cara. Se você fosse esperto, não estaria perdendo o seu tempo comigo. – Eu já não estava sendo tão simpática. Ele começou a me irritar com a sua insistência.
- Só uma música! – O garoto tentou pegar a minha mão, mas eu a tirei de perto da dele no mesmo instante.
- Você está ouvindo? Eu não quero! – Eu me irritei de vez. Mark também não estava gostando do que estava acontecendo, mas manteve-se calado.
- Porque não? Eu sou um cara legal! – O garoto abriu os braços. – Só uma música. Vem! – O garoto tentou pegar a minha mão mais uma vez e eu me esquivei.
- Ei! – A voz grossa de Mark de repente me assustou. Mark apareceu ao meu lado e quando eu vi ele olhar para o garoto daquele jeito, eu até fiquei com medo. – Você não está ouvindo? – Mark entrou em minha frente e encarou o garoto. – Ela já te disse não 4 vezes e ela não vai repetir pela quinta vez. Entendeu ou não? – Mark continuou encarando o garoto, que apenas negou com a cabeça e se afastou. Meg me cutucou, eu a olhei e ela sorriu pra mim.
- Oh, que droga. – Eu enrosquei os meus dedos em meus fios de cabelo e os joguei para trás. – Viram? Viram porque eu não deveria ter vindo? – Eu neguei com a cabeça.
- Para de fazer isso. – Mark me olhou, sério.
- Ele estava certo. Porque eu vim? Pra ver os outros se divertirem? Você ainda nem se divertiu porque acha que não posso ficar sozinha. – Eu comecei a ‘jogar as coisas pro alto’.
- Então porque você não vai se divertir? – Meg se aproximou.
- Eu não consigo! – Eu deixei de olhar pra eles e olhei pra qualquer outro lugar.
- E porque não? – Meg não estava entendendo o que estava acontecendo. Mark me olhou, sério.
- Por causa do ! – Mark deduziu que tivesse algo a ver com a mensagem que havia me enviado.
- Tinha que ser esse idiota! – Meg ficou imediatamente irritada.
- Não é ele! Sou eu! – Eu apontei pra mim mesma. – Eu não estou fazendo isso pelos motivos certos. – Eu não dei muitos detalhes, mas eu sabia que eles perguntariam. - Eu sempre adorei lugares assim! Eu sempre soube me divertir e não tem a ver com estar sozinha ou não. Eu já dancei muito sozinha. Dançar... – Eu sorri em meio a um sorriso. – Eu sempre adorei dançar, mas... – Eu fiz uma breve pausa. – Eu não estou aqui pra isso. Eu não vim por isso. Isso é ridículo! – Eu nem conseguia olhá-los, porque eu me achava uma idiota naquele momento.
- Do que você está falando? – Mark arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu deveria ter vindo para me distrair, para me divertir, mas a única razão de eu ter vindo aqui hoje foi para atingir o . Sim, eu sei o quanto isso soa ridículo. Vocês não sabem o quanto eu odeio estar dizendo isso em voz alta. – Eu finalmente voltei a olhá-los. – Eu vim porque eu queria mostrar pra ele que eu não sou a idiota que ele pensa que eu sou. Eu queria que ele estivesse lá e pensasse, só uma única vez, que eu estava me divertindo sem ele. Eu precisava convencer a mim mesma de que eu posso fazer isso sem ele, mas... – Eu suspirei longamente. – Eu não posso! E eu me odeio ainda mais a cada segundo que me dou conta disso. – Aquilo estava me deixando mal. Aquilo estava fazendo com que eu me sentisse a pessoa mais infantil do mundo.
- Eu juro que no dia que eu encontrar com esse pessoalmente, eu vou acabar com esse idiota. – Meg suspirou, indignada.
- Eu sei que eu não preciso provar nada pra ele, mas eu estou irritada e chateada. Eu achei que poderia vir, me divertir e provar pra mim e pra ele que eu poderia me divertir sem ele. – Eu forcei um sorriso e neguei com a cabeça.
- Eu posso fazer alguma coisa pra ajudar? – Mark parecia ter me entendido e isso o deixou um pouco mais preocupado do que deveria.
- Pode! Você pode se divertir, mas como eu sei que você não vai fazer isso enquanto eu estiver aqui, eu vou embora. – Eu dei um fraco sorriso pra ele para que aquilo não soasse como algo ruim.
- Não, não, não, ! – Meg ficou imediatamente chateada com a situação.
- Sim! Eu vou embora e vocês vão se divertir! Se amanhã eu souber que vocês não se divertiram, eu vou matar vocês dois. – Eu os ameacei e Meg riu.
- Eu não vou tentar te convencer a ficar, porque sei que não vai adiantar. Então eu te levo. – Mark colocou a mão no bolso para pegar a chave do carro.
- Eu sabia que você ia dizer isso e a resposta é não! Você não vai a lugar algum! – Eu olhei mais séria pro Mark.
- São duas da madrugada e você acha mesmo que eu vou deixar você ir pra casa sozinha? – Mark quase riu da minha cara.
- É exatamente isso que você vai fazer. Eu vou chamar um taxi e ele vai me deixar na porta de casa. Não há nada de perigoso nisso. – Eu peguei o meu celular e comecei a ligar para a central de taxi.
- Desliga isso! Eu vou te levar! – Mark tentou pegar o celular da minha mão, mas eu me esquivei. A central de taxi me atendeu e eu passei o endereço para que um taxista viesse me buscar. Ele chegaria em 5 minutos. – Pronto. – Eu desliguei o celular.
- Isso está fora de cogitação. – Mark tirou a chave do carro do bolso. – Vamos! – Mark apontou com a cabeça em direção a porta.
- Escuta! – Eu agarrei sua camiseta e o puxei, fazendo com que ele voltasse a ficar de frente pra mim. – Você vai ficar, porque se você não ficar eu vou me sentir ainda mais culpada por estragar a sua festa e nunca mais vou sair com você! – Eu fiz chantagem emocional mesmo. Me processe!
- Não, não! Isso não pode ser sério! – Mark sorriu, enquanto negava com a cabeça.
- É sério! – Eu afirmei e fui em direção a Meg. – Ei, faça ele se divertir! Você é a única pessoa do mundo capaz de fazer isso. – Eu disse e Meg riu.
- Sim, eu sei! – Meg continuou rindo.
- Obrigada por ter me convencido a vir. Você está se saindo uma amiga incrível, mesmo sendo a única que eu tenho por aqui. Obrigada. – Eu me aproximei e a abracei rapidamente.
- Me agradeça não sofrendo por ele. Não faça isso, escutou? – Meg me olhou e disse em tom de ordem.
- Eu escutei. – Eu afirmei com a cabeça. – Deixe comigo. – Eu forcei um sorriso e olhei pro Mark. – Calma! – Eu vi ele me olhando com cara feia. – Eu vou ficar bem. – Eu ri e neguei com a cabeça.
- Eu te levo até lá fora. Posso pelo menos fazer isso? – Mark continuou sério.
- Pode! – Eu rolei os olhos e me virei para acenar pra Meg.
- Eu já volto, Meg. Não vá pra muito longe se não eu não conseguirei te achar. – Mark aconselhou e Meg afirmou com a cabeça, enquanto dançava no ritmo da música que estava tocando.

Eu fui em direção a saída da festa e Mark veio atrás. Ele quase me perdeu de vista, mas rapidamente conseguiu me alcançar. Eu saí para o lado de fora e ele fez o mesmo. Vi ele conversando com um dos seguranças da festa, avisando que só ia me levar até o taxi e já voltaria.

- O taxi já está ali me esperando. – Eu apontei e comecei a andar mais rapidamente. Cheguei no taxi e olhei para o motorista pela janela.
- ? – O motorista perguntou e eu confirmei.
- Só um minuto. – Eu me virei de costas para o taxi e olhei pro Mark.
- Tem certeza? – Mark olhou para o motorista e depois pra mim.
- Eu tenho! – Eu rolei os olhos e segurei o riso.
- Certo! Ok! Eu não vou perguntar de novo. – Mark suspirou e sorriu sem mostrar os dentes.
- Obrigada! – Eu abri rapidamente os braços e me aproximei dele. – E obrigada também pelo que você fez lá dentro. – Eu passei meus braços em torno do corpo dele e o abracei. Ele fez o mesmo com os seus braços.
- Tudo bem. – Mark sorriu fraco. Eu terminei o abraço e parei para olhá-lo, quando eu percebi que ele queria dizer algo. – Eu... – Mark suspirou e prensou seus lábios um no outro. – Eu sinto muito que ele faça você se sentir assim. Você não merece. – Ele disse de um jeito tão doce, que eu nem notei que pudesse ser uma crítica ao .
- Obrigada. – Eu voltei a me aproximar e beijei uma das suas bochechas. – Mesmo. Obrigada. – Eu disse, depois de tirar meus lábios do rosto dele. Ele apenas sorriu sem mostrar os dentes e negou com a cabeça como se dissesse ‘Tudo bem!’.

‘Você não merece’... Porque isso continua ecoando em minha cabeça? Eu nunca havia parado pra pensar nisso antes. Merecer? O que se deve fazer para merecer uma pessoa? Você deve amá-la mais do que tudo ou talvez você só deva ser retribuir com tudo o que ela te dá ou não. Sabe? Talvez possa ser os dois. Você não escolhe as pessoas que te merecem e nem o que elas tem que fazer para conseguir isso. Elas apenas... merecem. Sem esforço, sem nem ao menos perceberem que merecem. Em todo caso, as formas de merecer uma pessoa se encaixam em mim. Eu não sei como eu poderia amá-lo mais e também não sei o que mais eu devo fazer para fazê-lo se sentir do jeito que ele já fez eu me sentir um dia. Eu estou amando e estou sendo recíproca com tudo o que ele já fez por mim, mas, espera. E ele? Qual dos dois se adapta a ele? Os dois? Nenhum? Droga.

Foram incontáveis as vezes que eu li aquela mensagem. Eu estava certa. A última vez que nos vimos, eu disse a ele que as coisas haviam mudado entre nós. Eu disse! Eu tentei avisar, eu tentei lidar com o problema antes que ele envenenasse de vez o que um dia nós chamamos de namoro. Nós sempre brigamos, mas nunca pareceu tão intenso quanto agora. As outras vezes nós brigávamos porque somos tão irritantemente parecidos que as vezes não aguentávamos ficar tanto tempo perto um do outro. Nós estamos bem longe um do outro agora. Não há motivos para brigas. Nós não temos tempo pra isso. O tempo que nos resta era pra ser o momento de nossas vidas. Não era para estar acontecendo assim. Nunca foi pra ser assim, mas do que eu posso reclamar? A culpa disso tudo é minha. Foi minha escolha! Eu escolhi deixá-lo. Eu escolhi Nova York! Eu escolhi vê-lo se afastar. Sim, eu sabia que isso aconteceria.

Eu cheguei em casa eram 2 da madrugada. Big Rob se assustou com a minha chegada. Por um segundo, eu achei que ele pularia em mim. Eu entrei em minha casa e eu não me senti tão bem quanto achei que iria. Eu quis tanto estar em casa. Eu estava e agora? Eu devo ligar pra ele? Ligar e dizer o que? Dizer que eu simplesmente não sei viver sem ele? Dizer que eu não sou tão boa em ser normal e simplesmente me divertir sem o meu namorado por perto? Dizer que eu não consigo agir tão friamente como ele com toda essa situação? Eu odeio isso! Não tem como fugir. A conversa acontecerá de um jeito ou de outro, mas como eu sabia que ele estava me esperando, eu deixaria que ele esperasse mais um pouco só para que ele fique mais alguns bons minutos pensando que eu estou feliz sem ele. Eu não quero ser a patética da história só por mais alguns minutos.

Eu joguei o celular sobre a minha cama e fiquei um longo tempo olhando pra ela, achando que ela me diria o que fazer. Os meus olhos foram imediatamente para o porta-retrato que havia ao lado da minha cama. Ele tinha mesmo que ser tão adorável? Ele tinha mesmo que me fazer questionar cada parte da minha vida e das minhas atitudes. Eu já teria acabado tudo se fosse com qualquer outro. O mundo sabe que eu nunca fui do tipo que abaixa cabeça pra homem e o deixo no controle. Eu não sei por que com o idiota do é diferente. Ele faz com que eu sinta que é diferente. Ele faz com que eu tenha que sentir cada dor das lágrimas que eu nunca me permiti sentir.

Fui até o banheiro, coloquei o pijama, escovei os dentes e tirei toda aquela maquiagem que eu estava usando. Eu estava enrolando o máximo que eu conseguia. Eu não queria ter aquela conversa. Fui até o meu quarto e organizei os livros que eu teria que estudar no dia seguinte. Olhei para o relógio e ele marcava 2:40. Não havia mais como adiar. Eu sentei em minha cama e coloquei o lençol por cima das minhas pernas. Encarei o celular mais uma vez, mordi o lábio inferior por nervosismo.


estava sentado há horas em sua mesa de jantar. Havia livros, contratos da empresa e trabalhos da faculdade espalhados sobre a mesa. Ele estava tentando ocupar a sua cabeça com qualquer coisa que não fosse a sua namorada sozinha em uma festa universitária em Nova York. Ele enganou a si mesmo durante a noite toda quando olhava no relógio por diversas vezes e dizia pra si mesmo que ainda era cedo para eu estar em casa. Era bem mais fácil pensar que eu não quis ligar pra ele do que pensar que eu ainda não havia chegado em casa. Foi só o celular começar a vibrar sobre a mesa que ele o agarrou mais rápido do que conseguiu. ‘ chamando’ foi o que ele leu no visor e só isso o fez sorrir. Ele levantou-se da mesa com o celular nas mãos.

- Alô? – esperava ouvir a minha voz e eu estremeci só ao ouvir a dele.
- Oi... – Eu tenho certeza que a minha decepção com tudo ficou evidente em minha voz. obviamente percebeu. Ele fechou os olhos e se chamou de burro mentalmente mais de 10 vezes. – Eu estava indo dormir e vi a sua mensagem. – Eu não queria parecer tão vulnerável assim. – O que você quer falar comigo? – Eu perguntei, enquanto distribuía olhares pelo meu quarto.
- Eu... – abaixou o rosto e encarou o chão por alguns segundos. – Eu sinto muito. – Ele negou com a cabeça. – Eu sinto muito, . – Ele repetiu com aquela sua voz triste. Eu rolei os olhos e neguei com a cabeça.
- Você não pode se desculpar toda vez que me disser uma besteira, . – Eu comecei a sentir meus olhos arderem.
- Eu não estou me desculpando pelo que eu disse, eu estou me desculpando pelo que eu tenho feito. – começou a andar em direção a sacada. Abriu a porta e se aproximou da mureta, onde apoiou um de seus braços. Eu nem tive tempo de dizer algo. – Eu sei que eu não ando dando toda a atenção que você merece. – mordeu o lábio inferior. – Me desculpa. – observou a paisagem em sua frente, enquanto sentia cada vez mais raiva de si mesmo.
- ... – Eu tentei me dizer, mas ele me interrompeu. As lágrimas invadiram de vez os meus olhos e eu abaixei o meu rosto como se quisesse esconder de alguém aquelas lágrimas.
- Não! Me deixe terminar. – queria dizer tudo o que vêm guardando há um bom tempo. – Eu... – Ele hesitou dizer. – Eu sinto muito se estou te passando a impressão de que eu não me importo mais com você ou com nós. – Poucas lágrimas alcançaram os olhos de , que rapidamente passou seus dedos para evitar que elas escorressem. – Esse é o problema. Eu me importo. Eu me importo tanto que a cada vez que eu penso que estou em falta com você, eu demoro para me perdoar. E então, eu te ligo. Ligo como se nada tivesse acontecido e finjo que não percebo a sua voz de decepção. – voltou a olhar o céu estrelado que fazia contraste com as luzes da cidade.
- E porque só estamos conversando disso agora? – As lágrimas em meus olhos aumentavam cada vez mais. Levantei a minha cabeça e olhei pro teto do meu quarto para evitar que as lágrimas escorressem dos meus olhos.
- Porque não importa o quanto eu saiba que isso é errado ou quão mal isso faça eu me sentir. Eu estou fazendo o melhor que eu posso. – estava se sentindo extremamente mal por estar me dizendo aquilo.
- Então é isso? Não podemos fazer nada a respeito? – Eu neguei incessantemente com a cabeça. não respondeu, ele apenas ficou em silêncio. O silêncio respondeu a minha pergunta. – Eu não consigo continuar com isso, . – Eu disse, enquanto sentia uma lágrima escorrer pelo canto de um dos meus olhos.

Eu tenho lidado com isso há meses. Eu sempre convenço a mim mesma de que as coisas vão mudar, de que eu não teria que passar o dia esperando um telefonema dele. As coisas não vão mudar, ainda mais agora que ele acaba de me dizer que está dando o seu melhor. Se ele está dando o seu melhor, então isso não vai mudar. É tão mais fácil encarar a realidade do que sentir a dor que ela causa.

- Não, não, não, não! Não fala isso! Não fala! – pareceu se dar conta do que eu estava dizendo e entrou em desespero. O desespero em sua voz fez com que a dor que eu sentia aumentasse. – Escuta, eu sei que eu cometi muitos erros. Eu estou confuso e muitas vezes nem sei o que estou fazendo, mas... – fez uma rápida pausa para passar seus dedos novamente pelos seus olhos. – A única certeza que eu tenho é o meu amor por você! E é esse amor que não me deixa esquecer quem eu era antes. – A voz dele começou a ficar embargada e as lágrimas começaram a escorrer de vez pelo meu rosto. – Não se passou nem um ano e eu já mudei de casa, eu já não moro com a minha família, eu tenho um emprego e estou estudando para tentar seguir os passos do meu pai. Você é a única coisa que eu tinha antes que continua sendo minha. Você é a única coisa que ficou fora de todas essas mudanças na minha vida. Você é a exceção que eu fiz questão de manter todo esse tempo. – fez uma rápida pausa. – Por favor, não tire isso de mim. Eu não quero mais mudanças, eu quero você! – suspirou longamente para tentar se acalmar. Ele não havia deixado nenhuma lágrima escapar. Ele continuava secando-as constantemente.

- Eu tenho que te contar uma coisa. – Eu tentei engolir o choro. – Uma coisa sobre a festa de hoje. – Eu passei minha mão pelo meu rosto para secar todas as lágrimas que havia lá.
- Não... – pensou no pior. Pensou que talvez tivesse alguma confissão a caminho. Fechou os olhos com força e deu um fraco soco na mureta da sacada. – Não fala. Eu não quero saber! – preferia não saber. A dúvida doeria menos que a verdade.
- Foi uma droga. – Eu ignorei o pedido dele e comecei a dizer mesmo assim.
- O que? – abriu os olhos, sem saber o que eu quis dizer com aquilo.
- Eu fui até lá. O lugar era legal, a música era boa e a companhia era incrível, mas aos poucos eu fui percebendo que eu era a única ali que não estava me divertindo. Eu não estava entendendo o que estava acontecendo. – Eu fiz uma breve pausa. – Então eu descobri que eu estava sozinha. O problema era esse. – Eu mordi o meu lábio inferior.
- O que você fez? – ficou mais sério. A primeira coisa que passou em sua cabeça era que eu havia procurado companhia nos braços de algum cara da festa.
- Um cara... – Eu neguei com a cabeça. – Eu descobri que havia um cara que podia fazer com que eu me divertisse lá. – Eu esperei que ele perguntasse alguma coisa. Qualquer coisa.
- Merda... – prensou os lábios um no outro e levou uma de suas mãos a cabeça, bagunçando ainda mais o seu cabelo. – Você... – hesitou continuar a frase. – Quem é ele? Qual é o nome dele? – voltou a encarar o céu, sem saber como reagir.
- O nome dele é . – Eu pausei. – Jonas. – Eu esperei qualquer reação dele. A primeira reação dele foi suspirar, aliviado. Ele fechou imediatamente os olhos, mas a cabeça continuou erguida em direção ao céu. Um fraco sorriso surgiu em seu rosto.
- Então não foi uma droga. – nunca se sentiu tão aliviado em toda a sua vida.
- Porque você está tão feliz com isso? – Eu não havia gostado do comentário dele. – Eu não estou feliz! Eu odiei isso. Eu me odeio por isso e odeio você ainda mais! – Eu desabafei.
- Eu não estou entendendo! Qual é o problema? – não estava entendendo a minha mudança de comportamento repentina.
- O problema é que eu fui até lá para me divertir. Eu queria provar pra mim mesma que eu também sabia me divertir sem você! Eu queria ter certeza que eu poderia viver sem ter que me decepcionar todos os dias com você– Eu suspirei, frustrada. – Você me disse aquelas coisas terríveis e mesmo assim você era a única coisa que eu conseguia pensar naquela maldita festa! – Eu estava com raiva, mas meus olhos insistiam em encher de lágrimas. – Eu não quero! Eu não quero depender de você! Eu não quero depender das porcarias dos seus telefonemas e nem das suas visitas! – Eu fiz uma breve pausa para me acalmar, quando notei que a minha voz começava a ficar embargada. – Eu não quero sentir a sua falta, enquanto você não sente a minha. – Eu me sentia estúpida por estar falando isso em voz alta.
- Você não sabe do que está falando. – negou com a cabeça. – Eu amo você. Não é como se eu tivesse opção. Eu sinto sua falta sem nem perceber. Tem dias em que eu estou irritado e que tudo começa a dar errado. Todos a minha volta me perguntam o que é que está acontecendo e eu sempre acabo chegando a uma só reposta: você. Você não está aqui. – estava tentando me explicar o que ele realmente sentia. Ele odiava me ver subestimando o seu amor.
- O que você disse? – O que ele havia dito antes havia feito eu me sentir um pouquinho melhor. Eu já não me sentia tão boba quanto antes.
- Que eu sinto a sua falta? – não sabia de qual parte eu estava falando.
- Antes. – Eu apenas queria ouvi-lo dizer mais uma vez.

- Eu amo você. – disse com um fraco sorriso no rosto.
- Isso é verdade? Quer dizer, você tem me dito tantas coisas recentemente e eu não sei no que acreditar. – Eu demonstrei o quanto estava confusa. – O que você me disse quando nos falamos antes de eu ir pra festa. Era verdade? – Eu quis saber.
- Eu estava irritado e bravo com você. – quis desconversar. Não achou que fosse importante.
- Você realmente se sente desse jeito com relação a minha vinda pra Nova York? – O modo com que ele havia tratado o assunto ‘Nova York’ anteriormente havia me deixado incomodada.
- Esquece isso, . Nós estávamos brigando. Você sabe que eu sempre falo as coisas sem pensar. Você está ai e eu disse que estava tudo bem pra mim. Eu prometi que te esperaria, não prometi? Eu mantenho a minha promessa. – sabia que havia falado besteira antes. – Eu não vou dizer que está sendo fácil. É uma droga estar tão longe de você. É horrível chegar em casa todas as noites e saber que não vou poder de te ver. Saber que você não vai estar aqui pra me fazer companhia, pra me beijar e fazer todas as coisas que costumávamos fazer juntos. É difícil, mas nós podemos lidar com isso, não é? – não parecia tão seguro do que estava dizendo.
- As coisas não vão mudar, . Você vai ter que aprender a lidar com isso. – Eu já havia engolido o choro. A conversa era um pouco mais séria agora.
- Com isso o que? – não entendeu.
- Mark. – Eu pausei rapidamente. – Ele é meu amigo e vai continuar sendo. – Eu queria deixar isso bem claro.
- Bacana. – rolou os olhos e negou com a cabeça. – Tem alguma coisa que eu possa fazer pra mudar isso? – sabia que não adiantava mais discutir por isso.

Era uma pergunta interessante. Se fosse há um mês atrás, talvez a minha resposta fosse diferente. Talvez eu diria que ele deixar de ser amigo da Amber era a única coisa que ele podia fazer pra mudar a minha amizade com o Mark, mas não hoje. Hoje a amizade do Mark não é tão irrelevante. A amizade com o Mark não é algo com a qual eu quero viver sem.

- Não, não há nada que você possa fazer. – Eu afirmei com certeza.
- Já que eu não tenho opção... – ergueu os ombros. Ele não havia aceitado tudo tão facilmente, mas ele se esforçaria.
- Sim, você tem opção. – Eu respirei fundo. – Se você não pode lidar com isso, eu também não posso lidar com essa situação. Então porque você não acaba com isso? – Eu estava dando a ele todas as chances pra ele tomar a decisão que ele supostamente queria tomar.
- O que está tentando fazer? Você não vai me convencer a fazer isso. Eu amo você e não quero acabar com nada. Porque você está insistindo nisso? – não estava entendendo porque eu sempre voltava ao assunto ‘término’.
- Porque eu não acho que você se importe mais! – Eu disparei em seguida.
- EU ME IMPORTO, OK? EU ME IMPORTO! – disse, impaciente. – Eu me importo, porque eu sou louco por você! Eu me importo porque eu quero me casar com você! Eu quero ter filhos com você! – continuava dizendo daquele jeito que demonstrava que estava irritado. – Droga! Eu não sei mais o que dizer! Você tem que acreditar em mim! – Ele finalizou.
- Então me dê motivos para acreditar! Eu não quero ficar dias esperando a sua ligação, esperando pra saber se você ainda se lembra de mim ou não. – Eu dei a condição.
- Certo, eu vou me esforçar mais. Eu prometo! – só queria que tudo ficasse bem de novo. – Nós podemos ficar bem agora? Por favor? Eu só quero que tudo fique bem. – só estava esperando a minha palavra final.

A resposta é sim. Nós voltamos as boas, pelo menos nas primeiras duas semanas. Nos falávamos todos os dias. Eu ligava, ele ligava. Tudo parecia ter voltado ao normal. As palavras de carinho, as brincadeiras idiotas e os comentários irônicos. Eu cheguei a pensar que nós sobreviveríamos a tudo aquilo. Eu cheguei a pensar que duraria mais de duas semanas. Bem, não durou. Os telefonemas começaram a diminuir. Quando eu me dei conta, estávamos nos falando duas vezes por semana.

A empresa de continuava crescendo dentro dos esportes e isso só acumulou consequências. Uma garota havia entrado de férias naquele mês no hospital. Eu e Meg estávamos nos desdobrando para que o hospital não ficasse desfalcado. Além do mais, queríamos mostrar serviço ao diretor do hospital. Era a nossa grande chance.

Entramos naquela tão esperada semana. No final da semana era o meu aniversário e também o aniversário de namoro. Eu estava extremamente empolgada para voltar para Atlantic City. Eu estava ansiosa para rever os meus pais e os meus amigos e ainda mais maluca para ver o . Fazia quase 3 meses que não nos víamos. Se você pensa que isso é muito, você não tem noção de que esse ‘muito’ deveria ser multiplicado por 10.

- Então você vem, certo? – me perguntou, quando me ligou pela última vez. Faltava 5 dias para o tão esperado dia.
- Eu vou! Eu queria ir na sexta, mas não vou conseguir. Eu vou ter que trabalhar até tarde na sexta pra poder folgar no sábado. – Eu expliquei. Geralmente eu não trabalho de sábado, mas aquele mês estava realmente corrido. – Talvez eu ainda tenha que trabalhar no sábado de manhã, mas eu chego. Eu chego a tempo! – Eu afirmei. Não importa o que eu tivesse que fazer, eu estaria lá.
- Legal. – sorriu, enquanto se arrumava para o trabalho. – Eu também vou ter que trabalhar no sábado, mas eu vou dar um jeito de sair mais cedo. Talvez eu fique até mais tarde na sexta-feira. Veremos. – Ele explicou.
- Tudo bem. Contanto que estejamos lá ás 16:30, está tudo bem. – Eu estava loucamente animada.

Como eu disse, essa foi a nossa última conversa naquela semana. A semana estava passando lentamente e a cada minuto que passava eu ficava mais ansiosa. Ao contrário de , diversas pessoas me ligaram naquela semana. queria saber o que eu queria de presente e e queriam preparar uma festa, enquanto e achavam melhor eu comemorar com a família. Minha resposta? Não para todas as opções. Meus planos sempre foram com o . Já está marcado há um ano e eu não mudaria os planos.

Três meses é muito tempo, né? Muita coisa deveria ter acontecido nesse meio tempo, mas na verdade não aconteceu nada. O , adivinha? Um caso perdido. Eu nunca vi alguém tão orgulhoso como ele e olha que eu sou namorada do ! Ele nunca, nunca recuava ou tinha um momento de fraqueza. Pelo que a me contou, ele tem saído com diversas garotas, mas pelo que me contou, ele não beijou nem metade delas. Eu deveria interferir? Talvez! Eu queria que eles descobrissem aquele sentimento sozinhos. não beijava alguém há meses! Como ela consegue? Do mesmo jeito que eu, já sei! Ela me liga toda semana para me contar sobre tudo. não me escondia nada. Nem mesmo o modo com que e Amber eram grudados naquela faculdade. Eu não posso dizer que aquilo não me incomodava mais. É mais fácil dizer que eu me acostumei a lidar com aquilo.

é quase que o oposto do . Que grude! Ele me liga umas 3 vezes na semana e passa metade do tempo dizendo o quanto eu estou fazendo falta. Eu amo que ele se importe. O sentimento entre nós é um dos sentimentos mais puros que eu já senti, mas eu sei que era difícil pra ele ficar entre dois amigos. De um lado a melhor amiga e do outro o seu melhor amigo, o seu parceiro inseparável há anos. Ele nunca sabia como lidar com uma briga nossa. Ele não consegue escolher um lado. , por outro lado era a pessoa que mais me defendia no mundo. Ela vivia jogando indireta no . O mais engraçado disso tudo é que eu nunca achei que nos tornaríamos tão próximas. Hoje, eu posso dizer que somos melhores amigas. É como se aos poucos ela estivesse assumindo o lugar de . Já estamos até naquela fase em que sabemos o que a outra está pensando.

? Ele é inexplicavelmente apaixonante. Ele sempre foi o mais quieto dos garotos, mas eu acho que ele só é quieto porque sabe que conquistaria o mundo se abrisse a boca e mostrasse o quão incrível ele era. Não ia ter pra ninguém! Ele tem aquele jeito carinhoso, sério e até engraçado. Ele realmente estava no grupo de amigos errado. Não é possível! foi rápida ao notar todas aquelas qualidades nele, mas também foi rápida em se esquecer de todas elas. A última vez que eu tinha visto foi no aeroporto. Eu não soube de mais notícias. Talvez um dia nos voltemos a nos encontrar e vamos acabar rindo de toda essa besteira. era ótima, mas eu não acho que ela fazia o tipo do . Se quer saber, nem deve saber qual é o seu tipo. Ele está aberto a experiências, eu acho. Ele sempre me liga falando que quer vir me visitar para nós sairmos. Ele realmente acha que pode encontrar uma garota aqui. Porque não? Ele nunca realmente veio. Eu ainda estou esperando a visita dele.

e ? Essa é fácil! Uma palavra define: sexo. Quem sou eu pra julgar, mas andam me contando que eles estão impossíveis. disse que se nós estivéssemos no ensino médio, eles provavelmente fariam sexo na mesa do refeitório. Dizem que essa é a única coisa que eles têm feito nos últimos meses. Eu não soube por nenhum dos dois. Não é como se meu irmão fosse chegar e dizer ‘Oi, irmã! Transei ontem, foi bom pra caralho.’. Nós nunca fomos tão próximos nesse nível. A , ela quer me contar sobre tudo, mas eu percebo que ela morre de vergonha. era mesmo um caso perdido. Me contaram que ele e quase brigaram da última vez que eu fui lá. Esse sempre foi o meu medo ao namorar um amigo do meu irmão. Eu jamais me perdoaria se estragasse a amizade deles. era extremamente protetor e ciumento. Ele nunca deixaria que me machucasse. Era só por isso que eu sempre acabo deixando fora de todos esses problemas. Ele nem sonha o quanto eu estou chateada com essa situação com a Amber.

Meus pais! Eu falo com eles todos os dias. Meu pai é sistemático com a segurança da casa. Ele pergunta 20 vezes se eu já tranquei a porta e as janelas e ele não dorme enquanto eu não ligo ou mando uma mensagem avisando que eu cheguei em casa. Minha mãe foi umas duas vezes me visitar. Nas duas vezes em que ela esteve lá, a única coisa que ela fez foi criticar o meu modo de arrumar e organizar a casa. Coisa de mãe, sabe? Ela trocou tudo de lugar. Tudo estava fora de lugar ou sujo. Foi um desastre!

- Como assim você não vai comemorar o seu aniversário aqui? – Meg me olhou, indignada.
- Já faz um ano que eu combinei com o . Não é como se eu pudesse desmarcar. – Eu expliquei, olhando para Meg que estava sentada no sofá em minha frente.
- Nós é que te aguentamos o ano inteiro e na hora da festa você vai pra lá? Que justo! – Meg cerrou os olhos em minha direção.
- Meg, ela já combinou com o . – Mark olhou para Meg. Ele estava com a cabeça apoiada em seu colo. Acredite se quiser, eles são basicamente melhores amigos agora.
- Não defende esse cara! – Meg fuzilou Mark com o olhar.
- Eu não entendo esse seu ódio pelo . – Eu ri e rolei os olhos.
- Esse idiota mal vem te ver e agora você tem que ir lá passar o seu aniversário com ele! – Meg explicou.
- Ele é o namorado dela, Meg. O que você esperava? – Mark voltou a olhar para a amiga.
- Eu só não vou falar nada porque sei que a vai ficar brava se eu disser. – Meg forçou um sorriso pra mim.
- Ótima escolha! – Eu devolvi o sorriso para ela.
- Mas quando você voltar, você vai ir em um barzinho com música ao vivo aqui perto comigo e com o Mark e eu não quero ouvir desculpas. Se o implicar, manda ele vir resolver comigo! – Meg disse, séria.
- Eu vou! Eu prometo que vou! – Eu disse para que ela ficasse menos irritada com o assunto. – Você fala assim, mas eu aposto que se você conhecesse o , você acharia ele legal. – Eu não queria que ela tivesse aquela implicância com ele. Ela era a minha amiga!
- Acharia? – Meg olhou pro Mark. Queria saber a opinião dele sobre o assunto.
- O que? – Mark não sabia por que Meg estava olhando pra ele.
- Você conhece o , não conhece? Ele é tão idiota quanto parece? – Meg perguntou e Mark me olhou. Eu ri e rolei os olhos. O Mark era meio que suspeito para responder aquela pergunta. – O que foi? O que eu estou perdendo? – Meg não entendeu nada.
- O meio que me odeia. – Mark mordeu o lábio inferior para segurar o riso. – Foi ódio a primeira vista. – Ele explicou.
- Está de brincadeira! – Meg me olhou, incrédula. – Viu? Mais um motivo pra eu odiar esse cara. – Meg rolou os olhos. – Quem odeia o Mark? Olha pra essa cara de anjo! – Meg apontou pro Mark, que revirou os olhos.
- Meg... – Mark odiava quando Meg falava isso. Ela fazia isso com frequência.
- Vocês dois não tem jeito. – Eu gargalhei, enquanto Meg começava a apertar as bochechas de Mark.
- Olha só, ! Esse sorrisinho... – Meg puxou os cantos da boca do Mark, fazendo com que ele sorrisse.
- Para com isso, garota! – Mark começou a afastar as mãos de Meg. – Você tem que parar com isso. – Mark riu. Ele segurou os braços de Meg e olhou pra mim. – , me dá uma ajuda aqui. – Ele pediu e eu rapidamente levantei do sofá.
- O que vocês vão fazer? – Meg olhou pra mim e até tentou escapar das mãos do Mark, mas não conseguiu.
- Segura os pés. – O Mark apontou com a cabeça e eu fui até os pés da Meg e os segurei.
- Você manda! – Eu olhei pra ele, sem saber o que ele queria fazer.
- Ele manda é o caralho. Me soltem! – Meg voltou a se debater.
- Piscina? – Mark me perguntou e eu comecei a rir.
- Nem precisa perguntar. – Nos começamos a carregar Meg em direção ao quintal. Mark estava segurando a parte mais pesada e eu estava lá apenas para manter os pés dela longe do chão.
- NEM PENSEM NISSO! – Meg olhou pro Mark, surpresa.
- Eu quero ver o quão fofa você fica naquela piscina! – Mark tentou imitar a voz de Meg e eu ri ainda mais.
- Fofo é diferente de engraçado! Parem com essa palhaçada! – Meg não estava acreditando no que estávamos fazendo. – ? Não deixa ele fazer isso. – Meg olhou pra mim. – PUTA QUE PARIU! VOCÊS ESTÃO INDO MESMO PRA PISCINA! – Meg voltou a se debater. – Eu paro! Eu paro de ficar fazendo essas brincadeiras com você, Mark! – Ela disse e viu que não estava funcionando. – ! Eu te cubro no hospital! Eu fico no seu lugar durante os finais de semana por um mês! – Meg começou a tentar me subornar. – DOIS MESES! – Meg gritou, achando que me convenceria.
- Mark, ela está começando a me convencer. É melhor fazer isso logo. – Eu disse e Meg me fuzilou com os olhos.
- Não, não, não! – Meg negou com a cabeça, quando nos aproximamos da piscina. – TRÊS MESES? – Meg fez cara de aflita. Paramos ao lado da piscina. – Fodeu, merda! – Meg suspirou e olhou para a piscina ao seu lado. Eu olhei pro Mark e consegui fazer leitura labial do que ele estava dizendo. Ele disse: ‘No 3, nós soltamos e corremos.’ e eu apenas afirmei com a cabeça.
- 1... – Mark começou a contar.
- Nem fodendo que vocês vão fazer isso. – Meg quase riu, incrédula.
- 2! – Eu continuei a contagem. Olhe pro Mark rapidamente e ele sorriu pra mim.
- PARAAAAA! – Meg gritou pela ultima vez e fechou os olhos, achando que a jogaríamos na piscina.
- 3! – Mark gritou e nós colocamos Meg no chão e saímos correndo. – Corre, corre! –Mark se aproximou de mim e fomos correndo juntos para o topo do jardim. Quando Meg se tocou que estava no gramado, ela ficou feliz e furiosa ao mesmo tempo.
- CORRE MESMO PORQUE EU VOU PEGAR VOCÊS! – Meg se levantou e saiu correndo atrás de nós.
- ELA ESTÁ VINDO! CORRE! – Eu gritei, enquanto ria do jeito que não ria há um bom tempo.

Todas as vezes que estávamos nós 3 em minha casa, acontecia momentos como esses. Momentos que nos fazia agir como adolescentes de 15 anos. Momentos que nos fazia rir como se não houvesse problemas no mundo. Momentos que me faziam esquecer Atlantic City e todas as pessoas que me fazem falta lá. Honestamente, se não fosse pela Meg e pelo Mark, eu já teria desistido de Nova York. Nós nos tornamos muito próximos e nos víamos todos os dias. Seja pra ver um filme ou pra estudar. É desse jeito que eu venho sobrevivido a esse namoro a distância. Eu não penso nele, eu tento não me lembrar dele para não doer.


- E então? Que horas a vem amanhã? – perguntou assim que se sentou ao lado de em uma das mesas do refeitório.
- Ela me disse que ia trabalhar, então ela só deve chegar durante a tarde. Eu vou encontrá-la ás 16:30. – deixou de olhar pro seu livro para olhar para o amigo.
- E você? Não trabalha amanhã? – estranhou. tem trabalhado nos últimos sábados.
- Eu trabalho até as 16 horas. Eu dei um jeito de sair mais cedo. Vou ficar até mais tarde hoje. – explicou, demonstrando-se pouco animado para trabalhar a noite toda.
- Olá, meninos! – Amber colocou sua bolsa sobre a mesa e se sentou na frente de e .
- Já terminou a prova? – a olhou, perplexo.
- Já! Estava fácil. – Amber não deu muitos detalhes. – Sobre o que vocês estão falando? – Ela olhou para os meninos.
- Sobre a . Ela vem amanhã. – se adiantou, pois não queria correr o risco de não dar aquela informação a ela.
- Ela vem? – Amber parecia não saber. – Ah, é mesmo. O aniversário de namoro, não é? – Ela forçou um sorriso.
- E o aniversário dela também. – informou. – Aliás, o que você comprou pra ela, ? – queria se certificar de que não havia esquecido.
- Se você está querendo saber se eu esqueci de comprar o presente dela, saiba que eu não esqueci. Está comprado já faz algum tempo. – não quis dizer o que era.
- Tem horas que eu me esqueço que vocês são o casal mais careta que eu conheço. Não tem como um de vocês esquecerem. – brincou e rolou os olhos, segurando uma risada.
- Falando em casal, cadê a ? – aproveitou para brincar com o amigo.
- Não sei, porque você não vê se ela está no meio do seu... – ia dizendo, mas foi interrompido.
- Ei, ei, ei! – Amber impediu de continuar a frase.
- A cada dia que passa você fica mais revoltado com esse assunto. – fechou o seu livro e olhou para o amigo.
- Nós estávamos falando de você, né? – demonstrou que queria mudar de assunto.
- Ok, eu entendi. – segurou o riso.

- As vezes eu acho que você esquece que está me devendo uma. – sorriu, esperto.
- Por quê? – Amber, como sempre, curiosa.
- Nada! – se adiantou, achando que o amigo contaria.
- Então, como eu estava dizendo... amanhã! Vai rolar festa ou não? – voltou ao assunto anterior. Já havia se vingado de .
- Festa vai, mas você não será convidado. Só eu e ela! – respondeu e o olhou, desconfiado.
- Hmmmmmmmmm, entendi. – deu um fraco soco no braço do amigo.
- Oh, meu Deus. – Amber rolou os olhos.
- Não, agora é sério. – deixou de rir e ficou mais sério. – Eu quero levá-la pra jantar e passar um tempo só com ela. Nós estamos precisando disso. – não deixou claro, mas estava claro que ele estava falando do nosso afastamento.
- É, faça isso. Eu sei que vocês devem estar morrendo de saudades um do outro. – sorriu pro amigo.
- Você não faz ideia, cara. – devolveu o sorriso para . – Eu acho que quando eu a ver, eu vou ficar horas beijando ela. – disse, demonstrando que está ansioso para o dia seguinte.

Ouvir coisas assim era o que fazia Amber chorar todas as noites antes de dormir. O amor que nós mantínhamos era o tipo de amor que ela sempre sonhou viver e o tipo de amor que ela sabe que seria o único capaz de lhe dar. O amor não é tão valorizado pelos homens de hoje em dia. era quase uma exclusividade e ela sofria por não ter o amor dele.



TROQUE A MÚSICA:



Aquela sexta-feira foi extremamente cansativa. Eu não me lembro de ter trabalhado tanto. Eu trabalhei o dobro quando o diretor do hospital disse que eu não precisaria trabalhar no dia seguinte, já que era o meu aniversário. Então eu quis compensar o trabalho, já que eu não trabalharia no dia seguinte. Eu me lembro de olhar no relógio e ver que já eram 22hrs. Eu só estava de pé por causa da quantidade de café que eu tomei durante o dia.

- O amor faz loucuras, não é? Olhe só pra você. – Meg se aproximou. Estávamos ao lado da máquina de café.
- Eu estou me matando por amor e você? Porque está aqui? – Eu a olhei, esperando uma resposta engraçada.
- Amizade. Eu não vou te deixar cometer essa insanidade sozinha. Se vai morrer trabalhando, vamos fazer isso juntas. Eu é que te coloquei aqui, não é? – Meg disse daquele jeito despojado de sempre.
- Muito justo. – Eu afirmei com um sorriso no rosto. Meg havia se tornado uma grande amiga.
- Com licença. – Alguém ficou entre nós e nós olhamos para vem de quem se tratava. – Eu estava pensando em brincar de médico e estou procurando voluntárias. Vocês conhecem alguém disponível? – Mark. Sempre ele. Eu e Meg começamos a rir. Era muito engraçado quando essas piadas de duplo sentido vinham de uma pessoa tão séria quanto o Mark.
- O que você está fazendo aqui? – Meg perguntou ao dar um beijo estalado no rosto de seu amigo.
- São 22hrs e vocês parecem dois zumbis. Eu jamais deixaria vocês voltarem pra casa dirigindo. – Mark explicou.
- Awn! O que nós faríamos sem você? – Eu me aproximei e beijei o seu rosto rapidamente.
- Espera, eu parei de ouvir na parte do ‘zumbi’. Você me chamou de zumbi? – Meg fingiu que havia ficado ofendida.
- Oh, certo! Então eu deveria dizer que você está glamorosa com essa cara de cansaço e que o seu sono só faz você parecer mais linda? – Mark a olhou e ela riu.
- Você está muito abusado esses dias, hein. – Meg riu e deu alguns tapas no braço de Mark.
- Abusado? Eu só estou tentando ser um bom amigo e ainda sou taxado de abusado? Que absurdo! – Mark cerrou os olhos para Meg.
- Ok, eu só vou deixar passar porque a parte do zumbi é realmente verdade. – Meg disse e eu e Mark rimos.
- E então? Vocês já acabaram? Nós podemos ir? – Mark perguntou, vendo que ainda estávamos de jaleco.
- Se eu tiver que dar mais uma injeção hoje, eu vou matar alguém nesse hospital. – Eu suspirei longamente.
- Nós só vamos bater o cartão do ponto e já voltamos. Espera aqui. – Meg desamarrou o seu jaleco e começou a se afastar e eu corri para acompanhá-la.

Nós demoramos um pouco mais pra sair, pois metade da enfermaria resolveu me desejar feliz aniversário. Apesar do cansaço, eu agradeci todos com carinho. Meg estava me esperando lá fora com o Mark. Eu comecei a andar em direção ao estacionamento. Estávamos com o meu carro naquele dia, então eu sabia muito bem onde estava estacionado. Era algo que eu e Meg fazíamos. Como nós estudávamos e trabalhávamos juntas, nós revezávamos as caronas. Naquele dia, eu tinha ido com o carro e teria que deixá-la em casa. Mark provavelmente tinha vindo de taxi para poder levar o meu carro.

- Tudo certo, queridinha da américa? – Meg me olhou e sorriu, apesar de estar super cansada.
- Tudo certo! Nós podemos ir. – Eu olhei para os dois, que estavam encostados em meu carro. Eu coloquei a minha mão dentro da bolsa e tirei a chave do carro. – Aqui está, motorista. – Eu entreguei a chave pro Mark e ele riu.
- Vamos lá. – Mark apontou com a cabeça em direção ao carro. Eu fui em direção a porta traseira do carro. – Pode ir na frente, Meg. Você vai descer primeiro. – Eu abri a porta traseira e entrei.
- Eba! – Meg odiava ir atrás. Ela sempre dizia que tinha enjoos.

Eu não sei se eu era fraca demais ou se apenas tinha uma maneira diferente de Meg de lidar com o cansaço. Ela e Mark não pararam de conversar um só minuto. Eles tentavam me colocar na conversa a todo momento e em certos momentos eu fazia um comentário ou outro. Entre uma distração e outra, eu peguei o meu celular. ainda não havia ligado para falar sobre o dia seguinte. Nada! Nem uma mensagem. Eu só não fiquei mais desapontada, pois eu sabia que ele me ligaria quando o relógio marcasse meia-noite. Eu sabia que ele seria o primeiro a me dar feliz aniversário.

- Eu estou com tanto sono que não vou nem comer. – Meg disse, quando Mark estacionou o carro em frente a sua casa.
- Você não vai comer? VOCÊ? – Mark fingiu estar perplexo. – Eu duvido! – Ele gargalhou. Eles viviam brincando um com o outro sobre essa história de comida. Impossível saber quem era mais comilão.
- Eu também duvido. – Eu quase ri e Meg virou-se para me olhar.
- Que golpe baixo, ! Logo você. – Meg cerrou os olhos.
- Viu? Eu disse! – Mark ergueu os ombros, rindo ainda mais.
- Eu só vou te poupar porque daqui alguns minutos é o seu aniversário. – Meg tentou não sorrir.
- É mesmo? – Eu afirmei com a cabeça.
- Sim, você sabe o quanto eu valorizo aniversários. – Meg não aguentou segurar o sorriso. – Desça, eu quero te dar feliz aniversário já que amanhã eu não vou te ver. – Meg revirou os olhos ao dizer o final da frase. Ela desceu do carro e eu fiz o mesmo.
- Não fique brava. – Eu abri os braços e ela negou com a cabeça.
- Eu sei que estar lá amanhã é o que vai te fazer feliz, sua nerd. Está tudo bem. – Meg se aproximou e me abraçou apertado. – Eu espero que você tenha o melhor aniversário de todos e que seja um dia memorável pra você, ok? – Meg terminou o abraço e olhou meu rosto de perto.
- Obrigada, Meg. Obrigada por tudo! – Eu demonstrei o quanto estava comovida.
- Se divirta muito amanhã e dê um soco no Jonas por mim, ok? – Meg piscou um dos olhos e eu acabei rindo.
- Pode deixar comigo. – Eu devolvi a piscada de olho e ela também riu.
- Agora vá logo pra casa e descanse. Amanhã vai ser um dia bom. – Meg deu um beijo estalado em meu rosto. Eu abri a porta do passageiro para me sentar ao lado de Mark e Meg entrou no carro rapidamente para dar um beijo no seu melhor amigo.
- Boa noite, feioso. – Meg mostrou a língua pra Mark que fez o mesmo.
- Boa noite, boba. – Mark respondeu, vendo a amiga sair do carro.
- Até segunda, Meg. – Eu entrei no carro e acenei pra ela através da janela. Mark esperou que ela entrasse em casa para sair com o carro. Deu a partida e não demorou para que ele falasse alguma coisa.
- E então? Eu posso saber por que você está tão quieta? – Mark me olhou.
- Eu estou tão cansada. – Eu tentei não dizer de forma tão dramática.
- Você nunca trabalhou até tão tarde, não é? – Mark sabia que eu era esforçada, mas eu nunca havia passado dos meus próprios limites.
- Eu precisava ou eu não conseguiria ir pra Atlantic City amanhã. – Eu expliquei, percebendo o cansaço até em minha voz.
- A que horas você vai amanhã? – Mark perguntou, apenas por perguntar.
- Eu queria ir bem cedo, mas eu acho que não estou em estado para isso. – Eu apontei pra mim mesma e quase ri do meu próprio cansaço. – Então eu pretendo ir logo depois do almoço. – Eu expliquei.
- vai estar te esperando? – Mark era meu amigo. Nós falávamos sobre tudo.
- Nós marcamos ás 16:30, mas acho que vou chegar antes e fazer uma surpresa. – Eu sorri, empolgada.
- Ele vai adorar. – Mark sorriu fraco pra mim.
- É, eu espero que sim. – Eu sorri sem motivo apenas imaginando qual seria a reação de .

Apesar de sermos amigos, não era um assunto tão confortável para Mark. Não era por ciúmes ou porque eles se odeiam, mas sim porque ele não queria que nada soasse falso. Apesar de achar um idiota, ele jamais insultaria em minha frente como Meg faz constantemente, mas ele sabe que eu sei qual a opinião dele sobre . Ele acha que soa falso quando ele fala de como se fosse alguém muito legal, então ele simplesmente evitava falar.


Era um pouco mais de 11 horas da noite quando deixou o seu escritório na empresa. Todo o esforço apenas para poder sair mais cedo do trabalho no dia seguinte. Ele trabalharia a noite toda se fosse para estar naquele parque no dia seguinte. foi o último a sair da empresa e por isso ficou com a obrigação de fechar a empresa. Estava ligando o alarme, quando sentiu o seu celular tocar. O encontrou no bolso do seu paletó.

- Fala, Amber. – atendeu e rapidamente subiu um de seus ombros para segurar o seu celular no ouvido. As mãos, que agora estavam livres, foram usadas para terminar de ligar o alarme e trancar a porta.
- Nossa, que voz é essa? – Amber ficou imediatamente preocupada.
- Eu só estou cansado. Estou saindo da empresa agora. – voltou a segurar seu celular com uma das mãos.
- Agora? – Amber não acreditou. – Você é maluco? – Ele estava querendo se matar ou o que?
- Está tudo bem. Eu só preciso descansar. – estava caminhando em direção ao seu carro.
- Você está indo pra casa? – Amber perguntou. Parecia que ele havia tido uma ideia.
- Estou. – chegou em seu carro e o destravou.
- Me encontra no barzinho em frente a sua casa. Estou indo pra lá. – Amber foi imediatamente até o seu guarda-roupa.
- O que? Não. – achou loucura. Ele estava cansado demais para aquilo.
- Você disse que precisa relaxar e eu vou te ajudar. Eu sou a melhor amiga, lembra? – Amber começou a tirar algumas peças de roupas de seu armário.
- Não, não precisa. – entrou em seu carro, mas ainda não havia dado a partida.
- Eu estou a caminho! Não me deixe esperando. – Amber sabia que não tinha como ele recusar. – Beijos! – Ela desligou rapidamente para não ouvir mais um não.
- Que droga... – suspirou longamente.

O cansaço parecia ter aumentado a distância entre o trabalho e a sua casa. Quanto mais rápido ele queria chegar, mais demorava. Os semáforos não ajudavam nem um pouco. nem acreditou quando chegou em seu apartamento. Estacionou o seu carro na garagem e quis matar Amber mentalmente por forçá-lo a ir naquele barzinho. Ele apenas queria a sua cama. Saiu do prédio e apenas atravessou a rua. Não havia tanto movimento. Não haveria balada naquele dia. Ao entrar no local, viu Amber sentada próxima ao balcão.

- Finalmente! – Amber abriu os braços ao vê-lo.
- O que eu estou fazendo aqui? – suspirou e sentou-se ao lado dela.
- Você anda trabalhando demais. – Amber olhou pra ele e negou com a cabeça.
- Sim, é por isso que eu tenho que dormir. – sorriu, quando a viu, fazendo cara feia. – Ok, ok! Eu sei que você só está tentando ajudar. – desfez a cara feia.
- Melhorou. – Amber deu o seu melhor sorriso. O sorriso dela o fez analisá-la por um curto tempo. Shorts curtíssimo e uma regata básica. Também havia vestígios de maquiagem em seu rosto. Pra que tudo isso? Foi o que se perguntou. – O que você quer beber? – Amber perguntou. Ela nem conseguiu esconder o quão empolgada ficou ao ver finalmente a notando.
- Eu quero um refrigerante mesmo. – respondeu como se aquilo nem fosse importante.
- Até parece! – Amber mostrou-se indignada.
- Qual o problema? – abriu os braços.
- Qual a parte do ‘relaxar’ você não entendeu? – Amber perguntou com certa ironia.
- Eu relaxo com refrigerante. – respondeu e forçou um sorriso. Amber continuou a olhá-lo com cara feia. – Ok! Eu quero uma Ice. Melhor? – perguntou e ela sorriu.
- Agora sim. – Amber afirmou com a cabeça. Ela virou-se para fazer o pedido para a bartender. – Duas Ice! – Ela quase gritou e a bartender trouxe rapidamente as duas bebidas.
- Valeu! – agradeceu assim que a bartender colocou a garrafa em sua frente.
- Então, qual é o motivo de tanto trabalho? Está tentando se matar ou está tentando conseguir uma promoção? – Amber perguntou, achando que havia soado engraçado.
- Nenhum dos dois. – sorriu fraco e negou com a cabeça. – Eu só quero ficar com a minha garota. – disse e logo depois bebeu um gole da sua bebida.

‘Minha garota’... Isso era quase uma facada no coração de Amber. Ela simplesmente não conseguia entender como esse namoro por ter resistido tanto tempo. Quer dizer, fazia meses que não nos víamos. Como isso continuava funcionando? Ela não conseguia entender esse amor louco que sente e sempre sentiu por mim. Um amor que parece que não acaba nunca e ultrapassa barreiras constantemente.

- Esse me parece um motivo bem convincente. – Amber forçou um sorriso. – Espera, o meu celular. – Amber sentiu algo vibrar dentro de sua bolsa. Pegou o celular e viu que havia lhe mando uma mensagem de texto. – É a . – Amber estranhou.
- Qual o problema? – percebeu que Amber havia ficado preocupada.
- Eu não sei. Ela me pediu pra ligar pra ela. – Amber começou a digitar o número do celular de , quando a tela do celular de repente se apagou. – Oh, não acredito. – Amber tentou ligar o celular seguidas vezes.
- O que foi? – não estava entendendo o que estava acontecendo.
- A bateria acabou! – Amber suspirou, irritada.
- Liga do meu! – tirou o seu celular do bolso e entregou para Amber.
- Valeu! – Amber não hesitou e começou a digitar rapidamente o número do celular de . O celular chamou apenas duas vezes e já atendeu.
- AMBER? CADÊ VOCÊ? – perguntou, parecendo nervosa.
- O que aconteceu, ? – Amber não entendeu o motivo de tanto nervosismo.
- Minha mãe percebeu que você saiu de novo sem avisar! Ela está surtando e disse que vai ligar pra sua mãe! – começou a sussurrar. Devia ter alguém lá perto.
- Que droga! – Amber ficou imediatamente aflita. – Certo, eu estou indo. – Amber olhou pro e ele abriu os braços, pois não sabia o que estava acontecendo e Amber apenas revirou os olhos.
- Rápido! – disse antes de desligar o celular.
- O que foi que aconteceu? – olhou pra Amber, preocupado.
- Os meus tios estão no meu pé nos últimos dias. Eu estou de saco cheio já. – Amber pegou a sua bolsa e se levantou do banco.
- Você está com o carro? – perguntou. Ele não deixaria que ela fosse sozinha.
- Não, eu não vim com o carro exatamente para que eles não percebessem que eu saí. – Amber explicou rapidamente. – E não! Não precisa me levar. Você vai pra sua casa descansar e eu vou pegar um taxi. – Ela disse com autoridade.
- Ok. – bebeu o último gole de sua Ice e também se levantou. Nem insistiu para levar a Amber pra casa, pois sabia o quanto estava cansado e o quanto precisava dormir.
- Então, se divirta no final de semana. – Amber se aproximou e beijou o rosto do amigo.
- É, você também. – forçou um sorriso e viu ela se afastar, enquanto acenava.

foi se arrastando até o seu prédio. A bebida, mesmo sendo fraca, havia deixado ele com ainda mais sono. Cochilou no elevador e só acordou por causa do barulho que as portas faziam ao se abrirem. Andou até o seu apartamento e demorou alguns segundos a mais para destrancar a porta. não pensou em nada. Não pensou em que horas eram e nem que dia era aquele. Ele só desejava dormir mais do que tudo. Tomou um banho rapidíssimo apenas para tirar o suor do corpo e caiu na cama sem nem ao menos tirar a colcha e as almofadas.


Eu juro que não me lembro em qual parte do trajeto da casa de Meg até a minha eu dormi. Mark também não sabia. Depois que percebeu que eu havia dormido ao seu lado, se perguntou até que ponto eu ouvi o que ele havia dito. Eu me lembro de manter a minha bolsa em meu colo para que eu ouvisse quando o celular tocasse. Eu também me lembro de observar um borrão através da janela, mas só isso. Chegamos em minha casa e Mark estacionou o carro na garagem. Big Rob rapidamente apareceu para conferir quem estava chegando e viu que era o meu carro. Ao desligar o carro, Mark olhou pra mim. Aquilo não era apenas um cochilo, era um sono profundo. Eu dormiria ali a noite toda se me deixassem ali, mas é claro que o Mark não me deixaria ali ou será que ele deixaria? Ele não sabia o que fazer. Pensou se era melhor me acordar, mas não queria me despertar daquele sono maravilhoso que eu tanto esperei pra ter.

- Ok, eu não vou te acordar. – Mark negou com a cabeça e abriu a porta do carro. Big Rob se aproximou para me cumprimentar como sempre fazia.
- O que foi? – Big Rob perguntou quando viu que Mark saiu pelo lado do motorista.
- Ela dormiu. – Mark sorriu e foi em direção a porta do passageiro e a abriu. – Você pode me ajudar? – Ele olhou pro Big Rob.
- É claro! O que quer que eu faça? – Big Rob disse, atencioso.
- Você tem a chave da casa, não tem? Abra a porta e leve a bolsa dela lá pra dentro. – Mark entregou a minha bolsa pra Big Rob. – Eu vou levá-la. – Mark virou-se de costas para Big Rob e ele se afastou para fazer o que Mark havia pedido.

Mark tirou o meu cinto de segurança e esperou Big Rob abrir a porta para fazer o que tinha que fazer. Quando tudo já estava pronto, Mark se aproximou e colocou um braço embaixo das minhas pernas e outro em minhas costas. Ele me tirou do carro e bateu a porta com um dos pés. Eu estava praticamente desmaiada nos braços dele. Eu não vi absolutamente nada. Eu não vi quando ele entrou em minha casa comigo no colo e nem notei o movimento dele ao subir as escadas. Big Rob deixou a bolsa sobre a mesa e esperou Mark no andar de baixo. Mark entrou em meu quarto e aproximou-se de minha cama. A cama não estava arrumada, mas ele resolveu me colocar ali mesmo. Mark me colocou na cama com toda a delicadeza do mundo para não me acordar. Colocou um travesseiro embaixo da minha cabeça e tirou os fios de cabelo que insistiam em ficar em meu rosto. Mark observou o meu rosto por um tempo e chegou a sorrir sozinho. Não sabia como eu poderia não ter acordado durante o nosso trajeto do carro até o quarto. Ele sabia que eu realmente estava cansada e isso era um motivo mais do que suficiente para explicar o meu sono pesadíssimo. Ele agachou-se e continuou a observar o meu rosto de mais perto. Mesmo correndo o risco de soar falso, Mark admirava toda aquele meu empenho para salvar o meu namoro, mesmo que não merecesse. Essa é a opinião dele. Mark odiava me ver decepcionada dia após dia e odiava ainda mais o motivo da decepção, que sempre era o mesmo. Mark simplesmente não se conformava de ver me fazer sofrer a pessoa que mais me deveria fazer sorrir. Ele nunca me faria chorar. Olhou no relógio sobre o criado-mudo e viu que já era 12:03 e não havia ligado para me desejar feliz aniversário. Qual era a novidade? Mark negou com a cabeça e me olhou. Estava feliz por eu estar dormindo para não ter que lidar com mais aquela decepção. Mark levou sua mão até o meu rosto e o acariciou com todo o cuidado para não me acordar. Ele se levantou e se curvou, dando um carinhoso beijo em uma das minhas bochechas.

- Feliz aniversário. – Mark sussurrou assim que descolou seus lábios do meu rosto. Eu não escutei, mas aquele não deixou de ser o primeiro ‘Feliz Aniversário’ que eu havia recebido no meu aniversário de 19 anos. Mark se afastou e apagou a luz do meu abajur. Fechou a porta do meu quarto sem fazer qualquer ruído e desceu as escadas.
- Pronto? – Big Rob perguntou, quando viu Mark descer as escadas.
- Ela só vai acordar amanhã de manhã. – Mark sorriu e desceu os últimos 3 degraus. Big Rob ficou um tempo em silêncio e Mark passou por ele, indo em direção a porta. Ele olhou para trás e viu que Big Rob continuava no mesmo lugar. – Você não vem? – Mark perguntou, sem entender o porquê de Big Rob estar lá parado.
- Você gosta mesmo dessa garota, não é? – Big Rob disse com um quase sorriso no rosto.
- O que? – Mark sorriu, nervoso. – Nós somos amigos. – Mark disse como se o fato de gostar de mim soasse ridículo.
- Eu não estou falando sobre ‘ser’ e sim sobre ‘sentir’. – Big Rob continuou olhando-o com aquele olhar de desconfiança.
- É claro que eu me importo com ela. Ela é a minha amiga. – Mark continuou nervoso com a pergunta. Ele jamais diria a verdade sobre o que sentia. Ele jamais diria a alguém que essa amizade só o fez ficar cada vez mais apaixonado por mim.
- Você pode enganar todo mundo, mas eu espero que não esteja enganando a si mesmo. – Big Rob aconselhou e começou a andar em direção a porta. Ao passar por Mark, deu um tapinha no ombro do garoto e saiu da casa. Mark ficou paralisado por alguns longos segundos. Big Rob estava lhe dando um conselho? E porque parecia um bom conselho a se seguir?


O despertador de havia tocado bem mais cedo que o meu, mas o cansaço da noite passada o fez dormir mais do que deveria. Quando ele acordou e viu que já estava uma hora atrasado para o trabalho, ele acordou com uma pressa fora do normal. Depois de saltar da cama, correu para o banheiro e fez a sua higiene matinal. Sim, ele só precisou de 5 minutos para ficar pronto. Tomou o café, enquanto vestia a roupa. Buddy sempre o ajudava e trazia os sapatos para ele.

- Valeu, amigão. – acariciou a cabeça do cachorro que pareceu adorar. – Adivinha quem vem te ver hoje? – agachou-se rapidamente e olhou para o cachorro. – Ela! – sorriu, empolgada. Buddy o olhou como se não estivesse entendendo porcaria alguma do que ele estava dizendo. – Mas só um pouco, ok? O resto do tempo ela é minha. – olhou para o cachorro com a expressão séria. Buddy apenas inclinou a cabeça para o lado.

Não que conversar com um cachorro fosse idiotice, mas isso não o faria chegar ainda mais rápido no trabalho. A única coisa que pegou foi a sua carteira e as chaves do carro. Saiu apressadamente do apartamento e dirigiu o mais rápido que conseguiu. Não era como se o chefe dele fosse lhe dar uma bronca ou qualquer coisa assim. tinha compromissos para aquela manhã. Compromissos que dependiam dele. Se ele não estava lá, as reuniões não aconteciam e o trabalho todo se atrasaria. havia se tornado um homem de negócio nos últimos tempos.


- Ai, droga... – Eu comecei a acordar. Olhei em volta e não me lembrei de como havia chego até ali. – Como...? – Eu me esforcei para lembrar e a última coisa de que lembrei foi de estar no carro com Mark. Voltei a deitar a cabeça no travesseiro, enquanto soltava um enorme suspiro. A preguiça me consome!

Fiquei na cama por alguns minutos. Me chame de louca, mas eu tentei imaginar diversas vezes como seria aquele dia tão especial. Como seria ver ? Como seria ver a minha família e amigos? Porque é claro que eu vou arrumar um tempo de vê-los. não é a única pessoa na minha vida. Virei o rosto para olhar o horário no relógio e lá marcava 11:30 da manhã. Eu fiquei mais alguns minutos me espreguiçando até que resolvi levantar. Me levantei com o maior sorriso do mundo no rosto. EU VOU VER ELE HOJE! Fui até a janela e abri lentamente as cortinas e depois a janela. A luz do sol entrou em meu quarto revelando o belo dia lá fora. Tem como ser mais perfeito? É claro que tem! Que roupa era aquela que eu estava vestindo?

Depois de tomar um demorado banho e fazer a minha higiene matinal, eu coloquei a roupa que havia escolhido para usar naquele dia (VEJA A ROUPA AQUI). Mesmo com a toalha enrolada na cabeça, eu desci as escadas. Eu estava tão empolgada, que eu cheguei a pensar que ia sair correndo pela casa a qualquer segundo. Passei pela sala e fui para a cozinha. Eu tinha mais ou menos uma hora para almoçar e terminar de me arrumar. Isso é muito pouco pra mim! Descongelei qualquer coisa que eu tinha feito naquela semana e coloquei para esquentar no micro-ondas. Aproveitei o tempo para colocar o prato e os talheres na mesa. Peguei uma lata de Coca-Cola e a coloquei sobre a mesa. O micro-ondas apitou e eu retirei de lá o que eu ia comer. Era uma carne que eu havia comprado em um açougue ali perto e tinha um arroz acompanhando. Eu me sentei na mesa para almoçar. Mesmo com o silêncio na casa e aquela sensação ruim de estar sozinha, eu comi com toda a empolgação. Entre um bocado e outro, avistei a minha bolsa do outro lado da mesa. Meu celular certamente estava lá dentro. Eu ainda mastigava, quando me levantei e fui até a bolsa. Tirei o meu celular lá de dentro e estava certa de que encontraria qualquer coisa de ali. Eu tinha certeza que ele havia me mandado alguma coisa no primeiro minuto do dia do meu aniversário. Bem, eu estava errada. Nenhuma ligação e algumas mensagens. Uma mensagem de , e . Onde está a mensagem de ? Que porcaria é essa?

- Ele não ligou... – Eu falei sozinha, tentando encontrar algum problema no meu celular. Não é possível! Eu tenho certeza que é esse celular que está com problema! É ele que não deixou que a mensagem de chegasse. Eu sei disso! Não! Melhor! estava fingindo que esqueceu assim como fez no ano passado! – É claro! – Eu sorri e neguei com a cabeça. estava sempre tentando me surpreender, mas acabava sendo óbvio. A possibilidade de surpresa me deixou ainda mais empolgada.

Depois de responder as mensagens dos meus amigos, voltei a me sentar e terminei de comer o meu almoço. Levei o prato e os talheres para a pia e os abandonei lá. Não era dia de lavar louça! Voltei a subir as escadas. Eu tinha que terminar de arrumar. Tirei a toalha da cabeça e sequei o cabelo. Eu tentei dar uma ajeitada nele, mas eu não sou boa com esse tipo de coisa. Optei por uma maquiagem leve. Ainda era dia e eu poderia caprichar ainda mais para a noite. Passei um pó, lápis preto nos olhos, blush bem fraco e batom. Coloquei os brincos de argolas pequenas, a pulseira que havia me dado e a aliança continuava em meu dedo anular. Agora só faltava pegar o presente do .

Eu saí de Nova York exatamente 13hrs. Eu demorava duas horas para chegar em Atlantic City, então a previsão era que eu chegasse lá ás 15hrs. Isso quer dizer que eu chegaria uma hora e meia antes do previsto. Daria para fazer uma surpresa pro ! Ao contrário de mim, estava completamente atrasado e atarefado. Com a correria que havia sido naquela manhã, ele havia esquecido a sua preciosa agenda em casa. Sim, aquela agenda que ele não conseguia viver sem, pois nela havia absolutamente todos os seus compromissos. havia se atrasado para todas as reuniões daquele dia. O telefone de sua sala não parava de tocar, pois todos estavam cobrando a sua presença em algum lugar. O único compromisso que ele tinha certeza que teria naquele dia era ás 16:30 em um parque que ficava mais ou menos próximo dali.

Duas horas até que passaram bem rápido para uma pessoa tão ansiosa como eu. Estacionei o carro em frente ao prédio do e o relógio marcava um pouco mais de 15hrs. Eu pensei sim em passar na casa dos meus pais antes, mas se eu fizesse isso, minha mãe só me deixaria sair de perto dela dali umas 3 horas e, além do mais, eu quero fazer uma surpresa pro . Tranquei o carro e fui até a portaria.

- Oi, eu queria ir na casa do . – Eu sorri para o porteiro. Eu já havia visto ele da outra vez que estive ali.
- Do ? – O porteiro me olhou. – Oh, você é a namorada dele, não é? – O porteiro sorriu pra mim.
- Sou... – Eu respondi, sem jeito. Como ele sabia?
- Ele disse que você viria! – Ele explicou.
- Disse? Ele está ai? – Eu fiz careta. Eu não queria que ele já tivesse chegado.
- Não, ele saiu logo de manhã. – O porteiro avisou.
- E eu posso subir? – Eu dei o meu melhor sorriso. Estava tentando passar uma boa impressão para o porteiro.
- É claro! Sobe lá! – O porteiro era extremamente simpático.
- Valeu! – Eu agradeci. – Oh! E se ele chegar, não avise ele que eu estou aqui. É surpresa! – Eu avisei e o porteiro sorriu, malandro. – Obrigada. – Eu agradeci mais uma vez e fui em direção ao elevador.

Parecia que o elevador demorou mais para chegar no 4° andar do que eu havia demorado de Nova York até Atlantic City. As portas do elevador se abriram e eu dei de cara com a porta do apartamento dele. Eu tentei abrir a porta, mas ela obviamente estava trancada. Aprenda uma coisa: Se você tem um namorado que precisa de uma agenda até para lembrá-lo de que ele tem que fazer uma pausa para ir ao banheiro, você tem que saber que um dia ele provavelmente esquecerá a chave do seu apartamento no trabalho, portanto, é óbvio que ele tem uma chave escondida embaixo do extintor de incêndio. Mesmo com uma certa dificuldade, eu consegui levantar o extintor de incêndio e ali estava a chave. Eu voltei a rir sozinha ao ver o quão era previsível e o quanto eu o conhecia bem. Destranquei a porta e a abri. Ok, eu assumo! Toda essa ansiedade não era SÓ para ver o .

- BUDDY! – Eu quase gritei ao vê-lo. O cachorro, que estava bem maior desde a última vez que eu o tinha visto, veio correndo em minha direção. Eu me agachei e ele pulou em meus braços. Eu estava sorrindo feito boba. – Oh, meu Deus! Eu senti tanto a sua falta. – Eu comecei a acariciar os seus pelos. – Você cresceu muito! Isso não é possível! – Eu ri, surpresa. – Você sentiu a minha falta também? – Eu perguntei. Como se ele fosse responder! Trouxe o rosto dele pra perto do meu. – Sentiu? – Eu repeti a pergunta e ele tentou lamber o meu rosto. – Não, não! Desculpa, mas o vai odiar saber que você me beijou antes dele. – Eu ri da minha própria piada infame. Não deixava de ser verdade. Ia ser uma droga beijar a sua namorada com cheiro de cachorro depois de meses sem vê-la. Não é nada romântico, certo?

Eu fiquei incontáveis minutos sentada naquele chão mimando e acariciando Buddy. Parece que vê-lo novamente me fez perceber o quanto eu havia sentido sua falta. Toda a solidão que eu havia sentido nos últimos meses desapareceram no minuto em que eu vi Buddy. Ele não precisou conversar ou entender o que eu estava dizendo. Ele só estava me fazendo companhia. Buddy era tão carinhoso que até me deixava boba. Depois de muito brincarmos, ele deitou sua cabeça em uma das minhas pernas. Foi a cena mais linda de todas. Eu fiquei algum tempo observando ele dormir. Eu não podia ficar o dia inteiro ali, mesmo querendo ficar. O carreguei no colo e o levei até a casinha que havia comprado pra ele.

Eu voltei a ficar sozinha, mas eu sei que seria por pouco tempo. chegaria a qualquer momento. Aproveitei a oportunidade para dar uma olhada no apartamento. A casa estava organizada do jeito dele. Havia muito dele em cada detalhe da casa. Um par de tênis no canto da sala e alguns livros no canto da mesa. Na cozinha havia uma caixa de pizza e a geladeira estava lotada de latinhas de refrigerante e algumas porcarias. Eu adorava o jeito com que cada parte daquele apartamento demonstrava quem ele era. Voltei para a sala e fui até a mesa onde havia um porta-retrato e pela primeira vez, não foi para ver a foto. A agenda que eu havia dado para ele estava sobre a mesa. A mesma agenda que continha todos os seus compromissos.

- Que droga, ele esqueceu! – Eu suspirei, pensando no quanto ele deveria estar sofrendo sem a tal agenda. Ele deve ter se esquecido de todos os seus compromissos. Eu olhei no relógio para ver se valia a pena ir até o trabalho dele para entregar-lhe a agenda. Já eram 16hrs e eu sabia que em meia hora ele estaria livre que qualquer compromisso que ele pudesse esquecer. Não achei a agenda seria tão útil agora. Quantos compromissos ele pode ter em meia hora? Na verdade, menos de meia hora, porque ele provavelmente vai passar em casa antes de ir para o parque. Bem, em todo caso, é melhor eu verificar a agenda e ver os possíveis compromissos que ele teria naquela tarde. Fui até o dia em questão e comecei a ver todos aqueles compromissos marcados para aquela manhã. Coitado! Ele deve ter se atrasado para todos esses compromissos. Fui descendo os dedos até chegar no horário próximo ás 16hrs. A agenda era essa:

- 15:30: Reunião com a diretoria da empresa para decidir o futuro dos novos clientes.
- 16:30: Sorveteria com a Amber. :p
- 17:00: Estudar com a Amber. 8)
- 20:00: Jantar com a Amber :)

Espera, espera um pouco! Reli uma, duas, três vezes. Não pode ser! Eu tentei sorrir para me convencer de que havia algo errado. Conferi se estava vendo os horários do dia certo e para a minha infelicidade, eu estava. Eu fechei a agenda rapidamente, mas não consegui me mover. Os meus olhos rodaram toda a sala, procurando por uma explicação convincente. A letra com que estava escrito os compromissos da Amber não era a dele. Qualquer um pode ter escrito aquilo. Qualquer um não. não desgruda dessa agenda. É quase como um item pessoal. Como a agenda teria ido parar na mão de alguém que não fosse ele? Só se ele estivesse por perto quando alguém escreveu em sua agenda, que provavelmente fez isso com a sua autorização.

- Isso não é possível. – Eu neguei com a cabeça e voltei a abrir a agenda. Voltei no dia em questão e comecei a ver as páginas anteriores. Amber, Amber, Amber e mais Amber. Ele teve compromisso com ela todos os dias daquela semana. Todos os dias em que ele nem sequer me ligou. – Ok, para com isso. Eu estou ficando louca. – Eu voltei a fechar a agenda e a coloquei sobre a mesa. Andei pela casa, impaciente.

Por quê? Porque ele teria um compromisso com a Amber no dia do nosso aniversário de namoro? No dia do meu aniversário? Não, não! Isso não faz sentido algum! Ele não esqueceu! É claro que ele não esqueceu. Ele jamais esqueceria um dia como aquele. E daí se ele ainda não havia me ligado para me dar feliz aniversário? Isso significa que ele havia esquecido? Não, não, não! Eu não vou acreditar nessa besteira. Eu não quero acreditar!

- Ele não faria isso. – Eu disse em voz alta para convencer a mim mesma. No minuto em que eu disse aquilo, eu avistei de longe um porta-retrato. Ele estava próximo do móvel da TV. Aquele porta-retrato não estava ali da última vez em que eu estive ali. Eu me aproximei e me abaixei, segurando-o em minhas mãos. Era uma foto dele e da Amber. Os dois estavam mostrando a língua para a câmera e o braço dele estava sobre os ombros dela. QUE MERDA É ESSA?

Aquela foto foi quase um tapa na minha cara. Um tapa que implorava que eu enxergasse a realidade que estava bem em minha frente. Quem eu quero enganar? Ele a via todos os dias. Ele tinha uma foto dela na sala de sua casa. Ele ainda não havia ligado para dar feliz aniversário. Ele não estava em seu apartamento nesse exato momento se arrumando para encontrar daqui a 10 minutos a sua namorada que não via há meses. O porta-retrato voltou para o seu lugar e eu não sabia o que fazer, parada no centro da sala do apartamento. Uma das minhas mãos foi até a minha cabeça e entrelaçou-se em meu cabelo, jogando-o para trás. Um enorme desespero atingiu o meu peito e a única coisa que mantinha as lágrimas em meus olhos era a esperança de que eu estava errada.

10 minutos! tinha apenas 10 minutos para chegar no local marcado. Aquele parque em que ele foi tantas vezes. Aquele parque que antes era cheio de memórias angustiantes para ele e que agora só o fazia lembrar de coisas boas. Aqueles bilhetes ainda estavam enterrados lá. Aqueles bilhetes que escrevemos apenas com a esperança de que chegássemos tão longe. Nós chegamos? Para ele sim. Para aquele não era apenas o dia do meu aniversário e o dia do aniversário de namoro. Aquele dia era também um dia de comemorar o quão forte fomos para superar aquele 1 ano.

estava empolgado. Ele veria a garota que tanto lhe fez falta nos últimos meses. Ele veria a garota pela qual vem esperando toda a sua vida. Mesmo o dia todo ter sido uma bagunça, ele havia conseguido resolver tudo 10 minutos antes do horário marcado para estar naquele parque. saiu do trabalho e percebeu que não daria tempo de passar em casa para se trocar, então resolveu apenas tirar o blazer e dobrar as mangas de sua camisa até os cotovelos. Seguiu em direção o parque para encontrar a sua garota.

Agora faltava 5 minutos para o horário marcado no parque. Eu não sabia o que pensar e nem o que fazer. Eu posso sim ignorar aquela foto, aquela agenda e ir para o parque como se nada tivesse acontecido. Talvez ele esteja lá ou talvez ele realmente esqueceu de tudo e está com a Amber e se for isso, eu não vou sobreviver aquilo. O que eu faço? E se eu ligar pra ele? Falar com ele como se não quisesse nada e descobrir se ele ainda se lembrava do nosso compromisso marcado há um ano?

- É, eu vou ligar. – Eu respirei fundo. Eu precisava tirar aquele aperto do meu peito. Eu precisava saber que ele estaria naquele parque me esperando. Eu precisava saber que ele não havia me trocado pela Amber mais uma vez. Peguei o telefone da casa dele e comecei a digitar os números do seu celular. O celular começou a chamar e eu estava louca para que ele atendesse com um ‘Você se atrasou de novo? Estou te esperando!’. A chamada continuou chamando e nada dele atender.

Amber estava deitada vendo TV, quando ouviu um celular tocar. Definitivamente não era o toque do seu celular. Levantou-se, estranhando. Tentou seguir o toque do celular para tentar achá-lo. O toque vinha de dentro de sua bolsa. Amber não fazia ideia de que toque maluco era aquele. Abriu sua bolsa e lá dentro encontrou o celular de .

- O celular do ? – Amber olhou pro celular, perplexa. – Ah! Eu esqueci de devolver pra ele ontem a noite. – Amber deu um fraco tapa em sua testa. Ela saiu com tanta pressa daquele barzinho ontem, que acabou enfiando tudo dentro da bolsa. Ela olhou no visor do celular e viu o número do telefone da casa do . – Aposto que ele está achando que perdeu o celular e está ligando para ver se alguém o encontrou. – Amber riu, ouvindo o celular tocar insistentemente.
- Vamos, atenda! – Eu sussurrei, sabendo que a ligação cairia a qualquer momento. Eu olhava aflita para qualquer canto da casa e as lágrimas acumulavam-se aos poucos em meus olhos. Eu só precisava que ele atendesse!
- Telefone do ! – Um voz feminina atendeu o celular dele e eu até parei de respirar. Eu demorei para convencer a mim mesma de que aquela voz era de Amber. Não pode ser a voz da Amber.

Eu não sei como tudo aconteceu, mas eu sei que eu desabei por dentro. Foi como se uma explosão dentro de mim tivesse acabado com tudo o que existia lá dentro. Amber atendeu o celular dele, o que quer dizer que ele está com ela. Ele realmente está com a Amber! Ele realmente se esqueceu de... nós. A verdade violenta invadia o meu peito há cada segundo, enquanto a quantidade de lágrimas nos meus olhos aumentava. Quando eu percebi que ia chorar, mordi o lábio inferior para evitar emitir qualquer som. Uma lágrima por cada canto dos meus olhos, minhas mãos suavam frio e meu corpo se estremecia a cada respiração.

- Alô? – Amber insistiu, já que a pessoa do outro lado continuou muda. Ao ouvir a voz dela novamente, eu soube que nada mais poderia ter feito a dura realidade ser jogada na minha cara. O meu choro quis aumentar e eu sabia que mais nada poderia ser feito. Estava acabado. Minha mão que segurava o telefone foi descendo pelo meu rosto, arrastando algumas lágrimas com ele. Eu desliguei o telefone ainda sem saber como reagir a tamanha decepção e perda. Eu encarei o chão e levei uma das mãos em meu rosto, mantendo-a em minha testa por um tempo. Aos poucos a dor que parecia não ter limites aumentava e eu comecei a entrar em negação. Não podia ter acabado. Ele não pode ter quebrado todas aquelas promessas.
- Não... – Eu neguei com a cabeça e a mão que estava em minha testa subiu, levando o meu cabelo para trás e tirando-o do meu rosto. As lágrimas não estavam apenas escorrendo dos meus olhos agora. Elas faziam parte de um choro real e desesperador. – Não pode ser. – Eu me abaixei e sentei em um dos sofás da sala da casa dele. As minhas mãos vieram para o meu rosto, enquanto meus cotovelos apoiavam em minhas coxas.


Havia se passado 10 minutos da hora que havíamos combinado de estar naquele parque. 10 minutos em que estava sentado naquele banco, esperando a sua garota. Ele não estava tão surpreso. Pontualidade não é uma das minhas qualidades. Ansioso é a palavra que o definia agora. Ele estava ansioso pela minha chegada que parecia estar demorando mais do que deveria. olhou para as balanças em que costumavam brincar e sorriu ao ver um garoto e uma garota fazendo exatamente a mesma coisa que nós fazíamos. O garoto se achava o cara mais durão, mas a garota ao seu lado ainda o intimidava. Era como se ele estivesse olhando para o seu passado.

A aquela altura a minha maquiagem já havia se transformado em lágrimas e deveria estar espalhada por todo o meu rosto. Meus cotovelos continuavam apoiados em minhas coxas, mas as minhas mãos foram levadas para trás, entrelaçando-se em meu cabelo. Eu encarava o chão e as minhas lágrimas não queriam cessar de jeito algum. Forcei meus lábios um contra o outro e comecei a passar as mãos pelo meu rosto. Levantei o meu rosto e olhei em volta. Lembrei de quando ele me disse que tudo naquela casa foi pensado em mim. Olhei para a porta da sacada e me levantei. Fui até lá e olhei aquela paisagem. estava comigo da última vez que eu olhei pra ela e agora eu sei que aquela será apenas uma lembrança que eu levarei pro resto da minha vida. Senti algo no meu pé e abaixei a cabeça para olhar.

- Buddy! – Eu sorri, pois ele parecia ser a única coisa boa pra mim agora. Eu me agachei e alisei os seus pelos. Buddy me olhava com aquele olhar sério e ao mesmo tempo triste. Parecia até que ele sabia. Ver aquela expressão dele fez o meu sorriso desaparecer aos poucos. Buddy estava tão feliz no dia em que eu o conheci e vê-lo sofrendo comigo tornava as coisas ainda mais difíceis. Ele ainda era o melhor presente que eu já ganhei. – Eu não posso mais fazer isso. – Eu disse com a voz embargada. Quando eu percebi que voltaria a chorar, neguei incessantemente com a cabeça. – Eu não consigo continuar passando por isso. – Eu suspirei para evitar continuar chorando. – Acabou. Acabou pra ele. – As lágrimas enchiam completamente os meus olhos. – Eu deveria saber que havia acabado. Eu deveria saber que haveria consequências. – Não teve jeito. As lágrimas voltaram a escorrer pelos cantos dos meus olhos sem esforço algum. Eu as sequei imediatamente com as minhas mãos. – Agora, só há uma solução. Eu tenho que fazer isso. – Eu engoli o choro e me levantei. Me aproximei da mesa do jantar e peguei uma das folhas sulfites que estava no meio dos seus livros e do seu material da faculdade. Também arrumei uma caneta no meio daquelas coisas e me aproximei de uma das mesinhas que havia na sala. Me sentei em uma cadeira e encarei o papel. Bem em minha frente, sobre aquela mesma mesa, havia um porta-retrato. Era uma foto minha e do . A cada minuto as coisas ficavam piores. Minhas sobrancelhas decaíram e eu percebi que voltaria a ceder a dor e tristeza de tudo aquilo, mas ao negar com a cabeça me fez ver que era tarde demais para lamentar.

- Meia hora? Que droga, ! – suspirou, olhando para o seu relógio. Havia algo errado. Eu já deveria estar lá. colocou a mão em um de seus bolsos da calça e achou que encontraria o seu celular lá, mas não encontrou. – Oh, não. – negou com a cabeça. O celular não estava com ele. E agora? Como ele iria me ligar e me perguntar por que eu não estava lá? Ele achou melhor esperar mais 10 minutos.

Sinceramente, eu não achei que conseguiria escrever aquela carta tão rápido. Talvez seja porque eu tinha tanto medo que isso acontecesse, que eu já tinha um discurso ensaiado. Eu sempre soube exatamente o que fazer se isso viesse a acontecer. Eu terminei de escrever aquela carta e fiquei orgulhosa de mim mesma por não ter chorado ao escrevê-la. Apesar de toda dor e tristeza, eu precisava fazer aquilo. Eu precisei ser forte para escrever o que eu sou fraca para falar pessoalmente. Eu não aguentaria olhar pra ele depois de tudo. Eu nunca fui tão forte e tão fraca ao mesmo tempo. Dobrei a carta e a coloquei dentro de um envelope que eu mesma havia feito com outra folha sulfite. No envelope eu coloquei o meu nome e o nome/endereço dele como destinatário. Eu não queria que ele soubesse que eu estive ali. Eu não quero que ele saiba que eu larguei tudo para vir passar esse dia com ele, só com ele. Eu não quero que ele saiba que eu fiz, o que ele não foi capaz de fazer.

Aquela carta... Eu queria poder rasgá-la, pois era ela quem colocaria o final em tudo. O final que eu não queria que tivéssemos. Eu encarei a carta, enquanto me perguntava se estava fazendo a coisa certa. Será que eu não deveria ficar ali, esperar e jogar toda aquela sujeira na cara dele? Será que eu não deveria ir atrás da Amber e dar a surra que ela sempre mereceu levar? Eu deveria sim, porque essa é a que todos conhecem, mas infelizmente não é a que eu sou. Eu não sou tão forte para encarar aqueles dois. Eu não sou forte para olhar pra ele e saber que ele acabou com tudo o que tínhamos por causa de uma garota com um amor platônico. Eu não quero e não vou sair como a idiota traída de toda essa história. Eu não vou dar a eles o show que eles esperem que eu dê!

O ódio e a tristeza nunca estiveram tão juntos dentro de mim, mas ainda havia alguém ali que poderia fazer com que a tristeza fosse unanime. Buddy gemeu ao meu lado e aquilo me fez esquecer da minha raiva instantaneamente. Eu não queria ter que olhá-lo. A carta continuava em minhas mãos, quando eu abaixei meu rosto para olhá-lo e ele me olhou com tristeza. Só aquele olhar fez as lágrimas voltarem imediatamente para os meus olhos. Eu mordi o meu lábio inferior para ajudar a segurar o choro e me agachei novamente, ficando de frente pra ele.

- Eu queria tanto, tanto, tanto poder te levar comigo. – Eu acariciei a sua cabeça e ele fechou os olhos por alguns segundos. – Você sabe que se eu pudesse, eu te levaria, não sabe? – Eu perguntei, cedendo de vez para o choro. – Eu não posso! Ele não pode saber que eu estive aqui. – Eu expliquei me sentindo a pessoa mais horrível do mundo. Buddy se aproximou e levantou suas duas patas, apoiando-as em meus joelhos. – Não se preocupe. Eu volto te buscar qualquer dia desses. Eu prometo, ok? – Eu tentei sorrir, apesar de todas as lágrimas em meu rosto. – Eu volto pra te buscar. – Eu sussurrei, assim que aproximei meu rosto de seu focinho. O meu choro aumentou ainda mais, quando toquei em Buddy pela última vez e tirei suas patas de meu joelho e voltei a colocá-las no chão. – Me desculpa. – Eu o olhei mais uma vez e me levantei . Comecei a andar rapidamente até a porta e a carta continuava em uma das minhas mãos, enquanto a outra entrelaçava seus dedos em meu cabelo para afastá-lo de meu rosto coberto de lágrimas.

Aquela maldita porta parecia a porta para a libertação. Eu estava me libertando de todo aquele sofrimento que eu fui obrigada a sentir. Eu estava me libertando dos poucos e inesquecíveis momentos que eu e ele tivemos ali. Eu estava me libertando daquele amor que de tão forte me sufocava. Eu estava me libertando do . Encarei a carta mais uma vez e depois a porta. Minhas sobrancelhas decaíram e eu tinha que fazer aquilo. Eu me virei novamente para a casa e passei meus olhos por cada detalhe daquele lugar ao qual eu não pretendia voltar mais. Algumas poucas lágrimas escorreram pelos cantos dos meus olhos e eu tomei coragem, olhei novamente para a carta e a joguei no chão, bem próxima a porta. Eu queria que ele achasse que o carteiro havia colocado ela embaixo da porta. Eu abri aporta e rapidamente a fechei. Tranquei a porta novamente e voltei a colocar a chave embaixo do extintor de incêndio. No caminho até o elevador, eu fui secando as lágrimas em meu rosto com as minhas mãos. Desci pelo elevador e passei rapidamente pelo porteiro para que ele não percebesse que eu tinha chorado. Eu temia que ele contasse para o . Entrei em meu carro e saí imediatamente com o carro, pois não queria que chegasse e me visse.

Eu não sabia o que pensar sobre tudo. Eu não sabia se tudo o que nós havíamos vivido havia sido real ou era só um namoro adolescente. Eu queria saber se o fato de eu ter me apaixonado por ele mais de uma vez tinha tido um porque. Eu precisava saber se algum dia o que ele me disse, os sentimentos que ele expressou, os carinhos que ele me deu foram verdadeiros. Eu só precisava disso pra parar de me sentir tão idiota com toda aquela situação. O único jeito de eu descobrir era indo até aquele parque e ler aquele bilhete que ele havia escrito pra mim.

Os 10 minutos haviam se passado e estava certo de que devia ir pra casa para me ligar e possivelmente brigar pelo meu atraso. Ele havia se esforçado tanto para estar lá no horário e eu não apareci. Ele levantou-se do banco, foi até o seu carro, entrou e o ligou. Ele só não estava tão bravo, pois tinha certeza que eu havia tentado ligar para o seu celular para justificar o meu atraso. A culpa não era minha se ele havia esquecido o seu celular naquele dia. Aliás, ele havia esquecido muita coisa naquele dia.

Chame do que quiser, mas eu prefiro o termo ‘fatalidade’. Foi uma extrema fatalidade o fato dele sair do parque virando em uma esquina, enquanto eu chegava no parque virando uma outra esquina. Quem sabe o que teria acontecido se nós tivéssemos nos cruzados? Não importa. Isso não aconteceu. estava indo para casa e ainda tinha grandes esperanças de ver a sua namorada naquele dia e eu... Bem, eu estou dentro do meu carro esperando tomar coragem para descer e ir até o lugar onde aqueles bilhetes estavam enterrados.

Quase 5 minutos se passaram até que eu conseguisse descer do carro. Era tarde de sábado. É claro que o parque estava cheio. Eu sabia exatamente o local onde havíamos enterrado aqueles bilhetes. Eu comecei a andar em direção ao tal local, enquanto dezenas crianças passavam por mim a todo o momento, mas mesmo assim parecia que eu era a única pessoa ali. Era como se todo o parque tivesse se apagado e o único caminho iluminado era o que me levava até os bilhetes. Eu parei ao lado do gira-gira, que ficava praticamente ao lado do local dos bilhetes. Eu fiquei algum tempo parada ali e olhei em volta. Todo mundo ali parecia feliz, todos estavam se divertindo, menos eu. Estava me matando estar ali. A única coisa que eu conseguia pensar era que tudo o que eu tenho idealizado nas últimas semanas foi estar ali, naquele exato local, naquele dia. E agora? Eu estava ali e não poderia ser pior.

Vamos! Faça! – Era o que eu dizia para mim mesma a todo o memento. Eu disse até o momento em que eu me agachei e encarei de mais perto aquela areia. Coloquei uma das minhas mãos sobre a areia e forcei minhas unhas para tirar a areia do caminho. Eu comecei a cavar com mais intensidade e procurava pelo buraco que havíamos feito pela última vez. As pessoas passavam ao meu lado e se perguntavam o que diabos eu estava fazendo ou que tipo de maluca eu era. Quando eu comecei a pensar que talvez tivesse me enganado sobre o local dos bilhetes, eu os encontrei. Esfreguei minhas mãos uma na outra para tirar toda a areia que havia se acumulado ali. Depois de minhas mãos já estarem limpas, eu olhei para o buraco e vi os dois bilhetes. As lágrimas voltaram a se acumular nos meus olhos e eu levantei meu rosto para cima por alguns segundos para evitar que elas rolassem pelos meus olhos. Eu suspirei longamente e voltei a olhar para os bilhetes. Peguei um deles e procurei do lado de fora qualquer coisa que pudesse indicar que aquele era o que havia escrito.

– Era o que estava escrito no papel dele e eu soube que aquele era o bilhete dele. Eu soube o quão filho da puta ele era. ‘ ’? Ele deve estar querendo acabar comigo de vez! Eu amacei o bilhete com uma das minhas mãos, enquanto voltava a enterrar o meu bilhete que havia sobrado naquele buraco. Depois que acabei de enterrar, me levantei e voltei a andar rapidamente em direção ao meu carro. O bilhete ainda estava em uma das minhas mãos e eu continuava amassando-o com toda a minha força. Entrei no carro e fechei a porta com força. Joguei o bilhete sobre o banco do passageiro e coloquei as mãos no volante com a intenção de voltar a ligar o carro. Eu pausei por algum tempo. Eu estava com tanta raiva por estar me sentindo daquele jeito mesmo depois de tudo!

- Sempre foi tão fácil odiar ele. Porque eu não consigo fazer isso agora? – Eu neguei com a cabeça. – POR QUÊ? – Eu elevei o tom de voz e logo depois dei um soco no volante. – POR QUÊ? DROGA! – Eu dei um soco ainda mais forte e a vontade de chorar se manifestou novamente. – Eu preciso dar o fora daqui. – O meu medo de chorar e entrar em desespero novamente me fizeram passar as mãos pelos meus olhos e secar qualquer lágrima que pretendia escapar de lá. Liguei o carro e dei a partida. Eu precisava mais do que tudo ir para mais longe dele possível. Eu estava voltando pra Nova York. Eu estava voltando para o lugar de onde eu nunca deveria ter saído. Lá é o meu lugar e me fez ver isso mais do que nunca.

estava chegando em casa. Estacionou o carro na garagem de prédio e foi em direção ao seu apartamento, passando pelo porteiro que não falou absolutamente nada do fato de eu estar ter estado ali naquele dia. pegou o elevador e foi para o 4° andar. Chegou na porta do seu apartamento e colocou a mão no bolso da calça, esperando encontrar a chave. – Merda! Ficou no blazer. – resmungou, lembrando-se que havia deixado o blazer no carro. Descer e pegar não era uma opção, afinal, a chave reserva estava lá para isso! levantou o extintor de incêndio, pegou a chave reserva e abriu a porta. Ele estranhou o fato de Buddy não estar na porta para recepcioná-lo, assim como ele fazia todos os dias. Trancou a porta e pisou em cima de alguma coisa que fez barulho. Ele olhou pra baixo e viu uma carta. Aquela carta!

- Mas o que... – estranhou, mas agachou-se para pegar a carta. Olhou o envelope e em um dos lados viu o meu nome. Ao ler o meu nome, ele imediatamente sorriu. – Eu sabia! – Ele continuou a sorrir. tinha certeza que aquela carta tinha alguma coisa a ver com o nosso aniversário de namoro e que poderia até se tratar de alguma surpresa. Ele começou a abrir a carta, enquanto se aproximava do sofá. Ao chegar no sofá, ele se sentou e posicionou a carta, colocando-a em direção de seu rosto para que ele pudesse começar a lê-la:

‘Se lembra do dia que nos conhecemos? Eu tenho certeza que sim, aliás, você já me contou inúmeras vezes da forma que você se sentiu quando me viu pela primeira vez. Eu sei que demorou algum tempo, mas eu também me lembro do dia que nos conhecemos. Eu inclusive me lembro das 3 vezes que eu te vi pela ‘primeira vez’, mas só hoje eu me dei conta de que eu nunca te contei a partir da minha perspectiva. Eu sempre ouvi você dizer sobre como você se apaixonou por mim na primeira vez em que me viu, mas eu nunca disse o que eu senti a cada vez que eu achava que estava te vendo pela primeira vez e eu preciso que você saiba. Eu sinto que não vou ter outra oportunidade de te deixar saber disso.

A primeira das vezes não foi tão especial como deveria. Você perdeu uma pessoa muito importante naquele dia, mas ainda assim você não me deixou sozinha. Quando eu te vi através da janela completamente quebrada do carro do meu pai, eu só conseguia pensar que com você ali, eu não precisaria mais morrer sozinha. Eu realmente achei que as coisas acabariam naquele dia pra mim e ao olhar pra você, eu me esqueci do quanto eu queria me salvar. Eu fiquei em paz porque você, mesmo sendo um total estranho, era a minha única esperança de que eu não passaria os últimos momentos da minha vida sozinha. Pra mim estava tudo bem se eu morresse, enquanto você segurava a minha mão ou apenas ficasse ali, sem dizer nada. Você não só salvou a minha vida naquele dia, mas você também havia salvado a esperança de que tudo ficaria bem que eu não sentia há tempos. Você foi a esperança em mim.’
– Apesar das memórias tristes sobre aquele dia, ainda conseguiu sorrir fraco ao ler aquelas palavras que ele nunca havia esperado ler.

‘A segunda das vezes foi um pouco engraçada. Você chegou na casa da minha avó e já era todo íntimo do meu irmão. Você me olhou e já parecia me conhecer. Você parecia saber tudo sobre tudo. Eu odiei isso. Quem é aquele cara que aparece do nada e começa a roubar o meu irmão? Eu te odiei desde o primeiro minuto porque você parecia ser tão bom em tudo e eu não queria que fosse assim. Eu queria que você fizesse besteira para justificar tudo o que eu sentia. Você se tornou o capitão do time e o rei da escola e eu queria que todos vissem o idiota que só eu conseguia e queria enxergar. Eu acho que eu tinha medo de me apaixonar por você. Eu parecia ser a única exceção daquela escola. Eu era a única que não me jogava aos seus pés e eu jamais daria essa vantagem pra você. Dizem que ninguém é perfeito, e eu acho que a sua imperfeição era eu. Eu era a parte da sua vida em que você mais tinha problemas e eu gostava disso.’ – O sorriso de aumentou ainda mais ao ler aquilo. Ele chegou a rir sem emitir som.

‘E por fim, a última vez. É a minha favorita, porque depois de duas vezes, aconteceu! Eu juro que quando eu esbarrei em você naquela festa o meu coração quis sair pela boca. Foi instantâneo, foi a primeira vista. Eu me senti uma idiota por ter derrubado aquela bebida na sua roupa e eu nem sabia por que você estava ali. A primeira coisa que eu pensei foi ‘Quem é esse cara? Porque eu não o conheço?’. Eu quis te impressionar no primeiro instante, mas parece que nós nunca começamos bem as coisas. Você disse que era apaixonado por outra e eu quis ser essa garota. Eu te amei desde o primeiro minuto, .’ – Os olhos dele começaram a arder, mas ele passou os dedos pelos olhos, enquanto sorria feito um bobo.

‘E se quer saber, eu acho que se acontecesse uma quarta vez, eu me apaixonaria de novo. Eu acho que o meu coração se acostumou a te amar, mas eu não sei se você tentaria uma quarta vez. Quatro é um número muito alto, até mesmo pro amor, até mesmo pra nós. ‘ – Mesmo o rumo da carta ter mudado, ainda não estava desconfiando de nada.

‘Um ano parece pouco, certo? Mas pra nós significa muito. Nós que sempre fomos o casal mais complicado de todos. Eu não acredito que ninguém tenha vivido um amor como o nosso. Foi tudo tão turbulento, que não teria durado uma semana se o amor que sentimos pelo outro não fosse tão grande. Eu confesso que não achei que fossemos tão longe, ainda mais por eu ter ido pra longe de você. Foram dias difíceis que eu achei que não conseguiria superar. Deixar você em Atlantic City foi a coisa mais difícil e estúpida que eu já fiz. Eu realmente achei que o nosso amor superaria qualquer coisa. Distância? O que é isso perto do ódio e do amor que nós sentimos? É claro que iriamos superar. Eu estava tão certa! Eu estava tão certa de que você me amava o suficiente para me esperar a vida toda.’ ficou um pouco mais sério. Porque eu estava falando daquele jeito?

‘Eu tentei. Eu tentei fazer isso funcionar. Eu tentei lutar por nós como eu nunca havia lutado em toda a minha vida, mas a cada dia eu percebia o quão fraca você pode ficar quando se luta sozinha. Os corações que eu desenhava em minha mão já não adiantavam mais. Eu já não te sentia tão próximo. Eu já não te sentia tão meu. A cada dia que eu me dava conta que as coisas entre nós haviam mudado eu morria e só voltava a viver no dia seguinte em que eu tentava me conformar que teria que viver sem você. Meus últimos dias têm sido baseados nos sentimentos que eu senti a cada vez que eu te vi pela primeira vez: esperança, ódio e amor. Esperança, porque eu realmente acreditei que nós conseguiríamos superar mais esse obstáculo. Ódio, porque nós deixamos as coisas chegarem a esse ponto. Amor, porque eu simplesmente não consigo deixar pra trás o que nós já vivemos.

As pessoas costumam dizer que o amor supera qualquer coisa, mas não é verdade. Amor era o que não faltava e olha pra nós agora. Nós parecemos dois estranhos e eu não sei como lidar com algo que eu nunca pensei que aconteceria. Eu acreditava em você. Eu acreditava em nós, mas parece que só acreditar não é o suficiente. Nós desistimos sem nem perceber e agora que eu percebi eu decidi escrever essa carta.’
– Os olhos de continuavam fixos na carta. Ele não acreditava no que estava lendo. O coração dele se apertava a cada palavra lida. Era como se aos poucos ele estivesse adormecendo, mesmo sabendo que o pesadelo estava a caminho.

‘Essa não é a primeira vez que eu penso em te mandar essa carta. Eu realmente não sei como eu estou conseguindo escrever tudo isso. Eu paro para olhar para essa folha de minuto em minuto e tenho medo de rasgá-la a qualquer momento, porque eu realmente não sei como te dizer isso. Nada do que eu escreva aqui vai fazer com que isso soe melhor pra você.

Muitas coisas aconteceram nas últimas semanas. Você não ideia do quanto é difícil morar em uma cidade onde você não tem ninguém. Ninguém que possa te fazer companhia. Ninguém que possa te fazer sorrir, quando você só consegue pensar na maldita prova da faculdade do dia seguinte. Ninguém que ligue e pergunte como foi o meu dia ou o que você está fazendo. Ninguém que te dê carinho e que mostre pra você o quanto você é especial. E então esse cara apareceu.
– Ao ler a última frase, tirou os olhos da carta e negou com a cabeça, enquanto as lágrimas indesejadas começaram a alcançar os seus olhos. Seus olhos marejados voltaram a olhar para o papel em suas mãos.

‘Ele faz com que eu me sinta especial e ele me enxerga. Ele cuida de mim e me faz rir como uma boba. O que eu sinto por ele é diferente de qualquer coisa que eu já tenha sentido por você. Eu não sei explicar, mas eu sei que é diferente. Eu demorei algum tempo para me convencer do que eu estava começando a sentir e do que eu estava começando a deixar de sentir. Eu lutei contra isso, mas eu não consigo mesmo fazer isso sozinha.’ – Uma lágrima escorreu por um dos cantos do olho dele e ele rapidamente o secou com uma das mãos.

‘Eu só quero que você saiba que eu não te culpo por nada. A escolha de ir pra longe de você foi minha! Foi só minha! Você deu o seu melhor em tudo. Você foi tão forte por mim e eu sei que eu jamais vou encontrar alguém que lute tanto por mim quanto você lutou. Não pense que tudo isso possa ter sido perca de tempo. Não foi! Eu te amei como eu sei que nunca vou amar mais ninguém e eu sou grata por tudo o que você tem feito por mim. Eu sou grata por você ter me esperado por tanto tempo e eu sou ainda mais grata por você ter escolhido a mim para dedicar o amor mais sincero e forte que eu já vi em toda a minha vida. Você não poderia ter me feito mais feliz.

Eu tenho que fazer isso, . Eu tenho que buscar a minha felicidade e eu também tenho que deixar que você busque a sua. Eu quero mais do que tudo que você encontre uma garota que não te faça sofrer e que não te troque nem pelo melhor dos sonhos. Você merece ser feliz ao lado da garota mais sortuda do mundo, que infelizmente não sou eu. Essa carta não apaga o que nós vivemos ou que nós sentimos. Essa carta não muda o fato de você ser o cara mais incrível que eu tive a sorte de conhecer.

Eu só achei que como tudo começou com aquela redação de sociologia, deveria acabar com essa carta. O que começa no papel, termina no papel.

Seja feliz.

.’
terminou de ler a carta e os olhos marejados deixaram de olhar o papel. Ele olhou para qualquer lugar da sua casa, enquanto diversas lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. Prensou um lábio contra o outro, enquanto negava com a cabeça incessantemente. As mãos que ainda seguravam a carta foram se fechando, amassando a carta. Os olhos dele abaixaram e viram a carta sendo amassada com força. Ele jogou a carta com força para o outro lado da casa.

estava devastado. A mistura de sentimentos dentro dele era inexplicável. Ele sentia ódio de tudo. Ódio por ter sido sempre tão idiota. Ódio por ter feito tudo por mim a toa. Ódio por eu tê-lo trocado pelo primeiro idiota que eu havia conhecido. Ódio por ter me esperado feito um idiota naquele parque. Havia também tristeza, decepção por ter acabado daquele modo tão frio. Ele merecia mesmo saber de tudo aquilo através de uma carta? Não importa mais. Ele ainda me amava do mesmo jeito que o primeiro dia. Nada havia mudado pra ele. sabia muito bem que as coisas entre nós estavam diferentes, mas nunca achou que chegaríamos naquele ponto. Ele esperava uma traição daquela de qualquer pessoa, menos de mim. Ódio e tristeza nunca andaram tão juntos como agora.

- Como eu pude ser tão idiota. – suspirou, passando uma mão por todo o seu rosto e levando todas as lágrimas que estavam ali. – Idiota... – Ele repetiu, sentindo as lágrimas voltarem a molhar seu rosto. Os olhos dele que estavam perdidos pela casa, quando ele se levantou do sofá. Ele não conseguia se conformar do quão idiota ele havia sido. Deu a volta no sofá e parou em frente a uma mesinha de vidro. Sobre a mesa havia um porta-retrato nosso. Os olhos completamente cheios de lágrimas olharam a foto de bem perto, quando ele pegou o porta-retrato nas mãos. Ver o quanto nós estávamos tão felizes na foto fez a dor que ele sentia aumentar. Ele continuou a olhar fixamente para a foto e as lágrimas se acumulavam em seu rosto. Quando ele percebeu o quanto aquilo estava lhe fazendo mal, ele voltou a colocar o porta-retrato sobre a mesa e virou-se de costas para ela com a intenção de se afastar. Deu um passo e pausou. ‘Porque estava doendo tanto? Ela te traiu! Como pode estar sofrendo por ela?’ era o que dizia os pensamentos de . A raiva foi se acumulando de tal forma, que parecia que estava prestes a explodir. No mesmo instante, ele voltou a virar-se para a mesa e passou o braço por tudo o que havia sobre ela, jogando tudo no chão. – IDIOTA! – Ele esbravejou em lágrimas. – COMO EU PUDE? – Ele puxou a mesa e a jogou no chão. – COMO... – A voz dele falhou por causa do choro e ele colocou suas mãos na cabeça, entrelaçando seus dedos em seu cabelo. – Como ela pôde fazer isso comigo? – Ele disse em um sussurro, porque ele não conseguia mais gritar.

A única coisa que ele queria era que aquela dor incontrolável parasse e não era só porque aquela dor estava o matando, mas é porque ele sabia que não valia a pena tanto sofrimento. Eu não merecia nem sequer uma lágrima dele. Eu não merecia nada. Eu não merecia nem ao menos que ele pensasse em mim. estava se sentindo traído. Não dá pra imaginar o quão decepcionante deve ser para um garoto ser traído pela garota com a qual ele achou que passaria o resto de sua vida, pela garota que havia feito ele cometer loucuras. apenas queria me deletar da sua vida de uma vez por todas. Sem sofrimento e sem arrependimentos.

Mesmo com lágrimas por todo o seu rosto, começou a andar pela casa, procurando qualquer coisa que fosse nossa. Ele pegou dois porta-retratos que estavam na sala e os jogou sobre o sofá. Foi até a cozinha e pegou uma caixa de papelão que já estava lá há algum tempo. Levou a caixa até o sofá e começou a jogar os porta-retratos lá dentro sem cuidado algum. Pegou a caixa e a levou para o seu quarto, jogando-a no chão. Ele começou a andar pelo quarto e pegou mais uns dois porta-retratos e também os jogou dentro da caixa. Voltou para a sala com a caixa nos braços e a jogou novamente no chão. Passou pela mesa e viu a sua agenda. A sua preciosa agenda da qual ele não sabia viver sem. Não importa. Ele sobreviveria! Começou a rasgar a agenda com toda a sua força e o que não conseguiu rasgar, ele jogou dentro da caixa, fechando-a e levando-a para o armário mais alto que havia na casa. A caixa foi colocada na última prateleira e ele estava certo que jamais voltaria a abri-la.



TROQUE A MÚSICA:


Eu já estava a caminho de Nova York. Eu não passei na casa dos meus pais e nem na casa de mais ninguém. Como eu explicaria aquelas lágrimas? Como eu os deixaria ver a minha tristeza logo no dia do meu aniversário? Eu não podia e nem queria preocupá-los. Eles deviam ficar fora disso. Não é que eu já tenha me conformado, mas eu precisava me esforçar para superar aquilo. Não havia mais lágrimas em meu rosto, apenas algumas presas em meus olhos. Eu estava me segurando. Eu não queria pensar em nada daquilo. Eu não queria pensar que Amber havia conseguido tirar de mim mais uma pessoa que eu amo. Eu não quero pensar que tenha permitido que ela fizesse isso. O silêncio do carro não estava me ajudando em absolutamente nada. O silêncio só permitia que eu continuasse pensando. O silêncio foi interrompido pelo toque do meu celular. Eu o peguei dentro da minha bolsa, olhei em seu visor e vi o nome de ‘’. Se fosse qualquer outra pessoa eu não atenderia, mas já que se tratava da minha melhor amiga, eu tinha que atender. Quem poderia ser a melhor pessoa para conversar agora? Estacionei o carro ali no acostamento mesmo. Eu não demoraria.

- Oi... – Eu atendi e percebi o quanto a minha voz havia saído fraca.
- HEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEY! – fez a festa. – Veja só se não é a minha aniversariante favorita! – Ela sorriu, empolgada.
- ... – Eu suspirei, querendo que ela parasse. Não havia nada para comemorar.
- VOCÊ JÁ ENCONTROU ELE? O QUE ACONTECEU? O QUE ELE TE DEU DE PRESENTE? – estava ansiosíssima para saber sobre o meu encontro com que acabou não acontecendo. Eu fiquei algum tempo em silêncio. Neguei com a cabeça, enquanto as lágrimas voltavam a se acumular nos meus olhos. – ? – estranhou. Alguma coisa havia acontecido.
- Eu não... – Eu não consegui completar a frase, pois o meu choro me impediu. Eu abaixei o rosto, sentindo as lágrimas voltarem a escorrer pelo meu rosto. – Eu perdi ele. – Eu disse com a voz embargada. – Não tem mais volta porque eu perdi ele de vez. – Eu estava me segurando para não chorar descontroladamente. Eu não queria que se preocupasse.
- Ai, não. – se xingou mentalmente. – , fica calma! Onde você está? Eu vou até ai! – sabia que eu precisava dela.
- Não, não! Tudo bem! Eu já estou voltando pra Nova York. – Eu me esforcei para que a minha voz soasse melhor.
- Não, ! Você não pode ficar sozinha agora! – não queria me deixar passar por aquilo sozinha.
- Eu tenho que ficar! Eu tenho porque eu tenho que aprender a superar as coisas sozinha. Quem sempre me ajudou a superar tudo foi ele e agora eu tenho que fazer isso sozinha. Eu vou conseguir! Eu prometo, mas eu só preciso de um tempo, ok? – Eu tenho que aprender a ser forte sozinha.
- Você realmente está falando sério? – não queria ser invasiva. Se eu queria ficar sozinha, quem era ela para contrariar?
- Não se preocupe. Eu vou ficar bem. Eu vou! Eu sempre fico, não é? – Eu comecei a secar as lágrimas em meus olhos com uma das mãos.
- Eu vou me odiar por isso mais tarde, mas eu vou respeitar a sua decisão. – negou com a cabeça. Tentou imaginar o que tinha feito dessa vez. Ela iria matá-lo!
- Obrigada e... – Eu fiz uma breve pausa. – Não diga a ninguém. Eu não quero todos ligando e se lamentando por algo que eu não quero me lamentar. Eu preciso de espaço agora. Não conte a ninguém. – Eu pedi encarecidamente.
- É claro! Você é quem sabe. – sorriu, pois não conseguia acreditar que mesmo estando mal eu conseguia pensar em não preocupar os outros.
- Obrigada por ter me ligado. – Eu tentei sorrir, mas não consegui.
- Me liga a qualquer hora. Eu estou aqui por você! – disse exatamente o que eu esperava ouvir dela.
- Eu sei que está. Amo você. – Eu agradeci mentalmente por pelo menos ter a melhor amiga do mundo.
- Eu também te amo. – sorriu de forma triste. Ouvir a minha voz de choro e saber que eu estava extremamente mal fazia ela ficar mal também.

Eu desliguei o celular e o coloquei sobre o banco do passageiro. Ao colocar o celular ali, eu voltei a ver aquele bilhete. Eu o encarei por um tempo, pensando se eu deveria lê-lo. Talvez fosse melhor não ler e lidar com a realidade de que ‘nós’ não era tudo o que ele dizia ser pra ele. Deixei de olhar para o bilhete e suspirei longamente, olhando através do vidro do carro. Apoiei minha cabeça no banco, pensando no que deveria fazer. Desencostei a minha cabeça do banco e estava certa de que eu não iria ler. Eu não precisava passar por aquilo. Liguei o rádio do carro, pois eu sabia que música me ajudaria a distrair e me ajudaria a parar de pensar naquilo.

Eu não sei se tem alguém tentando testar a minha força, mas é o que está parecendo. A estação de rádio estava tocando a parte final de ‘Never Gonna Be Alone’. Eu olhei para o rádio, inconformada. Porque estão fazendo isso comigo? Minha música favorita! A música que ele estava cantando pra mim há exatamente um ano atrás. Como eu posso lidar com isso? Como eu posso não quebrar? Aquela música parecia estar querendo me encorajar a fazer o que eu tinha que fazer. A música não pode me fazer esquecer o que aconteceu ou me fazer superar tudo o que eu vivi. A única coisa que pode me ajudar agora é saber que tudo isso pelo menos valeu a pena. Eu amei, eu vivi e foi o melhor momento da minha vida até agora. Eu não preciso esquecer ou superar, porque tudo o que eu vivi com ele foi inesquecível e se essa é a consequência por ter entregado o meu coração a ele, então eu aceito.

Aceitar uma dor não a torna mais insignificante ou menos dolorida. Aceitar uma dor é você perceber que viveu tudo aquilo por um motivo e que tudo aquilo valeu a sua dor. Finais felizes raramente acontecem e o nosso final não parecia ser juntos. O que eu posso fazer? Dói saber que ele está com outra? Dói saber que ele não me ama mais? Dói saber que ele está com a pessoa que eu mais odeio no mundo? É claro que dói! Aparentemente, o que o amor constrói, a distância separa.

O rádio foi desligado antes mesmo de a música acabar. Eu não sou tão masoquista. Mesmo com lágrimas, meus olhos voltaram a olhar aquele bilhete. Eu o segurei e o trouxe pra mais perto. ... Eu nunca mais quero ouvir esse apelido idiota. O meu longo suspiro parecia ter me dito que meu coração estava pronto para mais uma rachadura. A lágrima escorreu pelo meu rosto antes mesmo de eu abrir o papel. Eu segurei aquele pequeno pedaço de papel com as minhas duas mãos e o abri:

‘Eu poderia te escrever uma frase ridiculamente clichê ou até mesmo um poema que eu certamente decorei da internet, mas hoje eu prefiro um simples ‘Eu te amo’. Essas três palavras são as únicas que vão continuar fazendo sentido se você as ler hoje, daqui 10 anos, aqui ou do outro lado do mundo. Promessas são quebradas, mudanças acontecem, mas a única certeza que você terá o resto da sua vida é que eu te amo nesse exato momento.

.’


As lágrimas escorriam sem esforço algum pelos meus olhos. Eu deixei de olhar o bilhete e voltei a colocá-lo sobre o banco do passageiro. Coloquei minhas duas mãos no volante e o apertei como se isso fosse ajudar a parar de doer. Nunca foi tão doloroso ler uma coisa. Em um ato de desespero eu liguei o carro e voltei a dirigir porque eu não queria lidar com aquilo agora. Não adiantou absolutamente nada. Mesmo voltando pra estrada, mesmo deixando Atlantic City pra trás as memórias me acompanhavam. As memorias continuavam comigo e elas me faziam sentir raiva. Raiva por não conseguir esquecê-las. Raiva por ele ter mentido naquele bilhete. Ele não me ama coisa nenhuma! Quem ama, não machuca. Você nunca pode substituir a pessoa que você ama. Você só a substitui quando deixa de amá-la. Ele mentiu! Mentiu sobre tudo! Ele quebrou a maldita promessa de que me esperaria. Ele quebrou a promessa de que não permitira que a nossa mudança tivesse consequências. Ele quebrou a promessa de que nunca me deixaria sozinha. Ele me deixou e colocou a Amber no meu lugar.

O auge da minha raiva foi definitivamente a hora em que eu voltei a pegar o bilhete. A estrada estava vazia e eu soube que eu não precisava ter tanta atenção ao dirigir. Eu mantive o carro em movimento, enquanto segurei o bilhete com uma das mãos. Eu comecei a rasgar o bilhete com agressividade.

- Idiota! – Eu suspirei, enquanto me esforçava para rasgaro bilhete em mínimos pedaços. – Você não vai mais me enganar! Não vai mentir pra mim de novo. – Eu continuei rasgando o papel, enquanto guiava o carro e as lágrimas escorriam livremente pelo meu rosto. Depois de ter rasgado tudo, os papeis estavam em meu colo e eu abri o vidro do carro. – Chega de decepção. Chega! Você é passado agora! – Eu coloquei uma mão pra fora do vidro, enquanto soltava os pedaços de papeis que caiam por todo o asfalto. Eu estava deixando ele pra trás. Ele não voltará mais pra minha vida.


já havia tirado tudo o que o fizesse lembrar de mim na casa. Porta-retratos, presentes, tudo. Ele olhou em volta e a casa parecia vazia sem aquelas memórias e lembranças. Ele não se importava. Ele já havia derramado tantas lágrimas que elas pareciam ter acabado. pensou no que faria em casa. Era sábado a noite e agora ele é um cara solteiro. Ele decidiu sair. Não era nem por ele estar afim. Era apenas para provar a si mesmo que ele iria sobreviver, que ele poderia encontrar outra melhor em qualquer lugar. foi o rei da escola e sempre teve a garota que quis. Era impossível ele ter esquecido como ser irresistivelmente charmoso.

Cheguei em Nova York mais rápido do que eu imaginei. Eu queria muito chegar em casa e ir dormir para não precisar ter que pensar em mais nada daquilo. As lágrimas iam e vinham de tempos em tempos. Eu já não tinha controle sobre elas. Estacionei o carro na garagem da minha casa e saí do carro rapidamente para que ninguém visse o estado em que eu me encontrava. Big Rob só teve tempo de me ver entrar na casa e bater a porta. Foi o suficiente para ele saber que eu estava de volta e estava segura.

Fechei a porta da casa e colei meu corpo nela, enquanto observava a casa. Foi naquela casa em que tudo começou. Foi ali que demos o nosso primeiro beijo. Havia memórias por todos os cantos da casa e aquilo não facilitava nem um pouco as coisas pra mim. As memórias e a atual realidade me faziam sofrer ainda mais. Eu estava em casa agora e me sentia segura para chorar sem que ninguém se preocupe, sem que ninguém queira me consolar. É besteira, mas o choro fazia com que a dor aliviasse um pouco. É como se parte do meu sofrimento saísse do meu corpo em forma de lágrimas e eu não estava em condições de negar isso. A dor em meu coração era tanta que parecia refletir em todo o meu corpo. Andei até a escada com a intenção de ir para o meu quarto, mas ver aquele monte de degraus me fez pensar duas vezes. Talvez fosse melhor desabar ali mesmo. Apoiei minhas mãos em um dos corrimãos da escada e depois fui deslizando por ele até conseguir sentar em um dos degraus da escada. Era difícil pra mim voltar a ver me ver naquela situação. Eu não acredito que ele está me fazendo passar por isso de novo. Apoiei meus cotovelos em minhas coxas, enquanto as minhas mãos entrelaçaram seus dedos em meu cabelo. Eu olhava para o chão e pensava em como superar aquilo. Eu não posso ficar mal, porque dessa vez não tem ninguém pra me fazer ficar bem.

Mark chegou em sua casa logo depois de mim. A primeira coisa que viu foi o meu carro estacionado na garagem. Eu não deveria estar em Atlantic City? Ele rapidamente soube que algo havia acontecido. O seu lado sério e preocupado tomou conta de seu corpo. Ao descer do carro, a primeira coisa que fez foi ir até o local onde Big Rob ficava. Chegou a pensar que havia alguém tentando assaltar a casa ou qualquer coisa do tipo.

- Hey, Big Rob! – Mark bateu seguidas vezes na porta. Big Rob demorou para atender. – Você está em casa! – Mark sorriu, aliviado por ele estar ali.
- Qual o problema? – Big Rob o olhou, sério.
- O que o carro da está fazendo aqui? – Mark apontou para o carro na garagem da minha casa.
- Eu também não entendi! Ela chegou e entrou na casa tão rápido... – Big Rob ergueu os ombros. Ele se preocupava comigo, mas não queria ser enxerido. Ele não gostava de se meter na vida pessoal de seus patrões.
- Ela voltou? Mas ela só ia voltar amanhã! – Mark estranhou, tentando pensar em qualquer explicação para aquilo.
- Ela está na casa. – Big Rob apontou para as luzes da casa que estavam acesas. – E eu não sei se foi impressão minha, mas ela não parecia bem. Ela nem ao menos acenou ou falou comigo. Ela sempre faz isso. – Big Rob também estranhou.
- Aconteceu alguma coisa. – Mark encarou a casa, sério.
- Porque não vai lá saber o que aconteceu?- Big Rob perguntou como se fosse a coisa mais óbvia a ser feita.
- Se ela não está bem como você disse, ela jamais vai querer me atender. – Mark negou com a cabeça. Aquela ideia estava fora de cogitação.
- A porta está aberta. Entre e fale com ela. – Big Rob deu uma rápida solução para o problema.
- Você está falando sério? – Mark olhou pro Big Rob, perplexo.
- Se eu, que sou o segurança da casa está te autorizando a entrar na casa, você entra, garoto! – Big Rob apontou em direção a casa. Mark o olhou e negou com a cabeça.
- Certo. Eu vou até lá. – Mark olhou para a casa e começou a andar em direção a ela. Big Rob sorriu, admirado com a atitude de Mark.

Mark não sabia o que esperar. Poderia ser tanta coisa! Ele chegou até a pensar na possibilidade de também estar na casa, mas Big Rob certamente teria lhe contado isso. Talvez Big Rob tivesse exagerado. Não havia motivos para eu estar mal naquele dia. Aquele dia que havia sido tão idealizado por mim.

Chegou na varanda da casa e encarou a porta, hesitando tocar na maçaneta da porta. Depois de alguns segundos, ele tocou a maçaneta e a girou lentamente para não fazer barulho. A porta estava destrancada! Mark começou a empurrar a porta cuidadosamente. Continuou abrindo a porta até ter visão da escada. Eu ainda estava lá, sentada em um dos degraus sentindo pena de mim mesma por não conseguir ser feliz uma só vez. Ainda doía. Doía muito, mas eu havia me perdido nas minhas próprias lembranças e com isso, as lágrimas cessaram. A minha cabeça baixa e o silêncio da casa fez Mark ter certeza de que algo muito ruim havia acontecido. Depois de fechar a porta, ele deu alguns passos em minha direção. Mark subiu alguns degraus e se sentou ao meu lado. É claro que eu notei a presença dele, mas eu não me manifestei de nenhum jeito. Eu não me movi e nem ao menos disse uma palavra. Ele estava exatamente na mesma posição que eu. Os cotovelos apoiados na coxa, encarando o chão.

- Eu vi o seu carro e achei que pudesse ter acontecido alguma coisa. – Mark disse, virando o seu rosto para me olhar. – Pelo jeito, eu estava certo. – Ele adicionou. Esperou que eu dissesse qualquer coisa, mas eu não disse. Eu permaneci em silêncio, mas eu estava escutando tudo o que ele dizia. Eu não sabia se queria falar sobre aquilo. Mark percebeu que eu não ia falar nada, então permaneceu em silêncio por um tempo. Ele estava tentando entender o que poderia estar acontecendo e só chegou a uma resposta. – Ele esqueceu, né? – Mark deduziu, voltando a encarar o chão. Doeu ainda mais ouvir a realidade de outra pessoa. As lágrimas presas em meus olhos não davam descanso, mas isso não me impediu de olhá-lo. Quando percebeu que eu estava olhando pra ele, Mark voltou a me olhar. As lágrimas em meus olhos responderam a sua pergunta e a tristeza fez o coração dele se quebrar. Ele não acreditou que pode ser tão idiota. – Vocês brigaram de novo. – Mark deixou de me olhar e negou com a cabeça.
- Não. Nós nem nos vimos. – Eu disse. Quem dera fosse só mais uma briga. Mark ouviu a minha voz pela primeira vez naquele dia.
- Então, ele pode não ter esquecido. – Mark precisava de qualquer solução que pudesse me deixar melhor, mesmo que ela favorecesse o . – ! Ele pode não ter esquecido! – Mark reafirmou, achando que havia uma grande chance daquilo ser verdade. Eu deixei de olhá-lo e neguei com a cabeça. – E se ele não esqueceu? – Mark insistiu naquela teoria.
- Não faz isso, ok? – Eu disse mais séria e voltei a olhá-lo. – Não defenda ele. Não tente achar desculpas para justificar os erros dele. – Eu cheguei a ficar um pouco brava. Tudo o que eu menos queria era alguém defendendo o .
- Tudo bem, mas o dia ainda não acabou. Ele pode estar planejando alguma coisa e se ele esqueceu, ainda dá tempo dele lembrar. – Mark tentava arranjar uma solução para o meu problema para que eu me sentisse melhor. Nem que ele precisasse ligar pro e lembrá-lo da sua obrigação de namorado. Não tem problema. Ele faria.
- Ele não vai! – Eu continuei tentando dar uma de forte, mesmo com os olhos marejados.
- E porque não? – Mark não entendia porque eu tinha aquela necessidade de sempre enxergar o pior lado de tudo.
- Porque eu já cuidei para que ele não faça isso. – Eu me levantei da escada, pois não queria que ele visse o jeito que eu ficava ao falar daquele assunto. Eu não queria demonstrar fraqueza. Eu não quero que ele saiba que eu ainda sofro por um idiota que nem lembra que eu existo.
- Como assim? – Mark me acompanhou com os olhos, surpreso. – O que aconteceu? – Mark se levantou e desceu alguns degraus, ficando mais próximo de mim.
- Acabou, Mark. O nosso namoro acabou. – Eu respondi ainda de costas para ele. Mark ficou muito surpreso. Ele não esperava por isso.
- Não, mas... – Mark ainda estava tentando processar a informação. Desceu mais alguns degraus e ficou de frente pra mim. Olhou em meu rosto e viu que eu não estava tão bem quanto queria aparentar. – Foi ele que... – Mark começou a dizer, mas eu o interrompi.
- Não, fui eu. – Eu fui direta e vi ele me olhar, perplexo.
- Você? – Mark repetiu. – Mas você não queria isso. Olhe pra você! Todas essas lágrimas nos seus olhos. – Mark olhou em meus olhos.
- Eu não queria, mas ele queria. Ele não teria coragem, então eu fiz. – Eu tentei não parecer tão dramática explicando aquilo.
- Ele queria? Porque acha que ele queria? – Mark arqueou uma das sobrancelhas, parecendo confuso. Eu rolei os olhos e forcei um sorriso para disfarçar as lágrimas. Neguei com a cabeça e em seguida voltei a olhar pro Mark.
- Porque ele está com outra. – Eu disse, visivelmente abalada. Mark imediatamente entendeu tudo.
- Oh, não... – Mark negou com a cabeça. Ele não acreditava que havia feito isso. Ele era um idiota sim, mas o amor dele por mim sempre foi algo muito claro pro Mark. Ele nunca duvidou do amor dele. – Eu... – Mark me olhou com tristeza. – Eu sinto muito por isso. – Mark ergueu os ombros, demonstrando que não sabia mais o que dizer.
- Não sinta. – Eu forcei um sorriso, pois notei que as lágrimas começavam a querer escorrer pelo meu rosto. – É tudo minha culpa, então... – Eu me virei de costas pra ele, enquanto entrelaçava meus dedos em meu cabelo e o jogava pra trás.
- Como isso pode ser culpa sua? – Mark sabia que não era certo eu culpar a mim mesma. Ele não queria que eu convivesse com isso o resto da minha vida.
- Eu escolhi vir pra Nova York. Eu escolhi deixá-lo em Atlantic City! Eu deveria saber que estava fazendo a coisa errada. – Eu abaixei a cabeça.
- Como é que você poderia saber que ele seria um idiota? – Mark foi novamente atrás de mim e ficou de frente pra mim.
- E como eu podia ter tanta certeza que ele não seria? – Eu levantei o meu rosto para olhá-lo. – Como eu pude acreditar tão cegamente no amor dele a ponto de achar que ele estaria disposto a fazer qualquer coisa por mim? – Eu abri os braços me achando a garota mais idiota da história.
- Não é errado acreditar em quem você ama. – Mark tentava me fazer ver que eu não tinha culpa alguma.
- Eu fiz bem mais do que acreditar. – Eu disse, quando uma lágrima escorreu por um dos cantos de um dos meus olhos. – Ele estava em todos os meus planos futuros. A única certeza que eu tinha é que nós estaríamos juntos. Ele não precisou me dizer. Eu sabia! Eu sentia que era ele. – Eu sentia que estava começando a desabafar. – E agora isso soa tão ridículo! Porque ele? Porque ele disse que se apaixonou a primeira vista? Porque ele era o capitão do time da escola e eu a nerd tímida? Porque eu estava vulnerável e ele soube jogar todo o seu charme pra cima de mim? – Eu disse em meio a lágrimas e tristeza.
- Ei! – Mark chamou a minha atenção. – Pare de culpar a si mesma! Você fez a sua parte. Você o amou, você o respeitou, você o apoiou, você o fez feliz, você fez tudo o que pode por ele. Não há do que se arrepender. – Mark ainda tentava me fazer ver o lado bom de tudo aquilo.
- E o que eu ganhei com isso? – Eu abri os braços. – Eu perdi ele, perdi a minha confiança, perdi o meu amor próprio e pior: perdi a esperança de que toda essa besteira de amor existe. Isso tudo é besteira agora! – Eu passei uma das minhas mãos pelo meu rosto e sequei as lágrimas que havia lá.
- Não, não fala isso. – Mark ficou mais preocupado quando me ouviu dizer aquilo. Isso é uma das coisas mais tristes que alguém pode dizer. – Você ainda tem tanta coisa pra viver, tantas pessoas pra amar. Você não pode perder a esperança em algo que pode nunca ter vivido. – Mark sorriu sem mostrar os dentes.
- Não! Eu não quero mais. Eu quero mais nada disso. – Eu voltei a chorar inconsolavelmente. – Eu amei ele e achei que seria pra sempre e olhe pra mim agora! Eu não quero passar por isso nunca mais. Eu não quero viver tudo isso mais uma vez, seja com quem for. Eu não quero e não vou! Eu não vou permitir que aconteça de novo. Eu não vou permitir, porque tudo isso foi mais do que suficiente pra me mostrar que eu não nasci pra isso. – Minhas sobrancelhas decaíram para acompanhar a minha tristeza e a expressão de Mark me fez perceber que ele estava compartilhando daquela dor. – Eu nasci pra ser decepcionada, então eu não quero amar mais ninguém. Eu não vou amar mais ninguém, porque eu não vou aguentar passar por isso pela terceira vez. – Eu cheguei no auge do choro e da tristeza e Mark não conseguiu fazer nada além de me abraçar.
- Por favor, para de chorar. – Mark implorou, enquanto ainda estávamos abraçados porque ele simplesmente não conseguia me ver daquele jeito.
- Eu deveria saber que não duraria pra sempre. Eu deveria saber que eu não nasci pra ser amada. Eu deveria saber que ele encontraria uma melhor que eu. Eles sempre encontram alguém melhor que eu. Eu deveria saber! – Eu apertei a sua camiseta e ele apertou ainda mais meu corpo contra o seu.

Mark queria tanto me dizer que tudo aquilo não passava de besteira. Ele queria tanto me dizer que havia sim um cara que poderia amá-la para o resto da vida. Ele queria muito me dizer que eu era o motivo dele ter certeza de que tudo o que eu estava dizendo sobre o amor era mentira, mas ele não podia. Ele não podia se aproveitar de um momento de fraqueza. Ele não podia correr o risco de arriscar a amizade tão forte que havíamos acabado de construir.

- Olhe pra mim. – Mark pediu ao terminar o abraço. – Esquece isso. Não pense no que você deverá ou não viver no futuro. Pense no que você deve viver agora. – Mark passou uma de suas mãos pelo meu rosto, secando as lágrimas que havia ali. – Você tem que estudar para as provas da semana que vem. Você tem que descobrir como impressionar o idiota do seu chefe para que você consiga o cargo que você tanto quer. – Ele disse e eu cheguei a sorrir, sem mostrar os dentes. –Lembra? – Mark sorriu pra mim. – Você tem tanta coisa pra fazer e tanta gente que se preocupa com você e que quer o seu bem. – Ele olhou em meus olhos.
- Como você? – Eu encarei o rosto dele de perto.
- É, como eu! – O sorriso dele aumentou. – Como a Meg. – Ele quis tirar o dele da reta. – Mas não conte pra ela que eu te disse isso. – Ele disse e eu sorri sem nem perceber. – Não, é sério agora. – Mark ficou mais sério. – Viva por quem te quer bem e esquece todo o resto. – Mark disse sem nem saber o quanto estava me ajudando. – Combinado? – Ele arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu vou tentar. – Eu afirmei com a cabeça e ele cerrou os olhos.
- Tentar não! Você vai conseguir. – Ele disse e eu rolei os olhos.
- Certo. – Eu afirmei sem acreditar muito no que eu estava dizendo.
- Então bate aqui. – Mark estendeu a mão, esperando que eu a apertasse. Eu voltei a sorrir e fiz o que ele esperava. Aproximei a minha mão da dele e a apertei. Nos olhamos e sorrimos feito idiotas e ele me puxou para mais perto. Beijou o meu rosto e voltou a me abraçar. – Você vai ficar bem? – Mark perguntou, preocupado.
- Não se preocupe. – Eu disse, terminando o abraço.
- Eu posso fazer alguma coisa pra ajudar? – Ele perguntou, sabendo que a provável resposta era não.
- Você já fez muito! Eu acho que agora eu só preciso ficar sozinha. – Eu deixei de olhá-lo para encarar o chão por alguns segundos. –Você sabe, pensar sobre isso, chorar tudo o que eu tenho pra chorar e dormir até amanhã a noite. – Eu ergui os ombros como se aquilo fosse a única coisa que tivesse me restado.
- Então eu vou embora. – Mark não queria ser inconveniente. – Você sabe que se precisar eu estou aqui do lado, não sabe? – Mark me olhou, sério.
- Eu sei. – Eu afirmei com a cabeça.
- Você vai ficar bem mesmo? – Mark voltou a perguntar. Ele sabia que eu estava muito mal e que me deixar sozinha talvez não fosse a melhor coisa a se fazer, mas ele não contrariaria uma vontade minha.
- Sim. – Eu afirmei, mas ele percebeu que aquilo soou como ‘não’.
- Certo, eu vou te deixar sozinha então. – Mark apontou em direção a porta. Aproximou-se e beijou novamente o meu rosto.
- Obrigada por ter vindo. – Eu forcei um sorriso.
- Tudo bem. – Ele negou com a cabeça. - Fique bem. – Mark fez um último pedido e eu apenas afirmei com a cabeça, enquanto vi ele passar pela porta e fechá-la. Porque eu não me apaixonava por um cara como ele? Porque eu só gosto de idiotas?

Mark saiu da minha casa e parecia estar levando parte do meu sofrimento com ele. Ele estava muito mal com tudo o que havia acontecido comigo. Eu não merecia nada daquilo. A vontade dele era ligar para o e dizer algumas verdades que ele está merecendo ouvir, mas sabia que eu o odiaria se ele fizesse isso. Além disso, não era problema dele. Ele não podia se intrometer, mas ele podia me ajudar de alguma forma. Como? Ele pensou em diversas coisas, mas nenhuma parecia coisa certa a se fazer. Existia apenas uma única coisa que ele poderia fazer e ele não hesitou.


estava tomando banho e só conseguia pensar o quanto não merecia o que eu havia feito com ele. Ele fez tanto por mim e agora eu resolvo acabar com tudo através de uma carta no dia do nosso aniversário de namoro. ‘Como ela pode esquecer tudo o que eu já fiz por ela?’ era o que ele se perguntava e não conseguia achar uma resposta. Certo, ele tem estado ausente nos últimos dias, mas isso é motivo pra tamanha falta de consideração? Se eu o amava tanto quanto eu disse amar, como eu posso ter me apaixonado por outro? Foi tudo mentira? Foi tudo pra iludir o idiota apaixonado? Foi só pra ter um trouxa nos meus pés a todo o momento? Foi cruel e era totalmente digno de ódio. Aquilo sim era um motivo para me odiar para o resto da vida. Sem jogos! Sim, ainda doía e ele ainda estava decepcionado, mas ele preferia chamar isso de raiva. A raiva era tão mais confortadora e ajuda a superar.

Saiu do banho e foi até o seu quarto. Se trocou, colocando uma camiseta xadrez de botões e uma calça jeans, acompanhado pelo seu tênis. Ao se trocar, ele notou que ainda estava com a aliança de compromisso no dedo. Ele a olhou por um tempo e se lembrou que há exatamente um ano atrás ela estava sendo colocada em seu dedo. As lembranças o fez ficar um pouco mais pensativo e triste do que deveria. Quando notou que as lágrimas estavam querendo encher seus olhos, ele negou com a cabeça e puxou a aliança de seu dedo, jogando-a para o outro lado da sala. Não queria voltar a vê-la tão cedo. Maldito dia que resolveu oficializar aquilo que gostávamos de chamar de amor. Foi até o espelho para terminar de se arrumar e encarou a si mesmo. Ele sentia que estava conseguindo lidar bem com aquilo, mas o reflexo dizia o oposto. Ainda olhando no espelho, respirou fundo e forçou uma nova expressão. Achou que parecia um pouco melhor. Olhou seu cabelo bagunçado e fez questão de arrumá-lo. O cabelo desarrumado não era mais uma opção. Não havia mais ninguém para agradar.

demorou para decidir para onde ia sair. Ele queria ir para uma balada, onde tivesse o máximo de mulher possível, mas ele também não queria ir para tão longe, pois pretendia beber. Ele nunca teve um motivo tão bom para tomar o seu primeiro porre. Depois de muito pensar, ele acabou indo no lugar mais óbvio. O barzinho em frente a sua casa. No caso dele ficar bêbado, era só atravessar a rua. Pegou sua carteira e desceu pelo elevador. Cumprimentou o porteiro e saiu em direção ao tal barzinho.

- Um copo de vodka. A mais forte que você tiver. – disse ao se sentar em frente ao balcão. A bartender atendeu prontamente o seu pedido e ele virou a bebida de uma vez só. Fez aquela tradicional careta e voltou a colocar o copo na mesa. – Mais uma. – Ele voltou a pedir.

Amber estava preocupada. Havia ligado para a casa de , mas ele não havia atendido. Ela ainda achava estranhíssimo o fato dele ter ligado pra ela mais cedo e ter ficado mudo. E agora ele não atende o telefone? Amber sabia que hoje ele estaria comigo, mas porque ele havia ligado pra ela durante a tarde? Tentou ligar para ele mais umas duas vezes e ele não atendeu. A preocupação aumentou. O que será que teria acontecido? Seja o que for, ela vai descobrir. Não importa o problema que ela causaria entre mim e o , mas ela estava indo para a casa dele naquele mesmo segundo. Ela precisava saber se havia algo de errado.

Sabia das chances de me encontrar na casa do , então escolheu a melhor roupa para vestir. Ela não perdia a chance de tentar ser melhor que eu. Depois de trocar de roupa, Amber dirigiu até a casa de e a primeira coisa que fez ao estacionar o carro em frente ao prédio foi procurar o meu carro. Ele não estava lá e isso fez com que ela ficasse mais aliviada. Desceu do carro e foi até a portaria. Havia outro visitante em sua frente, por isso ela teve que aguardar para ser atendida pelo porteiro.

- Você! – O porteiro sorriu ao ver Amber. Ela está sempre indo ao apartamento do . É claro que ele a conhecia.
- Já estava sentindo a minha falta, né? – Amber riu de sua própria brincadeira.
- Vai pra casa do ? – O porteiro deduziu.
- Vou! Posso subir? – Amber apontou em direção ao elevador.
- Se eu não me engano, ele saiu. Deixa eu só confirmar. – O porteiro pegou o interfone e ligou para a casa de . Ninguém atendeu. – É, ele não chegou ainda. – O porteiro confirmou ao desligar o interfone.
- Ele saiu? – Amber logo imaginou que era comigo. – Ele estava... acompanhado? – Amber ficou sem jeito por perguntar.
- Não, ele estava sozinho. – O porteiro confirmou. Se lembra de ter visto saindo.
- Sozinho? – Amber estranhou. – Ele não atendeu o telefone o dia todo. Estou preocupada. – Amber pensou onde poderia encontrá-lo.
- Eu acho que ele foi no barzinho ai da frente. – O porteiro apontou.
- Ali? – Amber sorriu e olhou para o local em questão. Como não havia pensado nisso antes? – Muito obrigada! – Amber agradeceu e saiu rapidamente em direção ao barzinho.

devia estar no terceiro copo de vodca e agora estava bebendo um de uísque. Quatro copos e ele ainda estava totalmente consciente sobre a sua situação. Porque essa coisa está demorando tanto para fazer efeito? De hora em hora olhava e procurava alguma garota que valesse a pena o seu tempo. Nenhuma parecia fazer o seu tipo. Haviam algumas mais velhas e outras novas demais. Nenhuma havia lhe agradado e isso estava sendo uma droga pra ele.

- Onde diabos você se meteu? – Amber se sentou ao lado de . Ele continuou a beber a sua bebida e nem sequer a olhou. – Ei! Eu estou falando com você! – Amber deu um tapa fraco no braço dele.
- Como você me achou? – perguntou e continuou sem olhá-la.
- O seu porteiro. – Amber explicou, percebendo que havia algo de errado.
- Como sempre. – negou com a cabeça. O porteiro devia saber mais da sua vida do que ele mesmo. Amber o analisou por um tempo e depois olhou o seu copo.
- O que você está bebendo? – Amber perguntou, estranhando. Aquilo tinha álcool?
- Eu quero mais um desse. – levantou o copo e o mostrou para o bartender. Quando ele voltou a colocá-lo sobre a mesa, Amber o pegou e o cheirou.
- Isso é uísque? – Amber olhou pra ele, perplexa.
- Qual o problema? – a olhou, impaciente. Ela vai implicar com a bebida agora?
- Eu é que pergunto! Qual o problema? – Amber o olhou, séria. Era visível que ele estava mais do que péssimo.
- O que? Desde quando bebida é sinônimo de problema? – riu, debochando dela.
- Porque está tão irritado? – Amber também se irritou. Ela não havia feito nada! Porque ele estava tratando-a daquele jeito?
- Porque você não saí do meu pé? – deixou de olhá-la, impaciente.
- Porque eu me importo com você! – Amber respondeu de prontidão.
- É mesmo? É, eu já ouvi isso! – disse, sarcástico. Me ouviu dizer isso milhões de vezes e agora tudo parecia ser mentira.
- Qual o problema, ? – Amber insistiu na pergunta.
- Que droga! Porque diabos você acha que eu estou com um problema? – voltou a olhá-la, furioso.
- Eu não sei! Talvez seja pelo fato de você estar em um bar no dia do seu aniversário de namoro brigando com a idiota da sua melhor amiga! – Amber argumentou e ele demonstrou ainda mais irritação quando ela falou sobre o seu namoro.
- Aniversário de namoro? Já viu alguém comemorar aniversário de namoro quando se é solteiro? – respondeu tentando demonstrar indiferença. Ao ouvir a palavra ‘solteiro’ Amber paralisou.
- Você disse ‘solteiro’? – Amber achou que havia entendido errado.
- Acabou, Amber! É isso que você quer saber? – não parecia tão irritado agora. – Acabou! – Ele reafirmou.
- Mas... – Amber ficou extremamente confusa. – Até ontem a noite você... – Amber não continuou a frase, pois estava tentando entender.
- Surpresa porque ela terminou no dia do aniversário de namoro? – bebeu mais um gole da sua bebida. – Eu não fiquei! – Ele acrescentou.
- Não acredito! – Amber ficou extremamente surpresa.
- Acredite. – deixou de olhá-la novamente.
- Que maluca! – Amber não conseguia se conformar. Porque eu faria isso? era louco por mim.
- Maluca? Eu pensei em tantos adjetivos piores durante a tarde, que estou até surpresa por você estar elogiando ela. – sorriu, irônico.
- Ela não falou por quê? – Amber perguntou, curiosa.
- Ela achou outro trouxa. – respondeu sem pestanejar. Olhou pra Amber e viu que ela ficou ainda mais chocada. – Surpresa de novo? – Ele perguntou. – Eu também fiquei surpreso com essa. – Ele dizia com uma ironia, uma indiferença e raiva que estava impressionando Amber. – Eu achei que eu fosse o pegador da história. – Ele quase riu de sua própria desgraça.
- Eu nunca confiei nela. – Amber estava pensando no quão idiota eu era. Quem termina com um cara como o ?
- Eu confiei e olhe só pra mim. – abriu os braços. – Acha mesmo que eu não devo tomar o porre da minha vida hoje? – Ele pegou o seu copo para outro gole, mas Amber o impediu.
- Eu acho! – Amber pegou o copo de sua mão.
- Devolve! – arqueou a sobrancelha, irritado.
- Acha mesmo que eu vou deixar você ficar bêbado por causa daquela garota? – Amber colocou o copo dele do outro lado do balcão.
- Eu sou adulto e ainda sei o que estou fazendo. Então... – debateu.
- Não! Você não sabe! Você está cego de raiva! Só está bebendo pra esquecer. – Amber nem tentou ser delicada. – Bebida não é remédio pra dor de amor. – Ela disse, séria.
- Sério? Você realmente quer ferrar com o resto da minha noite? – estava muito irritado. Ele apenas queria esquecer de tudo aquilo.
- Viu? Aquela idiota faz merda e quem paga sou eu! A única pessoa que está tentando te ajudar agora que você está no fundo do poço. – Amber não poupou palavras.
- Então me deixe na porra do fundo do poço! Não tem lugar pra mais de uma pessoa lá. – nem pensou em começar a pegar leve.
- Não! Eu não vou te deixar sozinho! – Amber aumentou um pouco o tom de voz. – Eu não estou aqui a toa. Estou porque eu sou a melhor amiga e infelizmente o meu papel é esse. Então é melhor se conformar porque eu vou ficar. – Foi como um desabafo pra Amber.
- Que droga. – rolou os olhos e suspirou longamente, porque ele sabia, de certa forma, que Amber não era culpada por nada e não merecia ouvir nada daquilo. – Certo, então pegue um copo pra você e comemore o pior dia da minha vida comigo. – forçou um sorriso.
- Eu não vou deixar você beber mais um só copo, . Estou falando sério! Não vale a pena. – Amber continuou séria.


Era quase meia-noite e eu ainda não tinha comido nada. A única coisa que eu havia feito depois de Mark ir embora foi colocar o pijama e deitar na minha cama. Eu perdi a conta de quantos ataques de choros eu tive naquele meio tempo. Eu não sei o que mais doía: lembrar de tudo o que vivemos juntos ou pensar que deveríamos estar juntos naquele exato momento. Pensar que ele poderia estar com a Amber agora era a mesma coisa que dar um tiro na própria cabeça. Nem dormir eu tinha conseguido. Tudo aquilo estava me sufocando. Já havia ligado para os meus pais e mentido, dizendo que eu não pude ir para Atlantic City por causa do trabalho. Avisei os meus amigos também.

- Ai, não... – Eu rolei os olhos e olhei para o teto do meu quarto por alguns instantes. A campainha estava tocando. – Não, não quero atender. – Eu não me movi. Tive esperança de que quem estivesse na porta acabasse desistindo. A campainha tocou mais uma vez e na terceira vez eu soube que eu teria que ir atender. – Merda. – Eu suspirei, saindo debaixo das cobertas e indo em direção a porta do quarto. Eu não me importei por estar de pijama. Eu estou uma droga. Acha mesmo que eu estou ligando pro fato de atender a porta de pijama?
- Oi... – Mark forçou um enorme sorriso. – Eu de novo! – Ele sabia que estava sendo inconveniente.
- Mark. – Eu não consegui e nem tinha o direito de ficar irritada. Eu forcei um sorriso para esconder a minha cara de choro.
- Eu sei que você quer ficar sozinha. Eu... – Mark pensou antes de falar. – Se quer saber, eu acho que você está certa, já que a companhia em questão seria eu. – Ele sorriu, sem jeito.
- Não, não é isso. Não é você! – Eu jamais deixaria ele falar daquele jeito depois do que ele tem feito por mim.
- Não, tudo bem! Sério, eu entendo você. – Mark não queria que eu tivesse mais um motivo pra se sentir mal. – Eu realmente entendo o fato de não ser nada confortável pra você falar sobre isso com um cara que não faz ideia do que você está sentindo. – Mark disse e pausou, esperando que eu dissesse algo – Me desculpa, mas eu não podia simplesmente cruzar os braços, sabendo que você estava sofrendo aqui sozinha. – Mark me olhou daquele jeito preocupado.
- O que você fez? – Eu fiquei imediatamente apreensiva. Achei que ele tivesse feito algo relacionado ao .
- Eu não sou uma boa companhia pra você agora, mas eu conheço alguém que é. – Mark sorriu fraco e apareceu do lado dele.

Minha melhor amiga estava ali. Os meus olhos se encheram de lágrimas em segundos, enquanto eu olhava pra ela. Havia uma bolsa em uma de duas mãos e um travesseiro na outra. O sorriso triste no rosto dela e os olhos doces fizeram com que eu começasse a chorar. me viu chorar e sentiu seu coração apertar. Negou a cabeça antes de correr para me abraçar.

- Está tudo bem. – sussurrou, enquanto eu chorava em seus braços.
- Eu estou feliz que esteja aqui. – Eu disse com a voz embargada.
- Eu vou cuidar de você, certo? Vamos passar por isso juntas! – sorriu, pois percebeu que a vontade de chorar se aproximava. Ela terminou o abraço e olhou para o meu rosto. – Pare de chorar! – me deu uma bronca. – Olha. – Ela abriu a sua bolsa. – Eu trouxe chocolate, trouxe filmes tristes e pipoca. – disse, me fazendo rir mesmo com todas as lágrimas em meu rosto.
- Não podia faltar. – Eu gargalhei, passando as mãos pelo meu rosto para secar as lágrimas.
- Então, eu já fiz o que eu tinha que fazer. Eu vou embora agora. – Mark apontou em direção a sua casa. Eu não podia deixa-lo ir embora antes de agradecê-lo.
- Mark, você... – Eu não sabia nem o que dizer. Ele sorriu pra mim e negou com a cabeça, como se dissesse que eu não precisava agradecer. – Eu nunca vou poder agradecer o suficiente por tudo o que você tem feito por mim. Você é como um anjo na minha vida. – Eu sorri com toda aquelas lágrimas nos meus olhos. Me aproximei e o abracei. – Obrigada por estar cuidando de mim. – Eu terminei o abraço e beijei o rosto dele. – Eu nunca vou esquecer do que você está fazendo. – Eu o olhei e ele sorriu, sem mostrar os dentes.
- Fique bem. – Mark piscou um dos olhos e começou a se afastar.
- Obrigada, Mark! – gritou, acenando. Mark acenou de volta e quando ele não estava mais no meu campo de visão, eu fechei a porta.
- Eu precisava tanto da minha melhor amiga agora! – Eu voltei a abraçar , só que dessa vez não havia choro. Havia apenas um sorriso triste.

Mark estava bem mais aliviado, porque agora ele sabia que eu estava um pouco melhor. Ele sabia da minha amizade com a . Ninguém poderia ser melhor companhia pra mim agora do que ela. Ao ver a minha reação ao vê-la o fez ter certeza de que a melhor coisa que havia feito foi ligar para e propor a vinda dela para Nova York. Mark foi até buscá-la no aeroporto. Não havia nada que ele não faria pela garota ele era apaixonado.


Depois de contar para a Amber um breve resumo sobre o que havia acontecido, ela não conseguia acreditar no que eu havia feito. Não é que ela tenha ficado triste pelo , porque ela não ficou mesmo. Ela adorou, mas não deixava de reconhecer o quão patética e infantil eu havia sido. Amber havia conseguido convencer a parar de beber. Ele não era de beber e por isso ela tinha medo que ele acabasse passando mal.

- Já que nem beber eu posso, eu vou pra casa. – colocou o dinheiro sobre o balcão e pagou pelo que tinha bebido. Ele se levantou da cadeira e Amber fez o mesmo. Ele deduziu que ela o acompanharia e ele estava certo. Amber foi com ele até o lado de fora do barzinho. Quando chegou na calçada, parou e virou-se para a melhor amiga.
- É agora que eu agradeço por tudo o que fez por mim hoje? – disse em tom de despedida.
- Ainda não! Eu vou te levar até o apartamento. – Amber riu. – Você bebeu, lembra? – Ela o olhou.
- Não precisa! Eu não estou bêbado! – riu, negando com a cabeça.
- Eu prefiro não correr o risco. – Amber rolou os olhos, segurou a mão de e o arrastou para o outro lado da rua e depois para a portaria de seu prédio.
- Eu ainda acho isso totalmente desnecessário. – acompanhou Amber, que continuava puxando ele.

Homem é homem. Não adianta! Se eles não derem uma conferida, tem alguma coisa errada! Amber estava rebolando em sua frente com um shorts curtíssimo que aparecia a polpa do seu quadril e a blusinha deixava parte da cintura dela de fora. Não importas se ela é a sua melhor amiga. Ela era mulher e ele homem. Ele teve que olhar e dessa vez não houve remorso porque ele estava solteiro. Amber continuava puxando ele e o levou até o elevador.

- Que demora. – Amber resmungou ao ver que o elevador estava demorando para chegar.
- Está chegando... – percebeu que o elevador estava chegando no térreo. O elevador chegou em seguida. – Vamos. – entrou no elevador e Amber veio atrás.
- Ai, merda! – Amber tropeçou na entrada do elevador e seu corpo foi pra cima do . – Desculpa! – Ela começou a rir, enquanto o corpo dela e de continuavam colados.
- Eu é que bebo e você que caí? – brincou e ela levantou o seu rosto para olhar pra ele. Ela não achou que estivesse tão próxima do rosto dele. olhou o seu rosto de perto e não pode deixar de perceber que os olhos dela encararam seus lábios por alguns segundos. - Desculpa. – Ela repetiu.
- Tudo bem. – negou com a cabeça. Amber colou o seu corpo do outro lado do elevador, apoiando suas mãos em um corrimão que havia em volta de todo o elevador. Parecia até que ela queria que tivesse total visão do seu corpo. não sabia se ela estava se exibindo pra ele, mas o corpo dela chamou sim a sua atenção.

O que estava acontecendo? Existem apenas algumas explicações para a sua mudança de atitude repentina sobre ela: ele estava bêbado, estava carente, estava triste ou estava querendo provar algo para si mesmo e principalmente para mim. Não importa. Ele só sabia que era uma coisa muito louca. Não tinha a ver com sentimentos, era mais...físico.

- Acha que ela se arrependeu? – Amber perguntou, se referindo a mim.
- Eu não sei. – a olhou e viu ela jogar o cabelo de um lado pro outro. Ela sempre fez isso?
- Você se arrependeria? – Ele perguntou depois de analisá-la.
- Pra começar, eu nem teria terminado. – Amber deu o seu melhor sorriso. – Você sabe que se eu gosto, se eu quero... é pra valer! Não tenho essas frescuras e dramas. – Amber deu uma indireta sobre mim. Diante da situação, qualquer coisa que Amber dissesse contra mim contava a favor dela.
- Sério? – demonstrou-se impressionado. – Eu nunca fiquei com nenhuma garota assim. Eu quero dizer... sem dramas. – começou a se controlar para não voltar a olhar para o corpo dela. – Teve você, mas foi há muito tempo atrás. – Quando ele percebeu, já estava falando sobre a época que eles ficavam.
- É, bons tempos... – Amber finalmente percebeu o clima que começava a se estabelecer ali. Ela virou de costas para ele para se olhar no espelho do elevador e dar uma ajeitada em sua roupa. Amber subiu o seu shorts e deixou o decote em mais evidência. Foi quase que um convite para que olhasse para a sua bunda. E bem...digamos que ele aceitou o convite. negou com a cabeça e passou a mão pela cabeça, bagunçando o seu cabelo. Ele estava ficando estranhamente maluco. Amber era muito boa nesse jogo de sedução e ela sabia que o que faltava era aproximação. Ela só precisava de uma desculpa para se aproximar. – Ah, eu estava me esquecendo! – Amber voltou a olhá-lo e deu alguns passos na sua direção. Colocou a mão em seu bolso e de lá tirou o celular dele. – Eu esqueci de te devolver ontem. – Ela foi até ele e acompanhou sua aproximação com os olhos. Amber foi até ele e parou em sua frente. Olhou em seu rosto e fixou seus olhos nos lábios dele. Ela se aproximou ainda mais e estava quase decretando estado de emergência. Amber puxou o bolso da frente da calça de e colocou o celular dele ali dentro. olhou para cima para alguns segundos para respirar fundo e para tentar se acalmar. Ele mordeu o lábio inferior, tentando se controlar, mas não foi o suficiente. - Algum problema? – Amber deu o seu sorriso mais sexy e manteve o seu corpo bem próximo ao dele. voltou a olhá-la e viu o quão convidativa parecia a sua boca, seu corpo e todo o resto! - Acho que acabei de achar uma solução. - rapidamente colocou suas mãos na cintura descoberta dela e a empurrou para trás, colando o seu corpo no espelho do elevador. a beijou sem pensar duas vezes.

Amber estava no céu! Era exatamente aquilo que ela queria. Foi quem a agarrou. Isso quer dizer que não tinha porque dela ter remorso por aquilo ter acontecido depois dele ter bebido alguns copos. Ele a beijava com intensidade e ela correspondia a tudo. O barulho do elevador fez com que eles percebem que a porta havia sido aberta. Amber o empurrou para fora do elevador sem deixar que o beijo fosse interrompido. Ele apertou a cintura dela e ela se empolgou, colocando as mãos por debaixo da camiseta dele. não conseguia pensar em mais nada além do corpo bem ali em sua frente, se esfregando nele.

A porta do apartamento do foi aberta as pressas, enquanto Amber desabotoava ferozmente os botões da camiseta dele. Ao abrir a porta, a puxou para dentro de seu apartamento. As coisas estavam acontecendo rápido demais e eles nem tinham tempo para pensar. Quando terminou de desabotoar, Amber tirou arrancou a camiseta dele, a jogou no chão e começou a beijar todo o peitoral dele. O jeito com que ela fazia tudo deixava claro o quanto ela esperou e quis isso. tirou a blusinha dela em seguida segurou o seu rosto para beijá-la ainda mais. Foi nesse exato momento que Buddy entrou em cena. Parecia até que ele sabia o que estava acontecendo. Os latidos estridentes ecoavam em todo o apartamento. Quando percebeu que Buddy não iria parar de latir, teve que fazer alguma coisa.

- Espera um pouco. – pausou um beijo e ainda respirava com intensidade quando foi até Buddy e o carregou nos braços. – O que deu em você? – disse, irritado. Buddy quase nunca latia. o levou para a sacada, onde ficava a sua casinha e fechou a porta. Ele não poderia mais atrapalhar.

A interrupção rápida fez as coisas mudarem um pouco para o . Ao voltar para onde Amber estava, a primeira coisa que ele pensou ao vê-la foi que não era eu ali e sim ela. Ele a observou por um tempo, tentando voltar para o clima de antes. Amber não deu nem tempo para que ele fizesse nada. Ela o agarrou e o puxou para mais um beijo. Ela rapidamente abriu os botões da calça dele e começou a puxá-lo em direção a cama. Amber o surpreendeu, jogando-o na cama e puxando a calça dele. Enquanto Amber fazia todo o trabalho, aproveitou para observá-la. Por algum motivo idiota, ele se lembrou do meu corpo e sem nem perceber estava me comparando com ela. Ele não sabia se o sentimento interferia, mas para ele o corpo dela não chegava aos pés do meu.

Amber parecia ter um medo absurdo dele dar pra trás e não dava tempo para nada. Ela apressou as coisas demais. Ela mesma tirou o seu shorts e jogou o seu corpo por cima do dele. estava começando a pensar no que estava fazendo. Ele começou a perceber que não era aquilo que ele queria. Não era quem ele queria. Antes mesmo que ele tomasse qualquer atitude a respeito, Amber começou a brincar com a sua cueca e depois subiu beijos pelo peitoral dele. Foi o fim pra ele. Era o que faltava para que o desejo pelo corpo dela voltasse. Era o que faltava para que tudo acontecesse exatamente do jeito que a Amber queria.

Os beijos e façanhas de Amber faziam com que o desejo de aparecessem e desaparecessem a todo o momento. Quando ele tinha certeza de que não devia fazer aquilo, ele se lembrava que havia sido trocado pela garota que amava. Se lembrou que passou a tarde toda se sentindo um merda por não ter sido bom o suficiente para a garota que ele amava e agora tinha uma garota ali que sempre foi louca por ele e sempre o quis. Amber nunca desistiu dele, ao contrário de mim. Então porque ele não deveria fazer isso? Traição mexe com o seu emocional e passa a impressão de que você não foi suficiente para alguém. Ele não foi suficiente pra mim, mas ele era pra Amber. Ele sempre foi o melhor para a Amber! Porque não ficar com ela? Porque optar por alguém que não lhe deu valor, ao invés de alguém que sempre fez qualquer coisa para tê-lo? Pensar no que eu havia feito só o fazia querer ir mais longe com aquilo. Ele precisava se sentir amado. Ele precisava recuperar a auto-estima que eu havia lhe roubado.


A aquela altura, eu já havia contado absolutamente tudo para . Ela já sabia sobre a carta, sobre o término, sobre a Amber e sobre o cara que eu estou afim que não existe. Eu fiz ela prometer que não contaria a ninguém. Eu não queria que ela desse uma de cupido e contasse tudo para o para que ele voltasse correndo para os meus braços. Eu não queria mesmo! Comemos o chocolate, vimos o filme e choramos igual duas trouxas. - Então não tem volta mesmo? – perguntou, enquanto comíamos o resto da pipoca - Não. – Eu afirmei com absoluta certeza. – Isso já aconteceu das outras vezes, mas das outras vezes nós acabávamos concertando as coisas porque estávamos não aguentávamos nos ver todos os dias e continuar longe um do outro. Agora nós estamos em cidades diferentes. – Eu expliquei. - Foi por isso que você escreveu a carta, não é? – deduziu. – Você não conseguiria fazer isso pessoalmente. – Ela me conhecia. - Foi por isso sim. – Eu confirmei. – Eu não conseguia superá-lo das outras vezes, mas agora que nós estamos longe um do outro vai ser mais fácil. Pode levar algum tempo, mas eu vou esquecê-lo. – Eu disse empenhada para cumprir o que eu estava dizendo. me entendia como ninguém. Ela não me julgou em nenhum momento. Eu também pedi para que ela não julgasse por aquilo. Era uma coisa só minha e dele e eu não queria que mais ninguém tomasse as minhas dores. Resolvemos dormir no quarto ao lado, onde havia duas camas de solteiro. dormiu em uma e eu dormi em outra.


Aconteceu. não é mais virgem e Amber é a responsável. não se deu conta até a hora que acordou e viu que era ela ao lado dele. Não era como se ele se arrependesse, porque ele quis, ele sentiu desejo por ela, mas por dentro não era ela quem ele queria ver ali ao seu lado. Pensou se havia feito aquilo pelos motivos certos e não chegou a uma resposta clara. Tudo ainda estava muito confuso em sua cabeça. Amber dormia ao seu lado e ele não conseguia voltar a dormir. Depois de muito enrolar na cama, resolveu se levantar e ir até o banheiro.

sempre idealizou aquele dia e agora ele se sentia um lixo. Isso não podia estar certo. Saiu do banheiro e pegou o seu celular para ver o horário. Eram 3:30 e a única coisa que conseguiu pensar foi que faltava 5 minutos para dar aquela hora que já foi tão importante pra nós. Com o celular nas mãos, ele começou a andar em direção a sacada. Abriu as portas e viu que Buddy estava dormindo. Fechou a porta sem fazer barulho. Não queria que ele acordasse. Temia que ele voltasse a latir e acordasse Amber. Tudo o que menos queria agora era ter que ter aquela conversa pós-sexo com a Amber.

Ficou algum tempo em silêncio encarando aquela paisagem. Lembrou do quanto eu gostava daquele lugar. Lembrou de como ficamos abraçados naquele mesmo lugar há alguns meses atrás. Se deu conta de que aquele foi o primeiro aniversário que ele não me desejou feliz aniversário. Nem mesmo quando nos odiávamos ele deixava de lembrar daquela data. Ele sempre dava um jeito de desejar feliz aniversário, nem que fosse acompanhado por um insulto. Perguntou a si mesmo se eu havia sentido falta do parabéns dele. Voltou a olhar no relógio e ele marcava exatamente 3:35.

- Droga... – suspirou, sem saber o que fazer. Procurou o meu número nos contatos e pensou se deveria me ligar. Chegou a desistir, mas voltou atrás. Ele precisava ouvir a minha voz mais do que tudo. Ele precisava ouvir a minha voz pela última vez. O celular começou a chamar e o coração dele disparou só com a possibilidade de ouvir a minha voz.


Depois de muito tentar, eu havia conseguido dormir a aproximadamente uma hora. Foi a única hora em que eu consegui não sofrer por ele. Aparentemente, o sofrimento não consegue ficar tanto tempo longe de mim. O meu celular começou a tocar e eu me assustei. Eu realmente me assustei com o barulho e fiquei com medo de acordar , por isso atendi o mais rápido que eu consegui. A única coisa que eu consegui ver era que o número que estava me ligando era bloqueado/não identificado.

- Alô? – Eu atendi, querendo saber quem estava me ligando. Ouvir a minha voz nunca foi tão difícil pra ele. Os olhos de se encheram de lágrimas quase que instantaneamente, mas ele manteve-se calado. – Alô? – Eu insisti. abaixou o seu rosto para encarar o chão. Ele queria esconder as lágrimas de si mesmo. Ele não queria chorar por mim. – Quem é? – Eu perguntei, impaciente. negou com a cabeça e depois a levantou para voltar a olhar a vista da cidade. Olhar aquela vista com tantas lágrimas em seu rosto o fez perceber que me esquecer seria a coisa mais difícil que ele teria que fazer.

A ligação caiu e eu estranhei. Tirei o celular do ouvido e voltei a olhar para o visor do mesmo. Tentei descobrir qual o número que havia me ligado, mas não teve jeito. O número era mesmo bloqueado e as chances de eu descobrir quem ligou eram mínimas. Aproveitei que estava com o celular nas mãos e vi o horário. Quando eu vi que eram 3:35 o meu coração parou. Eu soube no mesmo instante quem é que havia acabado de me ligar. Quem mais me ligaria ás 3:35 da madrugada? Quem? Ao perceber que os meus olhos se enchiam de lágrimas, eu coloquei o celular no criado-mudo. Eu comecei a chorar da forma mais silenciosa que eu consegui. Eu sabia que se me ligou, é porque ele estava sofrendo tanto quanto eu. Agora eu teria que lidar com a minha dor e com a dor dele também. Eu não suportava fazê-lo sofrer.

Mesmo com o meu choro silencioso, escutou tudo. Ela sabia exatamente o que tinha acontecido e resolveu não se manifestar. Ouvir a sua melhor amiga chorar e não poder fazer nada para fazê-la ficar melhor ou confortá-la era horrível. não se moveu na cama, pois não queria que eu soubesse que ela estava acordada. não queria que eu soubesse que o meu sofrimento estava fazendo tão mal para ela. Eu não sei dizer quando o meu choro parou, mas provavelmente foi quando eu adormeci.

abandonou imediatamente a sacada e foi para o banheiro lavar o seu rosto coberto de lágrimas. Ele voltou para a cama, pois não suportava o fato de ficar chorando por algo que não tinha mais volta. Mesmo estando na mesma cama que a Amber, deitou o mais longe possível dela. Não tinha planos de dormir abraçado com ela.

Era um pouco mais de 6 horas da manhã quando acordou. O sol que entrava pela janela estava batendo bem em seu rosto. Ao abrir os olhos, notou que Amber estava agarrada em seu corpo. Foi naquele exato momento que ele se perguntou ‘Que merda eu fiz?’. Amber dormia calmamente em seus braços e tudo o que ele queria era sair correndo dali. começou a se mexer lentamente e tirou os braços dela de cima de seu corpo. Ele não queria acordá-la. Conseguiu se desvencilhar dos braços dela e se jogou da cama sem fazer barulho. Voltou a olhar para cama para ver se ela tinha acordado e ficou aliviado ao ver que não. Ele se levantou rapidamente, pegou o celular e correu para o banheiro.

- Que merda! – disse, aflito. Ele precisava sair de casa o mais rápido possível. Ele ia surtar se ficasse mais 5 minutos ali com a Amber seminua na sua cama. Começou a digitar rapidamente um número de telefone no seu celular. – Caralho, atende ! – sussurrou. Ele estava mesmo aflito.
- Alô? – atendeu ainda com a cabeça em seu travesseiro. Quem era o infeliz que estava ligando pra ele naquele horário?
- ! – sorriu, aliviado. – Que bom que você atendeu, cara. – sorriu.
- Sério? Você não tem o telefone de alguma mulher pra ligar não, porra? – rolou os olhos.
- Escuta bem, cara. Eu preciso da sua ajuda. – ignorou o comentário anterior do amigo.
- Precisa de ajuda ás 6:00 da manhã? Vai se fuder. – estava com muito sono.
- Dá pra escutar, caralho!? É sério! – disse, furioso. Se pudesse gritar, ele já estava gritando.
- Fala logo! – disse com os olhos fechados.
- Presta a atenção! Eu preciso que você me ligue daqui há 5 minutos. – disse e esperou que lhe desse algum retorno. – ? – o chamou, pois o silêncio tomou conta. – ACORDA, PORRA! – quase gritou.
- Fala! Estou ouvindo. – se esforçou para abrir os olhos.
- Me liga daqui a 5 minutos! Liga no meu celular! – não quis dar detalhes. – Depois eu te explico. – Não dava tempo de dar detalhes.
- Ligar pra que? Eu não quero falar com você! Eu quero dormir, seu infeliz. – fez careta, impaciente.
- É só me ligar! – também estava impaciente. – Entendeu? – perguntou e novamente ficou em silêncio. – ! – quase gritou e voltou a abrir os olhos, assustado.
- Me deixa dormir, . – praticamente implorou.
- Escuta bem! Se você não me ligar, eu juro por Deus que eu vou pegar o meu carro e vou te ai te acordar a socos. – disse, furioso. – Entendeu? – Ele esperou um retorno de .
- Ta bom! – concordou, irritado. desligou o celular, pois tinha algo para fazer. Abriu a porta com todo o cuidado para não acordar Amber e quase teve um troço quando viu que ela não estava na cama. Ele deu um paço para fora do banheiro e Amber já apareceu ao seu lado.
- Caiu da cama? – Amber sorriu ao ver o garoto que tanto ama. Se aproximou dele, abraçando-o. fez careta, enquanto a abraçava apenas por obrigação.
- É, eu precisava ir ao banheiro. – apontou ara o banheiro, terminando rapidamente com o abraço.
- E então? Tudo bem? – Amber terminou de abraçá-lo e quando percebeu que ela tinha a intenção de beijá-lo, ele rapidamente se afastou.
- Estou bem e você? – ficou de costas pra ela, implorando para que o seu maldito celular tocasse logo.
- Melhor impossível. – Amber sorriu feito boba. Foi a melhor noite de sua vida.
- É... – concordou com um sorriso forçado no rosto. Ele não sabia mais o que dizer.
- Você parece... – Amber ia dizer ‘estranho’, mas o toque do celular dele a interrompeu.
- Desculpa, vou ter que atender! – pego o celular na velocidade da luz. – Alô? – Ele atendeu como se não soubesse quem era.
- Você é retardado. Sério! – disse, sentado em sua cama.
- Olá! Tudo bem sim e você? – fingiu que se tratava de uma ligação importante, quando na verdade era só o .
- Eu? Você me liga às 6 da manhã, me ameaça e agora quer saber se eu estou bem? Filho da puta. – disse, furioso.
- Ótimo! – sorriu, olhando pra Amber. – E então? Do que o senhor precisa? – perguntou educadamente. Amber percebeu que era alguém importante.
- Porque está falando desse jeito? – fez careta.
- Deu problema no contrato? – estava criando uma conversa imaginária com o seu chefe.
- Você está me irritando, . – rolou os olhos.
- Eu vou ter que fazer um novo contrato, certo? – continuou com a mentira.
- Mas que porra de contrato é esse que você está falando? – arqueou a sobrancelha. Estava mais perdido que tudo.
- Agora? – perguntou. Amber prestava atenção em tudo.
- Quando foi que você começou a usar drogas, ? – perguntou, sério.
- Não, não tem problema. – negou com a cabeça.
- Eu vou desligar na sua cara! – ameaçou.
- Certo. Eu estarei ai em menos de 10 minutos. – forçou mais um sorriso.
- Aqui? Você que apareça aqui que eu vou arregaçar a sua cara. – ameaçou.
- Não tem problema algum. Me espere que eu estou a caminho. – disse e desligou o celular.
- Qual o problema? – Amber cruzou os braços, curiosa.
- O meu chefe. Aconteceu um problema com um contrato importante de um cliente e eu vou ter que ir lá resolver. – fingiu não gostar da situação e rolou os olhos.
- Agora? São 6 da manhã. – Amber abriu os braços, surpresa.
- Pois é. – fez careta, demonstrando uma falsa indignação. Ele começou a vestir sua roupa rapidamente.
- Mas e eu? – Amber perguntou.
- Bem, você escolhe. Se quiser ficar aqui, pode ficar o quanto quiser. – pegou a carteira e a colocou no bolso de sua calça.
- Não acredito nisso. – Amber não acreditava que teria que ficar sozinha depois de tudo.
- Eu devo demorar, mas mais tarde eu te ligo, ok? – forçou um sorriso e começou a andar em direção a porta.
- Espera! Não vai nem se despedir? – Amber quase riu. estava tentando fugir disso, mas agora não tinha mais jeito.
- Claro. – andou rapidamente até ela e beijou a sua testa. Amber ficou totalmente sem reação. – Até depois. – voltou a se afastar com rapidez. – Tranque a porta e coloquei a chave embaixo do extintor de incêndio. – gritou antes de bater a porta.

Sair daquele quarto foi como sair do inferno. se sentiu até mais leve ao sair de lá. Não é que ele se arrependesse, mas ele estava se sentindo muito mal pelo que havia feito. Ainda mais depois de ver o quanto ele havia alimentado as esperanças de Amber depois daquela noite. Pegou o celular e mandou uma mensagem para avisando que estava indo pra casa dele e que era pra ele esperá-lo na varanda de sua casa.

Os sentimentos de estavam totalmente confusos. Ele tinha certeza que tinha feito tudo aquilo pelos motivos errados. Ele precisava dividir aquilo com alguém. Ele precisava colocar tudo o que ele estava sentindo pra fora e seria o seu ouvinte. Dirigiu rapidamente até a casa de e chegou lá em menos de 5 minutos. Estacionou o carro em frente a casa de e saiu rapidamente do carro ao ver que estava sentado na varanda.

- Me dê um bom motivo pra não te mandar tomar no cu. – estava de braços cruzados e com uma cara de sono.
- Cara, eu fiz besteira. Eu estou ferrado! – disse, parecendo estar aflito. soube que se tratava de coisa séria e mudou rapidamente de atitude.
- O que aconteceu? – o olhou, preocupado.
- Ontem a noite eu... – hesitou dizer. – Eu não sou mais virgem, cara. – falou de uma vez.
- O que? – arregalou os olhos e sorriu. – Está brincando? – começou a rir. – Porque está ferrado? – sabia que isso era quase uma vitória para um homem. – Se é por causa do , relaxa. Ele não vai descobrir. Você não está ferrado! – tentou tranquilizar o amigo.
- Foi com a Amber. – jogou a bomba na cara do amigo. – Eu dormi com a Amber! – repetiu, pois pareceu não ter entendido da primeira vez.
- Cara, você está muito ferrado! – olhou sério para o amigo e negou com a cabeça como se estivesse reprovando a sua atitude.










CONTINUA...









Nota da Autora: 


Hey! Então, eu espero que estejam gostando da fanfic. Está dando muito trabalho, mas eu estou AMANDO escrevê-la. Eu me inspirei em uma outra fanfic que eu li e fiz as minhas MUITAS alterações (com a autorização da autora da mesma). Como vocês já perceberam, ela está em andamento. Eu vou postar de acordo com o que eu for escrevendo. 

Vocês devem ter percebido que nessa fanfic, os Jonas não são tão 'politicamente corretos' e nem tem uma banda. Eu achei legal fazer uma coisa diferente.

Enfim, deixe o seu comentário aqui embaixo. A sua opinião é importante, pois me incentiva a escrever ainda mais e mais.

Beijos e qualquer coisa e erro, mandem reply pra mim lá no @jonasnobrasil . 


24 comentários:

  1. ESTOU DECEPCIONADA........ FOI BEM CONFUSO NÃO ENTENDI ELA TBM APRONTOU NEM CONVERSOU COM ELE A QUELA CARTA FOI ESTRANHA........... ESPERO O PROXIMO CAPITULO PRA DESENROLAR ESSA SITUAÇÃO... BEIJONAS

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  2. NOOOOOOOSSA! ESSE CAPÍTULO TÁ PERFEITO! NÃO PARA DE ESCREVER, VOCÊ TEM TALENTO!
    E mano, não acredito, como assim ele perdeu a virgindade com a AMBER! Agora me surpreendeu kkk! An, agora eu deveria perder a virgindade com o Mark só pra ficar bem justo kkk!

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    1. Siiiiiiiiim, agora eu também devia perder com o Mark, nada mais justo! AAAAAAAH POSTA LOGO! TO AMANDO

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  3. EU ESTOU QUERENDO MATAR VC. N PODIA TER ACABADO ASSIM, ESSA PORRA DE AGENDA FOI ARMAÇÃO DA AMBER Q EU TO LIGADA. VC N PODE DEMORAR TANTO P POSTAR A GENTE TEM Q SE ACERTAR LOGOOOOOO

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  4. Ai chorei muito com essa carta de despedida e com a atitude do Mark. E a ligação de "negócios" que o Jonas fez com o meu melhor amigo, socorro não consegui parar de rir KKKKKKKKKK Meu ódio pela Amber aumenta a cada capitulo, ainda mais depois desse. Obrigado Raíssa por isso KKKKKKK Estou ansiosa pelo cap 45 mds Joe precisa saber da verdade urgente!

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  5. MEU JONAS PRECISA SABER QUE EU NÃO TRAÍ ELE!!! PRECISAMOS NOS ACERTAR!!! NÃO AGUENTO MDS!!!

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  6. que ela tenha um rolo com o mark amém

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  7. O QUE ME CONSOLA É QUE ESSE FDP JONAS TA ARREPENDIDO, QUE ELE SOFRA MUITO COM ESSA CULPA, QUE LEVE UMA SURRA DO MEU IRMÃO E DO MEU BEST!!! #TransaComOMark

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  8. Se ele perdeu a virgindade com a Amber, nada mais justo de eu perder a virgindade com o Mark !

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  9. AIIIII SOCORRR PORQUE DEVE QUE DEIXAR AQUELA CARTA? ELES PODIAM TER CONVERSADO .. E AGORA ELE PERDEU A VIRGINDADE COM AQUELA PUTA SOCORRRR COMO VOU VOLTAR COM O MEU JONAS DESSE JEITO :O PRECISO DO PROXIMO CAPITULOOO, CHOREEEI TANTO QUE NOSSA E FIQUEI PUTA TMB, UMA MISTURA DE EMOÇÕEEEEES

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  10. Chorei lendo esse capitulo, na verdade saio rios e mares de meus olhos. Como ele pode fazer isso??? Cade o cap 45???? Vou morrer até lá!!!!!

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  11. ahh, eu vou matar a Amber , menina vc tem um Dompra escrever , to apaixonada por cada linha dessa Fanfic , eu chorei eu ri, e chorei de novo to Bipolar ja , rsrs , e como assim o Jonas nn e mais virgem , e agr , eae o 45 sai qnd , esperando.. ta muito perfeita embora a Amber mereca morrer , e porq ele nn foi na droga do apartamento antes de ir pro Parque , ahhhh, eles tem que se acerta logo ..
    XOXO - LahVasc' ;*

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  12. Olha eu não so muito fã de Drama não sei porque mais eu odeio Drama !
    Mais quando eu comecei a ler essa fic eu gostei mais comessei a me decepissiona tem muito Drama
    Mais eu não consigo parar de ler eu to gostando
    Mais por favor tira um pouco de drama dessa fic e eu concordo com a Nathalia Mendes se ele perdeu a virgindade com a Amber nada mais justo dela perde a virgindade com o Mark

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  13. oooi poderia postar o próximo capitulo?? por favor nao abandona a fic!!!

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  14. EU ACHO Q NUNCA CHOREI TANTO COM UMA FIC COMO VC PODE FAZER ISSO COMIGO? OLHA VC N TEM ESSE DIREITO! PAKSKSNSKSNDKSDJ EM FIM,É A PRIMEIRA VEZ QUE EU COMENTO,PERDAO, VOU COMENTAR MAIS VEZES AGR,OLHA A SUA FIC SE RESUME EM UMA PALAVRA : PERFEITA. SERIO EU NUNCA LI UMA FIC TAO PERFEITA,NAO ESTOU EXAGERANDO ESSA É A MAIS PURA VERDADE,EU JA LI TANTAS VEZES MAIS ESSA FIC CARA,COM CERTEZA É A MELHOR E QUER SABER? O MUNDO INTEIRO DEVERIA LER ELA PQ CARA,A CADA CAPITULO EU FICO MAIS APX POR ELA,LEMBRO QUANDO MINHA AMIGA ME FALOU SOBRE ELA,ELA CHEGOU TODA FELIZ FALANDO QUE TINHA ACHADO UMA FIC PERFEITA E TALZ E CARA ELA TINHA RAZAO,QUANDO ELA ME MANDOU O LINK E EU COMECEI A LER EU SIMPLISMENTE VICIEI,EU ACOMPANHO ESSA FIC DESDE O COMEÇO PRATICAMENTE,E VC ME DEIXA LOUCA COM ESSA DEMORA PRA POSTAR,EU SURTO FICO ANSIOSA,NERVOSA,AFLITA E TUDO MAIS CARA E É MUITA SACANAGEM VC DEMORAR TANTO,MAIS COMO DUA FIC É PERFEITA OS CAP SAO GRANDES EU SUPERO,VALE A PENA ESPERAR,OLHA QUERO TE DIZER QUE VC ESTA DE PARABENS,ESSA FIC É REALMENTE TUDO! VC ESCREVE MT BEM!!!
    E CARA,ESSE CAP @%#&@## EU CHOREI TANTO,ESSA PUTA VAFIA VAGABUNDA DA AMBER A CADA CAP EU FICO MAIS RAIVA DELA,ALGUEM DA UM TIRO NELA PF? E O MARK? GENTE QUE AMORZINHO ESSE GAROTO,E JOE JONAS SEU PUTO PQ CAIU NA LABIA DESSA LAMBISGOIA DA AMBER? E ESSA CONVERSA DO JONAS NO CELULAR COM O JOAO (MEU MELHOR AMIGO) EM FIM EU RI MUITO CARA,EU NAO SABIA SE RIA OU SE CHORAVA KKKKBOM,POSTA LOGO PELO AMOR DE DEUS NAO ME MATA DE CURIOSIDADE!!! EU AMO SUA FIC XOXO
    Tayna -
    <3 *-*

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