Capítulo 48 - Parte 1



NO CAPÍTULO ANTERIOR...




Chegamos em minha casa e eu desci rapidamente do carro. Estava tão avoada, que nem lembrei de esperar Mark abrir a porta como ele costumava fazer. Eu ainda tinha a desculpa da dor de cabeça, mas eu sabia que era mentira e isso me fazia ficar um pouco mal. Mark também desceu do carro e nós caminhamos juntos até a porta da minha casa. Ainda em silêncio, eu abri a porta e entrei em minha casa. Mark entrou logo atrás e fechou a porta. Passei a mão pelo meu rosto na tentativa de melhorá-lo e em seguida, me virei para olhar o Mark. Os olhos dele que encaravam o chão se levantaram para olhar em meu rosto.

- Me desculpa ter feito você ir embora da boate. Eu sei que estava se divertindo. – Eu o olhei com um fraco sorriso.
- Tudo bem. Você precisava de mim. – Mark também sorriu fraco. – Você... está melhor agora? – Ele deu alguns passos em minha direção.
- Estou! Eu... – Eu passei uma das mãos pelo meu cabelo e o tirei de perto do meu rosto. – Eu não sei. Acho que talvez fosse a música alta. – Eu me referia ao motivo da minha dor de cabeça. Mark hesitou algum tempo e decidiu falar sobre o assunto que tanto queria. O assunto que havia feito ele desistir daquele pedido de namoro.
- Ou talvez tenha sido o . – Mark afirmou e eu senti o meu corpo gelar. Ele sabia? Ele sabia sobre o ?
- O que? – Eu tentei desconversar. Eu precisava de tempo para pensar no que dizer.
- Eu vi ele, . – Mark afirmou e parecia um pouco irritado. A irritação era mais porque eu estava tentando esconder algo dele do que pelo em si. Ele sabia sobre o . Ele sabia o quão desestabilizada aquele reencontro havia me deixado. O que eu faço agora? O que ele vai fazer agora?





Capítulo 48 (PARTE 1) – O começo do fim



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- Você viu... ele? – Eu senti o meu corpo gelar. Eu não sei muito bem como lidar com isso, porque eu não sei como o Mark vai lidar com isso. Eu não sabia se ele estava bravo ou se estava apenas inseguro. Eu precisava que ele dissesse mais alguma coisa. Qualquer coisa!
- Porque você está tão nervosa? – Mark me analisou, sério.
- Nervosa? – Eu sorri com um certo nervosismo.
- Você não queria que eu soubesse? – Mark questionou, me colocando sobre pressão. O sorriso foi desaparecendo aos poucos do meu rosto. Eu olhei fixamente para o rosto dele, esperando encontrar qualquer vestígio daquela doçura e daquele carinho que ele costumava ter nos olhos quando me olhava. Não havia nada. – Você não ia me contar, não é? – Ele disse em tom de desaprovação. A pergunta dele me fez odiar ainda mais o por ter me colocado naquela situação novamente. Neguei com a cabeça e virei de costas para o Mark, porque eu simplesmente não conseguia acreditar que já estava começando a estragar tudo o que eu tenho tentado construir nesses últimos meses. – É claro que não ia. – Mark sorriu com ironia, depois de ver aquela minha atitude que praticamente havia respondido a sua pergunta.
- Não, eu não ia! – Eu disse ainda de costas. Levei uma das minhas mãos até a cabeça e fechei os olhos por poucos segundos. Eu estava me xingando mentalmente, porque eu não conseguia aceitar que eu estava permitindo que o interferisse novamente na minha vida. Eu não acredito! – Eu não ia te contar. – Eu me virei para voltar a olhá-lo, assim que eu voltei a abrir os olhos. – Eu não ia te contar porque simplesmente não teve importância. Eu não tinha motivo algum para te contar isso! – Eu dei alguns passos na direção de Mark.
- Não teve importância? Foi por isso que você quis ir embora tão cedo da boate? Foi por isso que veio o caminho todo muda? Porque não teve importância? – Os olhos fixos e o jeito sério não davam trégua nem por um segundo.
- Foi porque eu sabia que você ia ficar assim! Eu sabia! – Eu me expliquei, mesmo estando ciente que não era preciso, porque eu e Mark não estamos em um relacionamento. Pelo menos, não oficialmente.
- Sabia que eu estava curioso? Eu estava curioso pra saber qual seria a sua reação quando isso acontecesse. Porque eu sabia que em alguma hora ia acontecer. – Mark suspirou longamente.
- E? – Eu abri os braços.
- Olha pra você! Você está surtando! Você está surtando e está tentando esconder isso de mim e de você! – Mark disse com um sorriso triste.
- Está bem! Você quer a verdade? Eu vou ver honesta com você! – Eu dei mais alguns passos na direção dele. Eu estava começando a falar de forma mais grosseira. – Eu estou surtando! Eu estou surtando porque, assim como todas as outras garotas, eu não gosto de reencontrar o meu ex-namorado! Eu estou surtando porque mesmo sem eu permitir, o imbecil do meu ex-namorado continua complicando a droga da minha vida! Eu estou surtando pra caralho, porque nós estamos prestes a ter a nossa primeira briga por causa daquele babaca! Eu... – Eu fiz uma breve pausa para me acalmar. – Eu estou surtando sim, porque mesmo sabendo tudo o que ele fez, você ainda acha que eu vou te deixar pra ficar pra ele. – Eu o encarei, séria. – Você está tão errado. – Eu neguei com a cabeça, sem tirar os meus olhos dele.
- Não é tão simples quanto você pensa. – Mark rolou os olhos. – Não é simples quando você sabe o quão forte e... grande foi o que vocês viveram. Não é simples quando se trata do cara por quem você esperava há alguns meses atrás. – Ele tentou não demonstrar tanto sentimento em suas frases, mas foi impossível.
- Você está certo. – Eu afirmei com cabeça. – Foi forte e grande, mas hoje é só... passado. Quem se importa? – Eu revirei os olhos.
- Eu me importo! Eu me importo por que... isso me assusta para caramba. – Depois de dar um discreto sorriso, ele abaixou o seu rosto e encarou o chão.
- Ei... – Eu me aproximei ainda mais e toquei o seu rosto com as duas mãos. – Não há motivos para ter medo. – Eu olhei dentro de seus olhos. – Eu estou com você! Você! – Eu fiz questão de afirmar.
- Não... – Mark negou com a cabeça. – Quer saber? Eu entendo se você quiser um tempo pra pensar, ver o que você realmente quer e... – Ele ergueu os ombros.
- Não... para. – Eu neguei incessantemente com a cabeça.
- É sério! Tudo bem se... – Mark insistiu, mas eu o interrompi.
- Mark! – Eu jamais permitiria que ele continuasse com aquela besteira. – Eu não preciso de tempo! Eu não quero pensar no que eu quero, porque eu já sei o que eu quero. Eu já tenho o que eu quero! – Eu continuei olhando em seus olhos.
- Não, . Eu... – Mark continuou com aquilo. Ele não queria me pressionar de forma alguma e nem queria que eu me sentisse na obrigação de ficar ao lado dele. Acontece que aquilo não fazia o menor sentido pra mim. Eu não preciso que ninguém tome as decisões por mim e eu precisava mostrar isso a ele. Foi então que eu o beijei e não deixei que ele falasse por um bom tempo. Não tinha argumento melhor que aquele. O beijo foi aprofundado e ficou mais do que claro que ele havia entendido o que eu queria dizer.
Mesmo com todo o nervosismo que eu sentia e com aquele nó insuportável na garganta, eu estava feliz por estar nos braços do Mark novamente. Eu estava feliz por estar com um cara que jamais me machucaria e que nunca havia me decepcionado. Eu estava bem, porque ele me fazia bem. Com o Mark eu sempre tinha certeza de que tudo ia acabar bem. Ontem, hoje e amanhã. Nós sempre vamos estar bem se estivermos juntos. Mark não trás riscos a minha felicidade e isso é algo raro.
- Eu estou com você. Eu quero ficar com você. – Eu repeti em um sussurro, assim que nossos lábios se descolaram. Meus olhos ainda estavam fechados e ele abriu os dele.
- Eu quero ficar com você. – Mark repetiu a minha frase e me viu abrir lentamente os olhos. Um fraco sorriso surgiu em seu rosto e uma de suas mãos subiu até o meu rosto e o acariciou.
- Não precisa ter medo. – Eu também sorri, levando uma das minhas mãos até o seu rosto e subindo ela até o seu cabelo, onde eu acariciei sem bagunçar o seu penteado. – Você está a salvo comigo. – Eu pisquei um dos olhos e o sorriso dele aumentou.
- Toda vez que eu penso que não tem como eu gostar mais de você, você começa a dizer essas coisas. – Mark disse com uma doçura inigualável. Toda aquela doçura me despertou a vontade de ser honesta com ele.
- Eu quero te contar o que aconteceu. – Eu disse, ficando um pouco mais séria. Mark disfarçou, mas ele ficou um pouco frustrado quando não recebeu a resposta que ele esperava ouvir depois do que havia dito. Ele esperava que eu dissesse que eu também gosto dele. Ele queria saber se era mesmo mútuo quanto ele desejava que fosse.
- Não precisa. Eu não quero saber. – Mark negou com a cabeça. Ele não queria ter que ficar ouvindo qualquer coisa que tivesse relação com o .
- Eu quero que você saiba, porque eu sinto como se estivesse escondendo de você. Eu quero ser honesta... com você. – Eu afirmei, olhando para o seu rosto. Estávamos próximos, mas não tanto quanto antes.
- Se você faz questão. – Mark ergueu os ombros.
- Nós... – Eu não sabia como dizer sem demonstrar tantas emoções. – Nós nos vimos de longe e a primeira coisa que eu quis fazer era sair correndo dali. Eu e a Meg fomos ao banheiro. – Eu pausei. – Eu queria evitar qualquer aproximação. Eu me afastei de onde ele estava e Meg foi te chamar. Foi ai que... – Eu rolei os olhos. – Ele apareceu ao meu lado. – Eu completei. O olhar de Mark até mudou.
- Vocês conversaram? – Mark tentou se conter. Ele não queria demonstrar ciúmes.
- Foi a coisa mais estranha. – Eu sorri com uma certa ironia. – Nós parecíamos dois... estranhos. Foi como se eu não o conhecesse mais. – Eu sem querer acabei dizendo aquilo com uma voz de pesar. – Enfim, nós... – Eu me recuperei. – Nós falamos sobre a faculdade, sobre o trabalho. Parecia que eu estava contando as novidades pra um parente distante que eu não vejo há anos. – Eu rolei os olhos.
- O que ele está fazendo aqui? – Mark questionou.
- Ele disse que veio a trabalho. – Eu respondi sem dar muita importância. – Foi isso. – Eu voltei ao que eu dizia. – Foi patético e irrelevante. – Eu ergui os ombros. – Não teve importância. – Eu reafirmei para que ele não se esquecesse daquilo tão cedo.
- Eu não quero que se sinta presa a mim. – Mark explicou os seus motivos.
- Presa a você? – Eu repeti e reprimi um sorriso. – Ops, tarde demais. – Eu mordi o lábio inferior e ele riu sem emitir som.
- Sério mesmo? – Mark queria ter certeza de que eu sabia o que estava fazendo.
- Mesmo. – Eu afirmei com a cabeça, me aproximando e apoiando os meus braços em seus ombros. Nos olhamos de perto e o sorriso dele foi interrompido por um beijo, que não foi longo.
- Tudo bem, então? – Eu perguntei ao interromper o beijo. Ele afirmou com a cabeça com um sorriso bobo no rosto.
- Tente perguntar isso antes de nos beijarmos na próxima vez, ok? – Mark brincou e eu rolei os olhos. – Bem, eu acho que já vou indo. Você trabalhou hoje e deve estar cansada. – Ele analisou bem.
- Só um pouco. – Eu fiz careta. – Mas se quiser ficar... – Eu propus. Eu não queria que ele achasse que eu estava aliviada por ele ir embora.
- Não. – Mark negou com a cabeça. – Não vou mais ocupar o seu tempo. Eu já aproveitei demais hoje. – Ele sabia que eu estava extremamente cansada naquele dia, mas mesmo assim eu fui até a boate por causa dele.
- É claro que não. – Eu sorri fraco.
- Você me liga amanhã? – Mark perguntou antes de começar a se afastar.
- Eu... – Eu fiz cara de pensativa. – Eu vou ter que pensar nisso. – Eu brinquei e ele gargalhou.
- Entendi. – Mark continuou rindo. Eu voltei a me aproximar dele. Eu deveria acompanhá-lo até a porta, não é?
- Vejo você amanhã. – Eu olhei pra ele, que já estava do outro lado da porta.
- Ok. – Mark voltou a dizer daquele jeito fofo, que me fez querer beijá-lo só mais uma vez. Ele é adorável e eu tenho tanta sorte em tê-lo.
- Boa noite. – Eu disse, depois de selar os lábios dele.
- Boa noite, . – Mark disse daquele jeito abobalhado, que ele só ficava depois de um beijo. Já disse que eu adoro quando ele me chama de ‘’? Ele virou-se de costas e eu o observei por um tempo antes de fechar a porta.

Finalmente sozinha! Eu não tenho que fingir estar bem e nem poupar surtos agora. Ao fechar a porta, eu a encarei por um tempo. Fiquei parada, pois ainda não sabia o que pensar. Eu devo gritar? Socar a porta? Chorar até secar? Nada. Eu não conseguia fazer nada. Levei uma das minhas mãos até o meu rosto e subi até o cabelo, onde entrelacei os meus dedos. É muito para processar. É muito para sentir de novo. Sentir tudo aquilo de novo ao vê-lo foi a coisa mais assustadora do mundo. Esses sentimentos deveriam ter sido deletados. Eu não queria e não pretendia senti-los de novo e o estar envolvido nisso só torna tudo mil vezes pior. Quem dera o meu problema fosse o fato de sentir aquela avalanche de sentimentos por um cara que não é um babaca e que não quebrou o meu coração da pior maneira possível. Quem dera não fosse pelo meu ex-namorado.

Quer saber? Isso não deveria ter me afetado tanto. Qual é o problema comigo? É o ! O cara que dizia que me amava e que me traiu com a garota mais desprezível do mundo. Porque eu estou perdendo o meu tempo com esse babaca? Suspirei longamente, enquanto andava em direção a escada da minha casa. Mais uma vez eu estava fingindo que não me importava. Subi alguns degraus e parei quase que no meio da escada. Quem eu quero enganar? Abaixei a cabeça e encarei o chão por alguns segundos. Encostei o meu corpo na parede e deslizei até conseguir me sentar em um dos degraus.

- Isso não pode estar acontecendo comigo. – Eu neguei com a cabeça e em seguida, fechei os olhos. Mesmo com os olhos fechados, a única coisa que eu conseguia ver era ele. Eu juro que eu não conseguia esquecer aquela primeira imagem dele, quando nos vimos depois de meses. Naquele momento eu já soube que ele já não era mais o mesmo. Ele não precisou fazer ou dizer nada. Eu soube!

Mesmo notando a mudança, não foi isso o que mais me chamou atenção. O que mais me intrigou era o fato dele estar ali. O que ele veio fazer em Nova York? Foi só nisso que eu pensei depois de vê-lo ali. Eu temia que o motivo fosse eu. Como eu temia que ele estivesse ali para fazer o que eu tanto esperei que ele fizesse. Eu temia porque agora parecia tarde demais. Eu temia porque agora eu não estou mais sozinha.

Ainda sentada, eu me perguntava por que isso tinha tanta importância. O fato de eu vê-lo deveria ter mexido tanto comigo? Eu deveria mesmo estar pensando nisso ainda? Talvez seja o que dizem. O primeiro amor pode ser passado, mas ele sempre vai continuar destruindo o seu presente. O destruiu o meu dia e o meu final de semana, que estava apenas começando. Como ele ousa?

Nada disso importa. Não é sobre ele ter mudado, não é sobre ele ter sido o meu primeiro amor e também não é sobre o meu final de semana. É sobre como eu me senti. Essa é a parte mais complicada e é a que eu mais evito pensar. Não conte a ninguém, mas... o meu coração disparou, minhas pernas bambearam, minhas mãos suaram frio e eu senti de novo aquele sentimento inexplicável assim como acontecia todas as vezes que eu o via. Eu não queria ter sentido nada. Eu não quero sentir nada, porque só eu sei o quanto isso é perigoso.

Impressionante como ele consegue provocar toda essa confusão dentro de mim logo em seu primeiro dia em Nova York. Aquela conversa que tivemos foi perturbadora. Foi como se não nos conhecêssemos mais. Foi como se nós fossemos dois estranhos. Honestamente, o modo como agimos me deixou um pouco mais aliviada, assim como vê-lo beijar todas aquelas garotas. Eu precisava de motivos para tornar aquele reencontro mais irrelevante do que eu temia que fosse e havia me dado todos esses motivos. Ele havia me dado motivos para concluir que o nosso tempo havia passado e que nunca mais seriamos os mesmos. Isso me confortou e me deixou menos desesperada com o que poderia ser o renascimento daquele amor.

A reação de foi um pouco mais explosiva que a minha, mas ele tinha os seus motivos, ou melhor, ele tinha o melhor motivo de todos: o Mark. Ele pensava que eu o tinha traído e o fato de eu ter feito isso com o Mark tornava tudo mil vezes pior e fazia com que ele se sentisse mil vezes mais idiota. Se antes ele já estava irritado com tudo isso, agora ele está... puto! Ele está puto porque ele perdeu a garota que ele amava para um idiota. Ele jamais superaria aquela rasteira que eu havia lhe dado da pior maneira possível.

No caminho para casa, estava inquieto. Foi a primeira vez desde que nós ficamos juntos que ele me viu ser beijada por outro cara. Mesmo não querendo assumir, ele havia odiado ver aquilo. A vontade de voar no pescoço do Mark nunca foi tão grande e não era só pelo beijo, mas por ele ter sido o cara que havia roubado a sua garota. O ódio pelo Mark só não era maior que o ódio que ele sentia por mim, mas felizmente (ou não), ele não me deixou saber disso.

Eu tinha plena consciência de que tudo entre nós havia acabado e eu sou grata ao por ter deixado tudo isso bem claro naquela noite, mas o não teve a mesma felicidade. Ele sabia que ele se importava. Ele sabia que a vontade dele de quebrar a cara do Mark não era nada normal. Ele sabia muito bem que não devia ter notado o quão mais interessante eu havia ficado ao agir daquela maneira madura. Sim, ele também cometeu a besteira de memorizar cada centímetro a mais e a menos das minhas curvas.



- Merda! – bateu a porta do seu quarto de hotel e depois de alguns segundos se viu parado no centro do quarto com as mãos na cintura e com o olhar perdido. Isso não é nada bom. Eu estava impregnada em sua mente e a cena do meu beijo com o Mark em sua memória. – Merda... – Ele suspirou ao pegar o seu celular e digitar apressadamente o número do celular do .

Como em qualquer sexta-feira normal, estava com . Isso já havia se tornado comum e já era do conhecimento de todos. Eles saiam do cinema, depois de ver uma comédia romântica que havia implorado para que ele assistisse. Mesmo já estando acostumados a ficarem juntos, eles ainda não tinham o costume de saírem de mãos dadas. e andavam lado a lado no estacionamento do Shopping quando o celular de tocou.

- Fala ai, cara! – atendeu o celular e manteve os ouvidos na conversa.
- ! – sentou-se na beirada da cama e apoiou um dos cotovelos em sua coxa. – Eu preciso saber de uma coisa! Eu juro que preciso saber... – não perdeu tempo e foi direto ao assunto.
- Espera! Espera! – estranhou a voz e comportamento do . Ele diminuiu os passos e olhou para ele, curiosa. – Está tudo bem? – Ele arqueou uma das sobrancelhas.
- Está tudo ótimo! Eu só quero destruir o meu quarto de hotel, mas tudo bem! – ironizou.
- O que aconteceu? – insistiu em saber.
- Você sabia que era o Mark? – perguntou de vez, torcendo para a resposta ser negativa.
- O que? – não havia entendido nada. Mark? O que o Mark tinha a ver com tudo aquilo?
- Fala de uma vez ou eu juro que... – fechou os olhos, enquanto negava com a cabeça. Ele tentava se controlar, mas era impossível.
- FALAR O QUE, PORRA!? EU NÃO SEI DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO! – esbravejou. Ele não sabia o que estava acontecendo e havia sido jogado no meio daquele tiroteio.
- Estou falando da , caralho! – resolveu ser um pouco mais claro. – Eu vi... ela. – Ele completou com dificuldade. A notícia fez com que parasse no meio do estacionamento. também parou. Ela abriu os braços, sem entender.
- Você... viu? – repetiu a frase de , sem acreditar. Olhou para e negou com a cabeça. – Mas... como? – Não era possível! Era só o primeiro dia do na enorme Nova York. Ele não podia ter me visto.
- Eu fui em uma boate. Ela estava lá... – rolou os olhos. – Ela estava lá com o patético do Mark! – Ele completou. continuava em choque. estava quase surtando!
- Ela... te viu? – perguntou com uma certa tensão.
- Dane-se ela! Eu quero saber se você sabia que era com ele que ela me traiu! – voltou ao ponto. não sabia o que responder.
- Eu posso te ligar em um minuto? Eu estou chegando no carro e te ligo. – nem esperou responder e desligou.
- O que foi que aconteceu? – perguntou com medo do que pudesse ouvir a seguir.
- Você não vai acreditar! Juro! – sorriu em meio a um suspiro.
- Fala! – o olhou, séria.
- Eu te falei que o foi hoje pra Nova York, não é? – relembrou.
- Falou! E? – abriu os braços.
- Adivinha quem foi que ele encontrou na primeira noite dele em Nova York? – cruzou os braços e continuou observando , só esperando que a ficha dela caísse.
- Não! – não achou que fosse possível.
- Sim! – afirmou com a cabeça.
- Não acredito! – estava em choque. Era completamente surpreendente o fato dos nossos destinos continuarem se cruzando apesar de tudo.
- E pior: ela estava com o Mark. – fez careta.
- Ai... não. – levou uma das mãos a cabeça.
- Você sabia que eles estavam juntos? – questionou. Eu não havia contado nada oficialmente pra ele.
- Sabia! Quer dizer, mais ou menos. – quase não estava prestando atenção em . Ela sabia sim sobre o Mark. Ela sabia sobre tudo! Ela sabia que o Mark não era o cara com quem eu havia traído o , porque eu não traí o .
- O deve estar atacando fogo no quarto de hotel dele agora. – riu sozinho. – Ele acha que foi com o Mark que a traiu ele. Ele não sabe sobre o cara da faculdade. – explicou, sem saber que não sabia nem metade da história. Para ele e os outros, eu havia traído o com um cara da faculdade que, na verdade, nunca existiu. era a única do meu grupo de amigos que sabia da verdadeira história. – Eu não sabia o que responder pro , porque não sei se a quer que ele saiba do cara da faculdade. – Ele explicou.
- Não! Não fala nada! – foi enfática. A história não deveria ser remexida. É bom deixar do jeito que está e deixar que o saiba apenas o que ele já sabe. – É melhor não se envolver nessa confusão deles. – Ela deu a desculpa.
- Você está certa. A pode ficar brava por contarmos as coisas pra ele e você lembra que ele deixou bem claro que não queria saber de nada sobre ela. Não vou falar só porque ele está surtando. – explicou, discando o número do .
- DESLIGOU MESMO NA MINHA CARA? – esbravejou ao atender o telefone.
- Foi mal! Eu estava saindo do cinema e não estava escutando bem. Pode falar agora. – mentiu para que se acalmasse.
- Dá pra falar de uma vez? Você sabia sobre ela e o Mark? – respirou fundo para se acalmar. Ele precisava se acalmar.
- Não, eu não sabia sobre ela e o Mark. Estou tão surpreso quanto você. – Isso não deixava de ser verdade. acabou de descobrir que eu e o Mark estávamos juntos. – Agora, se acalma! – Ele exigiu.
- Eu não deveria ter vindo, cara. – levantou-se da cama e foi andando em direção a porta que dava acesso a sacada. Ele já não estava tão exaltado quanto antes. – Eu não devia ter vindo. – Ele repetiu, apoiando seus braços em um dos muros que cercavam a sacada.
- Não! Não fala isso. É o seu sonho, não é? É o seu trabalho! Você está exatamente onde deveria estar. – apoiou o amigo, pois sabia que ele estava precisando muito ouvir aquelas palavras.
- Eu não queria isso! Eu... – olhou todas aquelas luzes, que mesmo sendo bem tarde continuavam iluminando toda a cidade. – Eu não queria vê-la. – Ele suspirou.
- Esquece isso, está bem? Já foi! Isso ia acontecer uma hora ou outra. – e voltaram a andar em direção ao carro.
- Eu preferia que fosse ‘ou outra’. – segurou um fraco riso.
- Não dá pra se controlar tudo na vida. – continuou dando apoio ao amigo.
- Está bem. – rolou os seus olhos. Ninguém realmente entende como ele se sente em relação a isso tudo. – Valeu por ter me ouvindo. Eu estava meio que surtando e eu precisava conversar com alguém. – Ele suspirou longamente.
- Você vai ficar bem? – questionou.
- Vou. – achou graça da pergunta um tanto quanto carinhosa de . – Ok! Você venceu, ok? A verdade é que eu só liguei porque eu precisava ouvir a sua voz. – Ele devolveu o carinho de um jeito mais engraçado e um pouco mais exagerado.
- Vai se ferrar, idiota! – imediatamente gargalhou.
- Boa noite, cara. Valeu mesmo! – demonstrou que encerraria a ligação.
- Eu também te amo. – segurou o riso.
- Cala a boca. – rolou os olhos, enquanto ria. – Manda um beijo pra . – Ele disse antes de desligar.
- O te mandou um beijo. – repassou o recado.
- Como ele sabia que eu estava aqui? – sorriu ao olhar pro .
- Acho que todo mundo sabe que você está aqui. – respondeu e ela riu. Agora é fácil deduzir que eles estão juntos.
- Sério? – fez careta.
- Todo mundo já sabe que você está louca por mim e não sai mais do meu pé. – brincou ao rolar os olhos. abriu a boca em meio a risos.
- Você está certo, sabia? Devemos nos afastar um pouco. – entrou no jogo dele, pois ela sabia dar as cartas como ninguém.
- Ah, é? – cerrou os olhos e segurou uma das suas mãos. A levou para mais perto de ‘seu’ carro e a encostou na lateral dele. – Desse jeito está bom? – Ele perguntou, referindo-se a distância entre os dois. estava bem próximo e sabia que ela não ia ter coragem de afastá-lo.
- Eu não sei. Um pouco mais...longe. – sorriu, malandra. Ao invés de se afastar, se aproximou ainda mais. O rosto de ambos estavam próximos e eles olhavam nos olhos um do outro. – Só...mais um pouco. – Ela sussurrou, sentindo a ponta do nariz dele tocar na ponta do seu. O próximo passo era o beijo e saber disso os fez sorrir ainda mais. e se beijaram mais uma vez naquela noite. Eles já estavam ‘ficando sério’ há quase um mês, então já estavam bem acostumados em ter um ao outro.
- Tem razão. Devemos nos afastar. – disse, assim que o beijo foi terminado. segurou o riso, enquanto ele lhe roubava um selinho. – É sério! Eu não aguento mais ficar perto de você. – Ele continuou a brincadeira e beijou uma de suas bochechas. passou os seus braços em volta do pescoço dele e o abraçou. O abraço foi imediatamente correspondido. Se você os visse antes, não acreditaria no que está acontecendo agora.

estava deitado na cama e encarava o teto de seu quarto, como ele costumava fazer todos os dias em sua casa. A cor do teto era diferente daquela vez e ele também não estava em casa, mas a pessoa em quem ele pensava continuava a mesma. Ele não conseguia acreditar no que havia acontecido. Ele não acreditava que havia me visto depois de tudo. É muito para se processar em uma só noite. Ele visitaria o estádio dos Yankees no dia seguinte e ia conhecer os seus ídolos, mas isso não parecia fazer a menor diferença para ele agora. só conseguia pensar em mim e em como eu pude ter feito aquilo com ele. Como eu posso ter tornado tudo aquilo que ele sentia uma coisa tão errada pra ele? Como eu posso continuar fazendo ele se sentir um idiota pelo que ele havia sentido novamente naquela noite? É loucura! É impossível eu ter estragado tudo o que nós construímos por causa do Mark. Ele não conseguia se conformar. Junto com toda essa inconformidade vinha o ódio, a raiva e aquele sentimento de que ele não era bom o bastante.

A breve conversa que havíamos tido naquela noite o havia deixado bem contente, considerando o fato dele ter demonstrado total indiferença, mas ele também havia ficado incomodado com o fato de eu nem sequer tem tentado me explicar. ‘Será que ela acha que não me deve uma explicação? Ela acha mesmo que aquela porcaria de carta é o suficiente?’ era o que ele se perguntava a todo o momento e a cada vez que chegava a uma conclusão, ele se via com ainda mais ódio de mim. Era tão injusto com ele e com tudo o que ele fez por mim todos esses anos. Na primeira oportunidade, eu joguei tudo fora e por causa de quem? Do Mark. Dá pra ser mais humilhante que isso? Dá, é claro que dá! A Amber está ai pra isso, não é?

Eu também estava deitada em minha cama e apesar de estar completamente exausta, eu não conseguia dormir. Porque eu tinha que ter ido naquela droga de boate? Por quê? Por quê? Incrível como essas coisas continuam acontecendo comigo e com o . Incrível como em tantos lugares em Nova York, nós estávamos no mesmo lugar. Olha o destino brincando com a minha cara de novo. Estava tudo indo bem. Eu estava conseguindo superar tudo isso e ele aparece! E ainda aparece daquele jeito: mais musculoso, mais bonito do que nunca e ainda com aquela barba bem rala que dava a ele aquele ar ainda maior de masculinidade e sensualidade. Ok! Porque eu estou pensando nisso? Diante de pensamentos que eu queria abandonar, eu me obriguei a fechar os olhos. Não adiantou. Eu não consigo dormir!

- Qual é... – Eu suspirei, voltando a abrir os olhos.

A minha cabeça não parava um só segundo. É impossível dizer quantas vezes eu reconstruí os detalhes daquela noite na minha cabeça. Por um segundo eu voltei a me lembrar do beijando todas aquelas garotas e uma coisa me veio a mente: e a Amber? Eles não estavam juntos? Eu achei que eles estivessem juntos! Se eles estão, porque ele beijou todas aquelas garotas? Confesso que nesse momento, um sorriso surgiu em meu rosto. Chupa, Amber! Devia ter tirado fotos e enviado pra ela.

Viu só? Continuo pensando! O que eu tenho a ver com a Amber? Dane-se se o está com ela ou não. Isso não é mais da minha conta e muito menos do meu interesse. Quem se importa? Quem se importa se ele está sozinho ou não? Eu não estou! Eu não estaria interessada nem se estivesse sozinha. Eu tenho que colocar na minha cabeça de uma vez por todas: é passado!

Sábado é aquele dia que eu sinto o prazer de fazer algo que eu não faço durante a semana toda: acordar depois do meio dia. A sexta-feira foi cansativa, então eu aproveitei mesmo para descansar. Era quase uma hora da tarde e eu ainda não havia ligado pro Mark, o que o fez ter certeza de que eu ainda estava dormindo. Ele não resistiu! Ele teve que ir até lá. Big Rob o deixou entrar como sempre e ele entrou silenciosamente na casa. Subiu lentamente as escadas e abriu cuidadosamente a porta do meu quarto. Eu ainda dormia calmamente. Eu estava deitada de lado, portanto o meu rosto ficou virado em direção a porta. Mark conseguiu vê-lo assim que adentrou o quarto. Ele sorriu sozinho. Como podia alguém dormir tanto? Aproximou-se da minha cama e sentou-se na beirada. Eu continuei sem notar a presença dele. Mark me observou de mais perto e aproximou uma de suas mãos do meu rosto, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. A atitude dele fez com que eu me movesse na cama. Mark aproximou o seu rosto do meu e levou seus lábios para perto de uma das minhas orelhas.

- Acorda, dorminhoca. – Mark sussurrou no meu ouvido e eu despertei de um jeito absurdamente estranho. Eu não sei se estava sonhando ou se estava ficando maluca, mas eu jurava ter escutado a voz de sussurrar em meu ouvido.
- Não... – Eu saltei na cama e me sentei apressadamente. O meu coração estava quase saindo pela boca e eu respirava com intensidade. Olhei pro Mark ao meu lado e ele me olhava com estranheza. O que foi aquilo?
- Você está bem? – Mark me olhou, preocupado. Eu suspirei longamente e apoiei a minha cabeça na cabeceira da cama.
- Estou! Eu só... – Eu ainda respirava com dificuldade. Eu estava tão obcecada em parar de pensar no e em mantê-lo longe de todas as formas possíveis, que ao achar ter escutado a voz dele sussurrar no meu ouvido eu tive um colapso. A noite passada realmente me afetou de um jeito inexplicável. – Você me assustou. – Eu sorri para que ele não continuasse preocupado. O que está acontecendo comigo?
- Desculpe. – Mark fez careta e eu ainda tentava me estabilizar.
- Espera. Eu vou até o banheiro e já volto. – Eu apontei em direção a porta. – Fica aqui. – Eu pedi ao me levantar. Eu precisava tomar um pouco de ar. Andei apressadamente até o banheiro e depois de trancar a porta, encarei o espelho. Eu tenho que me recompor. Joguei água em meu rosto e escovei os dentes em seguida. Voltei a encarar o espelho e vi que parecia um pouco melhor. O que eu estou fazendo? Tem um cara maravilhoso na minha cama agora e eu estou alucinando com o ? Estava! Quer ver eu esquecer rapidinho?

Mark atendeu o meu pedido e me esperava deitado em minha cama. Ele encarava o teto e se perguntava se a minha mudança de comportamento tinha a ver com o . Cheguei na porta do quarto e vi o Mark deitado em minha cama. Ele notou a minha presença e virou o seu rosto para me olhar. Ele sorriu pra mim e eu cheguei a sentir um certo arrepio. Se antes eu estava receosa em fazer o que eu tanto queria, agora eu estava com coragem. Mesmo de longe, eu devolvi o sorriso pra ele. Comecei a andar em sua direção e ele continuou me observando. Notei que os olhos dele percorreram o meu corpo, que ainda estava coberto com um pijama preto simples, que era composto por uma regata e um shortinho bem justos. Ele não tirou os olhos de mim e eu finalmente cheguei até ele. Como ele estava deitado na ponta da cama, eu teria que passar por cima dele para chegar até o outro lado e é claro que eu usei isso a meu favor. Ao passar por cima dele, fiz questão de tocar o meu corpo no dele e manter o meu rosto bem perto do dele. Não deu tempo nem de encostar o meu corpo no colchão ao lado dele e ele já puxou o meu rosto em direção ao dele. Nossos lábios se colaram assim que ele me colocou sobre o colchão e jogou o seu corpo sobre o meu. Nosso beijo se intensificou com rapidez, mas eu percebi que ele estava se segurando para não avançar tanto o sinal, já que ele sabia que eu era virgem. Ele jamais forçaria nada. Se o Mark já tinha pegada antes, imagina agora na minha cama. Mark estava receoso e eu tive que mostrar pra ele que estava tudo bem. Desci uma das minhas mãos pela sua costa e quando cheguei ao final de sua camiseta, coloquei minha mão por dentro dela e a puxei pra cima.



Eu estava mesmo curtindo e muito o momento. Mark tem um corpo maravilhoso e eu gosto disso. Em meio aos beijos, eu joguei o meu corpo sobre o dele. Eu intensifiquei ainda mais o beijo e eu senti as mãos dele em minha cintura. As mãos dele subiam aos poucos e traziam a minha regata com elas. A minha vontade de continuar com aquilo era mais forte que tudo, mas a minha consciência está acabando com o momento. Não é que eu não quisesse aquilo. Eu quero muito e sinto que vou mandar a minha consciência pro inferno a qualquer momento, mas eu não sinto que estou fazendo pelos motivos certos. Não quero que a minha primeira vez tenha começado com uma tentativa desesperada de provar a mim mesma que o é carta fora do baralho. Além disso, era a primeira vez que tínhamos um momento íntimo como esse. Eu não quero ser assim tão fácil, já que sou tão boa em ser difícil.

Em meio a beijos enlouquecedores que o Mark depositava em meu pescoço, eu me xingava mentalmente, enquanto eu tirava o meu pescoço do alcance dos lábios dele. Eu voltei a beijá-lo, porque eu não queria terminar tudo daquele jeito para que ele achasse que tivesse feito algo errado. No auge da intensidade do nosso beijo e das nossas mãos bobas, eu descolei os meus lábios do dele. Se eu não fizesse agora, não conseguiria fazer depois.

- Bom dia. – Eu sussurrei, mantendo o meu rosto bem próximo ao dele. Eu ainda estava em cima dele.
- Bom dia? – Mark riu em meio a um suspiro. – Você não existe. – Ele negou com a cabeça. Ele ficou um pouco frustrado.
- Posso pedir uma coisa? – Eu perguntei, sem me mover. Eu fiz questão de mudar rapidamente de assunto para que não precisássemos conversar sobre o porque de eu ainda não estar pronta para ter a minha primeira vez.
- Qualquer coisa! – Mark arqueou as sobrancelhas e eu ri, sem jeito.
- Me ensina a pilotar a sua moto? – Eu perguntei. Eu sempre quis aprender e seria uma ótima distração.
- Oh não! – Mark gargalhou. – Acha que é uma boa ideia? – Ele arqueou a sobrancelha.
- Nunca vamos saber se não tentarmos. – Eu ergui os ombros.
- Não sei. Sabe que não é toda garota que fica bonita de capacete, não é? – Mark tentou me fazer desistir, mas a única coisa que conseguiu foi a minha risada.
- Isso é um sim? – Eu perguntei, olhando atentamente pra ele.
- Interpretação livre! – Mark disse com uma expressão engraçada. Foi a mesma coisa que eu havia dito pra ele no outro dia.
- Legal! Então eu vou me trocar, nós comemos alguma coisa e começamos, certo? – Eu perguntei, depois de selar rapidamente os lábios dele.
- Certo. – Mark sorriu, afirmando com a cabeça.
- Beleza. – Eu me levantei e sai de cima dele. Os olhos dele me acompanharam, quando eu fui até o meu guarda-roupa para escolher uma roupa.
- Lembra que eu falei que a minha cor menos favorita era preta? – Mark perguntou, me fazendo olhar pra ele.
- Lembro. – Eu esperei pela continuação.
- Esquece! Eu retiro totalmente o que eu disse. – Mark manteve um sorriso malandro e só depois de alguns segundos eu notei que o meu pijama era preto. A minha gargalhada foi quase que instantânea.
- Vou fingir que não ouvi! – Eu fechei as portas do guarda-roupa e fui em direção a porta do quarto.
- Essa foi boa, não foi? – Mark gritou, segurando o riso.
- Foi péssima, mas vou dar um desconto pela criatividade. – Eu disse antes de sair do quarto e deixar Mark sozinho.

Mark estava rindo a toa. O que foi tudo aquilo? Essa empolgação e disposição que nunca estiveram tão evidentes. Ele não sabia o motivo, mas ele sabia que era bom. Pra quem achou que depois da noite passada, as coisas nunca mais seriam as mesmas. Mark se sentou na cama e não conseguia esconder a sua empolgação com o dia que nós teríamos pela frente. Incrível como eu conseguia conquistá-lo ainda mais a cada dia. Incrível como tudo aquilo continuava avançando sem ele ter controle nenhum.

Eu estava me sentindo um pouco melhor. Não havia mais tanta pressão em mim e no que eu estava pensando ou não. Coloquei uma roupa (VEJA AQUI), fiz um rabo no cabelo e voltei para o quarto. Mark estava sentado na beirada da minha cama e mexia em seu celular, que foi rapidamente guardado em um de seus bolsos quando ele me viu.

- Ei! – Mark sorriu, vendo que eu já estava pronta. – Pronta? – Ele questionou só para ter certeza.
- Pronta! – Eu afirmei com a cabeça, pegando o meu celular e o guardando em meu bolso.
- Vamos então? – Mark levantou-se e eu afirmei com a cabeça em meio a um sorriso.

Nós saímos da minha casa sem saber ao certo onde nós iriámos comer. Deixei que Mark decidisse e ele optou por me levar a um restaurante de fast-food que não ficava tão longe da minha casa. Nós pegamos alguns lanches e algumas batatas fritas e voltamos para a minha casa para comermos. Despejamos tudo sobre a mesa de jantar e nos sentamos para almoçar. Era um pouco mais de 2 da tarde.

- E ae? Já mudou de ideia sobre me ensinar a pilotar a moto? – Eu perguntei entre uma mordida e outra no meu lanche.
- Não, eu vou até o fim dessa vez. – Mark segurou o riso. Eu já havia tentado convencê-lo de me ensinar a fazer aquilo antes, mas ele sempre me enrolava.
- É mesmo? – Eu fiquei impressionada com a sua afirmação.
- Sim! – Mark afirmou com a cabeça. – Só me deixe ligar para um seguro de vida antes e... – Ele foi dizendo, enquanto olhava para o visor de seu celular. Eu imediatamente peguei o celular dele de suas mãos e fingi estar ofendida com a sua afirmação.
- Muito engraçado! – Eu cerrei os olhos.
- Eu ia dizer pra você me dar um tempo para escrever uma carta de despedida para alguém, mas eu me lembrei que eu não tenho ninguém para me despedir. Tem a Meg, mas... – Ele ia dizendo em meio a risos e eu o interrompi.
- Ta legal, eu entendi! – Eu neguei com a cabeça e ele inclinou o seu corpo em minha direção, segurou o meu rosto e selou rapidamente os meus lábios.
- Eu vou te ensinar, está bem? Só estou brincando. – Mark afirmou, depois de descolar os seus lábios do meu. O beijo me arrancou um fraco sorriso. Ele voltou a focar em seu lanche.
- Ok, eu preciso te perguntar uma coisa. Eu estou morrendo de vontade de te perguntar isso a tempos. – Eu fiquei meio sem graça. Não sabia se era certo perguntar.
- Então pergunte. – Mark me olhou, sem entender o que poderia ser tão importante.
- Não me leve a mal, mas eu é que eu não consigo entender uma coisa. – Eu fiz uma breve pausa. – A moto, o carro, a casa enorme... – Eu olhei pra ele. – Se você tem um emprego comum, não tem nem um parente... como é que você paga por tudo isso? Como você mantém esse padrão de vida? – Eu me sentia horrível por estar perguntando aquilo. Mark me olhou por alguns segundos e eu me senti ainda pior. – Desculpa, eu... – Eu já queria retirar o que havia dito.
- Não, tudo bem. – Mark sorriu, me deixando menos sem graça. – É uma boa pergunta, mas eu não vou poder te responder por que eu também não tenho uma resposta pra isso. – Ele afirmou.
- Como assim? – Eu fiquei mais séria. Como isso é possível?
- Eu moro na mesma casa desde que eu me lembro, mas eu nunca vi a minha mãe trabalhar ou fazer qualquer coisa para nos sustentar. Quando eu era menor, eu não me importava. Eu nem entendia sobre esse tipo de assunto. – Mark explicou naturalmente.
- Você nunca perguntou nada sobre assunto? – Eu estava perplexa.
- Quando eu fui ficando maior, as perguntas foram surgindo. Eu perguntei diversas vezes para a minha mãe, mas ela sempre desconversava ou dizia que era uma herança de um tio que ela havia recebido há muito tempo. – Mark rolou os olhos. Ele soube que sua mãe o enganou por anos, mas não a culpava por isso.
- Uma herança? – Eu repeti, pois estava desacreditando. Ele não poderia ter acreditado naquilo.
- Eu sei! A pior desculpa que eu já ouvi também. – Mark fez careta. – Eu nunca acreditei nessa história. Esse assunto me fez ficar louco por alguns dias. Eu comecei a investigar para ver se conseguia descobrir alguma coisa e a única coisa que achei foi que havia uma conta em um banco. Minha mãe sacava dinheiro lá quase sempre. – Ele explicou. – Uma vez eu até achei uns extratos escondidos em uma bolsa guardada dentro de um armário no quarto dela. Os extratos mostravam depósitos que eram feitos na conta da minha mãe uma vez por mês. Eram saldos enormes. – Mark ainda parecia incomodado e perplexo com tudo aquilo.
- Você não conseguiu descobrir quem fazia os depósitos? – Eu o interrompi. Eu estava completamente surpresa com o que ele estava me contando.
- Eu tentei diversas vezes. Eu tentei até mesmo depois que a minha mãe morreu, quando a conta foi passada para o meu nome. Não tem dado bancário, não tem nada. A única coisa que eu consigo ter acesso é o dia em que foi sacado. – Mark continuou explicando.
- Isso é... – Eu neguei com a cabeça. Que absurdo é esse?
- Eu sei! – Mark concordou. – Eu ganhei a moto no meu aniversário de 16 anos e o carro aos 18 anos. A casa está completamente paga e a única coisa que eu sei é que todo o mês alguém deposita um valor alto na minha conta. Não tem um mês que o depósito não é feito e é impossível descobrir quem é a pessoa que está fazendo esses depósitos. – Ele ergueu os ombros.
- Inacreditável. – Eu nem sabia o que dizer.
- Na época em que eu trabalhava, eu fiquei uns dois meses sem mexer nesse dinheiro para ver se os depósitos paravam, mas não deu certo. Se eu deixo o dinheiro lá ele vai acumulando, mês após mês. – Mark não se sentia tão confortável usando esse dinheiro que ele não sabia de onde vinha, mas ele não tinha a opção de fazer os depósitos pararem de serem feitos.
- Você não desconfia de ninguém? – Eu perguntei. Devia ter alguém!
- Na verdade, não. Eu nunca conheci nenhum parente ou qualquer conhecida da minha mãe. – Mark explicou, parecendo confuso demais. Aquele assunto realmente mexia com ele. – Por um tempo eu cheguei a imaginar que pudesse ser o meu pai. Eu não sei! Talvez o cara sinta remorso por nunca ter me conhecido e deposite o dinheiro para se sentir melhor! – Ele rolou os olhos. – Mas, honestamente? Eu realmente perdi as esperanças sobre o meu pai. O cara nunca se importou e fez tudo muito bem feito para que eu não descobrisse quem ele é. Eu não acho que ele se daria ao trabalho de gastar todo esse dinheiro comigo. – Ele negou com a cabeça. Eu rapidamente notei a revolta que ele tinha em relação ao pai.
- Você já procurou em orfanatos ou nessas casas religiosas que eles abrigam crianças? Você nunca achou nada? – Já que estávamos falando daquele assunto, eu quis ajudar de alguma forma.
- Minha mãe me disse uma vez sobre um orfanato, mas não deu muitos detalhes. Ela evitava falar nesse assunto e eu não insistia porque toda vez ela ficava mal. Eu já revirei todos os orfanatos dessa cidade e da região. Nada! Nenhum registro com o nome da minha mãe. – Mark explicou.
- Isso é tão estranho... – Eu comentei, sabendo que havia alguma coisa errada.
- Você não sabe quantas vezes eu perdi o sono pensando nisso, mas as vezes acho que nunca vou descobrir o que tem por trás de tudo isso. – Mark rolou os olhos. Ele não queria demonstrar que aquele assunto o deixava mal, mas já era um pouco tarde. – Enfim, é complicado. – Ele se recompôs. Voltou a comer o seu lanche e eu percebi que ele queria encerrar aquele assunto. – Mas, e então? Você quer outro lanche? – Agora ele mudou de assunto de vez. Eu entendi o recado.
- Não, obrigada. – Eu sorri fraco, pois ainda tentava processar todas aquelas informações. O Mark realmente tem uma vida difícil e cheia de perguntas que podem nunca ser respondidas. Eu queria tanto poder ajudá-lo a descobrir alguma coisa. Qualquer coisa!

estava saindo da sala de reunião dos sócios e gestores dos Yankees. Foi extremamente difícil manter a calma e o profissionalismo, já que ele estava em uma das salas do enorme estádio dos Yankees. Ele ainda não havia tido a oportunidade de conhecer os jogadores, mas conseguiu vê-los de longe. Eles treinavam no campo e não quis se aproximar para não bancar o fã louco perto da presidência do time.

A falta de sono da noite anterior havia afetado um pouco o seu comportamento naquela manhã. Apesar de ter sido uma reunião ótima e aparentemente promissora, demonstrou muita desatenção em alguns momentos, mas sempre consertava com alguma piadinha boba, o que acabou tornando a reunião menos chata. A reunião foi apenas o inicio de uma discussão para um possível contrato entre ambas as partes, mas os gestores não demoraram a perceber o porquê de o ser o mais novo garoto prodígio da publicidade. A única missão de era entender a ideia e tudo o que a empresa ‘Yankees’ quer passar para seus clientes/torcedores e engajá-la em uma boa estratégia de Marketing. Isso poderia ser mais fácil para , considerando que ele também era um fiel torcedor.

Após sair da reunião, ligou imediatamente para os amigos para contar que estava no estádio dos Yankees e que havia visto os jogadores de longe. surtou, fez milhões de perguntas e cobrou novamente os ingressos de primeira fila. estava extremamente feliz com o seu trabalho e com a oportunidade que estava tendo, mas algo parecia estar faltando. Ainda havia alguma coisa muito errada dentro dele e ele adorava fingir que não sabia do que se tratava.

Seguiu para o hotel, pois tinha que fazer um relatório para enviar ao seu chefe para deixá-lo ciente sobre as novidades da conta dos Yankees. Depois de almoçar, se concentrou para escrever o relatório, mas foi difícil escrever alguma coisa. Apesar de luxuoso, o hotel tinha alguns problemas. As vezes os recepcionistas do hotel ligavam perguntando se ele queria alguma coisa ou se algo estava faltando e não conseguia se concentrar. Como se isso já não fosse o bastante, também tinha o vizinho de quarto que era um pouco balhurento demais. Após algumas horas, conseguiu acabar o relatório e enviar via email para o seu chefe. Pronto! Agora ele já havia feito o seu trabalho daquele dia. Agora teria que esperar a próxima reunião que seria em 2 dias. Nesses 2 dias ele poderia fazer qualquer coisa.

- Não acredito que vamos finalmente fazer isso! – Eu estava completamente animada com a ideia de aprender a pilotar uma moto.
- Nem eu. – Mark brincou, enquanto abria a garagem de sua casa.
- Qual é! Não pode ser tão ruim. – Eu quis motivá-lo.
- Vamos ver. – Mark virou-se de costas e entrou de vez na garagem, indo para o fundo dela. Eu fiquei do lado de fora e segundos depois vi ele guiando a moto em minha direção. Era uma moto muito bonita, mas eu não sabia dizer se era de última geração ou não. Eu não entendo nada de motos. – Vem comigo. – Mark me chamou e fez um sinal com a cabeça. Eu o acompanhei, enquanto ele continuava guiando a moto até a rua. A rua não estava tão movimentada, aliás, ela nunca foi muito movimentada. – Ok, vem aqui. – Ele olhou pra mim depois de parar a moto em uma das laterais da rua.
- Sim.. – Eu achei que ele me passaria alguma instrução. Parei ao lado dele e ele segurou a moto com uma das mãos.
- Sobe aqui. – Mark deixou de me olhar a apontou para o assento da moto.
- Jura? Já? – Eu tentei conter a minha empolgação. – Ok! – Eu não perdi tempo. Subi na moto com uma certa dificuldade, que o fez rir de mim silenciosamente. - Caramba! É pesada.. – Eu comentei, me referindo ao peso da moto.
- Acha que aguenta com o peso da moto? – Mark perguntou, segurando o guidão .
- Eu não sei. Vamos descobrir. – Eu levei as minhas mãos até o guidão.
- Espera! Primeiro o capacete. – Mark estendeu o capacete em minha direção.
- Beleza. – Eu concordei rapidamente. Coloquei o capacete e olhei pra ele. – Ficou bom? – Eu fiz careta. Eu tinha certeza que estava horrível.
- Está linda. – Mark sorriu, admirado.
- Legal! Vamos fazer isso. – Eu devolvi o tímido sorriso e voltei a segurar o guidão da moto, que ele foi soltando aos poucos. Quando ele soltou totalmente, eu quase desabei para um dos lados. – OH, MEU DEUS! – Eu gritei em meio a gargalhadas. Mark voltou a segurar a moto as pressas.
- Você não aguenta com a moto! – Mark também estava rindo.
- Não! Eu aguento! É porque eu não tinha noção do peso. Agora eu tenho e eu consigo. Pode soltar. – Eu disse na tentativa de ter uma segunda chance. Eu sabia que se eu não aguentasse a moto nós não poderíamos continuar com aquilo.
- Certeza? – Mark estava receoso.
- Vai! – Eu segurei o guidão com mais firmeza. Ele soltou lentamente a moto e eu consegui manter o equilíbrio por alguns segundos e em seguida a moto voltou a cair para um dos lados, mas eu consegui evitar que ambos fossemos para o chão, colocando o meu pé no chão para mantê-la de pé.
- Boa! – Mark sorriu, admirado.
- Você não esperava por essa, não é? – Eu soltei um dos guidões, pois tinha a intenção de levar uma das mãos até o nariz dele para apertá-lo.
- Não solta! – Mark se assustou, quando percebeu que a moto quase caiu novamente. Eu a segurei a tempo.
- Desculpa! – Eu sou tão desatenta.
- Foca no que você está fazendo. – Mark aconselhou e eu entendi como uma bronca. Ele estava certo.
- Tudo bem! Agora é sério. – Eu engoli seco e fiz cara de séria.
- Está bem. Então, olha só... – Mark passou os seus braços em torno do meu corpo e também segurou o guidão. O queixo dele estava apoiado em um dos meus ombros. – Aqui é onde você acelera. – Ele simulou girar o acelerador. – Aqui você troca de marcha e aqui... – Ele demonstrou. – Aqui é onde você freia. De inicio é bom você só aprender o freio de mão. Quando você estiver quase parando a moto, coloque um dos seus pés no chão ou a moto vai cair. – Mark avisou.
- É, eu já sabia dessa. – Eu segurei o sorriso, considerando que eu quase havia caído 2 vezes naquele dia.
- Acho que isso é o fundamental. – Mark tentou se lembrar de algo que pudesse estar esquecendo.
- E onde eu ligo? – Eu perguntei com toda a pressa. Eu queria dirigir logo.
- Aqui... – Mark pegou a chave em seu bolso e a colocou no contato, ligando a moto em seguida.
- Uau... – Eu estava com a adrenalina a mil!
- Ah! Tem mais uma coisa. Quando você estiver andando, mantenha os seus pés aqui. – Mark olhou para baixo e demonstrou com um dos pés onde eu deveria colocar os meus. Coloquei ambos os pés no local indicado por ele, enquanto ele mantinha os dele no chão para segurar a moto.
- Estou fazendo certo? – Eu perguntei, me atentando para todos os detalhes. Minhas mãos estavam no acelerador e os meus pés fora do chão.
- Está ótimo. – Mark afirmou. – Então ta! Vamos revisar! – Ele queria ter certeza que eu havia entendido tudo. – Onde muda a marcha? – Mark questionou.
- Aqui. – Eu soltei o guidão por dois segundos para apontar.
- Isso! E onde freia? – Mark perguntou novamente.
- Desse lado.. – Eu voltei a demonstrar. A moto continuava ligada.
- Isso mesmo... – Mark sorriu, orgulhoso. – Está bem! E onde você acelera? – Ele fez a última pergunta. Pra que ele foi perguntar? Com a maior inocência e estupidez do mundo, eu coloquei a mão no acelerador e para demonstrar que eu sabia acelerar eu fiz a coisa mais óbvia do mundo: eu acelerei! A moto acelerou abruptamente e Mark que estava com os pés no chão acabou ficando para trás. Ele não esperava por aquilo.
- MEU DEUS! – Eu gritei, quando percebi que aquilo não foi planejado. Mark não estava comigo! – O QUE EU FAÇO? O QUE EU FAÇO? – Eu gritei histericamente e parei de acelerar, quando percebi que Mark estava correndo atrás de mim.



- NÃO ACELERA! – Mark gritou, enquanto corria feito um louco atrás da moto. A moto estava perdendo a velocidade e eu não sabia o que fazer. A moto começou a se desequilibrar e eu comecei a colocar os pés no chão. Eu estava prestes a levar o maior tombo de todos, quando o Mark saltou e sentou no ‘banco’ traseiro, agarrando o guidão com toda a velocidade do mundo. – Você está bem? – Ele perguntou, enquanto continuava guiando a moto naquela mesma posição. O queixo dele estava novamente apoiado em um dos meus ombros.
- Você está brincando? – Eu suspirei e sorri com tamanha adrenalina. Meu coração estava a mil! – Isso foi loucura. – Eu comecei a gargalhar.
- Você está rindo? Eu quase morri de susto. – Mark disse, sem conseguir conter a risada também.
- Está bem! Acho que esse é o fim da minha vida de motoqueira, não é? – Eu também não pretendia tentar depois do que havia acontecido.
- Você acha? – Mark ironizou e eu rolei os olhos. – Vamos voltar? – Ele perguntou, parando a moto.
- Me leva pra dar uma volta? – Eu perguntei, assim que ele parou a moto.
- Claro. – Mark concordou imediatamente. Ele foi para o ‘banco’ da frente da moto e eu fui para o de trás. Quando voltou a ligar a moto, eu agarrei a sua cintura. Eu secretamente gostei de apertar aquele corpo e tocar naquele tanquinho.

Foi libertador dar aquela volta de moto. O vento no meu rosto, cabelos ao vento e a cabeça mais vazia do que nunca. Eu não estava pensando em nada. Eu não estava lembrando dos problemas ou de qualquer outra pessoa. Eu só estava curtindo o momento e eu acho que estava precisando disso. Ainda mais depois de... esquece! Não vou me lembrar disso agora!

Depois de darmos uma volta no quarteirão, voltamos para casa. Mark demoraria para parar de me zuar por conta do que aconteceu com a moto. Passamos a tarde toda juntos como de costume. Vimos alguns filmes e fizemos até pipoca. Quando acabamos de ver o filme, Mark quis ver um jogo de basquete que estava passando na TV e eu aproveitei para levar toda aquela sujeira que havíamos feito para a cozinha. Recolhi os copos e os potes de pipoca e os levei em direção a cozinha. Os primeiros segundos sozinha novamente e a minha cabeça já foi para outro lugar. Era como se tivesse um botão na minha cabeça que ligava e desligava na hora que quisesse. Eu não tinha controle sobre nada.

Ao juntar a louça na pia, comecei a lavá-la. Era pouquíssima coisa e não levaria mais que dois minutos. Idiota, eu sei, mas eu não consigo controlar os meus sentimentos, quem dirá as minhas memórias. Eu tive que lembrar da primeira vez que eu assisti o jogo dos Yankees com o . A Amber estava lá e foi a maior confusão, mas eu me lembro de nós fazermos as pipocas juntos e depois limparmos toda a sujeira, pois não queríamos que a mãe dele ficasse brava quando ela voltasse pra casa. Eu me lembro como se fosse hoje de cada palavra que ele me disse naquele dia. Eu me lembro dele se esforçando para me fazer enxergar que era eu quem ele queria e não a Amber. Eu me lembro tão bem dele pedindo que eu fosse superior a ela e não caísse em qualquer provocação. Que baboseira! Do que adiantou?

Incrível como eu perdia a noção de tempo e espaço quando eu começava a pensar em assuntos que envolviam o . Acabei de lavar a louça e parei no centro da cozinha por um tempo. Me lembrei de vê-lo fazendo chocolate quente naquele mesmo lugar. Andei espontaneamente até a porta que dava acesso ao quintal e a abri. Pisei na varanda que ficava antes do gramado e de lá avistei o topo do mesmo gramado. Aquele mesmo gramado em que havíamos visto o nascer do sol juntos com aquelas xícaras de chocolate quente preparados por ele. Apoiei a lateral do meu corpo em um dos pilares de concreto que havia na varanda. Os meus olhos continuavam fixos no topo daquele gramado e parecia que eu estava sentindo tudo de novo. O que eu senti foi tão real, tão genuíno e tão forte que é um sentimento que eu jamais esqueci. Esse sentimento esteve guardado há tempos e eu tinha certeza que ele não seria mais útil, mas agora, olhando para o topo daquele gramado eu consigo senti-lo novamente. Eu ficava me fazendo uma única pergunta, mas parece que eu nunca vou conseguir a resposta para ela. Quando foi que ele deixou de ser o garoto que esteve no topo daquele gramado comigo para ser aquele cara que beijou 3 na noite anterior? Eu não entendo.

Mesmo estando concentrado no jogo, Mark não pode deixar de perceber a minha demora para voltar. Ele se levantou e foi em direção a cozinha. Ao chegar na cozinha, estranhou o fato de não me encontrar lá, mas viu que a porta do quintal estava aberta. Andou até a porta e ao passar por ela, me viu apoiada naquele pilar de concreto. O olhar estava fixo em algum lugar e o pensamento estava longe, já que eu nem havia notado a presença dele até aquele momento. Me ver daquele jeito fez com que Mark sentisse uma coisa ruim. Uma coisa que parecia dizer a ele o que aquilo parecia ser, mas que ao mesmo tempo dizia para ele ignorar e fingir que não sabia do que se tratava.

- ? – Mark chamou pelo meu nome e eu senti um frio enorme na barriga. Droga! O que eu estou fazendo? Fechei os olhos por dois segundos para me recompor.



- Oi! – Eu disse assim que me virei em direção a ele. Dei o meu melhor sorriso, porque eu não queria que ele desconfiasse de nada. Eu não queria que ele soubesse do que eu estava lembrando.
- Você está bem? – Mark deu alguns passos na minha direção.
- Estou! – Eu afirmei com a cabeça ainda com o sorriso no rosto. – Eu só... – Eu apontei para trás. – Eu estava me lembrando de quando os meus amigos e o meu irmão estiveram aqui. Eu sinto falta deles. – Eu olhei pra ele com um sorriso mais murcho. Porque eu estou mentindo pra ele? Deus! Eu estou mentindo até pra mim mesma! Mark voltou a se aproximar e quando chegou ao meu lado, passou seus braços em torno do meu corpo e colou meu corpo ao seu.
- Faz muito tempo, não é? – Mark acariciou a minha cabeça com seus dedos, enquanto eu mantinha a minha cabeça apoiada entre o seu ombro e o seu pescoço.

Eu sei que você deve estar me achando uma vadia! Pensando em um e abraçando o outro, mas não é bem assim. Eu juro que adoro estar nos braços do Mark. Eu amo o jeito que ele cuida de mim e enxerga tudo o que eu estou sentindo através do meu olhar. Ninguém pode fazer com que eu me sinta melhor do que ele. Eu amo estar com ele e sei que não conseguiria viver sem as nossas brincadeiras, sem aqueles olhos verdes me encarando e sem aquele sorriso tão calmo que fazia com que qualquer problema desaparecesse em segundos. É diferente com o ! Na verdade, eu nem mesmo sei o que é! É uma coisa que parece ter ficado impregnada em mim desde a época que estávamos juntos. Os momentos que nós vivemos juntos foram tão épicos, que eu jamais vou conseguir esquecê-los e, talvez, essa coisa que eu sinta esteja relacionada a esses momentos. Talvez eu ainda tenha esperanças de voltar a viver aquilo novamente, mas está mais do que na cara que ele e eu não somos mais os mesmos, então qual é o ponto? Isso vai acabar me matando!

- Faz... – Eu disse em meio a um suspiro.

Mark estava tendo uma reação bem parecida com a minha em relação a tudo aquilo. Ele sabia que alguma coisa estava acontecendo, mas ele também não queria aceitar. Mark sempre procurou tantas respostas em sua vida, mas dessa vez ele não quer resposta alguma. Ele só quer a mim. Ele não quer pensar em qualquer outra possiblidade em que eu não esteja com ele. Isso o assustava e muito.

era um problema a parte! Ele tinha os seus princípios e o seu orgulho e não pretendia deixá-los de lado por nada e nem por ninguém. Nem que esse alguém significasse a única garota que ele amou até hoje. jamais me perdoaria pelo que eu havia feito. Ele jamais iria me perdoar por tê-lo trocado por alguém que eu prometi ser só um amigo. Ele jamais me perdoaria por tê-lo feito passar os piores momentos da sua vida e por tê-lo feito se sentir um nada. não admitia a forma fria com que eu havia terminado o nosso relacionamento. Era impossível aceitar! Era impossível perdoar, mas também era impossível esquecer. Todo o trabalho que ele havia tido nos últimos meses para me superar foi jogado no lixo com um só olhar na noite passada. Como lidar com isso? Passar por tudo de novo? Trabalhar todos os dias para superar novamente? É isso que ele vai ter que fazer cada vez que me ver? Que merda de vida é essa que ele está pretendendo ter?

- , o que há de errado com você? – Meg finalmente atreveu-se a perguntar depois de me ver agir estranhamente durante toda a semana.
- Como assim o que há de errado comigo? – Eu a olhei, enquanto conferíamos alguns resultados de exames de sangue que havíamos feito durante o dia.
- Porque está agindo desse jeito? – Meg me olhou de canto de olho.
- Eu estou agindo normalmente. – Eu suspirei longamente. É difícil enumerar quantas vezes eu ouvi isso durante a semana.
- Jura? – Meg ironizou.
- Olha só, o que vocês querem de mim? – Eu larguei os exames e a olhei com irritação. – Porque todo mundo fica me perguntando isso? – Eu abri os braços.
- Talvez porque seja verdade? – Meg me encarou.
- Não há nada errado comigo! Eu estou bem! Estou ótima! – Eu respirei fundo para tentar me acalmar. Me acalmar sim, porque pensar que o fato de ter reencontrado está me deixando maluca e que todos em minha volta estão percebendo isso me deixa furiosa.
- Quer saber? Eu vou mandar a real de uma vez! – Meg cansou de fingir que não sabia qual era o problema. – Você está agindo desse jeito desde que viu o mané do seu ex na semana passada! – Quem mais falaria isso na minha cara?
- Ah, cala a boca, Meg! – Eu revirei os olhos e deixei de olhá-la, voltando a minha atenção para os papéis na minha mão.
- Você não para de pensar nele, não é? Pode falar! – Meg estava me encorajando a colocar tudo pra fora, mas eu não vou! Não vou! Não há nada para colocar pra fora!
- Eu não tenho nada a dizer! Eu estou com o Mark. Fim! – Eu quis encerrar o assunto.
- Se é nisso que você acreditar, vá em frente. Quando descobrir a verdade, pode vir falar comigo. – Meg disse antes de pegar os seus papéis e sair da sala, me deixando sozinha.

Está tão na cara assim? Até as pessoas que menos me conhecem notaram a minha mudança de comportamento. O que está acontecendo comigo? Porque estou deixando isso tomar uma proporção maior do que deveria? Meus amigos de Atlantic City só não haviam notado porque não me viram nos últimos meses e até onde eu sei, nenhum deles sabe que eu reencontrei o . e sabiam, mas haviam sido avisados pelo . Ambos preferiram não falar sobre isso comigo para não me colocar sobre pressão e nem para que eu soubesse que também havia ficado abalado com aquele reencontro. Uma hora eu vou ter que acabar falando pra alguém ou isso ainda vai me matar. Está consumindo cada parte de mim e está completamente fora de controle.

Durante a semana, teve mais dois encontros com a presidência dos Yankees. As reuniões eram longas, mas poucos detalhes acabavam sendo resolvidos, demonstrando que teria que ficar mais algumas semanas na cidade. Não haveria problema para a sua empresa e também não haveria problema para a faculdade, já que ele havia trancado a matrícula durante a viagem e retomaria tudo quando voltasse. Sua mãe ligava todos os dias e reclamava de saudades, mas nunca dava uma previsão de volta. Sua mãe também perguntava todos os dias porque ele parecia não estar bem. Ela fazia milhões de perguntas para ter certeza de que estava bem, mas ele nunca a convencia. Qualquer sentimento que o vem tendo nos últimos dias é baseado na raiva que ele têm mantido dentro de si.

quase não saiu durante a semana. O hotel ficava o dia todo enchendo o seu saco e quando ele saia, a única coisa que ele conseguia fazer era me procurar. Me procurar nas ruas, me procurar nos bares, nas lojas, nos restaurantes, nas esquinas ou em qualquer outro lugar. Ele queria ter a oportunidade de me ver de novo, mas ele não sabia qual seria a sua reação dessa vez. Ele estava furioso e tinha um discurso todo ensaiado para cuspir na minha cara. só precisava de coragem.

Mark era a pessoa que mais havia percebido a minha mudança de comportamento e também era a pessoa de quem eu mais havia tentado esconder. Ele sabia que estava me perdendo aos pouco e não havia nada que ele podia fazer. Foi por isso que ele adiou o pedido de namoro, agora, por período indeterminado, talvez, nunca. Era difícil pra ele, porque eu fui a primeira pessoa em quem ele realmente confiou e pra quem ele se doou totalmente depois de tudo o que ele já perdeu. Mark não sabia como seria perder alguém novamente.

A resto da semana se passou e acabou sendo exatamente o que eu havia previsto: uma droga. Uma parte do tempo eu fiquei me sentindo perdida, como se pertencesse a outro mundo e na outra parte do tempo eu me odiava por isso. Era exaustivo ficar lutando contra mim mesma e ainda ter que sorrir e dizer que está tudo ótimo! Várias vezes eu me pegava pensando, enquanto olhava pra um ponto fixo e só depois eu olhava no relógio e percebia que já haviam se passado 10 minutos. O Mark, inclusive, havia flagrado vários desses momentos e eu usava uma desculpa pior que a outra. Depois disso, vinha aquele arrependimento por não estar sendo honesta com ele. Eu queria gritar a verdade pro mundo. Eu queria por tudo o que eu tenho pra falar pra fora, mas eu sei que não é ele quem deve ouvir.

Era manhã de sábado, quando o toque do meu celular me acordou. Eu demorei para acordar e fui obrigada a ver as horas, porque eu queria ter certeza de que eu poderia dormir muito ainda. O visor do celular mostrava o número de , que continuava ligando insistentemente no meu celular. Não se pode dormir sossegada?

- Oi . – Eu atendi, mantendo-me deitada na cama. Os meus olhos estavam fechados.
- Achei que não acordaria nunca! – suspirou, aliviado.
- Então você sabia que ia me acordar? Que ótimo! – Eu ironizei.
- Desculpa, ! É que é...importante. – parecia confuso, sentado na cadeira em seu quarto com os pés sobre a cama.
- Aconteceu alguma coisa? – Eu fiquei imediatamente preocupada.
- Aconteceu. – não se prolongou.
- O que foi que aconteceu? – Eu arrumei coragem para abrir os olhos.
- Eu acho que...estou apaixonado. – continuou sendo breve, mas suas poucas palavras foram suficientes.
- Jura? – A afirmação dele até me arrancou um sorriso.
- O que eu faço? – precisava de ajuda. Ele não estava acostumado a esse tipo de coisa.
- Engraçado você me perguntar isso logo agora. – Eu ironizei, negando com a cabeça. – Eu não acho que eu seja a melhor pessoa para te dar esse conselho agora. – Eu disse depois de alguns segundos de silêncio.
- Você é a minha melhor amiga, lembra? Eu estou precisando da sua ajuda. – insistiu. Mesmo dizendo com jeitinho, eu me senti horrível por estar recusando ajuda ao meu melhor amigo.
- Você a ama? – Eu questionei, depois de achar um rápido caminho para um belo conselho.
- Amo! – riu, pois se achou um idiota dizendo isso em voz alta.
- Então você tem que contar a ela. – Eu afirmei sem ter qualquer dúvida. – Você tem que conversar com ela, porque não falar só vai deixá-la confusa. – O conselho também servia para mim.
- Mas e se ela não sentir o mesmo? – demonstrou o que realmente o amedrontava.
- Acha mesmo que é possível? – Eu nem cogitei aquela possibilidade. – Pense! Pense sobre cada momento que vocês viveram juntos. Pense em cada sorriso e em cada olhar que vocês trocaram. No fundo, você sabe se o que você sente é correspondido ou não. – Quem vê eu entendo muito dessa coisa louca chamada amor.
- Ok, ok! Eu preciso te falar! – estava se segurando para não contar a parte principal. – Você ainda não sabe a pior parte. – Ele sorriu, nervoso.
- O que foi? – Eu franzi a testa, enquanto me perguntava do que é que ele estava falando.
- Eu... – rolou os olhos. – Eu estava passando por uma loja de joias esses dias e... eu tinha algumas economias em casa de algumas mesadas e... – Ele não conseguia terminar.
- , você comprou um anel pra ela? – Eu imediatamente me sentei na cama. Foi a coisa mais surpreendente que eu havia escutado nas últimas semanas.
- E se eu disser que sim? – fez careta.
- Uau... – Eu estava em choque. estava considerando pedir a em namoro. Quando foi que isso aconteceu? Quanto tempo eu dormi?
- Eu sei... – sorriu, nervoso.
- Ok, espere um minuto. Eu ainda estou em choque. – Eu olhei para qualquer canto do meu quarto.
- Isso é loucura! Eu... nem sei o que estou fazendo. – imediatamente se achou um idiota por ter considerado aquela possibilidade.
- Você está fazendo a coisa certa! ! Você sempre quis isso. Ela sempre quis isso! O que pode ser melhor do que isso? – Eu tinha que convencê-lo a fazer aquilo.
- Não é rápido demais? – preocupava-se em estar pulando etapas demais.
- Rápido demais? Quem foi que disse que existe um tempo certo para se descobrir que está apaixonado por alguém? Cada um tem o seu tempo. – Eu comecei a explicar. Eu o convenceria a fazer aquilo a qualquer custo! – No meu caso com o , por exemplo, tudo aconteceu tão rápido. Já com o Mark, nós estamos juntos há meses e... nada! – Eu nem me dei conta da ridícula comparação que estava fazendo.
- Talvez isso queira dizer alguma coisa. – tinha que fazer esse comentário infeliz. Foi como um estalo na minha cabeça e eu me senti na obrigação de ficar na defensiva.
- Sim! Quer dizer que tempo não significa nada, mas sim o que você sente. Não importa se vocês estão juntos há 2 dias ou há 2 meses! Você a ama? Vá até lá e consiga a garota. – Desculpa mundo, mas isso é o melhor conselho que eu consegui. O meu conselho fez sorrir, sem mostrar os dentes.
- Eu confio em você. – afirmou. – Se você está me dizendo isso, eu acredito em você! – Ele afirmou com toda a segurança do mundo. Ouvir ele dizer aquilo me fez querer tê-lo por perto para abraçá-lo e pedir a ele o conselho que eu tanto precisava ouvir.
- Awn...Eu sinto sua falta. – Eu sorri sem mostrar os dentes.
- Eu também sinto a sua. Só um pouquinho... – brincou, arrancando de mim um sorriso maior.
- Faça, ok? Faça do seu jeito e eu duvido que ela recuse o seu pedido. – Eu o encorajei ainda mais.
- Deixa comigo. – queria tanto que eu estivesse ali para que ele me agradecesse como deveria. – Eu amo você! – Ele completou.
- Eu também. – Eu voltei a sorrir e logo depois ouvi a ligação ser desligada.



Meu melhor amigo vai pedir a minha melhor amiga em namoro. O quão surreal e maravilhoso isso pode ser? Eu estou nas nuvens, pois eu não estou em Atlantic City, mas os meus melhores amigos estão cuidando uns dos outros. Eu queria muito estar lá para ver o colocar em prática tudo o que ele sempre quis. Eu queria estar lá para me lembrar como era aquela sensação de se sentir incrivelmente amada por causa de um simples pedido e de um anel, mas ao mesmo tempo eu sabia que aquilo seria a coisa mais torturante que eu faria. Torturante sim, porque me lembrar daquela voz cantando a minha música favorita e daqueles olhos tão apaixonados me fazendo aquela pergunta mais do que óbvia me fariam desabar e me jogariam de volta pro fundo do poço. Eu não posso fazer isso.

, tenho que resolver alguns problemas do trabalho agora de manhã. Me desculpe por não ter estado ai quando você acordou e por não almoçar com você. Apareço na sua casa assim que eu chegar.

Beijos, Mark.’

A mensagem havia sido deixada há mais ou menos uma hora atrás. Saber que eu teria que almoçar sozinha foi um pouco desesperador, considerando o estado em que eu me encontrava logo no início daquela manhã de sábado. Eu precisava me distrair e ficar sozinha só torna tudo mais difícil.

Mais uma reunião com a presidência dos Yankees e nada muito decidido. ainda não sabia quanto tempo teria que ficar em Nova York até que o contrato fosse fechado, mas ele também não sabia se essa era uma boa notícia ou não. Ir embora não era uma opção, mas ele já havia cogitado essa ideia nos últimos dias. Depois do nosso reencontro na semana passada, tudo havia mudado. Ele não estava normal. não conseguia fazer nada sem pensar em mim. Ele tinha a impressão de me ver em cada esquina cada vez que ele dirigia nas ruas de Nova York. Além disso, também tinha os sonhos comigo, que estavam mais frequentes do que nunca. Pensar que ele perdeu a oportunidade de me dizer tudo o que ele sempre quis o deixava furioso. Ele não conseguiria seguir em frente enquanto não me fizesse ouvir tudo o que ele precisava dizer.

- Ainda não conseguiu um ingresso pra nós? – questionou ao falar com no telefone.
- Como a temporada ainda não começou, não dá pra comprar os ingressos. – explicou, enquanto saia do estádio dos Yankees, onde havia acabado de participar de uma reunião.
- Não acredito! – rolou os olhos.
- Eu sei! Que droga! – respondeu sem dar muita atenção, pois ele estava mais preocupado em achar o seu carro no estacionamento do estádio. Ele não lembrava onde o tinha deixado.
- Acha que você ainda vai estar ai no começo da temporada? – questionou.
- Por quê? Está com saudade? – sorriu ao andar em direção ao seu carro. Conseguiu vê-lo no outro lado do estacionamento.
- Estou morrendo de saudade! É claro que não tem nada a ver com a minha vontade de ver o Yankees na primeira fileira. – brincou, arrancando um sorriso ainda maior de .
- É claro que não! Isso nem passou pela minha cabeça. – ironizou e gargalhou.
- Sério! Você vai mesmo demorar pra voltar? Achei que você ficaria pouco tempo. – voltou a falar sério.
- Eu também achei que voltaria logo, mas pelo jeito que as negociações andam... – rolou os olhos.
- Poderia ser pior, não é? Nova York não é tão ruim assim. – quis ver um lado bom em tudo aquilo.
- Ruim? Porque seria ruim? Só porque a minha ex-namorada mora aqui? Imagina. – voltou a ser irônico. Destravou o seu carro e entrou nele.
- Nova York é grande o suficiente para vocês dois. Esqueça isso. – quis desconversar, pois sabia que aquele assunto incomodava .
- Grande demais, né? – negou com a cabeça, olhando para o volante de seu carro. Certamente não sabia do nosso reencontro na semana passada e se dependesse do continuaria sem saber, pois ele não queria ter que detalhar aquele reencontro novamente.
- Isso é passado, ok? Vocês já seguiram em frente e isso é tudo o que importa agora. – não queria continuar valorizando o assunto.

Seguir em frente? Quem foi que seguiu em frente? sabia que tal afirmação não se encaixava com ele, mas sim comigo. Só comigo! Mark era a minha prova de que eu havia seguido em frente e qual era a prova do ? Não há provas para inocentá-lo do crime de não viver a sua vida, mas ele daria um jeito de consegui-las. Ah, ele daria! Ele providenciaria as suas provas. Agora!

- Você está certo! Já está mais do que na hora de seguir em frente. – ligou o carro, pois pretendia desligar o celular. achou a afirmação de estranha.
- Está... tudo bem? – perguntou só para ter certeza.
- Está! Eu posso te ligar depois? É porque eu estou no trânsito e... você sabe... – foi obrigado a mentir. Ele não poderia revelar o motivo de sua pressa.
- É claro! Tudo bem. Nos falamos depois. – não desconfiou de nada.
- Até depois. – disse antes de desligar o celular.

tentou de tudo! Ele tentou o tempo, tentou outras garotas, tentou beber, tentou esquecer, mas nada havia funcionado. Nada havia conseguido fazê-lo seguir em frente e essa vontade enorme dele de me dizer tudo o que ele sempre quis nesses últimos meses pareceu a única saída e possivelmente a sua última opção. Quando nos reencontramos, ele fez questão de me mostrar que havia seguido em frente, mas quando é que ele convenceria a si mesmo disso? Enganar a si mesmo só fazia com que ele adiasse o inadiável. O nó que ele tinha na garganta só havia aumentado durante a semana a cada sonho, a cada garota que ele dava o fora e a cada vez que ele me procurava em todos os lugares que ele ia. precisava resolver os negócios inacabados para deixar o passado no passado.

- Já chega... – suspirou ao pegar o GPS de seu celular e colocar o nome de um Shopping, que ele sabia que ficava perto da minha casa. Ele não conhecia muito bem Nova York, portanto, não sabia como ir até a minha casa de onde ele estava, mas ele saberia se fosse até o Shopping.

Já que eu estaria sozinha, eu acabei comendo o meu café da manhã no lugar do meu almoço. Comi algumas bolachas e fiz um café horrível que não deu nem pra tomar, por isso, optei pelo suco de laranja. Minha mãe me ligou, enquanto eu lavava a louça. Não era sempre que eu tinha disposição para fazer isso. Depois de me contar todas as fofocas da família, minha mãe fez questão de me lembrar de dar uma arrumada na casa de vez em quando. Acho que notei até um certo orgulho vindo dela, quando eu disse que havia acabado de lavar a louça. Consegui desligar o telefonema depois de convencê-la de que estava tudo bem e que tudo estava em ordem. Quando vi que o relógio marcava um pouco mais de 2 horas da tarde, fui trocar o meu pijama por uma roupa descente, já que o Mark poderia chegar a qualquer momento. Coloquei uma regata preta simples e um shortinho jeans. Ia prender o meu cabelo, mas ele parecia tão bonito naquela manhã que eu não quis cometer aquela besteira. Antes de voltar para a sala, peguei um livro da faculdade que precisava acabar de ler. Desci as escadas e me aconcheguei no sofá. Apesar do silêncio favorecer a minha leitura, os meus pensamentos iam contra qualquer coisa que eu tentava fazer para me distrair.

havia acabado de chegar em frente ao Shopping, que ficava bem próximo a minha casa. Agora ele sabia como ir até lá e sabia como estava perto de fazer o que ele tanto queria fazer. Ele não podia dar pra trás agora! Seguiu o seu caminho até a minha casa e depois de percorrer alguns quarteirões, ele entrou na rua da minha casa. diminuiu a velocidade do carro e foi se aproximando aos poucos da minha casa. O coração já estava estranhamente disparado e suas mãos já suavam sem motivo algum.

Depois de andar lentamente pela rua, parou em frente a minha casa. Olhou fixamente para aquela casa e se lembrou de todas as vezes que pensou que jamais voltaria ali. Com o carro já desligado, ele observou a casa por um bom tempo. Milhões de memórias enchiam a sua mente, mas elas foram imediatamente deixadas de lado quando ele olhou para a casa ao lado. Ver a casa de Mark tão perto da minha fazia com que ele se sentisse ainda mais idiota que antes. Ele sempre esteve ali ao lado! É claro que alguma coisa aconteceria. Como ele não pensou nisso? Como ele permitiu que eu viesse morar logo ali? As memórias se transformaram em ódio com facilidade e o ódio só serviu para dar a ele mais coragem para seguir com aquilo. saiu de seu carro e olhou em volta. A rua estava pouco movimentava e ele conseguiu atravessá-la com facilidade. Parou em minha calçada e percebeu que o local onde Big Rob costumava ficar estava vazio. agradeceu mentalmente por isso. Ele também notou que o carro de Mark não estava na garagem, o que quer dizer ele não estava em casa. Mais um bom motivo para continuar com aquilo, já que ele temia a sua reação ao ficar cara a cara com o Mark.

- Qual é... – resmungou ao notar o seu nervosismo de ir até a minha porta. O coração continuava disparado e as mãos ainda suavam frio. – Que se dane! – Ele respirou fundo e seguiu em direção a minha porta. Parou em frente a ela e depois de hesitar por alguns segundos, tocou a campainha.

O livro começava a ficar interessante, quando a campainha me atrapalhou. Eu tinha certeza de que era o Mark. Estava mais do que na hora, não é? Ninguém merece ficar em casa lendo livro em plena tarde de sábado. Fechei o livro com uma certa empolgação e o coloquei sobre a mesinha de centro. Me levantei do sofá com rapidez, pois estava feliz por Mark ter chego. Os meus problemas sumiam da minha mente quando eu estava com ele e ele sempre me distraia como ninguém. Era um baita alivio estar com ele. Cheguei na porta, a destranquei com velocidade e a abri sem qualquer hesitação. Eu estava prestes a dizer um carinhoso ‘Oi’, quando eu finalmente vi quem realmente estava na minha frente. Não era a solução dos meus problemas e sim o causador deles. O meu coração parou instantaneamente e os nossos olhares se cruzaram na mesma hora.

O sorriso que estava em meu rosto foi idêntico ao que eu dei quando eu abri a porta e o vi em sua primeira visita a minha casa há alguns meses atrás. A única diferença é que da outra vez eu pulei em seus braços e dessa vez o sorriso deu lugar a perplexidade. O meu sorriso ao abrir a porta foi como um soco no estômago de e o discurso que havia preparado durante meses se perdeu em meio a tantas sensações que tomaram conta de seu corpo. A expressão séria e cheia do ódio foi embora junto com o ar de um discreto suspiro. O que ele estava fazendo ali?

- Oi... – Eu disse, já que o silêncio estava ficando estranho. Forcei um fraco sorriso, pois não queria que ele soubesse o que realmente se passava dentro de mim. continuou observando o meu rosto, sem responder o meu cumprimento. Quem nos visse ali diria que era apenas uma estranha troca de olhares, mas só nós sabíamos realmente o que aquele momento significava.
- Oi, eu... – levantou uma das mãos e apontou para o seu carro. – Eu estava passando aqui por perto e... – Ele pausou para respirar e para tentar acalmar o que se passava dentro dele. – Eu não sei! Eu pensei em passar aqui. – ergueu os ombros daquele jeito despojado que só ele tinha.
- É mesmo? – O meu sorriso aumentou. Aja normalmente, ! Aja normalmente!
- É, eu achei que nós poderíamos conversar, já que... faz tempo que não fazemos isso há algum tempo. – Mas que papo é esse de faz tempo que não nos falamos? Isso deveria ser mais como ‘Vim jogar na sua cara a sua traição, sua vadia desalmada!’. Qual o problema com ele?
- É, faz... algum tempo mesmo. – Eu concordei com toda a minha babaquice. Porque eu estou agindo assim? O meu sorriso aumentou e ele olhou para os meus lábios por 3 segundos. Deus, me ajude! – Você não quer entrar? – Eu deixei de olhá-lo e abri um pouco mais a porta.
- Quero. – não hesitou. Eu dei passagem e ele passou por mim, entrando na casa. O perfume dele beirou o meu nariz e eu quis morrer. Fechei a porta e a encarei por poucos segundos. Eu estava a mil!



Entrar naquela casa novamente fez com que ele se lembrasse da primeira vez que esteve ali. Todos os nossos amigos estavam com ele e o seu maior problema era o amor não correspondido da irmã do seu melhor amigo. O choque de memórias não fez com que ele perdesse total consciência e ele conseguiu se conter. ainda observava a casa, quando eu me virei para olhá-lo. Tentei me monitorar para não olhá-lo da cabeça aos pés, mas ops... Tarde demais! Ele vestia uma calça jeans preta, uma camiseta preta lisa e por cima um blazer preto, que estava com suas mangas dobradas até um pouco abaixo dos cotovelos. Ele usava um tênis preto e o cabelo estava extremamente arrumado.

- Você quer beber alguma coisa? – Eu precisava me recompor. – Eu tenho refrigerante, suco e... água. – Eu completei. virou-se para me olhar. Porque ele não pode simplesmente parar de me olhar desse jeito?
- Não, valeu. Eu estou bem. – negou com a cabeça, esperando pelo que viria a seguir. Os olhares dele sobre mim me incomodavam, então eu tive que arrumar um jeito de acabar com aquele momento constrangedor.
- E como vai a conta dos Yankees? – Eu escolhi o assunto que mais se afastava do assunto ‘nós’. Eu achei que estava pronta para essa conversa, mas eu não estou.
- Eu acabei de sair de uma reunião com eles. Os caras são um pouco enrolados e querem participar de cada detalhe da parte criativa. Vai levar um pouco mais de tempo do que eu previa. – tentava não demonstrar o seu nervosismo. Ele enxugava as mãos discretamente em sua calça, já que elas continuavam suando frio.
- Deve estar sendo o máximo pra você. – Eu apontei com a cabeça em direção ao sofá para que ele sentasse. Esperei que ele sentasse para que eu me certificasse de sentar bem longe dele. – Os meninos devem ter surtado. – Eu dei um discreto sorriso e ele continuava me olhando daquele jeito intenso, que parecia me sufocar.
- Se eu não conseguir ingressos de primeira fileira pra próxima temporada acho que vou ter que encontrar novos melhores amigos. – brincou e se surpreendeu ao ver que ele ainda sabia me fazer sorrir. Ele gostava da sensação de prazer que aquilo lhe dava.
- Foi o que eu pensei! – Eu concordei sem ter muita noção do tamanho do meu sorriso. Isso sempre acontece quando eu estou com ele.
- E o seu trabalho? Você continua fazendo o mesmo que antes? – mudou o assunto, antes que acabasse se perdendo no meu sorriso novamente.
- Sim! Eu e a Meg dividimos a mesma função. – Eu disse, temendo o rumo da conversa.
- Aquela que estava aquele dia com você era... – relembrou a noite que nos reencontramos. Nós temos mesmo que falar daquela noite? Droga.
- Era a Meg. – Eu confirmei antes que ele terminasse a frase.
- O não para de falar dela. – rolou os olhos, arrancando um outro sorriso de mim.
- Eu não faço a menor ideia do por que. – Eu ergui os ombros e antes que percebêssemos estávamos trocando olhares novamente. - Como está a sua família? E a ? – Eu precisava mudar o assunto. Todos os assuntos pareciam nos levar a situações desconfortáveis. Eu quero sair correndo daqui!
- Estão todos bem. – afirmou, fazendo questão de omitir todas as perguntas sobre mim que tem feito durante esses meses. Ele não queria que eu soubesse que sentiu a minha falta. Eu estava maluca para perguntar sobre o Buddy, mas diante da sua frieza ao responder sobre a sua família, eu não quis arriscar.
- O Buddy está enorme! – Foi como se ele tivesse lido os meus pensamentos.
- Jura? Awwnn... – Eu fiquei toda derretida. Deixar Buddy pra trás foi uma das piores coisas que o término tirou de mim.
- Eu acho que tenho uma foto aqui. – colocou a sua mão no bolso e tirou de lá o seu celular. Eu estava empolgada para ver a foto, mas sabia que eu teria que me aproximar para vê-la. – Aqui. – Ele me olhou, esperando eu me aproximar. Eu me aproximei com todo o pesar do mundo e me sentei ao lado dele. Ele me entregou o seu celular e eu olhei para o visor do mesmo.
- Não! Ele está... tão grande... – Eu olhei perplexamente para a foto. Buddy era o meu ponto fraco. Por 5 segundos eu esqueci que estava ali.
- Ele está terrível! – comentou e eu deixei de olhar a foto para olhá-lo. Foi só então que eu notei o quão próximos nos estávamos. A proximidade também chamou a atenção de , que olhou para o meu rosto e por alguns segundos eu senti aquela ligação que costumávamos ter.

As borboletas estavam fazendo festa no estômago de e ele queria desesperadamente matar uma por uma. Isso não está certo! Essas sensações, essa reação dele e a falta de controle de si mesmo não poderiam estar acontecendo. Depois de tudo o que aconteceu, depois de tudo o que eu fiz e ele ainda não consegue controlar a si mesmo quando está perto de mim. Como isso é possível?

- Eu... – Eu estendi o celular na direção dele. – Eu sinto a falta dele. – Eu completei com um certo nervosismo. deixou de me olhar e aproximou a sua mão da minha. Ao pegar o celular, ele acabou tocando na minha mão. Foi a mesma coisa que tomar aquelas anestesias gerais, que tiveram um impacto tremendo sobre todo o meu corpo.
- É, eu acho que... – hesitou por alguns segundos, enquanto guardava novamente o celular em seu bolso. O toque, o momento e toda a situação em si fizeram com que ele demonstrasse fraqueza. – Eu acho que ele sente a sua falta também. – Ele completou assim que voltou a me olhar. Os olhos dele pareciam me dizer algo, mas também procuravam respostas.



O nervosismo de ambos era mais do evidente, mas continuávamos fingindo que aquilo não era constrangedor e que não queríamos as respostas de todas as nossas perguntas. Mesmo um pouco fora de si, ainda tinha controle sobre as suas vontades e sabia quais os motivos que o lavaram até ali. Ouvi-lo falando sobre a falta que o Buddy sente de mim me fez desejar por 3 segundos que ele estivesse falando dele e não do ‘nosso’ cachorro.

- Todas as vezes que eu vejo um filhote eu me lembro dele. – Eu comentei apenas para deixar claro que era de Buddy que eu estava falando. – Eu nem sei quanto tempo faz que eu não o vejo. Eu acho que foi... – Eu estava tão focada em não demonstrar qualquer emoção ou em fugir de qualquer assunto que tivesse a ver com nós, que eu não percebi a besteira que estava dizendo. O que eu devo dizer? Que foi quando eu fui até a casa do para fazer a surpresa no nosso aniversário de namoro? É claro que não! Mesmo sem saber de tudo, sabia muito bem que eu havia entrado em um assunto delicado e que tinha sido totalmente sem querer. Eu fiquei visivelmente nervosa e sem jeito com a minha frase, que eu não fui capaz de concluir.
- Sabe, acho que vou aceitar aquela água. – usou de toda a sua piedade para me ajudar a fugir daquele momento, que faria com que eu arrancasse os meus cabelos mais tarde. Se ele não mudasse o rumo da conversa, sabia onde ela terminaria e mesmo sendo exatamente onde ele queria chegar, ele não queria ter que percorrer um caminho cheio de memórias boas para que depois ele não conseguisse dizer tudo o que estava engasgado.
- Eu... vou pegar. – Eu me levantei no mesmo instante do sofá. Sair dali era tudo o que eu mais precisava no mundo. Eu andei até a cozinha e ao entrar nela, eu dei um longo suspiro que não adiantou absolutamente nada. A pressão ainda me fazia respirar com dificuldade e o meu corpo parecia anestesiado. Enquanto coloquei o copo para encher, apoiei minhas mãos na pia, abaixei a minha cabeça por alguns segundos e fechei os meus olhos.

É difícil descrever o que eu estou sentindo. O está na sala ao lado e a única coisa em que eu consigo pensar é em correr o mais rápido que eu puder pra longe dele, porque com ele ali eu saia da minha zona de conforto. Eu olhava para ele e eu conseguia ver o julgamento vindo através de seus olhos, mas no meio de todo aquele julgamento eu consegui ver o capitão do time da escola. Eu juro que eu consegui! Alguma coisa não havia mudado, mas porque isso seria uma boa notícia?

Assim que eu saí da sala, aproveitou para preparar-se para o que viria a seguir. Aproveitou que estava sozinho e deu uma boa olhada na casa. Ele parecia nos ver em cada canto e lembrar-se dos momentos que vivemos ali não fazia nada bem a ele, porque ele sempre acabava concluindo que ali também haviam momentos meus e do Mark e isso destruía toda e qualquer lembrança boa que ainda existia de nós. Ele levantou-se do sofá e foi até uma estante de madeira, que ficava próxima da TV. foi direto no porta-retrato e foi obrigado a ver tudo o que menos queria. No porta-retrato havia uma foto minha e do Mark em que ele beijava o meu rosto, enquanto eu o abraçava e fazia careta pra foto. Aquela foto sim era um estímulo para que ele me odiasse pelo resto da vida. A foto fez com que ele voltasse a tomar o controle total de seu corpo, ou melhor, foi a raiva que tomou o controle de absolutamente tudo.

O copo de água se encheu e eu nem sequer percebi. Eu precisava encher mais uns 10 copos para recuperar o ar, o controle e a mim mesma. Eu estava perdida e totalmente fora de mim. Eu não sabia o que estava fazendo. Peguei o copo nas mãos e encarei a saída da cozinha sem coragem alguma de voltar para lá. Entrelacei meus dedos em meu cabelo e continuei me preparando para fingir que nada havia acontecido. Depois de um último suspiro, eu andei em direção a sala com o copo na mão. Ao chegar na sala, a única coisa que eu consegui ver foi o com o porta-retrato nas mãos. O meu chão caiu e o mundo pareceu ficar preto e branco. Eu senti uma sensação ruim, que ficava pior a cada segundo.

- Aqui... a sua água. – Eu disse, achando que ele colocaria o porta-retrato no lugar e deixaria aquilo pra lá. Bem, ele não deixou pra lá! Depois de virar-se para me olhar, ele andou na minha direção com o porta-retrato nas mãos. Eu não consegui me mover. parou na minha frente e me encarou de um jeito diferente. Eu ainda tentava entender o seu novo comportamento, quando ele pegou o copo da minha mão.
- Obrigado. – agradeceu antes de levar o copo a boca e beber a água de uma só vez. Eu o olhei com um certo receio, depois que ele colocou o copo sobre uma das mesinhas que ficava ali perto. Eu queria me ausentar novamente para levar o copo até a cozinha, mas diante da sua atitude um tanto quanto agressiva, eu não tive coragem nem de me mover.

Agora nós estávamos frente a frente novamente, mas dessa vez era diferente. Não estávamos vestindo aqueles disfarces que transparecia que a nossa vida estava maravilhosa e que estava tudo bem. A verdade estava na nossa cara e a mágoa era mais do que visível. Eu me senti nua, porque não tinha mais com o que me proteger. não parava de me olhar e os olhos dele pareciam gritar palavras de ódio. Naquele instante eu soube que nada que eu fizesse adiaria aquela conversa.

- O que... nós estamos fazendo? – Eu neguei com a cabeça, enquanto olhava nos olhos dele. Ele me encarou e logo depois deixou de me olhar, abaixando a sua cabeça e trazendo o porta-retrato (que ainda estava em sua mão) para mais perto de seu rosto. Olhou novamente para a minha foto com o Mark e em seguida, olhou pra mim.
- Nós? – ironizou, arqueando uma de suas sobrancelhas. – O que VOCÊ está fazendo? – Ele me encarou com desprezo.
- O que? – Eu não sabia do que exatamente ele estava me acusando.
- Porque você não me disse que era ele? – ergueu novamente o porta-retrato, enquanto ele me encarava e esperava por uma resposta. A resposta que eu não tinha. A resposta que eu não podia revelar.
- ... – Eu rolei os olhos, enquanto negava com a cabeça.
- Eu fiz uma pergunta! – me colocou ainda mais sobre pressão.
- Não importa mais. – Eu continuei desconversando. Eu não estava pronta para falar sobre aquilo. Talvez nunca estivesse.
- Não importa? – pareceu incrédulo com a minha afirmação. – Nunca importou para você, não é? – Novamente aquele olhar de desprezo. A afirmação dele me fez querer cuspir toda a verdade na cara dele só para mostrar a ele o quão errado ele estava.
- Você não sabe do que está falando. – Foi a primeira vez em muito tempo que eu olhei alguém com tanta raiva. Eu saí da frente dele, me afastando para que eu não surtasse de vez.
- Não sei? – disse ao me olhar de costas. A minha raiva me fez olhá-lo assim que eu voltei a ouvir sua voz. O que mais ele tem pra dizer? – Eu também fiz parte daquele relacionamento, lembra? Bem, se você não se lembra, eu vou te ajudar! – Ele deu alguns poucos passos em minha direção. O olhar de ódio não cessava um só segundo. – Eu era o garoto que costumava ter uma paixão platônica por você. Eu era o cara que fez tudo por você e que em troca foi traído e dispensado através de uma carta patética! – fez uma rápida pausa, pois a raiva estava excedendo os limites. – Então, sim! Eu sei exatamente do que eu estou falando porque você me fez passar por isso! – Ele me acusou sem pensar duas vezes.

A rápida citação dele sobre o que ele costumava a fazer e a sentir por mim mexeu mais comigo do que deveria. Isso não deveria continuar acontecendo. Eu não era mais uma aluna do ensino médio que costumava se divertir e sofrer dramaticamente com os seus relacionamentos amorosos, mas os dramas continuam crescendo e engolindo toda a minha vida novamente. Coincidência ou não, os dramas aumentaram desde a chagada de a cidade.

- Chega... – O meu estado emocional estava no limite e a cada frase nova dele o meu humor oscilava. Não dá pra ter essa conversa agora. – Eu não quero ter essa conversa hoje. – Eu achei que ele entenderia, já que ele sempre respeitou os meus limites, mesmo nas nossas piores brigas. Eu estava errada.
- E porque não? Será que é porque você ainda não aprendeu a encarar os seus problemas de frente? – sorriu com sarcasmo. O sarcasmo dele me fez ficar furiosa novamente.
- Pare de falar comigo como se eu ainda fosse a mesma garota boba e indefesa que você conheceu há anos atrás. – O meu tom demonstrava que aquilo não se tratava de um pedido e sim de uma ordem.
- Você quer ser tratada como adulta, mas lida com os seus problemas como uma garotinha de 12 anos! – continuou indo além. Ele não tinha motivos para ser legal e ele sabia exatamente quais são os meus pontos fracos.
- Pra que você veio até aqui então? – Eu abri os braços, me monitorando para não perder a paciência.
- Eu quero respostas! – respondeu de imediato.
- Eu não tenho resposta alguma para te dar! – Eu elevei pela primeira vez o meu tom de voz.
- É claro que tem, mas você não é corajosa o suficiente para dizê-las na minha cara. Talvez se eu te der um papel? – O sarcasmo do me tirava mais do sério do que muita gente por ai. Ele sabia o quanto isso me irritava e fazia questão de usar isso contra mim.
- Você nunca cogitou que talvez eu tenha escrito aquela carta para não ter que ouvir esse seu discurso? – Mesmo sendo mentira, eu tive que dar o troco.
- Sinto muito te informar, , mas hoje você vai ouvir tudo o que eu tenho pra te falar. – não se deixou abater, mas eu não posso dizer o mesmo sobre mim. Aquele apelido tem sido como um tormento durante toda a minha vida e agora eu acabo de me lembrar do por que. Minha reação ao ouvir ele me chamar de ‘’ não foi nem um pouco discreta. Eu fiquei visivelmente abalada e ele notou.
- Quer saber? Eu acho que é melhor você ir embora. – Eu quis evitar que as coisas piorassem.
- Olha só... – cerrou um pouco os seus olhos e manteve um sorriso malandro no rosto. – Parece que esse apelido ainda causa efeitos em você. – O comentário dele me pegou desprevenida. Nós costumávamos guardar esse tipo de comentário para nós mesmos, mas já vi que ele não está se esforçando para ser agradável. O comentário me irritou um pouco mais, pois eu percebi que ele estava tentando me encurralar de qualquer forma.
- Sim, causa ódio! – Eu fui irônica de propósito só para que ele se lembrasse com quem ele estava falando. – Agora que você já fez essa extraordinária descoberta, acho que você já pode ir embora. – Eu me recompus rapidamente. O meu sarcasmo e a minha ousadia deixaram bem claro para ele que eu não ouviria os seus insultos calada. Quando eu vi que aquele sorriso irônico saiu de seu rosto, eu quis ir além. – Eu não tenho nada para conversar com você. Na verdade, eu até tinha planos de conversar com você, mas depois de te reencontrar e ter o desprazer de conhecer o novo , eu não faço mais questão. – A expressão dele me fez ter certeza de que alguém estava me aplaudindo em algum lugar do mundo.
- Deixa eu ver se eu entendi. – voltou a cerrar os olhos e deu mais alguns passos na minha direção. – Você está tentando fazer com que eu me sinta mal por não estar te tratando bem? – Ele parou em minha frente e me encarou. – Você fez da minha vida um inferno! Porque eu deveria ser legal com você? – perguntou, fingindo que me olhar de tão perto não o fazia querer arrancar o seu coração do peito.
- Por quê? – Eu ironizei a sua pergunta. – Bem... Primeiro, porque você está na minha casa. Segundo, porque eu não sou uma dessas... garotas que você encontra nos bares e nas baladas que você costuma frequentar. – Agressiva demais? Qual é! Eu fui muito legal em não usar o termo ‘vadias’. A minha falta de sensibilidade realmente o pegou de surpresa, mas ele sabia que havia algum ponto fraco e ele o encontraria. As minhas palavras descreveram mais do que bem a impressão que eu tinha dele.
- Você realmente acha que eu me importo com o que você pensa de mim ou das garotas que eu costumo sair? – perguntou em tom de deboche.
- Sabe o que eu acho? – Eu tentei ser extremamente fria, mas estava difícil com ele tão perto. – Eu acho que você tem que ir embora antes que o meu segurança seja obrigado a te colocar pra fora. – Eu tentei novamente fazê-lo ir embora. Eu temia a hora que ele encontrasse a minha vulnerabilidade.
- Vá em frente! – apontou com a cabeça em direção ao telefone da casa. – Chame o seu segurança. Chame a polícia ou se preferir, chame também o FBI. Eles com certeza vão me tirar daqui, mas nenhum deles vai limpar a sua consciência, que sabe muito bem o grande erro que você cometeu e sabe que você me deve todas as explicações que eu mereço. – sabia muito bem me manipular com suas palavras e olhares, que me diziam a todo o momento que eu era responsável por um grande sofrimento. Ele estava começando a se aproximar do meu ponto fraco.
- Eu posso ter cometido erros, mas eu não fui a única! Não foi tão fácil pra mim quanto você pensa. – O assunto me fez ‘baixar a guarda’ e notou a mudança rapidamente. Ele soube que aquele assunto me afetava de alguma forma e isso, de alguma forma, fez com que ele fosse atingido também. O fato de eu demonstrar vulnerabilidade naquele assunto e ainda dar indícios de que eu sofri pelo menos um pouco com tudo o que aconteceu foi como um baque e o único jeito de não deixar isso transparecer era dando o contra-ataque.
- É claro que não foi! Mas tudo bem, não é? O Mark estava aqui para te consolar. – A frase veio junto com um sorriso cheio de ódio e ironia. Qual o problema desse cara? Eu baixo a guarda e ele volta com 15 pedras nas mãos?
- Ele não precisaria consolar se você não tivesse me dado razões para ser consolada. – Eu devolvi a grosseria de imediato. Ele quer jogar as verdades na mesa? Eu prefiro jogar na cara mesmo.
- Razões? – abriu os braços. – Quais razões? – Ele questionou. Agora o queria saber sobre o que eu estava falando.
- São tantas, que vou até deixar você escolher. – Eu deixei de olhá-lo e olhei para cima, fazendo cara de pensativa. – Você não me ligava. Você não atendia as minhas ligações. Você não vinha até Nova York para me ver, mas viria se fosse para ir a um jogo dos Yankees. – Eu comecei a enumerar nos dedos. – Está bom ou você quer que eu continue? – Eu o olhei, séria. Ele se surpreendeu com as razões citadas por mim. Ele não achava que isso havia sido um problema pra mim.
- Porque eu não sabia disso? Porque nós não conversamos sobre isso? – pareceu um pouco indignado com as minhas acusações. – Viu? Você não consegue sentar e conversar sobre os seus problemas. Você só sabe fugir de todos eles! – Ele novamente usou aquele argumento contra mim. Que falta de criatividade!
- O que você queria que eu fizesse? – Eu fiquei ainda mais furiosa e indignada. O meu tom grosseiro voltou a tomar conta de todas as minhas frases. – Você queria que eu te ligasse e dissesse: ‘Hey, ! Nós estamos em um relacionamento, lembra? Você tem que me ligar!’ ou ‘Ei, ! Estou esperando ansiosamente pelo dia em que você vai voltar a agir como um namorado de verdade. Quando você estiver afim, me liga!’. – Eu mantive um riso no rosto e uma voz irônica.
- Na época, eu te expliquei os meus motivos. Eu estava passando por uma fase complicada. Eu estava ocupado com a faculdade, com o trabalho... – começou a se explicar, mas eu fui obrigada a interrompê-lo.
- Com a Amber! – Eu fiz questão de adicionar aquele maldito item. Ele ficou um pouco mais incomodado ao me ouvir dizer o nome dela. Ele não acreditou no que ouviu.
- Amber? Você deve estar brincando comigo! – me olhou com indignação.
- Ops, eu não sabia que tínhamos que evitar falar de animais nessa conversa. Me desculpe! – Eu ergui os ombros e fiz cara de anjo.
- Então é tudo sobre a Amber? – fechou os olhos por poucos segundos para tentar se acalmar.
- Não é sobre a Amber! É sobre você! Você era o meu namorado e você era a única pessoa de quem eu podia exigir o mínimo! Nem que o mínimo fosse uma simples ligação. – Essa eu mandei na lata! Sem ironias, sem rodeios! A conversa só deixava ele cada vez mais furioso.
- Caralho! Porque você não me disse isso? – levou as mãos à cabeça. Ele parecia transtornado.
- Eu tentei! Eu tentei milhões de vezes! – Eu gritei, furiosa. – Se lembra de todas aquelas chamadas perdidas no seu celular? Aquilo era eu tentando! – Eu terminei a frase e em seguida dei um longo suspiro. Eu estava surtando. Eu estava fora do controle. – Droga! – Eu resmunguei, levando uma das minhas mãos a cabeça e virando de costas pra ele.



- Do que exatamente você está me acusando? – me olhou, enquanto eu ainda estava de costas.
- Eu estou te acusando, , de ser o garoto babaca que você sempre foi! – Eu fiz questão de voltar a olhá-lo para dizer isso. – Estou te acusando de ser aquele idiota que sempre gostou de fazer as coisas só do seu jeito. Você só era amigo de quem você queria! Você só me ligava quando você queria! Você só se lembrava de mim quando queria! – Eu cuspi as palavras na cara dele.
- Foi então que você teve a brilhante ideia de me trair com o idiota do seu vizinho? – Ele disse ‘trair? Oh, não. Ele disse! Meus olhos se fecharam por poucos segundos para que eu me acalmasse. Não é fácil ser acusada por uma coisa que você não fez.
- Já chega! – Eu engoli seco e o encarei com um pouco mais de fragilidade. – Isso já foi longe demais. – Eu neguei com a cabeça.
- Oh, espere! O que é isso? – deu alguns passos em minha direção e olhou atentamente para o meu rosto. Ele não tinha limites. – É vergonha? Remorso? – Ele se referia a minha suposta traição. O adjetivo infiel nunca combinou comigo e para ser sincera, isso é um dos piores insultos que eu poderia ouvir.
- O QUE VOCÊ QUER DE MIM? – Agora sim eu surtei de vez. – AHN? DIGA DE UMA VEZ! – Eu gritei, enquanto o fuzilava com os olhos.
- Quando foi que começou? – quis ser mais grosseiro, mas aquele assunto não era o que ele tratava com mais frieza. Eu fiz uma cara de quem não havia entendido a sua pergunta. – Você e o babaca do seu vizinho! Quando foi que isso começou? – Ele queria saber desde quando ele havia sido traído.
- Deixa ele fora disso, está bem? Isso não tem nada a ver com ele. – Mark não merecia aqueles insultos. Toda aquela confusão era culpa minha! Eu não vou deixa-lo levar 1% da culpa!
- Awn! Vocês já estão na fase de defender um ao outro? Que fofo! – voltou a ser sarcástico. Desgraçado! Eu quero voar nele a cada palavra de sarcasmo que sai da boca dele.
- Se você soubesse que ele foi o único a te defender, você não falaria assim dele. – Eu disse, enquanto negava com a cabeça. Eu me referia ao dia em que eu fui até Atlantic City no dia do meu aniversário. Ao voltar para Nova York, Mark tentou limpar a barra do diversas vezes. Aliás, ele havia tentado fazer isso diversas vezes.
- Me defender? – quase riu. – E porque eu precisaria ser defendido por ele? - Ele tentou manter-se sério. Eu rapidamente me arrependi por ter tocado naquele assunto.
- Não foi nada... – Eu desvalorizei o assunto, pois não queria ter que falar sobre ele. A minha afirmação sobre o Mark havia chamando a atenção de . Havia alguma coisa estranha e ele sabia.
- Me fala. – me olhou com desconfiança. Ele tentava obter pistas através dos meus olhos. Agora eu já sei que ele não vai me deixar em paz, enquanto eu não responder.
- Não tem importância alguma... – Eu revirei os olhos para tentar desvalorizar as minhas emoções em relação aquilo. – Foi no bem no final do nosso namoro. Eu estava mal, porque você não respondia as minhas ligações e... parecia não se importar mais. Eu... – Eu hesitei dizer. Eu e ele percebemos que eu estava começando a ficar emotiva. – Eu fiquei com muita raiva de você e me achava uma idiota, porque mesmo você não dando a mínima, eu ainda me importava e sofria com aquilo. – Eu sorri debochadamente de mim mesma para que aquilo não se tornasse tão doloroso. – E todas as vezes que eu te ligava, eu te odiava mais e mesmo te achando um idiota, ele nunca deixava de te defender. Ele sempre dizia que você não atendia os meus telefonemas porque você provavelmente estava ocupado com o trabalho. Ele dizia que o seu sumiço era por falta de tempo e que eu não tinha nada a ver com isso. – Eu não sei o que mais me deixa emotiva nessa história. Se é a lembrança do meu sofrimento ou se é o Mark, que foi capaz de defender o cara que ele mais odeia só para me ajudar a parar de sofrer. – Eu só conseguia me acalmar quando ele me dizia para esperar, pois você com certeza ligaria mais tarde. – Eu fiz uma breve pausa. – Você nunca ligou. – Eu ergui os ombros. Os olhos dele pareciam não ter mais tanto ódio.
- Essa é a sua desculpa pra ter escrito aquela carta? – tentou procurar respostas em meus olhos.
- Não é uma desculpa! – Eu debati de imediato.
- Está me dizendo que você terminou o nosso namoro do jeito mais patético que eu poderia imaginar porque eu não retornava as suas ligações? É mesmo? Eu tinha certeza que era porque você estava com remorso por estar me traindo. – ficava cada vez mais tenso e ele queria esconder isso de mim. – Você acha que eu sou idiota? Acha que eu vou deixar você, logo você... – Ele apontou na minha direção. – A pessoa mais baixa e sem moral que eu já conheci, fazer com que eu me sinta culpado pelo fim dessa droga de relacionamento? – disse com um desprezo devastador. Ouvi-lo falar daquele jeito foi como jogar uma granada no nosso passado.
- Se tudo foi uma droga pra você, porque você está perdendo tanto tempo falando sobre isso? – Eu o olhei com toda a raiva.
- Porque você tem me feito de idiota desde... – negou com a cabeça. – SEMPRE! – Ele completou. – Eu não vou mais ser o idiota! Eu não quero olhar na sua cara de novo e saber que, de alguma forma, eu ainda sou o idiota da história porque eu não sei de toda a verdade. Porque eu não tenho as malditas respostas, que me trouxeram aqui hoje. – me encarou, esperando qualquer manifestação minha.
- Você sempre vai ser o idiota. – Eu engoli o choro e eu já começava a sentir um nó na garganta. O meu deboche e ousadia ao dizer aquilo deixou mais furioso do que nunca. Sua atitude foi instantânea! Ele andou em minha direção e parou na minha frente.
- Acha que eu estou brincando? – perguntou, olhando nos meus olhos com o ódio de mil pessoas juntas! Mesmo a sua atitude sendo grosseira, eu fiquei extremamente transtornada ao ser obrigada a ficar tão perto dele. Eu não sabia pra onde olhar ou o que fazer.
- Porque você mentiu? Porque não me disse que era o Mark? – refez a pergunta, enquanto tentava manter-se calmo, mas estava difícil. Ele se lembra muito bem de ler naquela carta que a minha traição havia sido com um cara da faculdade. queria entender porque eu não disse que era o Mark.
- E que diferença faria? Hm? – Eu olhei nos olhos dele. – O que você teria feito se soubesse que era ele? – A minha pergunta era super válida, considerando que eu sempre quis saber a resposta dela. – Nada! Você não teria feito nada! – Eu olhei seus olhos de bem perto e disse com todo o ódio existente dentro de mim. Eu ainda guardava mágoas da época em que eu esperava por ele todos os dias. Daquela época infeliz que eu achava que ele ainda se importava a ponto dele vir atrás de mim.
- PORQUE NÃO ME DISSE QUE ERA ELE? – gritou furiosamente. Antes eu tinha medo da reação dele ao saber que não houve traição alguma, mas agora? Agora eu quero que se dane!
- PORQUE NÃO ERA ELE! – Eu devolvi o grito e vi a expressão no rosto dele mudar.
- Não era ele? – cerrou os olhos, incrédulo. – Oh, então teve outro antes dele! - Ele forçou um sorriso. – Me desculpe! Eu não sabia que a transição de nerd e indefesa para pegadora e rebelde tinha acontecido tão rápido. – Mais uma ironia e eu vou socar a cara dele. Juro! A grosseria dele me fez querer jogar a verdade na cara dele de uma vez só para que ele sofresse mais rápido.
- Nunca teve ninguém. – Eu disse da forma mais fria que eu consegui. Os olhos dele cheios de julgamentos se transformaram. A transformação me fez extremamente bem, pelo menos, nos primeiros segundos. Em meio ao seu transtorno, a nossa proximidade voltou a ser um problema pra ele. Enquanto ele tentava processar aquela informação, os olhos dele desceram por todo o meu rosto e chegaram aos meus lábios.
- O que? – não acreditou que tivesse escutado direito. A perplexidade dele fez com que ele ficasse um pouco disperso.
- Não foi o Mark! Não foi ninguém, porque não teve traição! – Foi tão bom poder dizer aquilo em voz alta e jogar na cara dele que eu não sou e nem nunca fui a traidora que ele sempre pensou que eu fosse.

não conseguia ter reação alguma. Foi como se eu o tivesse empurrado do topo de um precipício e ele estivesse caindo, esperando a hora que não conseguisse pensar em mais nada. Não havia precipício. Não havia meios que o fizesse esquecer o que eu acabei de lhe dizer. Não dá pra dizer que não que foi um alívio para ele, pois a traição sempre fez com que ele sentisse que não era bom o bastante pra mim. Além do alívio, havia também o sentimento ruim de ter sido completamente enganado. Até mais do que ele imaginava. Quando pensou em ir até a minha casa, ele não contava com isso. Todas as vezes que ele imaginou como aquela conversa seria, ele nunca cogitou aquela possibilidade. Aquilo simplesmente não estava no script.

- Você parece surpreso! O que foi? Não tem mais insultos pra mim? – Eu abri os braços ao perceber que ele ainda tentava lidar com aquela informação. – Cadê os seus julgamentos? E essa sua ironia patética? Onde está o seu olhar de desprezo e superioridade? Nada? – Eu fui além. O olhar incrédulo dele continuava, mas dessa vez estava sendo dirigido a mim.
- Você está mentindo... – sorriu, negando com a cabeça.
- Estou? – Eu arqueei uma das sobrancelhas. – Por quê? Porque agora você não tem mais o que jogar na minha cara? – Eu questionei. – Você deve estar se sentindo um idiota agora, não é? Chegou aqui com o discurso pronto. Me julgou desde o primeiro olhar até a última ironia. E agora? Do que é que você vai me acusar agora? – Eu aproveitei que ele não teve coragem de me interromper.
- Você inventou uma traição? Quem faz isso? – ainda estava em choque. Saber que não houve traição deveria tê-lo deixado com menos ódio, mas foi o contrário. Foi tudo uma mentira! Tanto ódio, tanto sofrimento por causa de uma mentira? Os motivos para ele me odiar só aumentavam.
- Eu fiz! E você... – Eu balancei a cabeça negativamente. – Você nem cogitou a possibilidade de ser uma mentira. Você nem hesitou em acreditar desesperadamente em um motivo que fazia de mim a culpada de tudo. – A minha grosseria foi se perdendo em meio as minhas palavras. – É isso que você faz! Você foge da culpa, porque você não sabe lidar com ela. É tão mais fácil acusar, culpar e julgar alguém, não é? – Eu desabafei.
- O que... – negou rapidamente com a cabeça. Ele parecia perturbado. – O que você está dizendo!? – Ele cerrou os olhos. – Você.. – deu alguns passos na minha direção. – Você mentiu sobre tudo! – Ele abriu os braços. – Por que!? – parou em minha frente. Ele não conseguia se conformar.
- Isso não tem a menor impor.. – Eu queria desconversar novamente, mas ele me interrompeu.
- POR QUÊ? – gritou, furioso. Ele estava cansado de ser enrolado. O olhar apreensivo e impaciente implorava por respostas. Eu neguei com a cabeça, indicando que eu não queria falar. – , você me deve isso! Por favor, me conte. Essa é a última coisa que eu te peço. – Ele pediu com tanta calma e eu posso estar louca, mas eu notei até um pouco de sentimentalismo vindo do seu olhar e até mesmo da sua voz. Naquele momento eu soube que ele não estava ali só para julgar e sim para obter as respostas para que ele pudesse seguir em frente. Vê-lo falar daquele jeito, me deixou mais vulnerável que nunca.
- Eu... – Eu perdi até as palavras. Eu não sabia como dizer aquilo a ele, mas eu sabia que devia. Coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e deixei de olhá-lo por poucos segundos. – Quando eu escrevi aquela carta, eu... – Eu voltei a olhá-lo. – Eu sabia que aquela mentira seria a única coisa que te impediria de vir atrás de mim. – Eu completei.
- Tinha milhões de maneiras de você conseguir isso! – não conseguia compreender.
- Eu sei, mas... eu escolhi a mais fácil. – As lágrimas começavam a alcançar os meus olhos. Isso não é bom.
- Não! Você escolheu a mais covarde! – disse em tom de acusação. – Depois de tudo o que eu fiz, era isso que eu merecia? A porcaria de uma carta cheia de palavras de consolo e desculpas esfarrapadas? – Ele também estava começando a ficar sentimentalista.
- E eu? Merecia todo o seu descaso? Eu merecia tem que conviver todos os dias com a sua amizade com a Amber? Eu merecia dormir todas as noites com o telefone nas mãos, esperando a sua ligação? – As lágrimas iam aumentando e o meu desespero por não conseguir escondê-las também. – Não! Eu não merecia! E você pensou nisso? É claro que não! Você mal consegue assumir o que você fez! Você não consegue nem assumir parte da sua culpa nisso tudo! – Eu o acusei sem piedade.
- Minha culpa? – apontou pra si mesmo. – Você estragou tudo! Você não faz a menor ideia do que você me fez passar e agora você vem me dizer que eu não sou capaz de assumir a minha culpa? O sofrimento que você me causou foi maior do que qualquer culpa que eu pudesse sentir. – Agora também havia poucas lágrimas nos olhos dele. – É isso que você queria não era? Me fazer pagar por tudo o que eu te fiz passar! – Ele não deixava que a sua emoção tomasse controle da situação. – Parabéns! Você conseguiu! – apontou pra mim com desprezo. – Você conseguiu me fazer de idiota por anos! Você conseguiu acabar com tudo o que nós levamos um ano para construir. – Ele parecia perturbado e era inevitável não ver a dor em seus olhos. As palavras dele novamente doeram em mim. virou-se de costas para tentar se recompor e colocar as ideias no lugar. Eu o observei de costas e aproveitei para passar alguns dedos pelos meus olhos para secar todas as lágrimas que se acumulavam lá.

- Você sabe que já havia acabado antes mesmo daquela carta. Você sabe! – Eu falei ao continuar observando ele de costas. Eu não achei que a minha afirmação causaria uma revolta ainda maior nele.
- Sabia? – virou-se imediatamente pra mim. – Se eu sabia, porque acha que eu fui naquele maldito parque? – A sua confusão era nítida! Ele não sabia se cedia ao ódio ou ao sofrimento. Eu já havia me entregado ao sofrimento.
- O que? – A afirmação dele fez o meu corpo estremecer.
- Eu fui até lá! Eu estava lá no dia e na hora em que nós combinamos. Eu esperei você! – não pretendia me contar aquilo, mas nada estava saindo como planejado. Porque não jogar isso na minha cara?

Depois de muito se apressar, Mark estava chegando em casa. Ele queria chegar logo em casa, pois sabia que eu estava esperando por ele. Mark sabia que eu estava sozinha e ele não via a hora de me ver. Ele tinha planos secretos de me levar ao cinema naquela noite e se fosse o caso, o pedido de namoro finalmente aconteceria. Ao entrar na rua de sua casa e aproximar-se da minha casa, ele estranhou ao ver um carro estacionado logo ali na frente.

- Você foi até lá? – Meus olhos se encheram instantaneamente de lágrimas e elas ficaram em evidência para quem as quisesse ver.
- A minha sorte foi ter esquecido o meu celular com a Amber no dia anterior. Eu tive que ir para casa para te ligar e quando eu cheguei, eu encontrei a carta. – A cada palavra dita por ele, parte do meu mundo desabava um pouco mais. Aquela era a pior notícia que eu poderia receber. Ele não era o único e não saber de tudo.



Saber que ele esteve naquele parque me devastou mais do que qualquer outra coisa no mundo. Nada mais parecia fazer sentido! Tudo parecia estar fora do lugar e totalmente errado. Tem noção do que isso quer dizer? Quer dizer que ele não estava me traindo com a Amber! Quer dizer que não havia acabado pra ele. Isso mudava tudo! Levei uma das minhas mãos a cabeça, enquanto sentia uma lágrima solitária percorrer todo o meu rosto. A cada segundo a dor aumentava e parecia que alguém estava rasgando o meu corpo por dentro. Nada poderia ser pior do que aquilo.

- Você fez com que eu me sentisse o mais idiota de todos os caras. Você fez com que eu me odiasse por meses simplesmente porque eu achava que não era o bastante pra você. – Os olhos dele estavam completamente tomados de lágrimas e o esforço para não deixar nenhuma delas escapar trazia uma expressão de tristeza para o seu rosto. A mesma expressão que era o meu maior ponto fraco.
- Eu fiz com que você seguisse em frente. – Eu queria que ele soubesse qual havia sido a minha intenção ao fazer tudo aquilo. – Eu escolhi vir para Nova York! Eu escolhi te deixar lá! Fui eu, , que te obriguei a viver esse sonho comigo. Eu te coloquei no meio de tudo isso e você não estava vivendo a sua vida por causa de mim! – Eu tentei mostrar a ele o meu lado.
- E valeu a pena? – As lágrimas iam e vinham, mas ele sempre conseguia controlá-las. – Valeu a pena perder tudo o que você perdeu pra vir viver esse seu sonho? – deu alguns passos na minha direção e olhou meus olhos de perto. – Você está tão feliz quanto achou que estaria? – Ele fez aquelas perguntas, mas os meus olhos as responderam antes mesmo delas serem feitas.
- Eu estava até você aparecer na minha porta. – Eu respondi com honestidade.
- Eu também estava até você aparecer na minha vida. – não mediu os limites de sua crueldade. – Sabe que eu ainda me pego pensando no que teria acontecido se eu nunca tivesse te conhecido? Eu penso o tempo todo em como eu estaria, hoje, se eu não tivesse ido até o seu carro depois daquele acidente. – Ele me olhou com uma profunda decepção.
- Você salvou a minha vida naquele dia. – Eu tentei mostrar a ele a importância e a gravidade do assunto que ele estava falando.
- É, eu salvei! Eu fiz tudo por você. Eu dei a minha vida a você. Eu te esperei e estava disposto a esperar o tempo que fosse...por você. Agora me diz: o que eu ganhei com tudo isso? Uma carta! – ironizou, me causando ainda mais sofrimento.
- Eu não pensei que você se importaria tanto! Eu não achei que isso fosse se tornar tão doloroso pra você! – Eu voltei a me defender. – Eu pensei que estava te fazendo um favor. Um término é sempre doloroso e cheio de... dramas. – Eu sabia que os meus argumentos não eram os melhores.

Após analisar o estranho carro estacionado em frente a minha casa e cogitar as possibilidades de quem poderia estar ali, Mark decidiu ir até lá. O fato de Big Rob não estar ali lhe chamou ainda mais atenção. Poderia ser qualquer pessoa, sendo ela bem vinda ou não. Mark entrou em alerta. Ele sabia que aquele carro não era dos meus pais e também não se lembrava de vê-lo nos mãos de alguns dos meus amigos. Além disso, eu não havia dito nada para ele sobre qualquer visita. Seja quem for, veio de surpresa. Quem seria? Mark estava estranhamente desconfiado. Ele não hesitou em se aproximar com cuidado da porta de entrada da minha casa. Encarou a porta e se esforçou para ouvir qualquer ruído que viesse de lá de dentro. Mark não conseguiu ouvir nada. Foi nesse momento que ele tomou a decisão de entrar na casa. Tocou a maçaneta da porta e a girou com toda a sua agilidade para não fazer o menor barulho.

- Eu achei que estava tomando a decisão certa, . – Eu disse, ouvindo aquela minha voz de choro que fazia com que eu me sentisse tão fraca.
- Decisão certa? Só se fosse a decisão certa pra você! – O tom grosseiro de só aumentava e a minha força diminuía. Eu já não sentia que tinha forças para enfrentá-lo como antes. – Aliás, como sempre, não é? Sempre pensando em você e se colocando acima de tudo como a boa egoísta que você sempre foi! – Ele afirmou sem qualquer vestígio de piedade. O ódio engoliu todas as lágrimas que haviam em seus olhos.
- Isso não é verdade... - Eu neguei com a cabeça e senti que as lágrimas presas em meus olhos estavam prestes a desabar de vez. A minha voz de choro chegou aos ouvidos de Mark, que ainda estava na porta e nos olhava de costas. Nós não percebemos a presença dele.
- Não? – sorriu debochadamente. – Eu sinto pena de você, sabia? Você gosta de bancar a durona, mas não tem coragem nem de assumir as coisas que você faz e o seu próprio egoísmo porque é fraca demais pra lidar com isso! – Não! Ele não disse pena, disse? Foi o que bastou para que as lágrimas começassem a escorrer livremente pelo meu rosto. O meu choro foi abruptamente interrompido pela forte batida da porta.

Foi a melhor forma que Mark encontrou de anunciar a sua chegada e de expressar a sua indignação e raiva com as palavras ditas por . O estrondoso barulho fez com que eu e nos virássemos para olhar em direção a porta. Ver o Mark parado na porta me fez querer correr para os braços dele em busca de consolo, mas também me fez sentir medo com o que poderia acontecer entre ele e o . Mark estava mais do que furioso e a sua silenciosa caminhada em minha direção me fez sentir ainda mais medo. foi pego de surpresa, mas ele não sentiu nada além de mais ódio. Eu me mantive muda e ainda sentia as lágrimas em meu rosto quando Mark chegou até mim. Ele mal me olhou e já foi passando por mim, colocando-se na minha frente e ficando cara a cara com o .

- Repita o que você disse. – Mark olhou friamente para o , que só conseguiu encará-lo. – Eu mandei você repetir o que você disse. – Ele repetiu, querendo colocar a coragem de a prova.
- Falando em ser patético, veja quem apareceu pra festa. – sabia que a sua melhor arma era o seu sarcasmo afiadíssimo.
- Você sabe que esse seu papinho não me atinge, não é? – Mark sorriu, negando com a cabeça.
- É, mas pelo jeito atinge a sua namorada. Porque não a consola? Aparentemente você é muito bom nisso. – apontou a cabeça em minha direção.
- Está se sentindo melhor agora que a fez chorar? – Mark cerrou os olhos em direção ao , que voltou a sorrir de forma debochada.
- É bom, não é? A sensação de sair do banco de reserva e virar titular. – se referia a uma antiga conversa que eles tiveram em que disse ao Mark que ele era reserva e só viraria titular quando ele saísse de cena. Mark lembrou-se imediatamente da referência.
- Isso não é um jogo! – Mark disse, incrédulo.
- É claro que não é um jogo. Não há mais ninguém por quem competir. – afirmou e olhou pra mim por alguns segundos.
- Acho melhor você ir embora. – Mark aconselhou, pois a sua paciência já estava se esgotando.

Apesar de demonstrar tanta frieza e controle, também estava tentando controlar a sua raiva e a sua paciência. O fato de Mark não ter feito parte da traição que, na verdade, nem aconteceu não fazia diferença alguma para o . O ódio entre eles sempre existiu. Além disso, se lembra muito bem dos problemas que o Mark lhe causou quando nós ainda namorávamos. Ele se lembra do ódio que sentia ao saber que o Mark estava tão perto de mim e ele tão longe. pegava-se imaginando o tempo todo o quanto o Mark deveria estar se aproveitando da situação, já que não havia ninguém lá para repreendê-lo. O ódio permaneceu e provavelmente seria eterno. Saber que nós estávamos juntos agora só tornava tudo pior. Lembrar-se que antes era ele que se colocava em minha frente diante de qualquer problema ou ameaça e agora ver o Mark fazendo isso era intolerável!

- Sabe qual é a pior parte? – olhou pro Mark. – Apesar de tudo, eu consigo me ver em você. O mesmo idiota, que está apaixonado pela garota fraca que é incapaz de encarar os seus problemas sozinha. – Ele rolou os olhos. – Deus, como eu era idiota. – negou com a cabeça. Os insultos continuavam me atingindo em cheio e eu não conseguia acreditar que eles estavam vindo logo do .
- E voltou aqui pra bancar o idiota por quê? Saudades dos velhos tempos? – Mark devolveu a ironia.
- Uau! Bancando o machão? Achei que já tivesse conquistado a garota. – novamente se referiu a mim. – Quer um conselho? Continue assim. Mais algumas dessas e você consegue qualquer coisa com ela. Não é, ? – me olhou com um sorriso forçado no rosto. – Quanto mais coisas você puder fazer por ela que certamente vão fazer você se sentir ainda mais idiota mais tarde, melhor pra ela. – Ele disse ao Mark, mas era a eu quem ele queria atingir.
- Cala essa boca! – Mark rolou os olhos. Para ele, aquilo não passava de besteira.
- Viu? A mesma reação que eu tive! – apontou pro Mark.
- O que você está querendo dizer? – Mark não sabia o que estava tentando dizer, mas eu sabia.
- Qual é, Mark! Acha mesmo que é a primeira vez isso acontece? – abriu os braços e deu alguns passos em direção ao Mark. – Antes de mim, também houve um ex-namorado. Ele estava exatamente na posição em que eu estou hoje. E eu? Na época, eu estava bancando o herói assim como você. – começou a contar aquela história infeliz. Eu não conseguia acreditar no que ele estava fazendo. Ainda em negação, eu me virei de costas para o , mas continuei ouvindo o que ele dizia. – Eu a defendi. Eu briguei por ela. O ex-namorado dela tentou me avisar. Ele me disse que em algum momento, ela acabaria quebrando o meu coração também e que me trocaria pelo primeiro babaca que aparecesse. Olhe pra mim agora! – abriu os seus braços novamente. As palavras dele só me faziam sofrer ainda mais. Os motivos para as lágrimas se acumularem nos meus olhos nunca foram tão grandes. Me virei novamente para olhá-lo com a minha expressão de choro e neguei com a cabeça quando ele me olhou. – Agora eu sou o ex-namorado e você, o primeiro babaca que apareceu. – Ele disse, sem tirar os olhos de mim.

Não dava pra negar que as lágrimas que o viu nos meus olhos ainda fazia com que ele se sentisse mal, mas ele precisava dizer tudo aquilo. Ele precisava colocar tudo pra fora. Ele precisava me mostrar uma pequena parte do seu sofrimento, que já durava meses. Mesmo sem haver traição, ainda se sentia traído. Ele se sentia traído pela minha falta de consideração ao mandar aquela carta medíocre. Ele se sentia traído por ter feito tudo e não ter recebido o mínimo em troca.

- Isso não é verdade! Você sabe que não é verdade! – Eu gritei aos prantos em minha defesa. Mencionar o Peter e remexer naquela história do passado me deixou no chão.
- Não é verdade? – mudou o tom pra falar comigo. – E quando foi que você me provou o contrário? Quando veio pra Nova York? Quando me escreveu aquela carta? Quando me deixou esperando naquele maldito parque!? – Ele esbravejou. – Você mente! Você mente sobre tudo! Você não merece 1 por cento do que eu já fiz por você. – estava tão furioso e tão focado em me dizer aquelas verdades, que o soco que Mark deu em seu rosto o pegou totalmente desprevenido. O soco atingiu a área próxima ao queixo, mas não foi forte o suficiente para derrubar .



- Mark! – Eu me assustei com a atitude repentina de Mark e entrei em sua frente. – Por favor, não faça isso. – Eu o empurrei para trás.

levou uma das mãos ao queixo para ter certeza de que estava tudo bem. Foi o momento em que ele mais teve que se segurar. não estava acostumado a perder uma briga. Ainda mais aquela briga, que ele havia idealizado diversas vezes. Ele sempre quis quebrar a cara do Mark, mas não havia conseguido fazer isso antes em respeito a mim. Não havia mais respeito agora, mas havia outros motivos que impediriam de devolver aquele soco.

- Mesmo querendo mais do que tudo quebrar a sua cara, eu não vou. – o olhou com total desprezo. – Eu não vou dar a ela a chance de me ver lutando por ela de novo. - Ele passou os dedos nos cantos de sua boca, achando que o soco pudesse ter cortado alguma parte da sua boca. O último insulto dele me fez desistir de tentar acabar aquela conversa de forma civilizada.
- JÁ CHEGA! – Eu gritei, passando minhas mãos pelo meu rosto para secar as lágrimas, que ainda estavam escorrendo por ele. Eu deixei de olhá-lo e me afastei do Mark para ir até a porta da casa e abri-la com agressividade. – VAI EMBORA! AGORA! – Eu o expulsei da minha casa. Ele não tinha o direito de me dizer todas aquelas coisas.

Em poucos segundos, percebeu a situação em que se encontrava e notou o quanto as coisas haviam saído de seu controle. Apesar de ter dito tudo o que sempre quis dizer, ele não se sentia melhor por isso. Foi como se todo o ódio que ele sustentou por meses tivesse saído junto com suas palavras, mas ódio não era o único sentimento que toda essa situação lhe trouxe. Se tudo já havia sido dito, aquela seria a última vez que ele teria que me ver. Ele queria que fosse, pois é difícil demais estar perto de mim. Os olhos dele foram até mim e depois voltaram a encarar o Mark. Ele soube que era a hora de ir embora.

- Boa sorte com o seu sofrimento! - disse depois de andar até o Mark e passar por ele. Ao notar que ele estava vindo em direção a mim, eu engoli todo o choro. Eu esperava que ele saísse pela porta sem dizer mais nada. Eu soube que não seria assim, quando ele parou em minha frente.
- E você... – olhou de perto todos os detalhes do meu rosto e até mesmo as lágrimas presas em meus olhos. – Eu quero te agradecer não só por ser a maior decepção... – Ele usou exatamente as mesmas palavras que eu havia usado contra ele naquele telefonema. Ele queria que eu sentisse exatamente o que ele sentiu quando eu o fiz ouvir aquilo. – Mas também, o maior arrependimento de toda a minha vida. – completou sem qualquer ódio, mas com uma tremenda mágoa que ficou explicita nas poucas lágrimas que eu consegui ver em seus olhos. Foi a última coisa que ele me disse antes de sair por aquela porta sem olhar pra trás.

Saber que eu sou o maior arrependimento de alguém que eu amei por tanto tempo me deixou completamente devastada. Foi como se ele tivesse arrancado o meu coração de uma só vez. Quando eu o vi andando em direção ao carro, eu fechei a porta para que eu pudesse desabar de vez. As lágrimas já escorriam livremente pelo meu rosto, quando eu apoiei a minha cabeça na porta. A cada segundo que passava, a dor dentro de mim aumentava , assim como o meu choro. Aquilo era com certeza a pior coisa que o poderia me dizer. Deslizei as minhas costas pela porta até que eu encontrasse o chão e me sentasse nele. O choro dificultava a minha respiração e eu não conseguia me acalmar.

Cada insulto, cada palavra de grosseria ecoavam na minha cabeça. O fato de ele ter dito que se arrependia de tudo o que nós já vivemos me fazia entrar em um eterno desespero. O jeito em que tudo aquilo havia acontecido e o rumo que a conversa tomou de uma hora pra outra não estavam nos meus planos. Independente do que aconteceu entre nós, eu nunca estaria pronta para ouvir tudo aquilo dele. Eu não me lembro de ter ficado tão mal daquele jeito.

O meu sofrimento era mais do que evidente para qualquer um e era ainda mais para Mark, que me conhecia tão bem. Ele não soube identificar exatamente qual foi a sensação de me ver ali no chão sofrendo por causa do . Ao mesmo tempo que ele ficou feliz em estar ali e ter tido a oportunidade de dar aquele tão esperado soco em , Mark também estava mal por estar me vendo chorar pelo mais uma vez. A dor evidente e o meu choro eram os mesmos do dia do meu término com o . Mesmo com dezenas de questionamentos em sua mente, ele sabia que tinha que ir até lá.



- Ei... – Mark sentou-se em minha frente. Eu o olhei com o meu rosto coberto de lágrimas. – Não chore. Você vai ficar bem. – Ele tocou o meu rosto com uma de suas mãos. Eu senti a necessidade de me aproximar. Agarrei o seu corpo e o trouxe pra perto do meu. Passei meus braços em torno de seu pescoço e apoiei a minha cabeça em seu ombro. Mark me acolheu com os seus braços. Eu tentava me acalmar e ele tentava não ficar triste com o que estava prestes a fazer. – Espera. Olha um pouco pra mim. – Mark afastou um pouco os nossos os corpos e olhou para o meu rosto. Os dedos dele enxugaram todas as lágrimas em meu rosto, enquanto eu o observava.
- Suas lágrimas... ainda são por causa dele. – Mark comentou sem qualquer olhar de julgamento. Ele até sorriu de canto.
- Você ouviu o que ele me disse? – Eu perguntei com a voz embargada.
- Ele disse, porque sabia que aquelas palavras ainda te afetariam. – Mark me explicou. – Talvez ele só quisesse ter certeza de que você ainda se importa. – Ele completou.
- Mas eu não me importo! – Dizer aquilo em voz alta fazia com que eu me sentisse um pouco melhor.
- Não? – Mark questionou, pois também tinha dúvidas com relação a isso. O meu olhar de incompreensão deixou Mark com dúvida sobre continuar ou não com aquilo.
- Eu não quero falar mais disso. – Eu passei novamente as mãos pelo meu rosto e me levantei com velocidade, me afastando um pouco do Mark. Eu realmente não queria ter que pensar nisso agora.
- E porque não? – Mark também se levantou e me olhou, enquanto eu me mantinha de costas pra ele. – Se você não se importa, qual o problema em falar sobre isso? – Ele também precisava de algumas respostas.
- Porque você está insistindo nisso? Olhe pra mim! – Eu me virei para ele. – O meu dia já não foi ruim o bastante? – Eu quis fazê-lo parar.
- Não fique brava comigo. – Mark voltou a se aproximar. – Eu preciso saber. – Ele me olhou, parecendo um pouco chateado.
- Saber o que? – Eu o olhei, séria. Eu não sabia o que ele estava querendo.
- Você não tem sido a mesma desde que você reencontrou o na semana passada. Às vezes, quando eu falo com você, você parece estar longe. Você parece confusa e ainda mais pensativa do que nunca. Agora... – Mark ergueu os ombros. – Agora você está sofrendo por ele de novo. – Ele negou com a cabeça.
- Não... – Eu rapidamente me dei conta do que estava passando pela cabeça do Mark. – Eu já te disse! Ele me disse as coisas mais horríveis que alguém já havia me dito. – Eu voltei a me explicar.
- É ele disse, mas eu tenho quase certeza que eu deveria estar vendo ódio nos seus olhos agora. Não há ódio! – Mark me olhou nos olhos.
- Pare de tentar procurar respostas nos meus olhos. Eu posso dar a você qualquer resposta que você precise! – Eu me irritei por alguns segundos. O que importa o que meus olhos diziam? Eu estava dizendo o que ele queria ouvir. Porque ele simplesmente não acredita?
- Não, você não pode, porque você também não tem as respostas. Esse é o problema. – Mark não se exaltava um só segundo. Ele estava completamente sereno e consciente em relação aquela conversa.
- O é um idiota e eu o odeio. Do que mais você precisa saber? - Eu estava disposta a tirar aquele problema do nosso caminho. – Você sabe o que aconteceu no passado. Você sabe o quão importante ele foi na minha vida, mas isso é passado! Você é o meu presente. Nós somos o presente! - Eu queria que ele acreditasse nas minhas palavras a todo o custo.
- Essa é a coisa que eu mais quis ouvir de você desde que... – Mark sorriu fraco. – Desde que eu te conheci. – Ele completou. – Mas... – Ele hesitou continuar. – Eu te conheço e eu sei que você jamais faria nada para me machucar. Nem se me machucar significasse... a sua felicidade. – Eu não me movi, mas ele se aproximou. O meu desespero só aumentava.
- Você não acreditou no que ele disse, não é? – As lágrimas continuavam enchendo os meus olhos e o medo de Mark me ver como o havia me descrito me consumia. – Você sabe que nada do que aconteceu foi planejado. Você sabe que todo o meu sofrimento foi verdadeiro e que o que aconteceu ente nós foi verdadeiro. – Eu toquei o rosto dele com as minhas duas mãos. – Por favor, diz que você acredita em mim. – Eu implorei em meio a lágrimas.
- Eu acredito em você. Você é a pessoa em quem eu mais confio no mundo, lembra? – Mesmo sorrindo, Mark ainda parecia triste. As palavras dele me acalmaram imediatamente e eu me aproximei para selar os seus lábios. Agora, o gosto salgado das minhas lágrimas também estava nos lábios dele e mesmo com o carinhoso selinho que eu lhe dava, a consciência de Mark o forçou a interromper o beijo. Uma luta interna acontecia para decidir se ele deveria seguir em frente com aquilo ou simplesmente ignorar.
- Espera... – Mark descolou os nossos lábios e os meus olhos voltaram a encarar os dele de bem perto. Ele observou o meu rosto antes de prosseguir com a fala. – Eu confio em você. Eu confio tanto em você que vou acreditar em qualquer coisa que você me disser, porque eu sei que você vai ser honesta comigo. – Eu temi pelo que viria a seguir. – Você... ainda sente alguma coisa pelo ? – Mark sentiu o seu coração estremecer.
- Mas que pergunta é essa? – Eu fiquei completamente incomodada com a pergunta. Era o maior absurdo que eu já havia escutado.
- Responde, . – Mark pediu e eu pude notar um certo desespero em sua voz. Nós ainda estávamos próximos, quando percebi que não conseguiria escapar daquela pergunta. – Por favor, seja honesta comigo. – Ele voltou a pedir com comoção. – Ele ainda... mexe com você? – Mark repetiu a pergunta.

Juro que se eu soubesse que aquele dia seria um inferno, eu não teria nem levantado da cama de manhã! O me dizendo aquelas coisas, aquela volta ao passado que me fazia tão mal e agora, o Mark questionando o assunto que mais me assusta no mundo: os meus sentimentos pelo . Era um assunto que eu não gostava de falar, porque eu tinha medo de enfrentá-lo. Era um assunto que sempre acabava sendo incerto na minha vida. Isso sempre aconteceu comigo e com o . Nós estávamos sempre nos amando e nos odiando, mas dessa vez é diferente. Os motivos para odiá-lo era maiores do que nunca, mas as minhas reações, os meus sentimentos ainda eram os mesmos. Estava tudo bem até ele aparecer e me colocar em conflito comigo mesma de novo. Eu estava tão certa de que havia superado e que estava mais do que pronta para seguir em frente, mas ai ele aparecer e me fez dar 10 passos para trás. Era difícil assumir para mim mesma algo que soava totalmente estúpido. Depois de tudo, eu ainda poderia sentir alguma coisa por ele? Isso é ridículo e inaceitável! A indecisão era óbvia e eu não consegui continuar olhando para o rosto de Mark. Abaixei o meu rosto, enquanto negava com a cabeça.

- Fala comigo... – Mark suspirou, aproximando-se novamente e tocando o meu rosto com uma de suas mãos. A resposta era mais do que evidente, mas ele só acreditaria se me ouvisse dizer. Ele levantou o meu rosto e encontrou novamente o meu rosto coberto por lágrimas.

- Eu... não sei. – Eu disse em meio a um suspiro. Eu nunca senti tanto ódio de mim mesma, mas eu não podia mentir pra ele. Ele não merecia!

As três palavras que fizeram o mundo de Mark desabar, assim como nos velhos tempos! O mundo pareceu ter ficado em silêncio e a única coisa que se conseguia ouvir era as batidas do coração dele diminuindo a cada segundo. Foi a pior sensação do mundo saber que eu estava quebrando o coração do cara mais doce e mais incrível que eu já havia conhecido. O olhar perdido e a mão dele deslizando pelo meu rosto me causou desespero.

- Mark, por favor! – Eu me aproximei ainda mais para evitar que ele se afastasse. Ele não conseguia olhar pra mim. – Mark! – Eu o chamei, trazendo o seu rosto pra mim e colocando-o na mesma direção do meu. – Isso não significa nada! Isso não significa que eu também sinta algo por você! – Eu falei desesperadamente, enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto. Eu não podia perdê-lo também.
- Você não quer me machucar... – Mark concluiu, voltando a olhar nos meus olhos. As poucas lágrimas que eu vi nos olhos dele me levaram a um nível maior de desespero e de choro.
- Não! Eu gosto de você! Eu me importo com você. – Eu afirmei aos prantos. – Eu quero ficar com você, Mark. Com você! – Eu segurei o rosto dele com as minhas mãos. – Por favor, fique comigo. – A minha voz saiu embargada e falha por causa do meu choro.
- Eu não posso. – Mark negou com a cabeça. Ele estava se segurando muito para não desabar. Ele não queria fazer isso na minha frente.
- Eu sei o que você está querendo dizer e... eu não aceito! – Eu não queria me separar dele. Eu não quero perdê-lo. – Você não vê que era isso o que ele queria? – Mark não podia estar desistindo. Não agora!
- Eu não me importo com o que ele quer. Eu me importo com o que você quer! – Mark afirmou. Ele ainda tentava bancar o forte.
- Eu quero você! – Eu afirmei desesperadamente.
- Você não sabe o que quer. – Mark me corrigiu. – Eu acredito em você, quando você me diz que gosta de mim e que quer ficar comigo. Eu acredito! Mas eu também sei que, talvez, você também possa querer ficar com ele. Eu respeito isso e vou dar a você todo o tempo que você precisar. – Ele não estava fazendo isso!
- Eu não preciso de tempo. – Eu neguei incessantemente com a cabeça. – Mark.. – Eu não consegui terminar a frase, pois as lágrimas me impediram.
- Não chore. – Mark acariciou o meu rosto na tentativa de me acalmar. Eu voltei a olhar pra ele e juntei todas as minhas forças para dizer o que eu queria. – Eu não quero terminar. – Eu voltei a negar com a cabeça.
- Terminar? – Mark sorriu de canto para não chorar. – Nós nem começamos. – Ele completou.
- Então é isso? – Eu engoli o meu choro. – Você vai simplesmente desistir? – Eu não conseguia compreender a atitude dele. – Você... vai me deixar ir embora sem nem ao menos lutar... por mim? – Eu não acreditava que estávamos acabando com o que havíamos construído até agora.
- , eu lutaria com qualquer um! Eu enfrentaria o mundo por você, mas a única coisa com a qual eu não posso lutar é com os seus sentimentos. – Mark afirmou, terminando a sua frase com um fraco sorriso que tinha o único objetivo de fazer com que eu me sintisse melhor. – Pense sobre tudo, decida o que você realmente quer pra você e se por acaso for eu, eu estarei bem aqui ao lado. – Ele apontou com a cabeça em direção a sua casa. Eu normalmente sorriria com aquela afirmação, mas dessa vez eu não consegui. – Ok? – Os dedos dele voltaram a secar as lágrimas em meu rosto. Me afastar do Mark era a última coisa que eu queria, mas eu tinha que respeitar a decisão dele.



- Ok. – Eu afirmei, tentando parecer forte. Depois de secar todas as lágrimas em meu rosto, Mark me observou de bem perto. Ele temia que aquilo fosse uma despedida. As mãos dele ainda seguravam o meu rosto e elas o ajudaram a trazer o meu rosto pra mais perto do dele. Eu fechei os olhos antes mesmo dos lábios dele tocarem os meus. Foi um selinho até que rápido, mas o significado dele foi maior que tudo. Os lábios dele se descolaram lentamente dos meus e eu mantive os meus olhos fechados, porque eu não queria vê-lo ir embora.
- Independente da sua escolha, eu te amo. – Mark sussurrou, enquanto ainda me tinha em seus braços. Os meus olhos fechados deram a ele a tranquilidade de expressar um pouco mais o seu sentimento de tristeza. Os olhos tristes me olharam pela última vez e a expressão em seu rosto deixava claro o seu esforço para não derramar qualquer lágrima.

Os meus olhos mantiveram -se fechados, enquanto eu sofria as escuras pelas palavras que ele havia acabado de me dizer. Foi a primeira vez que ele disse que me amava e foi justamente no dia em que eu parti o seu coração. Mark teve o seu último momento para dizer aquelas palavras que estavam entaladas em sua garganta há meses e ele aproveitou a oportunidade. Eu nunca fiquei tão triste em ouvir aquelas 3 palavras. Ele deixou de me tocar e eu soube que ele estava indo embora. O meu coração se apertou e a coragem para abrir os olhos não se manifestava. O choro e o desespero me consumiam mesmo com os olhos fechados. O barulho da porta batendo, me fez abri-los. Eu me vi sozinha no meio daquela sala. Sozinha novamente.










CONTINUA...









Nota da Autora: 


Hey! Então, eu espero que estejam gostando da fanfic. Está dando muito trabalho, mas eu estou AMANDO escrevê-la. Eu me inspirei em uma outra fanfic que eu li e fiz as minhas MUITAS alterações (com a autorização da autora da mesma). Como vocês já perceberam, ela está em andamento. Eu vou postar de acordo com o que eu for escrevendo. 

Vocês devem ter percebido que nessa fanfic, os Jonas não são tão 'politicamente corretos' e nem tem uma banda. Eu achei legal fazer uma coisa diferente.

Enfim, deixe o seu comentário aqui embaixo. A sua opinião é importante, pois me incentiva a escrever ainda mais e mais.

Beijos e qualquer coisa e erro, mandem reply pra mim lá no @jonasnobrasil . 


8 comentários:

  1. owwww senhor =(, como foi mentira sobre a carta! bem que podia ser mentira que ele não é mais virgem, ele tinha que perder comigo! eles dois tem que se acertar para ser perfeito!.. Tem que ser mentira da Hambe, e mostrar que ele estava bêbado e nao lembra! isso tem que ser mentira, e no próximo capitulo eles ter sua primeira relação sexual e ser perfeito !

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  2. Eles tem que ficar juntos. Ela tem q falar pra ele q ela tava no dia do aniversário e que ela achava que ele estava traindo ela com a Amber. Ps: eu quero o meu cachorro

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  3. OMG o que foi isso? Chorei litros com esse final, quero a segunda parte agora mesmo. Você não pode deixar o Jonas ir embora sem ouvir umas poucas e boas tbm, ele precisa saber que "eu" fui lá no dia do nosso aniversario e achei que estava sendo traída. TEM QUE JOGAR NA CARA DELE TBM POXA!!!! Coitado do Mark mds, ele não merecia nada disso ):

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  4. Eu realmente espero do fundo do meu coração que você leia esse comentário, Raissa!!! Posso pedir uma coisa? MATA ESSE MERDA DO MARK DE UMA VEZ! Hahahahah. É impossivel gostar dele pra mim, sério. Não tem graça nenhuma! Eu preciso do Jonas, ler eles brigando me deixou 10x mais feliz do que antes porque até as brigas deles são 3481632193217836721x mais emocionantes que um momento dela com o Jonas. SÉRIO. Volta pra mim Nick, por favor! <3

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  5. Raissa de deus que capitulo foi esse, essa briga epica , mds , Continua rapido que eu to dependente dms pra esperar kk, Meu Jonas quero ele de volta, Cansei do Mark kk, Rah tu arrasa mlr escreve perfeitamente bem amo tua fic mais continua logoooo ta me matando eles separados eu preciso dles dois juntos de novo , E que se foda Mark, e quem mais aparecer no meio dles kkk Att o mais rapido possivel Bjos da Lah

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  6. meu deus acho que vou morrer !!!! continUUA rapido , posta logoooo pleaseeee , quero que a pp e o Jonas voltem logo !!! e namoral , o mark ate é bonito , mas é muito certinho , nao gosto de pessoas assim !! e o que a meg vai fazer pela pp ? perguntas perguntas e mais perguntas !!!! ameiiii Raissa ESCREVE A SEGUNDA PARTE LOGOOO PLEASEEE

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  7. Espero de verdade q "eu" fique com o Mark,acho q a historia c o amado ja foi,c vc mesma conta é passado. Esse capitulo foi simplismente cheio de emoções !! Eu estou adorando ler *-*

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