Capítulo 47



NO CAPÍTULO ANTERIOR...




- Onde... você estava? – Eu perguntei, querendo que a resposta fosse qualquer uma, menos a faculdade.
- Eu estava na faculdade. – Mark sorriu um pouco mais desconfiado. Percebeu a minha mudança de humor. Não! Droga! Isso não pode estar acontecendo. Eu deixei de olhá-lo para encarar rapidamente o chão.
- Na faculdade? – Eu questionei, esperando não ter escutado direito. Eu voltei a olhá-lo um pouco mais séria do que antes.
- É! Qual o problema? – Mark também me olhou mais sério. Não estava entendendo qual era o problema.
- Você está mentindo! – Eu fiquei imediatamente irritada e muito frustrada. Qual o problema comigo? Porque todos eles tem que mentir pra mim!?
- O que? – Mark arqueou uma das sobrancelhas. Ele ficou mais preocupado com tamanha acusação.
- Você não estava na faculdade, porque eu fui até lá! Eu esperei por você lá fora por quase 2 horas e eu tenho toda a certeza do mundo de que você não saiu de lá de dentro. – Eu o coloquei contra a parede e a expressão de preocupação ficava cada vez mais evidente em seu rosto. Ele pareceu surpreso com a minha descoberta.
- Não, eu.... – Mark tentou se explicar, mas eu não deixei.

- Não continue mentindo pra mim, está bem? O seu amigo me disse ontem que você trancou a sua faculdade há meses, sendo que você me diz que vai na faculdade todas as manhãs. Você disse que estava lá hoje, mas você não estava, Mark! – Eu fiquei ainda mais irritada com as mentiras, que ele insistia em me contar. Eu estava me sentindo uma idiota agora por ter sido enganada por outro cara. Porque isso sempre acontece? – Então me diz, porque que você está mentindo pra mim? – Eu cerrei um pouco os olhos. – O que é que você está escondendo? – Eu questionei da forma mais séria que eu consegui. Eu não queria que ele pensasse que podia continuar me enganando e me fazendo de boba, porque ele não podia. Não mais. Seja o que for que ele está escondendo, eu vou descobrir.





Capítulo 47 – Recuperando as esperanças



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





- Calma! Eu posso explicar! - Mark ficou estranhamente desconfortável com a situação. Ele não esperava aquilo.
- Pode? Pode mesmo? - Eu cerrei os olhos. - E tem explicação pra isso? Quem mente sobre uma coisa dessas? - Eu abri os braços. - Quer dizer, o que pode haver de tão importante que você tenha que me esconder o fato de ter trancado a faculdade há meses atrás!? - Eu o encarei.
- Eu tive as minhas razões! - Mark se defendeu. Ele precisava de um pouco mais de tempo.
- É claro que teve! Você precisa mesmo de uma boa razão pra ter mentido pra mim, porque é esse é tipo de coisa que eu não tolero! - Eu retruquei imediatamente.
- Você pode se acalmar? - Mark pediu com uma certa impaciência.
- Me acalmar? - Eu dei mais um passo em direção a ele e o fuzilei com os olhos. - Você está mentindo pra mim! Você está mentindo pra mim há meses! - Eu neguei com a cabeça. - Droga, eu te beijei ontem. Você não pode estar mentindo pra mim! - Porque eu sempre escolho os caras errados?
- Entra! Eu vou te contar tudo. - Mark afastou-se da porta e esperou que eu fosse atrás dele. Eu hesitei por um tempo, mas eu queria muito saber o motivo da mentira. Entrei na casa e bati a porta. - Tem coisas que você não sabe sobre mim. - Mark afirmou, me encarando.
- Eu não sei nada sobre você! Você é o mistério em pessoa e está sempre fugindo de todas as minhas perguntas. - Eu me mantive firme.
- São assuntos que eu não gosto de falar. Assuntos que eu não gosto de lembrar. - Mark deixou de me olhar.
- Eu achei que nós fossemos amigos. Eu sempre dei liberdade para que você me contasse qualquer tipo de coisa. Eu sempre compartilhei tudo da minha vida com você e agora eu me sinto uma idiota, porque nunca foi uma coisa mutua. - Eu queria deixá-lo com um pouco de remorso pelo que ele havia feito.
- Você quer saber? - Mark perguntou retoricamente. - Eu vou te contar! - Ele se sentou em um dos sofás, mas eu me mantive de pé.
- Sobre o que? Sobre a faculdade? Sobre o porquê de estar mentindo pra mim? Sobre o porquê de eu nunca ter conhecido a sua mãe, que é a minha vizinha há meses? Ou sobre o seu pai que eu não sei nem o nome? – Eu não aliviei. Eu odiava que mentissem pra mim. Ainda mais quando se trata de uma pessoa como o Mark, pra quem eu contei tudo sobre a minha vida.
- É sobre tudo! – Mark afirmou com uma certa irritação. Ele calou-se por algum tempo. Ele estava pensativo, mas parecia estar com dificuldade de falar sobre aquilo. – É sobre a minha mãe. É sobre... o meu pai também. – Mark disse, enquanto encarava as suas mãos.
- Ela não está viajando, não é? – Eu deduzi rapidamente. Ninguém pode viajar por tanto tempo assim.



- Ela está morta. – Mark afirmou e logo em seguida me olhou. Os olhos estavam um pouco vermelhos e havia poucos vestígios de lágrimas neles. – Ela... está morta. – Ele repetiu. As palavras me afetaram com uma certa rapidez e toda a raiva que eu sentia por causa das mentiras deu lugar a um sentimento ruim. Um sentimento que fez com que eu me sentisse um pouco culpada por ter pressionado ele a falar sobre o assunto.
- Não... – Eu neguei com a cabeça, sem acreditar. Eu não queria acreditar.
- Meu pai? Eu não trabalho com ele, porque eu não conheço o meu pai. Nunca conheci. – Mark estava muito mais triste do que queria parecer. Eu andei imediatamente até ele e me sentei em uma mesinha baixa que ficava em frente ao sofá em que ele estava sentado. Agora eu estava de frente pra ele. – Eu não sei se ele está morto ou está vivo. Eu nem ao menos sei quem ele é. – As lágrimas nos olhos dele aumentaram um pouco mais ao falar do pai.
- Ei, está tudo bem. – Eu segurei uma de suas mãos e ele observou o meu rosto de perto.
- Me desculpe se eu menti pra você. – Mark segurava um pouco a sua respiração, pois isso ajudava a manter as lágrimas em seus olhos. – Eu não queria que soubesse que eu não tenho ninguém. Sou só eu agora. Isso é pouco pra você. – Ele disse com uma certa inocência. Por detrás de toda aquela inocência, havia dor. Vê-lo daquele jeito me deixou muito emotiva.
- Do que você está falando? – Eu perguntei, negando com a cabeça. O que ele havia dito não fez o menor sentido.
- Eu não tenho ninguém. Eu não tenho uma faculdade e tenho a droga de um emprego que eu odeio. – Mark rolou os olhos. – Olhe pra você! Você é boa em tudo o que você faz e tem uma vida perfeita. – Ele deixou de me olhar por algum tempo. – Não tem espaço pra um cara como eu na sua vida. – Mark manteve a cabeça abaixada.
- Não fale assim. – Eu o observei com a cabeça baixa. – Ei! – Eu levei uma das minhas mãos até o seu queixo e ergui o seu rosto. – Não fale assim. – Eu voltei a pedir.
- Foi por isso que eu menti. – Mark fez uma breve pausa. – Eu menti para parecer ser uma boa pessoa pra você. – Ele me olhou. – E eu sei que isso não justifica. Isso não é um motivo para mentir, mas... – Mark hesitou continuar.
- O que? – Eu quis saber o que ele ia dizer. Mark passou algum tempo me observando antes de responder qualquer coisa.
- Depois de tanto tempo, você foi a única pessoa que viu alguma coisa em mim. Você quis ser parte da minha vida, sem saber que não existia mais ninguém além de você. – Mark voltou a abaixar a cabeça. – Você viu alguma coisa em mim. – Ele repetiu, enquanto negava com a cabeça. Voltou a levantá-la para me olhar. – Você veio como uma luz no meio de toda a escuridão que a minha vida estava se tornando. No meio de tantas perdas, você foi a única coisa que eu ganhei. – Mark estava desabafando, mas não sabia o quão encantador aquilo estava soando. – Eu menti porque eu não queria perder isso. – Ele ergueu ambas as sobrancelhas como se dissesse que não tinha mais justificativas para o que havia feito.
- Eu não me importo com o que você tem ou com o que você perdeu. As perdas também fazem de você quem você é hoje. Eu gosto de quem você é hoje. – Eu voltei a tocar o seu queixo e o levantei assim que o vi abaixar a cabeça. – Ei! – Aproximei minha mão de seu rosto e acariciei por poucos segundos uma das suas bochechas. – Quer saber de uma coisa? – Eu perguntei deforma retórica e ele apenas manteve-se me olhando. – Mesmo depois de todas essas verdades que você acabou de me contar, eu continuo vendo alguma coisa em você. – Um sorriso bem fraco surgiu no seu rosto. – Eu ainda quero fazer parte da sua vida mesmo sabendo que não existe mais ninguém além de mim. Eu até gostei disso. Eu sou egoísta, lembra? – Eu arranquei um sorriso um pouco maior dele.
- Não precisa fazer isso. – Mark negou com a cabeça.
- O que? Sentir pena? – Eu deduzi. Eu sabia muito bem o que era estar na pele dele. – Não é pena. Se fosse, eu teria que sentir pena de mim mesma também. Você é como um reflexo meu. Talvez um pouco mais alto e musculoso, mas continua sendo um reflexo meu. Minha vida não é tão perfeita quanto aparenta. Acredite. – Eu estava tentando fazer ele se sentir melhor.
- Legal, então a nossa vida é uma droga. – Mark ironizou.
- Pode até ser, mas... – Eu não queria parecer atrevida ao dizer aquilo. – Se a vida está uma droga, é porque existe alguém que pode melhorá-la. Toda droga de vida tem uma salvação. – Eu expliquei.
- E... – Mark me olhou um pouco sem jeito. – Você é a salvação da minha? – Ele sorriu sem mostrar os dentes.
- Eu ia te fazer a mesma pergunta. – Eu sorri da mesma forma que ele.
- Isso quer dizer que você me desculpa? – Mark voltou a ficar um pouco mais sério.
- Eu vou ter que pensar sobre isso. – Eu deixei de olhá-lo e fiz cara de pensativa. – Eu ainda sinto que não sei tudo sobre você. – Voltei a olhá-lo.
- Tudo bem, então vamos dar um jeito nisso. – Mark afirmou. – Você sai comigo hoje a noite e eu te conto o que você quiser saber sobre mim. Se depois dessa noite, você não quiser mais olhar na minha cara, eu juro que vou entender. – Ele sugeriu.
- Você mente e ainda ganha um encontro? Eu não sei. Não parece justo. – Eu dificultei um pouco mais as coisas.
- Não é um encontro. É como um... – Mark pensou antes de terminar a frase. – É como uma reunião de negócios. Vamos apenas tratar de assuntos inacabados e talvez esclarecer outros. – Ele quase riu da sua rápida improvisação.



- Uma reunião de negócios? – Eu arqueei uma das sobrancelhas. – Isso parece mais... justo pra mim. – Eu afirmei com a cabeça e tentei segurar um sorriso.
- Então eu passo te pegar ás 7? – Mark perguntou.
- Eu vou tentar estar pronta ás 7. – Eu fiz uma careta que fez ele rir.
- Tudo bem... – Mark segurou um pouco a risada.
- Agora eu tenho que ir pro trabalho. – Eu me levantei.
- Está bem. Eu te vejo mais tarde. – Mark também se levantou para me acompanhar até a porta. - E se você puder... não contar nada disso pra Meg. Eu não quero ficar falando sobre isso pra todo mundo. – Ele pediu.
- Eu não conto. São coisas suas. Eu não tenho o direito de contar nada. – Eu concordei com o pedido dele.
- Obrigado. – Mark agradeceu, me olhando da porta de sua casa. Eu já estava do lado de fora.
- Você... está bem? – Eu perguntei, me referindo a todas aquelas coisas que ele havia me contado.
- Sim, eu.. estou bem. – Mark afirmou com a cabeça.
- Então até mais tarde. – Eu dei alguns passos para trás e nem sequer beijei o seu rosto. Eu me afastei e fui em direção ao meu carro.

Se eu já estava confusa antes, imagina agora? O Mark mentiu pra mim, mas os motivos dele foram bons. Na verdade, os motivos são justificáveis. Apesar de tudo, alguma coisa ainda me incomodava. Se eu não tivesse descoberto sobre tudo, ele me contaria? Se eu não o tivesse o colocado contra a parede, quando é que ele me contaria todos esses segredos que ele escondeu? Eu sentia como se ele não confiasse inteiramente em mim. Se ele confiassse, ele já teria me contado há tempos.

O pior de tudo isso é que eu confio nele. Eu confio muito nele! Eu não vejo motivos para não receber essa confiança de volta. Talvez se eu soubesse de tudo isso antes, eu não teria ficado com ele na noite passada. Não é que eu não queira alguém tão sozinho por perto. Aquele beijo despertou algumas reações inesperadas em mim. Eu não queria sentir tudo aquilo por alguém que me escondeu tanta coisa. Se ele conseguiu esconder tudo isso por tanto tempo, o que mais ele poderia estar escondendo? Eu sempre sei quando qualquer pessoa próxima estava mentindo. Eu sabia que o estava mentindo só ao olhá-lo. Eu não consigo ter isso com o Mark. Eu nunca tenho certeza sobre nada com relação a ele. Ainda assim, nada disso mudava o que eu estou começando a sentir por ele. Eu ainda quero tê-lo por perto e ele ainda me faz muito bem. Vale a pena arriscar a minha felicidade por outro relacionamento que tem tudo pra ser cheio de problemas? Vai depender muito daquela noite.

Mark ainda estava recostado na porta de entrada da sua casa. Ele ainda estava se recuperando do que havia acabado de acontecer. Tudo aquilo o pegou de surpresa. Não estava nos planos dele falar sobre tudo aquilo agora. Ele não mentiu quando disse que não gostava de falar sobre aquilo para ninguém, mas eu ter sido a primeira pessoa pra quem ele contou aquilo o fez ver que o que ele sentia por mim estava saindo dos limites. As coisas não podiam ter saído dos limites. O fato de eu saber de tudo aquilo fazia de mim ainda mais especial e ele não queria que eu tivesse tanta importância na vida dele. Ele não gostava de se ver tão entregue e tão vulnerável a uma pessoa, mas ao mesmo tempo ele não conseguia evitar.

Eu não sabia o que esperar daquela nossa ‘reunião de negócios’. Às vezes eu quero que ele me faça desculpá-lo, mas outras vezes eu quero que ele faça tudo errado para que eu tenha um motivo bom para me afastar e não voltar a ter problemas com sentimentos e relacionamentos. Confesso que foi difícil esconder da Meg o quão distraída aquela história do Mark havia me deixado. Por sorte, ela tinha um compromisso com a família dela naquela noite e então nem se ofereceu para sair comigo e com o Mark. Se ela se oferecesse, não teria como recusar.

- Amanhã você me conta como foi o encontro. – Meg não se esqueceu de encher um pouco o mais o meu saco antes de irmos embora do hospital.
- Eu já disse que não é um encontro. – Eu rolei os olhos.
- Legal, então amanhã você me conta como foi... isso que vocês vão fazer essa noite. – Meg beijou o meu rosto e riu ao me ver fazer careta.
- Eu conto. – Eu neguei com a cabeça, vendo ela se afastar. Fui na direção contrária a ela e depois de andar um pouco cheguei em meu carro.

Ainda era 6 horas, então eu tinha mais de uma hora para me arrumar. Mesmo tendo tempo de sobra, eu quis me apressar para não correr o risco de me atrasar. Tomei um longo banho e quando saí me dei conta de que agora eu estava realmente atrasada. Me apressei para secar e dar uma rápida ajeitada no meu cabelo e para escolher a roupa que eu usaria. Eu não sabia aonde nós iríamos, então eu coloquei uma coisa meio termo. Nem tão chique e nem tão largada (VEJA AQUI). Coloquei alguns acessórios como um relógio e a pulseira que eu havia ganhado dos meus amigos ficou no meu outro pulso. Revirei a minha caixa de joias, enquanto procurava uma correntinha qualquer. Adivinha? A correntinha que o havia me dado! Mas que hora mais imprópria para achar essa correntinha. Confesso que não foi muito legal olhar para aquele pingente de coração de novo. Eu tenho que parar de ficar tão frustrada e decepcionada a cada vez que eu me lembro que eu nunca vou conseguir esquecê-lo.

- Ai, droga. – Eu levei um susto quando a campainha tocou. Guardei com rapidez a correntinha de volta da caixa de joias e resolvi não usar correntinha alguma. Corri até a janela e vi Mark na varanda da minha casa. – Eu já vou descer! Espera mais um pouco. – Eu gritei da janela e depois a fechei . Corri ainda mais para terminar de me arrumar.
- Atrasada de novo... – Big Rob chegou ao lado do Mark, que negou com a cabeça, enquanto ria.
- Eu ainda não sei por que eu insisto em chegar no horário certo. – Mark negou com a cabeça.

Coloquei rapidamente uma sandália com um salto anabela e caprichei o máximo que eu pude na maquiagem. Passei uma sombra bem fraca, blush, rímel e um batom vermelho não muito forte. Conferi o espelho com toda a minha rapidez e cheguei a conclusão de que estava pronta. Corri pegar o meu celular e algum dinheiro e os coloquei nos bolsos da calça. Desci as escadas correndo o máximo que eu pude e cheguei na porta. Ajeitei o meu cabelo e a minha roupa antes de abri-la.

- Desculpa a demora! – Eu fiz careta ao ver o Mark conversando com o Big Rob. Ao ouvir a minha voz, ele me olhou em meio a uma risada causada por algo que o Big Rob estava lhe contando. Os olhos dele foram discretos ao me olharem dos pés a cabeça. Eu fiz o mesmo. Calça jeans preta, camiseta branca que, aliás, era um pouco mais agarradinha do que ele costumava usar e que deixava os músculos de seu braço ainda mais em evidência e um tênis que também era branco. O único acessório que ele usava era um relógio em um dos pulsos.
- Não tem problema. – Mark sorriu rapidamente sem mostrar os dentes.
- Ele já está acostumado. – Big Rob brincou.
- Você anda muito abusado, Big. – Eu cerrei os olhos para o Big Rob, que fez o mesmo comigo. Ficamos nos encarando por algum tempo, esperando que um ou o outro risse. Nós sempre fazíamos aquela competição e eu sempre perdia. – Está bem, você ganhou de novo! – Eu não resisti e ri.
- Não sei por que você ainda tenta. – Mark também riu da nossa brincadeira.
- Ele foi treinado pra isso. Não é justo! – Eu neguei com a cabeça e vi um fraco sorriso sair no rosto do segurança. – Espera! Isso é um sorriso? – Eu me aproximei do Big Rob, que voltou a ficar sério.
- Qual sorriso? – Ele brincou comigo.
- Você é bom, cara. – Eu voltei a rir.
- Eu sei! – Big Rob concordou, enquanto ele e o Mark faziam um toque de mãos.
- Da próxima vez eu ganho. – Eu o ameacei e ele debochou da minha cara. Fiz o mesmo toque de mãos que ele e Mark haviam feito.
- Tomem cuidado! – Big Rob gritou, vendo eu e Mark nos afastar.

Entrei no carro de Mark, depois dele abrir a porta pra mim. Eu até já havia me desacostumado com isso, acredita? Foi perturbador entrar no carro dele e sentir aquele forte cheiro do maravilhoso perfume dele. Mark entrou em seu carro e sentou-se ao meu lado. Eu o observei ligar o carro e depois começar a guiar a guiá-lo. Eu demorei alguns segundos para me encorajar a quebrar o silêncio.

- Onde nós vamos? Essa roupa está boa ou... – Eu perguntei, olhando para a minha roupa. A minha preocupação era não estar adequadamente vestida para o lugar aonde nós íamos.
- Não. – Mark negou com a cabeça. – Você está linda. – Ele afirmou, deixando de olhar o trânsito para me olhar. Eu fiquei surpresa e sem graça com o elogio.
- Obrigada. – Eu sorri, sem jeito. Deixei de olhá-lo e olhei para frente. Ele fez o mesmo. – Você não vai me contar onde nós vamos? – Eu voltei a perguntar.
- Ainda não. – Mark afirmou.
- E a nossa... reunião vai começar aqui mesmo ou só quando chegarmos lá? – Eu voltei a perguntar. Eu estava ansiosa para esclarecer todas dúvidas que eu tinha sobre ele.
- Nós podemos começar quando chegarmos lá? Eu não consigo te dar a minha total atenção agora. – Mark me olhou, querendo saber se eu concordava com o que ele havia dito.
- Por mim, tudo bem. – Eu concordei. Não custava esperar mais um pouco.

Eu tinha quase certeza de que ele me levaria a um restaurante. Era um lugar calmo e bem propício para a situação. Eu não sei se estava confortável para fazer aquilo. Sentar em uma mesa e fazer um questionário sobre a vida dele. Isso soa um pouco ridículo. Em todo o caso, eu já estava ali. Não tinha como adiar ou fugir. O tal lugar ficava um pouco mais longe do que eu esperava. Todos os restaurantes que eu cogitei foram ficando no meio do caminho. Entramos em uma rua e no final dela eu vi uma enorme roda-gigante. Eu não achei que ela fosse importante.

- Chegamos. – Mark disse ao estacionar o carro quase em frente a entrada do parque de diversões, que aparentava ser um desses parques cirquenses.
- Chegamos? – Eu olhei em volta e depois voltei a olhar pra ele. Chegamos onde? Ele não respondeu e apenas desceu do carro. Eu não estava entendendo nada. Ele abriu a porta do carro pra mim e eu desci. – Onde nós vamos? – Eu perguntei e olhei novamente em volta.
- Não me diga que você não é fã de parques de diversões. – Mark fez careta. Seria o bola fora do ano!
- O parque de diversões? – Eu deixei de olhá-lo e olhei para a bilheteria que estava logo à frente. – Nós vamos ter a nossa... reunião em um parque de diversões? – Eu questionei em meio a um sorriso de descrença.
- Qual o problema? – Mark sorriu de verdade pela primeira vez naquele dia. Eu não tive nem tempo de responder. Ele segurou a minha mão e me puxou. – Vem. – Ele me levou em direção a bilheteria. Eu observei o parque e todas aquelas luzes coloridas me fizeram sorrir sem nem perceber. – Duas entradas. – Ouvi Mark dizer para a atendente, que imediatamente entregou as duas entradas e ele, o dinheiro.
- Uma reunião, não é? – Eu arqueei uma das sobrancelhas em meio a um sorriso.
- Não é um encontro. – Mark ergueu os ombros e eu rolei os olhos. – Os assuntos dos quais nós temos que falar já são deprimentes demais. – Ele explicou.
- Está bem. – Eu cedi, mesmo achando que não conseguiríamos esclarecer nada ali.
- Você já veio aqui? – Mark perguntou, enquanto andávamos em direção ao parque. Como eu disse, era um daqueles ‘parques cirquenses’ que vão de cidade em cidade e tem as coisas mais clássicas que os enormes parques de diversões não tinham.
- Não, eu nunca vim. – Eu respondi, distribuindo olhares para todo o local. Era tudo muito legal ali. Havia crianças correndo e rindo por toda a parte. A alegria delas era quase que contagiante. Logo na entrada, uma garotinha deixou sua boneca cair, enquanto corria em volta de uma das tendas de doces com uma outra garotinha. Mark não hesitou em ir até a boneca para entregá-la.
- Ei, a sua boneca! – Mark gritou e essa foi a única coisa no mundo que teria feito ela parar a sua correria sem fim. Ela o olhou e se aproximou com toda a sua inocência. Ele estendeu a boneca em sua direção e ela agarrou a sua boneca no mesmo segundo. O sorriso reservado que ela lhe lançou valeu muito mais que um simples ‘obrigada’. A cena foi admirável de se ver. Mark voltou a se aproximar de mim como se nada tivesse acontecido. – Viu isso? Ela quase arrancou a minha mão. – Ele riu, parando em minha frente.
- Nunca se aproxime da boneca de uma garota. – Eu aconselhei em meio a risos e ele gargalhou. Voltamos a andar por aquele corredor sem fim, que era cercado por barracas de diversos tipos de coisas. – Você gosta de crianças? – Eu perguntaria qualquer coisa que me deixasse curiosa. Viemos ali para isso, não é?
- Gosto. Quer dizer... – Mark fez uma careta. – Eu não sei muito bem como lidar com elas, mas eu gosto. Eu nunca tive a oportunidade de conviver com nenhuma criança, sabe? Eu acho que eu não sei nem mesmo segurar uma. – Ele riu de si mesmo.
- Você nunca carregou uma criança? – Eu o olhei, incrédula.
- Porque você está me olhando assim? – Mark riu do quanto eu estava perplexa diante da sua revelação.
- Você tem que aprender a lidar com crianças. Como você vai ter filhos daqui alguns anos? – Eu questionei. Nós ainda andávamos lado a lado.
- Filhos? – Mark arqueou uma das sobrancelhas.
- Não me diga que você é um desses caras que não quer ter filhos. – Eu rolei os olhos.
- Oh meu Deus! Você está falando sério? Eu só tenho 21 anos. – Mark debochou do meu questionamento.
- Você nunca pensou nisso? Nunca pensou se quer ter filhos? – Eu voltei a questionar.
- Não, eu nunca pensei. Eu já tive dois filhos no ‘The Sims’, serve? – Mark perguntou e eu comecei a rir no mesmo segundo. – O que foi? – Ele riu porque eu estava rindo.
- Isso é ridículo! – Eu continuei rindo.
- Agora você sabe o porquê de eu nunca falar nada sobre mim. – Mark não se incomodou com a minha risada.
- Não, eu estou gostando de saber de tudo isso. – Eu neguei com a cabeça. Eu não queria que ele ficasse tímido de contar suas coisas.
- Está gostando, né? – Mark me olhou com deboche. – Vem comigo. – Ele agarrou a minha mão e me levou até uma dessas mesas de hockey em que você tem que colocar o disco dentro de buraco.
- O que? – Eu não sabia exatamente o que ele queria.
- Sabe jogar isso? – Mark perguntou, indo para um dos lados da mesa.
- Eu era muito boa há uns 5 anos atrás. – Eu coloquei uma das minhas mãos na cintura.
- Espero que você ainda seja boa, porque o único jeito de arrancar mais respostas de mim é vencendo o jogo. – Mark me desafiou.
- Não! Esse não era o combinado. – Eu neguei com a cabeça.
- Não acredito que está fugindo do desafio. – Mark me olhou com desaprovação. Eu cerrei os olhos em direção a ele e mordi o lábio inferior. Eu sabia o que ele estava fazendo.
- Eu só tenho que ganhar? – Eu me aproximei do lado oposto da mesa que ele estava.
- Você ganha e você pode fazer 2 perguntas. Qualquer pergunta que você quiser! – Mark propôs.
- 3 perguntas. – Eu negociei.
- Feito! – Mark achou graça da minha competitividade.
- Aprenda com a rainha do hockey, querido. – Eu pisquei pra ele, que me encarou com um ar de riso.
- Rainha do hockey? – Mark não perderia a oportunidade de me zuar. Azar o dele! Ele nem percebeu quando eu peguei o disco e o ataquei com toda a minha habilidade e acertei em cheio o buraco dele.
- Você disse alguma coisa? Eu não escuto aqui de cima. – Eu coloquei uma das minhas mãos em minha orelha.
- Chega de brincadeira. – Mark fingiu um olhar ameaçador, que só me fez rir. Ele tentou inúmeras vezes acertar o disco, mas eu defendi todas. Eu era viciada naquilo quando era criança. era o único que conseguia ganhar de mim.
- Ops, outro ponto. – Eu fiz careta, mordendo o meu lábio inferior. – Prefere que eu deixe você marcar um ponto? Tem muita gente aqui e pode ficar feio pra você. – Eu provoquei.
- 5 anos atrás, né? – Mark rolou os olhos.
- É como andar de bicicleta! – Eu disse, antes de fazer o meu último ponto. – Acho que ganhei. – Eu abri os braços.
- Como aprendeu a fazer isso? – Mark andou até mim.
- Viu? Você também não sabe tudo sobre mim. – Eu pisquei pra ele, que rolou os olhos em meio a um fraco sorriso.



- Eu deveria poder fazer 5 perguntas depois desse show que eu acabei de dar em você. – Nós começamos a nos afastar da máquina e voltamos para o enorme corredor central.
- O combinado foi 3! – Mark manteve-se firme.
- Está bem. Você disse qualquer coisa, não é? – Eu perguntei um pouco pensativa. Eu tinha tantas perguntas que nem sabia qual delas fazer. Nós andávamos lado a lado e não nos olhávamos.
- Eu disse qualquer coisa? – Mark tentou trapacear.
- Nem vem! – Eu usei o meu braço para empurrar o dele.
- Qualquer coisa! – Mark cedeu.
- Hm, deixa eu pensar. – Eu coloquei uma das minhas mãos perto do meu rosto. – Você... realmente fez faculdade de engenharia? – Eu virei o meu rosto para olhá-lo.
- Mas que pergunta é essa? – Mark debochou da minha pergunta.
- O que? Eu não sei isso também fazia parte da mentira. – Eu me expliquei.
- Sim, eu fiz. Eu parei no 5° semestre. Se eu aprendesse um pouco mais de ‘Cálculo 2’ eu me mataria. – Mark disse de forma cômica, que me fez rir.
- Você saiu da faculdade porque odiava ‘Cálculo 2’ ? – Eu não acreditei.
- Isso conta como uma pergunta? – Mark voltou a me olhar.
- Não! Faz parte da primeira pergunta. – Eu argumentei.
- Não foi só por causa do ‘Cálculo 2’. – Foi a única coisa que ele disse.
- Eu sabia! – Eu afirmei com convicção.
- Próxima pergunta. – Mark desconversou.
- Quantas namoradas você já teve? – Eu perguntei, curiosa.
- Só uma. – Mark prontamente respondeu.
- Isso não vai contar como uma pergunta, ok? Está incluso na primeira! – Eu avisei antes de fazer uma outra pergunta. – Como ela era? – Eu sempre quis perguntar aquilo.
- Ela não era tão divertida e tão bonita quanto você. – Mark disparou e eu nem escondi a minha surpresa com a atitude dele.
- Ok, eu nem queria saber mesmo. – Eu ergui os ombros totalmente sem graça.
- Próxima pergunta. – Mark riu, provavelmente por causa do quão vermelhas as minhas bochechas devem ter ficado.
- Você vai achar que eu sou maluca, mas... – Eu hesitei em fazer aquela pergunta. – Você já teve alguma coisa com a minha tia? – Eu fiz careta ao perguntar. Era uma pergunta estranha, mas eu sempre fiquei em dúvida sobre aquilo.
- A Janice? – Mark me olhou perplexo. – Você está falando sério? – Ele arqueou uma das sobrancelhas.
- Ela sempre falou tão bem de você e ela era incrível! – Eu não achei que meus argumentos fossem bons. Que pergunta estúpida!
- Sim, ela era incrível, mas ela só era uma vizinha. Eu sempre morei naquela casa e a minha mãe sempre foi muito amiga dela. Ela praticamente me viu crescer. É claro que eu nunca tive nada com ela. – Mark explicou com uma certa indignação. Aquilo era uma coisa totalmente sem sentido pra ele.
- Ótimo! Seria horrível ter beijado o mesmo cara que a minha tia. – Eu voltei a fazer careta e ele riu, enquanto rolava os olhos.
- Depois dessa pergunta, fico feliz que as suas perguntas tenham acabado. – Mark brincou.
- Vamos ter que fazer um novo desafio. – Eu parei de andar e olhei em volta.
- Já sei! – Mark voltou a me puxar e eu nem tive tempo de escolher um desafio. – Moço, ela pode subir nesse brinquedo? – Ele perguntou para um dos caras que supervisionava um dos brinquedos. O supervisor me analisou por um tempo.
- Ela pode. – O supervisor me autorizou.
- O que? Eu não vou subir nisso. – Eu imediatamente me recusei. Era aquele brinquedo em que uma pessoa tem que sentar em um assento móvel e se alguém acertasse uma das bolinhas de plástico no botão vermelho, o assento se abaixava e ai a pessoa caia na piscina de bolinhas.
- Não quer mais saber as coisas sobre mim? – Mark voltou a negociar.
- Você não vai me fazer pagar esse mico no meio de toda essa gente. – Eu continuei resistindo.
- Não precisa fazer se não quiser. Eu já cansei de falar sobre mim mesmo. – Mark ergueu os ombros.
- Inacreditável... – Eu suspirei longamente, enquanto rolava os olhos. – Eu vou subir, mas vai ser o seguinte: a cada bolinha que você errar, você vai ter que me contar alguma coisa que eu não sei sobre você. Não vale trapacear! – Eu ditei as regras.
- Você manda, Rainha do hockey! – Mark ergueu os ombros.
- Você me paga! – Eu o empurrei e ele riu. Tirei a minha sandália e entreguei para ele. Subi no brinquedo e o supervisor me ajudou a sentar no assento que ficava sobre as bolinhas. Ainda bem que a altura não era tão grande.
- Vamos, me dê um sorriso. – Mark pegou o seu celular e preparou-se para tirar uma foto. Eu mostrei a língua e ele gargalhou.
- Vamos! – Eu estava mais receosa com o susto que eu levaria ao cair do que com a queda.
- Prepare-se! – Mark pegou uma das bolinhas de plástico e a jogou contra o botão.
- Errou! – Eu debochei da cara dele.
- Está bem... – Mark segurou o sorriso e pensou no que me contaria. – Eu sei dirigir motos. – Ele contou.
- O que!? – Eu abri a boca, demonstrando perplexidade. Ele não respondeu, apenas jogou outra bolinha. Errou de novo.
- Eu odeio banana! Só o cheiro me faz vomitar. – Mark riu de si mesmo ao contar aquilo. A minha única reação foi sorrir. Outra bolinha e outro erro. – Eu... – Ele pensou antes de contar qualquer outra coisa. – Eu queria ser astronauta quando eu era criança. – Mark não deu muito atenção para o que estava dizendo. Aquelas coisas não faziam tanta diferença pra ele, mas faziam pra mim.
- Por favor, não acerte. – Eu pedi, tentando colocar o meu pé em frente ao botão, mas eu não alcancei.
- Uh, droga! – Mark suspirou ao ver que quase acertou o botão daquela vez. – O meu primeiro show foi do AC/DC. Eu tinha 14 anos e consegui entrar mesmo sem ingresso porque eu não tinha idade para entrar no show sozinho. – Ele novamente me arrancou um sorriso.
- Essa cara de santo nunca me enganou. – Eu neguei com a cabeça.
- Droga, o que está acontecendo com a minha mira? – Mark esbravejou, quando errou novamente por pouco .
- Estou esperando. – Eu esperei que ele me contasse mais uma coisa que eu ainda não sabia.
- Eu tenho um filho. – Mark disse, sério e logo em seguida se preparou para jogar outra bola.
- O QUE? – O sorriso no meu rosto desapareceu. – Espera! O que você disse? – Eu achei que não tivesse escutado direito.
- Brincadeira. – Mark desmanchou sua expressão séria e abriu um enorme sorriso. Eu cerrei os olhos em sua direção. – Você acreditou mesmo nisso? – Mark abriu os braços.
- Idiota! – Eu não consegui contar o meu sorriso. – Você ainda tem que me contar alguma coisa que eu não sei. Eu disse que não valia trapacear. – Eu cruzei os braços.
- Você é a pessoa em quem eu mais confio no mundo. – Mark disse e rapidamente deixou de me olhar. Eu ainda estava lidando com o que ele havia dito, quando ele finalmente acertou o botão e eu caí na piscina de bolinhas.
- Eu não estava preparada ainda... – Eu disse em meio a altas gargalhadas. Eu caminhei lentamente até a beirada da piscina e ele ainda achava graça da minha queda. Estendeu a sua mão e eu rapidamente a agarrei para que eu pudesse sair da piscina de bolinhas. – Obrigada. – Eu agradeci, soltando a mão dele e voltando a calçar os meus sapatos.
- Isso foi divertido. – Mark ainda ria um pouco por causa do que havíamos acabado de fazer.
- Essa foi a coisa mais ridícula que eu já fiz, mas foi divertido. – Eu fingi que não estava pensando no que ele havia me falado antes de eu cair na piscina de bolinhas. Eu achei melhor não voltar no assunto.
- Ainda bem que nós nunca mais vamos ver essas pessoas de novo. – Mark referiu-se ao mico que havíamos acabado de pagar.
- Qual foi o seu maior mico? – Eu aproveite a deixa para perguntar.
- Eu posso fazer uma lista se você quiser. – Mark me olhou de lado. Nós voltamos a andar pelo enorme corredor.
- O pior! Qual foi o pior? – Eu insisti em saber.
- Ok, promete que não vai rir? – Mark virou todo o seu corpo em minha direção.
- Prometo! – Eu fiz uma cara séria.
- Está bem! – Mark respirou fundo. – Eu estava no último ano do colegial e convidei uma garota da minha sala para ir ao baile. Ela aceitou e deu tudo certo até a hora que ela teve a infeliz ideia de dançar. Ela estava usando um vestido enorme e longo e adivinha? Sim, eu pisei na calda do vestido dela. Ela se desequilibrou e me levou pro chão junto com ela. – Mark estava rindo de sua própria desgraça.
- Não brinca! – Eu neguei com a cabeça e coloquei uma das mãos na boca para segurar o riso. – Você pisou no vestido dela? Eu não acredito que você pisou no vestido dela. – Eu já não estava conseguindo segurar a risada.
- Hey! Você disse que não ia rir! – Mark me puniu, enquanto ainda ria.
- É por isso que você nunca dança? – Eu perguntei em meio a risos.
- Talvez... – Mark desconversou.
- Isso explica muita coisa. – Eu tive que concordar com ele. Era um grande trauma para ser superado. - Não tem mais perguntas? – Mark perguntou, depois de andarmos algum tempo em silêncio.
- Eu posso? – Eu me animei. Achei que teria outro desafio.
- Você já sabe qual foi o meu pior mico. O que pode ser pior que isso? – Mark brincou e novamente me fez sorrir.
- Está bem. – Eu imediatamente pensei em algo para perguntar. – Eu já sei no que você é horrível, mas no que você é bom? Quer dizer, deve haver algo em que você é muito bom. – Eu queria saber se ele tinha algum talento secreto.
- Eu sou muito bom em... – Mark não sabia muito bem o que responder. Olhou em volta, tentando pensar em alguma coisa. – Vem aqui. Eu vou te mostrar. – Ele apontou com a cabeça. Eu o acompanhei até uma das barracas de tiro ao alvo.
- Você sabe fazer isso? – Eu perguntei, vendo ele pagar a moça que supervisionava a brincadeira.
- Observe. – Mark pegou a arma de brinquedo nas mãos e a apontou para um dos patinhos de borracha, que estava ao lado de outros 5 exatamente iguais a ele.
- Eu duvido que você acerte de primeira. – Eu cruzei os braços e observei ele mirar e manter-se totalmente concentrado nos patinhos de borracha que deveriam estar há uns 10 passos de distância.
- Eu com certeza não vou conseguir. – Mark me olhou e logo depois voltou a olhar para os seus alvos. Não se passaram nem 10 segundos para ele atirar não só uma, mas 5 vezes seguidas. Depois de todo aquele barulho, eu voltei a olhar para os patinhos de borracha que não estavam no mesmo lugar de antes. Mark colocou a arma sobre a mesa e em seguida voltou a me olhar. - Não pode ser... – Eu o olhei com os olhos esbugalhados. Dei alguns passos e me inclinei para ver os 6 patinhos de borrachas no chão. – Caramba! – Eu abri a boca, demonstrando toda a minha perplexidade. – Como... – Eu neguei com a cabeça. – Como fez isso? – Eu estava muito impressionada.
- Eu fiz muitos cursos quando eu era mais novo. Fiz aulas para aprender a atirar e também até aprendi a lutar por um tempo. – Mark explicou brevemente. – Eu era louco por esse tipo de coisa quando eu era mais novo e a minha mãe sempre me mimou mais do que deveria. – Ele ergueu os ombros.
- Não-brinca! – Eu ainda estava chocada. – Isso é incrível! Isso... foi incrível. – Eu apontei para a direção onde ele havia atirado.
- Foi muito incrível mesmo. – A supervisora da brincadeira também mostrou-se impressionada. – Você tem direito a um brinde. Pode escolher qualquer coisa. – Ela apontou para uma prateleira cheia desses brindes que incluíam bonecas, jogos e ursos.
- Não, eu quero tentar. – Eu me adiantei e me aproximei do Mark. Ele afastou-se para que eu ficasse de frente para os alvos, que foram repostos pela supervisora.
- Tem certeza? – Mark perguntou com um certo deboche.
- Não. – Eu sorri pra ele e peguei a arma nas mãos. – Algum conselho? – Eu perguntei, enquanto tentava mirar os patinhos de borracha.
- Atire nos alvos. – Mark ironizou e eu rapidamente deixei de olhar os alvos para olhá-lo com uma careta. – Desculpe. – Ele engoliu a risada. Eu voltei a focar nos alvos e depois de um longo tempo enganando a mim mesma de que estava conseguindo mirar alguma coisa, eu atirei. O barulho me assustou e o tiro não passou nem perto dos alvos.
- Você sabia que os patos de borracha são os alvos, né? – Mark não tinha noção do perigo.
- Quer mesmo provocar uma garota que está segurando uma arma de brinquedo? – Eu brinquei e ele riu.
- Vamos, tente de novo. – Mark me incentivou. Eu voltei a focar nos alvos e senti o Mark me observar. – Abaixe mais os braços. – Ele aconselhou e eu imediatamente fiz o que ele pediu. – Não, abaixe mais. – Ele disse com toda a paciência.
- Mais? – Eu não deixei de olhar os alvos, mas eu senti ele se aproximar.
- Desse jeito. – Mark veio por trás e tocou os meus braços com suas mãos e os abaixou um pouco. – Isso. – Ele deixou de me tocar.
- Eu estou segurando isso certo? – Eu me referi a arma.
- Não. – Mark voltou a se aproximar por trás. – Deixe só um dedo no gatilho. – Ele esticou seus braços sobre os meus e tocou as minhas mãos. O queixo dele estava um pouco acima de um dos meus ombros. – Um dedo é o suficiente, mas mantenha a sua outra mão segurando a arma. Isso vai te dar segurança na hora de atirar. – Mark aconselhou e eu seguia todas as suas recomendações. Quer dizer, eu acho que estava seguindo todas as recomendações dele. Não era muito fácil fazer isso com ele falando no meu ouvido e com aqueles braços em volta do meu corpo. – Agora feche um dos olhos. – Ele pediu. – Fechou? – Mark não estava vendo os meus olhos.
- Fechei. – Eu respondi com um fraco sorriso, que por sorte ele também não havia conseguido ver.
- Certo, então agora mire a ponta da arma no alvo. Bem no centro do alvo. – Mark foi bem específico.
- Estou mirando. – Eu respondi, mirando atentamente o alvo da forma que ele havia dito.
- Abaixe um pouco a sua cabeça para aproximá-la um pouco da arma. Seus olhos devem ter a mesma visão que a ponta da arma. – Mark voltou a explicar.
- Assim? – Eu não sabia se havia abaixado a cabeça o suficiente.
- Curve um pouco mais as suas costas que vai ficar melhor pra você. – Mark disse, levando uma de suas mãos até a minha costa. Não sei se ele fez por querer, mas a mão dele acariciou minhas costas com um de seus dedos. A simples atitude dele me fez sorrir igual a uma boba. – Isso. Está melhor? – Ele perguntou, voltando a falar no meu ouvido. Era quase impossível me concentrar.
- Sim, bem melhor. – Eu respondi apenas para não deixá-lo no vácuo.
- Certo, então agora volte a mirar a ponta da arma nos alvos. – A mão dele continuou nas minhas costas. Eu tinha quase certeza de que não era proposital. – Está na mira? – Ele perguntou.
- Espero que sim. – Eu disse e ele segurou o sorriso.
- Continue mirando. Nunca pare de mirar. – Mark ordenou. Eu senti quando ele deixou de tocar as minhas costas. – Segure a arma com firmeza. – Os braços dele voltaram a passar sobre os meus e as mãos dele se juntaram as minhas. – Isso. Ótimo. – Ele viu que eu estava na posição perfeita para atirar. As mãos deixaram de me tocar novamente. – Atire quando achar que estiver pronta. – Mark deu um passo para trás. Queria que eu terminasse aquilo sozinha. Depois de mais alguns segundos mirando insistentemente o mesmo alvo, eu atirei. Adivinha?
- Eu acertei! – Foi a primeira coisa que eu consegui dizer ainda com a arma nas minhas mãos. Me virei para olhá-lo e ele também me olhava com um grande sorriso.
- Wow! Foi muito bom! – Mark ficou impressionado. Não esperava que eu me saísse tão bem.
- Aposto que não esperava por isso, não é? – Eu coloquei a arma de brinquedo sobre a mesa e voltei a sorrir pra ele.
- Acho que nem você esperava por isso. – Mark não perdia a chance de me zuar.
- Qual é! Você tem que assumir que foi bom. – Eu andei em direção a ele e parei em sua frente.
- Foi tão bom que acho que vou te chamar de James Bond. – Mark brincou e eu tive que segurar o riso.
- Está mais pra Chuck Norris, qual é! – Eu fiz careta e ele riu, enquanto também fazia uma careta.
- Ei, moço! Escolhe o seu brinde! – A supervisora chamou a atenção quando viu que eu e ele estávamos nos afastando.
- Ah, é! O brinde.. – Mark nem estava se importando muito com o brinde. Voltamos para a barraca e encaramos a prateleira de brindes. – Você escolhe. – Ele foi gentil.
- Eu posso mesmo? – Eu fiquei feliz, porque eu nunca conseguia ganhar nada nesses parques porque eu simplesmente era horrível nessas brincadeiras. – Hm, deixa eu ver. – Eu continuei analisando os brindes. – Eu quero aquela tiara. Aquelas com as anteninhas. – Eu demonstrei com as mãos logo acima da minha cabeça. – Isso! Essa mesmo. – Eu afirmei com a cabeça quando a supervisora pegou o brinde que eu havia dito. – Obrigada! - Ela me entregou e eu logo a coloquei na cabeça. – E então? Como eu estou? – Eu fiz pose ao me virar pro Mark. A tiara tinha umas anteninhas vermelhas.
- Você está adorável, mas... – Mark me lançou o seu melhor sorriso. Aquele destruidor, sabe? – Você sabe que isso acaba com toda aquela postura de Chuck Norris, não é? – Ele brincou.
- Esquece o Chuck Norris. – Eu gargalhei. – Eu sempre quis uma dessa. As pessoas sempre acabam roubando de mim, quando eu consigo uma dessas nas festas de casamento. – Eu fiz careta.
- Traumatizante. – Mark ironizou, recebendo um fraco empurrão meu.
- Deixa o meu trauma pra lá! Você tinha dito que eu podia fazer algumas perguntas e me distraiu com o tiro ao alvo. – Eu disse, enquanto nós voltávamos a caminhar pelo parque. Tirei a tiara da cabeça, mas continuei a segurá-la nas mãos.
- Como foi que você percebeu? – Mark brincou. – Vai em frente! Faça as perguntas que você tanto quer fazer. – Ele cedeu.
- Qual a sua cor favorita? – Eu perguntei a primeira coisa que me veio na cabeça.
- Cor favorita? O que é isso? Alguém teste de revista feminina? – Mark me olhou com uma careta engraçada. – Eu não sei! – Ele ergueu os ombros.
- Todo mundo tem uma cor favorita. – Eu insisti, enquanto virava o meu rosto para sorrir pra ele.



- Eu... – Mark ficou pensativo por um tempo. – Eu não tenho uma cor favorita, mas eu tenho a menos favorita. Pode ser? – Ele perguntou.
- Pode ser. – Eu aceitei. Não era uma pergunta tão importante.
- Eu não gosto de preto. É cor de luto e eu não tenho boas lembranças com isso. – Mark não foi tão dramático quanto pareceu. – Espera, eu nem perguntei. – Ele parou de andar. – Você quer comer alguma coisa? – Mark perguntou. Eu tenho quase certeza que ele só lembrou de perguntar por que nós passamos pelo carrinho de cachorro quente.
- Na verdade, eu estou com fome sim. – Eu mordi o lábio inferior. Isso não era uma coisa tão elegante de se dizer.
- Eu também estou. O que você quer? – Mark quis que eu escolhesse. Eu olhei em volta e vi uma barraca de pastel logo a frente. – Pode ser pastel? Você gosta de pastel? – Eu perguntei.
- Era exatamente nisso que eu estava pensando. – Mark sorriu, apontando com a cabeça em direção a barraca de pastel.


Eu confesso que eu não estava esperando muito daquela ‘reunião de negócios’, mas eu estou me divertindo muito. Pra mim estava sendo muito legal saber todas aquelas coisas sobre o Mark em meio a um lugar tão divertido. Nós falamos de assuntos tristes e constrangedores, mas o clima daquele lugar não deixava que nada nos abalasse. Estávamos nos divertindo juntos e sozinhos pela primeira vez. Faz muito tempo que eu não me divertia daquele jeito.

- Pronto! Agora você pode voltar a fazer o interrogatório. – Mark disse, assim que nós sentamos em uma das mesas com os nossos pasteis e refrigerantes.
- Deixa eu pensar.. – Eu disse, enquanto tomava um gole do meu refrigerante. – Você... tem irmãos? – Eu nunca havia parado para pensar nisso.
- Não, eu sou filho único. Porque acha que eu sou tão mimado assim? – Mark disse apenas para me arrancar um sorriso.
- Foi o que eu pensei. – Eu afirmei com a cabeça e ele me olhou com uma careta. – E... – Eu hesitei ao fazer aquela pergunta. Não sei se deveria tocar no assunto. – E o seu pai? Você nunca procurou por ele? Nunca quis conhecê-lo? – Eu queria fazer essa pergunta desde que nós chegamos, mas esperei a hora certa para fazê-la.
- Eu queria, mas fica difícil quando não se sabe nada sobre ele. Minha mãe nunca falou sobre ele. Eu não sei nem o nome dele. Não sei nem se ele está vivo. – Mark sempre ficava mais sério quando falava daquele assunto.
- Não tem nenhum parente da sua mãe que possa saber de alguma coisa? Alguma tia, talvez? – Eu rapidamente quis achar soluções alternativas para o problema dele.
- Ninguém. – Mark negou com a cabeça. – Minha mãe dizia que não tinha nenhum parente vivo. Se tem, eu nunca conheci. – Ele ergueu os ombros.
- Nossa... – Eu fiquei chocada. Quando ele disse que ele estava sozinho, eu não sabia que ele estava falando no sentido literal. – E quem mais sabe sobre tudo isso? – Eu questionei.
- Apenas você. – Mark deixou de prestar atenção em seu pastel para olhar pra mim. Ele queria ver a minha reação ao saber daquilo.
- Você nunca contou isso pra ninguém? – Eu fiquei curiosa. Não podia ser só eu!
- Nunca! – Mark confirmou.
- Nem pra sua ex? – Eu cerrei um pouco os olhos. Eu notei que ele ficava um pouco incomodado quando eu falava nela.
- Não, nem ela. – Mark rolou os olhos em meio a um sorriso.
- E por quê? Porque eu? – Eu quis saber.
- Eu acho que eu sempre tive um pouco de dificuldade de confiar nas pessoas, mas... eu confio em você. – Mark disse, depois de dar a última mordida no seu pastel. Quando eu olhei o seu rosto, eu imediatamente comecei a rir.
- O que foi? Qual a graça? – Mark não entendeu. Será que ele falou alguma coisa errada?
- Tem... – Eu segurei o riso para apontar em meu rosto o local que o dele estava sujo. – Espera. – Eu peguei um guardanapo e o aproximei do rosto dele. – Está sujo. – Eu passei o guardanapo pelo seu rosto e ele não teve reação alguma. Ele apenas ficou parado, observando o meu rosto. – Pronto. – Eu voltei a me afastar dele e ele continuou me olhando com um sorriso bobo.
- Obrigado. – Mark ficou sem graça.
- Sabe o que me intriga? Como você pode só ter tido uma namorada? Você é bonito, inteligente, divertido e faz um pouco de sujeira quando come, mas quem não faz, não é? – Eu perguntei, antes de beber o último gole do meu refrigerante. Ele gargalhou.
- É meio complicado. Eu não sou desses que vão em festas e saem pegando o máximo de garotas que conseguem. Eu já tenho tantos problemas, tantas coisas pra pensar, que se eu resolver afogar as minhas mágoas desse jeito eu vou acabar arrumando mais problemas. Seria uma droga depois de viver essa porcaria de vida morrer sozinho, não acha? – Mark perguntou retoricamente. A primeira coisa em que eu pensei foi o quão diferente ele era do , que no ensino médio costumava fazer isso nas festas. – E eu também nunca fui desses que saem beijando por beijar. Como eu já disse, eu já tenho problemas o suficiente. Eu não preciso de mais problemas. Se eu gosto de alguém, é pra valer. É sério! Eu não tenho tempo pra brincar de adolescente. Eu nunca nem fui um adolescente. Eu sempre tive que ser muito mais maduro do que eu deveria ser por causa dos meus pais. – Ele ergueu os ombros. Porque eu estou impressionada? Talvez seja porque seja difícil encontrar um cara como esse hoje em dia.
- Tudo isso só torna ainda mais surpreendente o fato de você só ter tido uma namorada até hoje. – Eu sorri, negando com a cabeça.
- Acho que sou um pouco exigente. – Mark fez careta.
- Isso é muito apreciável, sabia? – Eu novamente demonstrei estar impressionada.
- Está vendo? Ponto pra mim. – Mark disse só pra me deixar sem graça de novo.
- Sabe, eu tenho outra pergunta. – Eu dei um jeito de mudar de assunto.
- Vá em frente! – Mark autorizou que eu perguntasse. – Obrigado. – Ele agradeceu a garçonete que passou na nossa mesa para pegar as coisas que havíamos usado. Nos levantamos para voltar a andar pelo local. – Qual a pergunta? – Mark voltou a me dar atenção.
- Qual é o seu sonho? – Eu virei o meu rosto para olhá-lo.
- Meu sonho? – Mark parecia estar pensando a respeito. – Vai parecer estranho, mas eu não sei. Eu acho que não tenho um sonho. – Ele me olhou.
- Não tem? Como não tem? Todo mundo tem um sonho. – Eu estranhei a afirmação dele.
- Eu sei, mas... – Mark não sabia como explicar. – Eu não sei. Pra mim, sonhos é só servem pra você idealizar a vida toda um momento que nunca vai acontecer. Eu já passei por muitas decepções e não sei se vale a pena arriscar mais uma. – Apesar da resposta ser um pouco triste, ele parecia bem ao falar a respeito.
- Bem, o meu se realizou. Eu estou aqui em Nova York fazendo a faculdade que eu tanto sonhei em fazer. – Pra mim a opinião dele sobre ‘sonhos’ era absurda.
- E o que você perdeu no caminho? – Mark disse sem medo de tocar no assunto. Confesso que a afirmação dele me deixou sem palavras por um tempo.
- Eu perdi muitas coisas sim, mas eu também ganhei. O prejuízo não foi tão grande. Eu estou bem agora, não estou? – Mesmo dizendo que estava bem, não foi muito legal lembrar do . Nunca é legal lembrar dele.
- Eu não posso perder mais nada, entende? – Outra resposta triste e eu já comecei a entender o lado dele.
- Eu entendo, mas... – Eu hesitei continuar no assunto. – É meio triste não ter um sonho. É muito bom você almejar tanto uma coisa. Meio que se torna um objetivo. Você tem algo pelo que lutar. – Eu tentei reverter aquela situação em que ele se encontrava. Tão se esperanças, sem sonhos e sem ninguém. Isso é muito triste.
- Eu vou pensar nisso. Eu prometo. – Mark não quis confirmar nada, mas pensaria com carinho sobre o assunto depois. Sabia que eu jamais o aconselharia a fazer algo que não fosse para o seu bem.
- Legal. – Eu fiquei feliz só com aquela promessa. Já era alguma coisa, não é? – Mas e então? O que vamos fazer agora? – Eu quis mudar logo de assunto. Estávamos em um lugar tão divertido. Não tinha motivos pra ficar falando de assuntos tão tristes.
- Eu sei que hoje o direito de perguntar é todo seu, mas eu posso fazer uma pergunta? – Mark sorriu sem mostrar os dentes.
- Só uma? Só uma pode. – Eu achei justo diante de todas as perguntas que eu já havia feito.
- Eu sei que por causa das mentiras e de tudo o que eu escondi de você todo esse tempo fizeram você perder a confiança em mim. Eu acho super justo e acho que você estava no seu direito, mas e agora? – Mark fez uma breve pausa. – Depois de tudo o que eu te contei, depois de hoje. Você confia em mim? – Ele virou o seu rosto para me olhar.
- Mesmo sendo contra todos os meus princípios e ser algo tão inédito diante de tudo, eu confio. – Eu afirmei um pouco mais séria.
- Confia mesmo? – Mark me olhou com desconfiança.
- Confio. – Eu afirmei.
- Eu acho que você só está falando isso para ser legal comigo. – Mark insistiu.
- E porque acha que eu seria tão legal com alguém que eu não confio? – Eu dei um fraco sorriso.
- Está bem, então se você confia vai ter que fazer uma coisa comigo. – Mark deu alguns passos e parou em minha frente.
- Eu faço! O que nós vamos fazer? – Eu não hesitei.
- Nós vamos na roda gigante. – Mark olhou pra trás e avistou a roda gigante que estava logo atrás dele. Eu também olhei para a roda gigante e senti um frio na barriga.
- Não, eu não faço. – Eu desisti no mesmo instante.
- O que foi? Não confia em mim? – Mark abriu os braços.
- Isso não tem a ver com confiança. Tem a ver com o meu medo de altura. – Eu sorri pra ele.
- Eu não vou deixar você ter medo. Eu vou estar com você e vou cuidar de você. Você só tem que confiar em mim. – Mark disse de forma doce.
- Eu confio em você! Eu juro que confio, mas não dá. Você já viu a altura disso? – Eu apontei pro alto da rida gigante.
- Se serve de consolo, o telhado da minha casa é bem mais alto que isso. – Mark tentou me convencer.
- Não, não serve de consolo. – Eu neguei com a cabeça.
- Vamos! – Mark insistiu. – Qual é a graça de vir até aqui e não ir na roda gigante? – Ele perguntou.
- Você já viu o cara que cospe fogo? Ele é bem interessante também. – Eu apontei em direção ao cara cuspia fogo que estava rodeado de crianças. Dei no máximo 3 passos em direção ao cara do fogo e senti o Mark segurar o meu braço.
- Por favor! Vamos? – Mark voltou a insistir com aquele sorriso encantador.
- Eu... – Eu estava tentando arrumar uma boa desculpa.
- Eu respondo qualquer pergunta! Qualquer pergunta que você quiser! – Mark continuou tentando me convencer. – Vamos? – Ele esperou pela minha resposta.
- Que droga... – Eu suspirei, negando com a cabeça. Aquele foi como o ‘sim’ que ele queria ouvir. No mesmo instante, ele agarrou a minha mão e me puxou em direção a roda gigante. Tinha uma fila, que esperava as pessoas que já estavam no brinquedo descerem.
- Confie em mim, está bem? – Mark pediu ao ver a minha expressão de medo.
- Se esse negócio quebrar comigo lá em cima eu te mato, ok? Não importa se você sabe lutar, sabe atirar e tem uma moto. Eu mato você! – Eu ameacei e ele riu.
- Tudo bem, eu entendi! – Mark afirmou com a cabeça, enquanto ria silenciosamente.

Era bobeira, era burrice, mas eu confiava nele. Eu sei muito bem que eu tenho todos os motivos do mundo pra não confiar nele, mas o jeito dele, as palavras, os olhares e qualquer outra coisa que estivesse relacionada a ele me passava muita confiança. Eu não sei se era a minha necessidade de tê-lo por perto ou se era o fato de eu estar começando a gostar dele, mas eu confiava nele. Ele sempre teve uma vida horrível e tinha todos os motivos para ser a pessoa mais ranzinza e impaciente do mundo, mas ele não era. Ele era o garoto mais doce que eu já havia conhecido. Ele fazia com que eu me divertisse tanto, mesmo ele tendo tantos problemas. Se fazer você feliz ser uma das coisas mais prazerosas de alguém infeliz não for um bom motivo para te fazer confiar nela, então eu devo ser louca mesmo!

- , calma! O carrinho nem começou a subir ainda. – Mark disse ao me ver com os olhos fechados. Nós já estávamos sentados em um dos carrinhos e já estávamos com a barra de segurança presa na cintura.
- Eu estou me preparando. – Eu mantive os olhos fechados.
- Quer me dar a sua mão? – Mark perguntou, estendendo a sua mão. Aquela frase foi como um flashback ruim. Eu novamente voltei a me lembrar do . Me lembrei de quando nós fomos pra Nova York e ele se sentou ao meu lado no avião. Eu fiquei com tanto medo, que nem as nossas constantes brigas me impediram de pedir que ele segurasse a minha mão. Eu nunca contei pra ele o quanto aquilo me acalmou naquele dia.
- Quero. – Eu não hesitei ao levar a minha mão ao encontro da dele. Às vezes eu acho que aquelas memórias nunca vão sair da minha cabeça.
- Eu acho que vai subir agora. – Mark me avisou, ao ver que um dos funcionários que era responsável pelo brinquedo se aproximou da máquina que conduzia a roda gigante.
- Droga... – Eu suspirei, voltando a fechar os olhos.
- Calma, está tudo bem. – Mark tentou me acalmar ao sentir eu apertar a sua mão, quando o carrinho começou a balançar.
- Porque essa porcaria está balançando tanto? – Eu perguntei, levando o meu rosto até o ombro dele.
- Nós só estamos subindo. – Mark explicou, sorrindo ao me ver apertar o seu corpo com tanta força. Ele passou o seu braço pelos meus ombros e acariciou um dos meus braços. Minha cabeça continuava afundada em seu ombro. – Ei, tudo bem. – Ele sussurrou.
- Parou? Porque ele parou? – Eu tive um rápido surto ao sentir o carrinho em que eu e Mark estávamos parar.
- Abre os olhos. – Mark pediu. Eu precisava ver a mesma coisa que ele.
- Não! – Eu rapidamente neguei.
- Confia! – Mark insistiu.
- Ai... – Eu suspirei, afastando o meu rosto do ombro dele. O carrinho continuava parado e eu fui abrindo os olhos lentamente.
- Olha isso... – Mark disse, surpreso com a vista a nossa frente.
- Uau... – Eu esqueci o medo por poucos segundos. Ali de cima nós conseguíamos ver as luzes de uma parte da cidade, que incluía a famosa Times Square.
- Isso é... – Mark estava totalmente impressionado.
- Lindo. – Eu completei a frase dele.
- As nossas casas ficam ali daquele lado. – Mark apontou para um dos lados.
- Ali? – Eu acompanhei a mão dele. – Nossa, eu não conheço nem metade de Nova York. – Eu conclui. Eu achava que eu já tinha uma boa noção da cidade, mas eu estava completamente enganada.
- Eu posso te levar pra conhecer. – Mark disse, sem tirar os olhos de todas aquelas luzes. O braço dele ainda estava atrás de mim, apoiado no ferro que dava o suporte para as nossas costas. A frase dele me fez olhá-lo sem que ele nem notasse.

Eu dando o maior chilique por causa do meu medo de altura e o Mark com a maior calma e paciência do mundo me mostra aquela vista maravilhosa e ainda se oferece para me levar para conhecer o resto da cidade. A melhor parte é que não havia malícia em nada daquilo. Ele nem sequer notou os olhares que eu estava lançando para ele há algum tempo. No auge do meu medo, no topo da roda gigante e ele ainda consegue me colocar no meu lugar e me faz enxergar a bondade e a doçura dele com um simples ato de segurar a minha mão e a simples gentileza de me levar para conhecer a cidade. Como ele faz isso?

- Mark... – Eu o chamei e ele finalmente virou o seu rosto para mim. Os curtos fios de cabelo dele voavam por causa do fraco vento e os olhos extremamente verdes olharam nos meus. – Eu quero te fazer uma última pergunta. – Eu esperei que ele aceitasse respondê-la.
- Faça. – Mark manteve-se sério e não tirou os olhos de mim. O rosto dele estava há menos de 3 palmos do meu. Estávamos em um carrinho de uma roda gigante. Não tem como estarmos distantes. Eu demorei alguns segundos para me convencer a fazer aquela pergunta. Eu sabia que a resposta poderia acabar com o passeio, com a vista e com o momento.
- Se... – Eu abaixei um pouco o meu rosto. Eu quase desisti de continuar. Curvei um pouco o meu corpo em sua direção para poder olhá-lo melhor. Levantei a minha cabeça novamente. – Se o seu amigo não tivesse me dito sobre a sua faculdade, se eu não tivesse ido até a sua faculdade, se eu não tivesse descoberto tudo aquilo... – Eu travei de novo. A resposta me amedrontava muito. Abaixei novamente a cabeça e segundos depois senti a mão dele em meu rosto. Ele havia tirado o seu braço detrás de mim para levar a sua mão até o meu rosto. Alguns dedos dele se entrelaçaram em alguns fios do meu cabelo e o dedão tocou o uma das minhas bochechas, levantando o meu rosto.
- O que foi? – Mark sussurrou, tentando entender qual era o problema.
- Você teria me contado? – Eu fui direta de uma vez ou não conseguiria falar. – Seja sincero comigo. – Eu o olhei com seriedade, mas sem qualquer tipo de julgamento. A mão dele ainda tocava o meu rosto. – Você teria me contado sobre tudo se eu não tivesse descoberto? – Eu repeti a pergunta. A expressão dele que já era séria se tornou um pouco mais triste. Eu o olhava e tentava descobrir a resposta através das expressões de seu rosto.
- Não... – Mark negou levemente com a cabeça. Ele rapidamente viu a decepção em meus olhos. – Me desculpe, mas eu tenho que ser honesto com você. – Ele acariciou delicadamente o meu rosto, enquanto eu o olhava com total incompreensão. Porque ele não me contaria? Porque ele ia continuar escondendo as coisas de mim? Ele não confiava em mim? Por quê?
- Mas por quê? – Eu arqueei uma das sobrancelhas e neguei com a cabeça. – Porque você não ia me contar? – Eu refiz a pergunta com um pouco mais de indignação.
- Por que... – Mark rolou rapidamente os seus olhos, pois se achava um bobo por dizer aquilo. Depois de um sorriso de frustração, ele voltou a me olhar nos olhos. – Porque eu não queria ser outra decepção na sua vida. – A explicação dele fez com que eu trocasse a indignação do meu olhar para a confusão.

Aquela simples explicação me pegou totalmente desprevenida. Outra decepção? Aposto que ele estava se referindo ao . Como é que ele sabia que era a decepção da minha vida? Ele estava lá quando eu liguei para o , não é? Ele ouviu aquela conversa da qual eu não me lembrava. Mark sabia qual era a maior decepção da minha vida e eu nem precisei dizer a ele. Ele sabia! Ele sabia o quão devastador foi a minha separação do . Ele sabe e presenciou os meus choros e sofrimento. Ele entendia muito bem como era perder alguém tão importante depois de já ter perdido tanta coisa. Ele entendia e sabia o tamanho da minha decepção. Ele só não queria ser como o . Ele só não queria me fazer sofrer como o fez. Ele preferia esconder toda a sua vida do que contar a verdade e ter que conviver com o rótulo de maior decepção da minha vida. Ele preferia mentir do que voltar a me fazer sofrer depois de eu já ter superado tanta coisa. Isso é errado?

- Você não é. – Eu neguei com a cabeça com um fraco sorriso, que fez com que ele olhasse para os meus lábios.
- Não? – Mark sorriu ao perguntar. – Eu fico feliz. – Ele respirou, aliviado.
- Eu posso fazer só mais uma pergunta? Eu juro que essa vai ser realmente a última. – Eu perguntei sem deixar de olhá-lo um só segundo.
- É claro. – Mark afirmou com a cabeça, sem saber o que esperar.
- Você me trouxe nesse parque e me fez vir nessa roda gigante. Não vai mesmo me beijar? – Eu perguntei com toda a minha cara de pau. A expressão de preocupação no rosto dele rapidamente se transformou em um maravilhoso sorriso. Os dedos dele novamente se enroscaram em meu cabelo, enquanto ele aproximava lentamente o seu rosto do meu. Eu não me movi. Não dá pra esquecer que eu estou em um carrinho há uma enorme distância do chão. Assim que eu fechei os meus olhos, os lábios dele se enroscaram nos meus. O beijo nem chegou a ser aprofundado, pois eu acabei interrompendo o beijo.



- Sim... – Eu afirmei com a cabeça com os meus olhos ainda fechados, enquanto as pontas dos nossos narizes ainda se tocavam.
- O que? – Mark arqueou uma das sobrancelhas. Meus olhos então se abriram.
- Eu desculpo você. – Olhei em seus olhos bem de perto. Os lábios dele tocaram um pouco os meus quando ele sorriu.
- Isso quer dizer que não vamos ter mais reunião de negócios como essa? – Mark brincou e eu ri sem emitir som. Neguei com a cabeça.
- Você vai ter que me levar em um encontro da próxima vez. – Eu afirmei, levando um das minhas mãos até o rosto dele e o trazendo de encontro ao meu novamente. Começamos um outro beijo, que dessa vez foi aprofundado. A mão dele continuava brincando com o meu cabelo, enquanto continuávamos a nos beijar lentamente no topo da roda gigante. O brinquedo voltou a funcionar e o nosso carrinho a balançar. Isso fez com que eu interrompesse o beijo e rapidamente apoiasse a minha cabeça entre o seu pescoço e o seu ombro em meio a um sorriso de frustração. Mark riu por causa do meu medo que parecia ser insuperável e passou os seus braços em torno de mim para que eu me certificasse que eu estava segura.

Mark nem conseguia acreditar no que estava acontecendo. Ele não acreditava que eu sabia de tudo e ainda queria continuar nos braços dele. Mark não idealizou aquilo nem nos seus sonhos mais malucos. Sonhos? Que sonhos? Ele não tem sonhos. Talvez agora ele tenha um motivo pra sonhar.

Apesar de todas as mentiras, eu estava feliz. Feliz porque mesmo com as mentiras, ele não me decepcionou como o . Se eu cheguei a cogitar a desculpar o , porque eu não o desculparia? Porque eu deveria julgá-lo? Por ele querer cuidar de mim? Por ele evitar o meu sofrimento? Por se importar em ser ou não a decepção da minha vida? Desculpe, mas eu preciso bem mais para condená-lo. Eu preciso de muito mais do que isso para desconfiar daquele sorriso, desacreditar daqueles olhos e julgar aquelas atitudes.

Acabou o passeio na roda gigante e nos demos conta de que também era a hora de acabar com o passeio ao parque. Eu trabalharia no dia seguinte e não podia demorar muito para dormir. Fizemos o caminho de volta até o carro e seguimos para as nossas casas. O clima foi totalmente diferente do da ida. Não havia aquela incerteza sobre o que aconteceria com nós. Eu estava dando uma chance a ele e a mim mesma. Ele me ofereceu a oportunidade de ser feliz de novo e eu agarrei. Porque eu não posso ser feliz de novo?

- Foi uma ótima reunião de negócios. – Eu brinquei, quando ele estacionou o carro em frente a minha casa.
- Eu disse que ia ser boa. – Mark riu da brincadeira.
- Você sabia, né? Você sabia que se me levasse lá as chances de se dar bem eram maiores. – Eu cerrei os olhos em direção a ele.
- Eu não sabia, mas se acontecesse eu estava prevenido. – Mark respondeu mordeu o seu lábio inferior.
- Como assim? – Eu arqueei uma das sobrancelhas. Prevenido como?
- Espera. – Mark se curvou para pegar alguma coisa no banco traseiro. Eu fiquei até com medo do que ele tiraria dali. Depois de muito esforço, ele voltou a sua postura normal e trouxe nas mãos uma rosa. Era uma rosa vermelha e solitária que era a mais bonita que eu havia visto. – Não era um encontro, então eu não podia te dar isso, mas agora eu acho que eu posso, não é? – Ele estendeu a rosa na minha direção e eu demorei para me dar conta de que ele havia trazido ela pra mim.
- Você... trouxe isso pra mim? – Eu demorei mesmo para cair na realidade. Aquilo não era nada comum.
- Cuidado com o espinho. – Mark me alertou, quando eu fui pegar a rosa de suas mãos.
- Nossa, ela é linda. – Eu trouxe a rosa para mais perto do meu rosto
- Como você. – Mark disse, tirando toda a minha atenção da rosa em minhas mãos.
- Você é incrível. Eu nem sei o que dizer. – Eu não sabia muito como agir. Eu nunca havia ganhado uma rosa antes. Não nessas condições. Eu ganhei sim uma flor do quando fomos naquele Camping e ele também me deu aquele galho quando me convidou pro baile, mas uma rosa? Em um encontro como esse? Nunca.
- Diz que aceita sair comigo de novo em um encontro de verdade. – Mark propôs com um fraco sorriso.
- Eu aceito. – Eu afirmei com a cabeça ao ver a reação dele com a minha resposta.
- Vai parecer bobagem e talvez precipitado demais, mas... – Mark pensou se deveria continuar. – Isso que está acontecendo entre nós... – Ele começou a se enrolar com suas próprias palavras. – Isso é pra valer ou estamos só deixando que as coisas aconteçam do jeito que tiverem que acontecer? – Mark estava um pouco confuso. Em uma hora estávamos nos beijando e no outra fingindo que nada aconteceu. Eu achei graça da sua pergunta. Mordi o meu lábio inferior, pensando na melhor maneira de respondê-la e eu não tive dúvidas. Aproximei o meu rosto do dele e segurei o seu rosto com uma das minhas mãos, trazendo-o pra perto do meu. Selei longamente os seus lábios e quando descolei os descolei, mantive o meu rosto próximo ao dele.
- Interpretação livre. – Eu dei o meu melhor sorriso e pisquei um dos olhos, antes de me afastar. – Boa noite e obrigada. – Eu disse, enquanto abria a porta do carro. Mark parecia ter ficado congelado depois do beijo. Ele ficou algum tempo ali parado por algum tempo.

Agora sim eu me sentia melhor em relação ao Mark. Não era por termos nos acertado novamente, mas porque agora eu não sentia mais aquela sensação ruim de que ele estava me escondendo alguma coisa ou tudo. Assim que eu soube que havia mentiras, eu senti medo de não gostar de quem ele realmente era. Eu tive medo que a pessoa que ele foi esse tempo todo estivesse no meio de todas essas mentiras, mas não estavam. Foi isso que me fez desculpá-lo. Ele foi ele mesmo todos esses meses e escondeu várias coisas que não mudavam quem ele era. Eu gosto de quem ele é. Eu adoro o fato de sermos tão parecidos e de nos darmos tão bem. Eu não quero perder isso. Não me importa se ele sabe lutar, se ele sabe dirigir uma moto ou se ele odeia preto. Ele ainda é a pessoa que eu gosto de estar perto. Eu ainda sinto vontade de beijá-lo e adoro quando ele cuida de mim. Eu tinha que dar uma chance pra ele.

Algumas semanas se passaram e só nos aproximamos mais. Meg era a pessoa mais feliz por eu e Mark estarmos juntos. Mark e eu levamos ela para todos os lugares que vamos. Não gostamos de deixá-la fora de nada, pois ela faz parte da história que estávamos começando a construir. Não, nós estamos namorando. Não gostamos de nomear o que nós temos. Alguns diriam que estamos ‘ficando sério’ e outros diriam que isso não passa de enrolação. Não existia uma aliança ou nem nada disso, mas nós só respeitávamos um ao outro. Íamos juntos para todos os lugares e às vezes até andávamos de mãos dadas. Ele me protegia e confiava em mim. Essa era outra diferença entre ele e o . O tinha aquela mania de chegar em todo e qualquer lugar e deixar claro pra qualquer um que pensasse em olhar pra mim que eu estava acompanhada. Ele gostava de marcar território e também devia ter um sério problema de auto confiança, pois não deixava que ninguém se aproximasse. Mark era mais contido. Ele era bem intimidador quando ele queria, mas na maioria das vezes ele me deixava lidar com a situação e dar os meus foras. Nós ficávamos juntos quase todos os dias. Ele me levava na faculdade quase sempre e depois ia pro seu trabalho. Estávamos juntos e eu estava gostando do que nós tínhamos.

continuava na mesma, se não, pior. No trabalho ele era o rei! Ele conseguia qualquer contrato que aparecia pela frente. Publicidade era definitivamente o dom dele. Se a empresa já não fosse dele, ela teria que ser a partir de agora. Ele dominava e sabia disso. Ao contrário de sua vida profissional, a vida pessoal ia de mal a pior. Era comum para ele sair nos finais de semana e beijar no mínimo 3 garotas. Era mais do que comum encontrar qualquer tipo de bebida nas suas mãos. Era comum ele não se importar com nada. Não, ele não virou um gigolô, um alcoólatra e muito menos uma pessoa fria e sem qualquer sentimento. Ele estava apenas lidando com os seu problema. O seu infeliz problema de sentir falta de alguém que ele amou desde que consegue se lembrar. O seu problema tinha unicamente a ver com uma garota que até onde ele sabe, não o ama mais. Mesmo com o seu novo comportamento, os seus amigos nunca o abandonaram. Eles estavam sempre em sua casa jogando bilhar ou cartas.

Os nossos métodos para superar a dor eram completamente diferentes, mas nenhum era melhor que o outro. Os dois eram péssimos. Mark não era o meu método para superar, ele era o meu incentivo. Eu não teria motivos para superar se não fosse a vontade de fazê-lo feliz. também tinha o seu incentivo: a raiva. A vontade de me esquecer fazia ele querer superar. Mesmo com a bebida, a mudança de comportamento e as mulheres a dor já havia sido maior. não estava bem, mas ele estava bem melhor do que antes e isso era um ótimo progresso.

Mark havia acabado com toda a minha carência, mas eu ainda sentia saudade de Atlantic City. Eu ainda sentia saudade dos meus amigos, da minha família, das lanchonetes e das praças. Eu sinto falta de tudo, mas o meu receio de reencontrar me fazia querer ficar o mais longe possível de lá. Eu só teria coragem de voltar para Atlantic City quando estivesse pronta para vê-lo, para olhar nos olhos dele e não sentir vontade de chorar.

Meus pais sempre vinham me visitar sempre, mas eles não sabiam sobre o Mark. Até onde eles sabem, Mark é só um grande amigo, mas a minha mãe tentou fazer a minha cabeça dizendo que ele era muito bonito. Os meus amigos também não tiveram tempo para me visitar ainda. Eu já perdi a conta de quantas vezes eu briguei com eles por causa disso. Eu já havia prometido dar uns bons tapas no quando eu voltasse a vê-lo. foi o único que foi me visitar. A segunda vez foi na semana passada, mas eu tenho quase certeza que a vinda dele não teve a ver com a falta que ele sentia de mim. Ele e Meg estavam começando a ficar sério também. Eles eram um casal muito engraçado por serem totalmente o oposto um do outro, mas eles se entendiam muito bem. Fiz o prometer que não contaria a ninguém sobre o Mark. Não era nada sério, então não tinha motivos pra eu anunciar pra todo mundo. Eu também não queria que o ficasse sabendo. Não é que eu me importe com o que ele pensa, mas não precisamos causar problemas antes da hora, né?

- Porque nós estamos aqui na sua casa mesmo? – perguntou ao ver todos os amigos sentados na sala da casa do .
- A ligou falando que queria comemorar o aniversário dela e dei a ideia de nós nos reunirmos aqui em casa, já que os meus pais foram visitar a minha irmã em Nova York. – explicou.
- A some e depois aparece do nada. Qual o problema dela? – negou com a cabeça.
- Eu me pergunto a mesma coisa. – estranhou.
- Parem de ser idiotas. Ela com certeza tem os motivos dela. – defendeu a amiga.
- É! Vocês nem sabem o motivo dela ter se afastado e já estão julgando. – também foi a favor de .
- Será que ela finalmente vai nos contar o motivo? – questionou.
- Quando ela me ligou, ela me disse que queria nos contar uma novidade também. – não deu muitos detalhes. Era tudo o que ela sabia.
- Será que ela ta grávida? – fez careta.
- , seu safado. – atacou uma almofada na cara do amigo.
- Vai se ferrar! – gargalhou da frase de . – Se ela estiver, não tem nada a ver comigo. – Ele tirou o corpo fora.
- E se ela vir anunciar a gravidez da prima? – não perdia a chance de irritar o .
- , é mais fácil eu engravidar você do que ela. – rolou os olhos.
- Amor, juro que foi só uma vez. – olhou pra com intimidação.
- Vocês são muito idiotas. – gargalhou.
- Já que estamos falando da Amber, será que ela vem? – questionou.
- Só sei que se ela começar a falar mal da minha irmã aqui dentro eu chuto ela daqui. – ergueu os ombros.
- Será que ela vai ter a cara de pau de vir aqui? – arqueou uma das sobrancelhas. Aquela ainda era a minha casa e se eu estivesse lá, eu expulsaria a Amber a pedradas.
- Considerando que o está aqui... com certeza! – rolou os olhos.
- A culpa é minha agora? – abriu os braços com uma certa indignação.
- Você deve achar super legal, né? Essa garota ficar se jogando nos seus pés e ficar babando em você. – revirou os olhos.
- Eu não me importo, querida. Tem várias garotas no meu pé. Uma mais ou uma a menos realmente não vai fazer diferença alguma. – piscou ao usar toda a sua ironia naquela frase.
- Aposto que acha isso incrível, não é? – forçou um sorriso.
- Bem, eu estou muito bem com relação a isso. – ergueu os ombros. Ele novamente queria demonstrar que não se importava.
- Ah, que droga! Ela chegou. Logo agora que eu ia pegar a pipoca pra assistir essa treta. – suspirou longamente. Levantou-se do sofá e foi até a porta. – ! Parabéns. – Ele sorriu ao ver a amiga depois de tanto tempo.
- Oi.. obrigada! – o abraçou.
- Amber. – não se aproximou da Amber, apenas cumprimentou com a cabeça. – Entrem. Todo mundo já chegou. – Ele saiu de frente da porta para que elas entrassem.
- Valeu! – entrou na casa, que costumava a frequentar por anos.
- ! – levantou apressadamente do sofá para abraçá-la. – Meu Deus, você está magra! Está linda. Feliz aniversário! – Ela nunca deixava passar esse tipo de coisa.
- Viu, só? – fez pose. – Muito obrigada! – Ela sorriu.
- Eu senti tanto a sua falta, . – também se aproximou da amiga e a abraçou. – Parabéns, linda! – Ela beijou o seu rosto.
- Eu também sinto a sua falta e obrigada! – olhou para o rosto da amiga e a admirou por um curto tempo.
- Bate aqui, parceira. Parabéns! – foi até a amiga e estendeu uma das mãos. Eles tinham um toque de mãos muito engraçado.
- ! – riu ao vê-lo. Eles fizeram o toque de mãos e se abraçaram. – Espera! O que isso? Você está usando perfume? – Ela fingiu estar chocada.
- Ah, não começa! – fez careta.
- , oi... – ficou um pouco mais sem graça ao cumprimentar .
- Oi, . – se aproximou e a abraçou. – Feliz aniversário. – Ele também estava um pouco sem graça.
- Muito obrigada. – agradeceu e terminou o abraço.
- Você está bem? – educadamente perguntou.
- Estou ótima e você? – respondeu com educação.
- Tudo certo. – sorriu para a ex-namorada. É impossível evitar esse clima estranho.
- Hey! – sorriu ao ver a amiga.
- Jonas! – sorriu e também o abraçou. – O que é isso no seu rosto? Você tem barba agora? – Ela olhou o seu rosto de perto.
- Mais ou menos. – fez careta e depois achou graça do comentário de . – Aliás, parabéns pelo seu aniversário. – Ele lembrou-se do motivo deles estarem ali.
- Valeu! – agradeceu. Amber foi atrás de e foi cumprimentada por todos, mas não com tantos sorrisos quanto . – Mas e então? O que nós vamos comer? Está tudo certo? – perguntou.
- Eu não sei de nada. As duas que planejaram tudo. – olhou para e .
- Vamos pedir pizza para variar e... nós compramos um bolo. – respondeu em meio a risos.
- E compramos até vela de aniversário! – completou.
- Uau! – comentou, causando a risada de todos.
- Acho que a sua festa do ano passado foi bem melhor. – também comentou, se referindo a enorme festa que fez no ano anterior.
- É, pelo menos nós não fomos presos dessa vez. – sorriu e todos gargalharam.
- Foi loucura aquele dia. – negou com a cabeça, tentando parar de rir.

Em meio a recordações e risadas nós pedimos as pizzas. Amber não teve como se enturmar muito, já que ela não participou de metade das coisas que estavam sendo relembradas. As recordações também não foram muito boas para . Eu acabei sendo mencionada diversas vezes e ele foi obrigado a relembrar diversos momentos que passamos juntos seja juntos ou brigados. As recordações também foram um pouco estranhas para e , que agora estavam separados. Não é que as memórias havia se tornado ruins, mas só era estranho relembrar de uma coisa que hoje em dia é totalmente diferente e que em certos casos nem existe mais.

Depois de comerem, as garotas se prontificaram a lavar a louça e aproveitaram para colocar os assuntos em dia. contou sobre a montanha russa que era o seu relacionamento com , que até agora era o único que estava sobrevivendo no grupo de amigos. não assumiu o seu ‘lance’ com o , mas deixou claro que alguma coisa estava acontecendo. Foi a mesma coisa que ela contou pra mim há algumas semanas atrás.

- E a ? – teve que perguntar.
- Nem me fale. – negou com a cabeça.
- Ela e o terminaram. – contou.
- É, a Amber me contou meio por cima. – mostrou-se decepcionada.
- E você sabe também que ela e o ... – fez careta.
- É, eu sei! Adivinha quem teve que dar cobertura pra ela na noite em que ela dormiu fora de casa? – rolou os olhos.
- O só anda fazendo besteira ultimamente. – disse em tom de desaprovação.
- Ultimamente? Acho que a única coisa certa que ele fez foi ficar com a . – criticou.
- Eu achei que você fosse a favor da sua prima. – ficou surpresa com as palavras de .
- É uma longa história. – fez careta.
- Eu só sei que o mudou da água pro vinho depois que eles terminaram. – contou.
- Lembra quando ele pegou todas as líderes de torcida da escola? Isso é fichinha perto do que ele faz agora. – explicou mais detalhadamente.
- Nossa! – ficou surpresa. – Mas e a ? – Ela quis saber.
- Ela diz que está bem, mas você sabe... – ergueu os ombros.
- Nós até íamos fazer alguma coisa pra ajudar eles. Uma festa ou qualquer coisa assim, mas o não que vê-la nem pintada de ouro. – fez careta.
- Complicado... – negou levemente com a cabeça.
- E... você e o ? – atreveu-se a perguntar.
- Não existe mais eu e o . – forçou um riso.
- Não tem volta mesmo? – questionou.
- Não. – não se prolongou. – É difícil explicar, mas eu tenho que contar uma coisa pra vocês, mas é melhor nós cortarmos o bolo primeiro. – Ela desconversou.
- Contar? Contar o que? – tentou saber antes de todo mundo. Ela era curiosa demais.
- Daqui a pouco eu conto. É melhor eu contar pra todos de uma vez. – não quis contar.
- Então ta. – não insistiu.

Terminamos de lavar a louça e começamos a arrumar a mesa para cortar o bolo. Amber não serviu nem para nos ajudar e decidiu ficar com os garotos, ou melhor, com o . Nem eles deram atenção a ela. Eles conversavam sobre um jogo que eles fizeram na época da escola e riam sem parar.

- Vamos cantar parabéns! – chamou todos.
- Esse bolo parece ser bom. – disse ao admirar o bolo sobre a mesa.
- Foi a que escolheu. – cutucou a amiga.
- É claro que foi. – disse tão baixo, que acho que só e ouviram.

O parabéns foi cantado com toda a empolgação que merecia e depois o bolo foi desastrosamente cortado por , que certamente não tinha habilidade para fazer aquilo. Todos estavam sentados próximos da mesa e conversavam sobre assuntos diferentes. e falavam de uma coisa, e falavam de outra e , e Amber sobre outra coisa. os observou e achou que estava na hora de dizer o que realmente veio dizer.

- Ei, pessoal. – gritou, chamando a atenção de todos. – Eu queria agradecer muito por tudo isso. Eu adorei ter passado mais esse aniversário com você. – Ela fez uma rápida pausa. – Mas a comemoração do meu aniversário não foi a única coisa que me trouxe aqui. Eu sei que vocês têm muitas perguntas e eu acho que vou responder todas de uma só vez agora. – abaixou a cabeça e pensou na melhor forma de contar aquilo. – Eu... – Ela ainda não sabia o que dizer. – Vocês sabem, depois daquela briga que eu e a tivemos naquele dia algumas coisas mudaram. Não foi só a minha amizade com ela, mas também a forma como eu via a mim mesma e até mesmo a minha amizade com vocês. – não deixou muito claro o que queria dizer.
- Eu não entendi. – foi o único que se pronunciou.
- Depois daquela briga eu me senti muito mal comigo mesma. Não é que eu me arrependa do que eu fiz, mas eu não acho que fiz pelos motivos certos. Quer dizer, eu achava que eles eram certos até perceber que eles não me dariam o que eu queria. – continuou deixando todos confusos. – Isso não vem ao caso. O que importa é que depois daquela briga, algumas coisas mudaram pra mim e as minhas prioridades também mudaram. Eu precisei de um tempo. Um tempo para me encontrar e para entender quem eu era realmente. – Ela negou com a cabeça. – A pessoa que eu era jamais falaria daquele jeito com a sua melhor amiga, nem ao menos pra proteger a sua prima. – olhou rapidamente para a Amber, que não teve reação alguma. – Os meus princípios estavam todos errados e eu quis deixá-los em ordem. Eu dei um tempo pra mim mesma, eu estudei e me aprofundei no assunto que eu adoro que é a moda. – preferiu nem tocar no assunto do término com o . – Eu fiz alguns vários vestibulares. – Ela voltou a fazer uma pausa. – O que eu estou tentando dizer é que... eu consegui uma bolsa de estudos de moda. – Ela olhou para os amigos.
- Jura? – abriu a boca, surpresa. – Uau! – Ela comemorou.
- Parabéns, ! – também ficou empolgada.
- Que legal! – também apoiou a amiga, que permaneceu séria.
- Em Paris. – os interrompeu. – Eu consegui uma bolsa de estudos em Paris. – Ela completou. Todos ficaram perplexos. Ninguém teve coragem de se manifestar. Não dava pra saber quem era o mais chocado naquela sala. – Vocês não vão falar nada? – olhou pra todos, nervosa.
- Uau, ! Parabéns... – não sabia se deveria dar parabéns ou implorar para que ela não fosse.
- Mas você vai ficar lá por quanto tempo? – não escondeu o quão aquilo era ruim para amizade deles.
- O curso dura 4 anos. – ergueu os ombros.
- Isso é ótimo, . Era o que você queria, não é? – sempre era o mais consciente de todos.
- É sim! Paris é o melhor lugar para fazer esse tipo de curso. – sorriu, mas não com tanta empolgação.
- Mais uma que vai embora... – disse, mostrando-se chateado.
- Não estranhe a nossa reação, . Nós estamos felizes por você, mas é meio triste saber que você vai pra tão longe. – tentou concertar.
- Eu sei, é difícil, mas eu me afastei por um tempo. Eu acho que isso foi como um treinamento para o que vai acontecer com nós a partir de agora. – não parecia tão triste quanto os seus amigos. Ela teve um bom tempo para pensar sobre aquilo e superar o assunto.
- Nem eu sabia disso. – Amber também estava surpresa.
- Eu pedi para os meus pais não contarem para ninguém por enquanto, porque eu ainda não tinha decidido se iria mesmo. Eu decidi ontem e vocês são as primeiras pessoas que estão sabendo disso. – Mesmo tendo se preparado para aquele momento, começou a ficar um pouco emocionada.
- Eu estou muito orgulhosa de você! – foi a primeira a se aproximar para abraçá-la.

A notícia realmente pegou todos de surpresa e acabou esclarecendo o afastamento da nos últimos meses. A situação dela era um pouco parecida com a minha, mas ela não tinha um namorado e também não se mudaria para a capital. Era um novo país e todos sabiam que era praticamente impossível visitá-la. Eles ficariam 4 anos sem vê-la. Isso é extremamente estranho quando se trata da pessoa com quem você cresceu. se sentia culpado pelo afastamento dela, mas agora ele percebeu que foi bom. vai ter uma oportunidade incrível. Todos a cumprimentaram e a parabenizaram pela oportunidade. foi o mais tímido com relação ao assunto. Se havia algum que conhecia os problemas da distância, essa pessoa era ele.

- Então, eu fiz um teste online e depois tive que fazer outro presencial. – explicava a todos sobre como havia conseguido a bolsa, mas dois deles não estavam prestando muita atenção no que ela dizia. e trocavam olhares de tempos em tempos.
- Eu vou ir ao banheiro. – se levantou do sofá e quase ninguém lhe deu atenção. Ele piscou para e foi em direção as escadas. demorou algum tempo para pensar em alguma desculpa para sair dali.
- Eu vou levar esses pratos. – levantou-se e começou a recolher os pratos em que os amigos haviam comido o bolo. Ela juntou todos eles e seguiu em direção a cozinha. Deixou os pratos sobre a mesa e abandonou a cozinha com silenciosos passos. Todos conversavam e davam atenção total para . aproveitou para subir as escadas da forma mais silenciosa que conseguiu. Ela entrou no corredor e tentou adivinhar onde estaria. Não foi preciso ela dar 3 passos e já a puxou por uma das mãos.
- Você demorou! – sussurrou.
- Eu não sabia como sair de lá. – riu, quando começou a puxá-la para o fim do corredor.
- Achei que você não viesse. – voltou a sussurrar.
- Mentiroso! É claro que sabia que eu vinha! – sorriu, negando com a cabeça. parou em frente a uma porta e a abriu. – Espera, o que você está fazendo? – Ela não entendeu o porquê dele ter aberto a porta de um quartinho minúsculo, que meu pai gostava de guardar as suas tranqueiras.
- Se você adivinhar, ganha um beijo. – a puxou para dentro do armário.
- Está muito escuro aqui. – sussurrou, quando percebeu que ia fechar a porta.
- Então, aconselho que você mantenha os seus olhos fechados. – a encostou em uma das paredes e terminou de fechar a porta. não respondeu, o sorriso que logo desapareceu na escuridão respondeu por si só.

No andar de baixo, todos ainda escutavam a história de . Ela contou que a viagem seria dali algumas semanas, mas ainda tinha que acertar algumas questões como o passaporte. acabou demonstrando a sua vontade de também ir para Paris, mas a repreendeu no mesmo instante e acabou causando a risada de todos. A conversa estava tão empolgante, que eles mal perceberam a ausência de e . A conversa sobre viagem, estudos, sonhos e toda a baboseira começou a ficar desinteressante para , que considerava tudo aquilo uma besteira depois do que aconteceu com nós.

Depois de alguns minutos de ausência de e , ele foi o primeiro a sentir a falta deles. Ele olhou para os lugares onde eles estavam sentados antes e a conclusão nunca foi tão óbvia. se levantou e tinha uma desculpa pronta para o caso de alguém perguntar onde é que ele estava indo, mas ninguém perguntou. Ele subiu lentamente as escadas e começou a andar pelo corredor. Parou no meio do corredor e olhou em volta, pensando onde é que e estavam. O silêncio do andar favoreceu a sua busca e ele conseguiu ouvir alguns ruídos vindo do quartinho que ficava no fim do corredor. negou a cabeça com um sorriso malicioso no rosto. Andou até o tal quartinho e parou em frente a porta. Agora ele tinha certeza que e estavam ali. Tocou a maçaneta e abriu rapidamente a porta. A primeira coisa que viu foi e se beijando em meio a caixas e varas de pescar.

- Ah, qual é! – disse, quando os dois interromperam o beijo abruptamente.
- O que você está fazendo aqui? – fez careta.
- O que VOCÊS estão fazendo aqui? – os olhou com desconfiança.
- Estamos fazendo compras! – ironizou. – O que você acha que estamos fazendo? – Ele olhou para com irritação.
- 5 quartos e vocês escolhem o único que não tem cama! Mais virgem do que isso impossível, ! – rolou os olhos.
- Como você nos achou aqui? – o fuzilou com os olhos.
- Está de brincadeira? – abriu os braços. – Acha mesmo que eu não conheço todos os esconderijos dessa casa? Usei esse algumas vezes, mas eu sempre achei meio apertado. – Ele disse com um certo deboche. Ele se referia a época do nosso namoro. – Da próxima vez usem a dispensa. É mais espaçosa e tem um cheio melhor. – sorriu com falsidade.
- Vá a merda, Jonas! – revirou os olhos.
- Espera, você e a ... – fez careta e olhou com nojo para o quartinho em que estavam. – Ai, que droga, . – Ele saiu do quartinho e levou junto.
- Por um momento eu achei que você ia ser esperto e aproveitaria para se vingar do , já que o quarto dele está aqui ao lado. – negou com a cabeça.
- Dá pra calar a boca? – voltou a ficar irritada.
- Espera! – pensou por um segundo. – Ainda dá tempo! – Ele sorriu.
- O que? – olhou pro com cara feia.
- O quarto do está aqui do lado! Vamos fazer isso! – ficou extremamente empolgado.
- Meu filho, se você quer me levar pra cama vai ter que fazer bem melhor que isso. – Foi que debochou dessa vez.
- Não é de verdade! – se explicou. – Vamos só fingir e... – Ele começou a explicar.
- Só fingir? Espera, deixa só eu fazer um comentário: cara, além de virgem você é muito lerdo. – brincou com o fato de dizer que ele e teriam apenas que fingir que estavam tendo a sua primeira vez. – Pronto, pode continuar. – Ele cruzou os braços para continuar ouvindo a explicação de .
- Valeu, . – olhou para o amigo com desprezo. – Então, nós podíamos fingir. O dava um jeito de trazer o aqui em cima e nós só ficávamos em baixo do lençol fingindo. – Ele terminou de explicar.
- Isso é sério? – riu com a ideia.
- Vamos! Me ajude! Vai ser a vingança perfeita. – insistiu.
- Não sei... – não sabia se aceitava ou não.
- Aceita, ! O promete te agradecer de um jeito muito especial mais tarde. – tentou ajudar .
- Cala a boca, . – deu um fraco soco no braço do amigo.
- Eu desisto de você, cara! – negou com a cabeça.
- Está bem, eu ajudo, mas só porque vai ser hilário. – riu silenciosamente.
- Você vai nos ajudar, ? – olhou para o amigo.
- Sacanear o ? Está de brincadeira? Eu ficaria ofendido se não participasse disso. – sorriu para o amigo.
- Beleza, então você desce e eu e a vamos pro quarto dele. Vamos ficar embaixo dos lençóis e vamos fingir estar fazendo alguma coisa. Você tem que dar um jeito de fazer ele subir aqui. – explicou o plano.
- Eu dou o meu jeito, mas vocês têm que ser bem convincente. Vocês sabem que o manja das putarias. – disse, causando a risada de e .
- Nós vamos ser. – se esforçou para parar de rir.
- Espero que você ainda corra igual a um jamaicano. – avisou .
- Pode deixar. – afirmou com a cabeça.
- Eu vou tentar atrasá-lo um pouco e você foge. – aconselhou.
- Beleza! – concordou.
- Então eu vou descer e eu trago ele daqui uns 5 minutos. – continuou olhando para o amigo, enquanto dava alguns passos para trás.
- Certo! – segurou a risada.



- Manda ver, garoto! – disse, apontando pro amigo e piscando um dos olhos. – Quer dizer... – Ele fez careta. – Você entendeu! – rolou os olhos, antes de virar-se e descer as escadas.

e se apressaram e foram para o quarto do que ficava naquele mesmo corredor. desfez a cama com a ajuda de e logo depois os dois deitaram lado a lado da cama, colocando o lençol por cima de suas cabeças. Ambos estavam de roupas e se encaravam embaixo do lençol entre risos. voltou para a roda de amigos, que ainda falavam do mesmo assunto. Ele se preparou para não rir durante toda a encenação.

- , você pode me emprestar aquele seu jogo de futebol novo? – interrompeu a conversa. Todos o olharam, pois aquilo não tinha nada a ver com o assunto.
- Eu empresto sim. Depois eu pego pra você lá em cima. – afirmou sem dar muita atenção para o amigo.
- Não, tem que ser agora por que... – demorou alguns segundos para pensar em um bom motivo. – Porque eu estou indo embora. Não posso esperar. Eu ainda tenho que... lavar a louça quando chegar em casa. – Ele se xingou mentalmente pela improvisação horrível que ele havia acabado de fazer.
- Tem uma pia cheia de louça lá em casa também. Por que não dá uma passada lá mais tarde? – não conseguiu evitar. Todos riram e a única atitude de foi olhar tediosamente para o amigo e apontar o dedo do meio em sua direção.
- Me empresta ou não? – voltou a olhar para .
- Está bem. Vamos lá pegar. – rolou os olhos e se levantou.
- Legal. – sorriu, satisfeito. Levantou-se e acompanhou . Não perderia aquilo por nada.
- Você quer o de luta também ou eu já te emprestei aquele? – perguntou, enquanto eles subiam as escadas.
- Não, aquele você já me emprestou. Ele é muito bom. – estava tentando se controlar.
- Estou viciado nele agora. – sorriu. e conseguiram ouvir quando chegou no corredor. Era agora ou nunca.
- Ele está chegando! – sussurrou e olhou para .
- O que nós fazemos? – segurou o riso.
- Balance os lençóis assim. – demonstrou e fez o mesmo que ele. – Isso, só fique balançando os lençóis e deixa o resto comigo. – Ele continuou fazendo aquele mesmo movimento.
- Meu Deus, essa é a coisa mais ridícula que eu já fiz. – continuava se controlando.

e seguiam pelo corredor e conversavam sobre o tal jogo. não estava prestando atenção em metade das coisas que meu irmão estava dizendo. Ele só conseguia pensar no que viria a seguir. Eles chegaram em frente ao quarto do , que tocou a maçaneta. A primeira coisa que achou estranha foi o fato da luz de seu quarto estar acesa. Ele tinha certeza que havia apago. Abriu a porta e a primeira coisa que viu foi uma movimentação estranha na sua cama. Suas sobrancelhas se levantaram, enquanto ele olhava pasmo. estava logo atrás e estava quase morrendo para segurar a risada.

- Mas que porra é essa... – ainda estava meio assustado. e estavam se matando de rir embaixo dos lençóis. Com uma das mãos, fez uma rápida contagem e no 3 ambos colocaram a sua cabeça para fora do lençol.
- ! – arregalou os olhos e também fingiu uma cara de susto. A expressão no rosto de se transformou em questão de segundos. Arqueou ambas as sobrancelhas, franziu sua testa e tornou o seu olhar ameaçador.
- FILHO DA PUTA! – deu um curto passo em direção ao , mas o segurou na hora. – NA MINHA CAMA SEU VIRGEM DE MERDA? – Ele gritou, fuzilando com os olhos.
- , não é nada disso que você está pensando. – usou a desculpa clássica.
- VOCÊ... – apontou em direção ao e engoliu seco, tentando se acalmar. – VOCÊ E ELA ESTÃO NA MINHA CAMA! – Ele disse alto, porém com menos agressividade. – VAI ME DIZER QUE ESTAVAM TESTANDO A MINHA CAMA!? – ironizou. – ELA É BOA O SUFICIENTE PRA VOCÊS? POSSO COMPRAR UMA DE CASAL SE VOCÊS... – tentou avançar em de novo, mas voltou a segurá-lo. – PREFERIREM! – Ele completou a frase.
- , calma! – entrou na frente do ex-cunhado.
- Ele... – olhou para com uma mistura de frustração e desespero. – Ele perdeu o cabaço na minha cama. – Ele levou uma de suas mãos até a cabeça e bagunçou o seu cabelo. – Eles... – apontou em direção a cama. – Eu acho que vou vomitar. – Ele abaixou a cabeça e apoio suas mãos em seus joelhos.
- Ei, ei... – segurou o amigo e o levantou. – Cara, é só uma cama. – sorriu, achando exagero da parte de .
- Você acha engraçado? – voltou a se recompor. – ACHA ISSO ENGRAÇADO? – Ele voltou a gritar. – ME DÁ A CHAVE DA SUA CASA QUE VOCÊ VAI VER O ESTRAGO QUE EU VOU FAZER NA SUA CAMA AMANHÃ, SEU IDIOTA. – fuzilou com o olhar.
- Você achou engraçado quando foi na minha cama! – se intrometeu quando já estava de pé. nem desconfiou do fato de ele já estar com roupa.
- ENTÃO É ISSO? – voltou a olhar para e novamente o segurou. – ISSO FAZ PARTE DA SUA VINGANÇA IDIOTA? – Ele não acreditou.
- E se fosse? – sorriu para o meu irmão.
- FOI BOM PRA VOCÊ? – ironizou.
- , corre. – começava a ter dificuldade para segurar .
- Foi bom. A sua cama é ótima. Onde foi que comprou? – cruzou os braços, olhando calmamente pro .
- DESGRAÇADO! – ficou ainda mais maluco.
- SAI LOGO DAQUI, ! – gritou, pois não seguraria por tanto tempo. Dessa vez, atendeu o seu pedido e saiu correndo. Não deu nem 10 segundos e conseguiu se desvencilhar das mãos do e disparou atrás de .
- O que é que está acontecendo? – escutou os gritos do namorado no andar de cima.
- É o que está gritando? – arqueou a sobrancelha. Foi só terminar de dizer aquilo, que apareceu na escada e desceu os seus degraus correndo.
- SAÍ DA FRENTE! – gritou, passando pelos amigos. também apareceu correndo nas escadas.
- VOLTA AQUI, SEU COVARDE! – gritou furiosamente.
- O que aconteceu? – se aproximou da confusão.
- Segura o ! – gritou do alto da escada. não conseguiu atender o pedido de , pois passou voando em direção a piscina, que era para onde havia ido.
- Você é homem pra perder o cabaço na minha cama, mas corre igual uma garotinha agora? – saiu no quintal de sua casa. estava do outro lado do jardim.
- O que você acha de emprestar a sua cama de novo na semana que vem? – gritou em meio a risos.
- NÃO VAI SER PRECISO, PORQUE DE HOJE VOCÊ NÃO PASSA, FILHO DA PUTA! – ficou ainda mais maluco.
- Oh, o que foi? Você está nervoso? – fez cara de compreensão, olhando para o amigo de longe.
- ESPERO QUE TENHA VALIDO A PENA, PORQUE HOJE FOI A SUA PRIMEIRA E ÚLTIMA VEZ! – voltou a ameaçá-lo. Ele ia para um lado e o ia pro outro.
- , deixa ele em paz. – tentou interceder por .
- Eu vou deixar ele descansar em paz já já, amor. – nem sequer a olhou. Ameaçou novamente ir para um lado e correu para o outro. – VEM LOGO AQUI! – Ele esbravejou.
- Sabe que eu gostei dos lençóis de seda? – cruzou os braços.
- Gostou? – forçou um sorriso. – QUE ÓTIMO PORQUE EU VOU ENFIAR UM POR UM NO MEIO DO SEU.. – Ele ia dizendo com toda a sua ira, mas o interrompeu.
- Ei! Você para de gritar! – apontou para o . – E você para de ser idiota se não você vai acabar morrendo. – Ele apontou para o em seguida. – Chega dessa brincadeira! – achou melhor parar antes que acontecesse uma desgraça.
- Brincadeira? Que brincadeira? – olhou pro sem entender.
- Não pode ser.. – começou a rir, pois já havia entendido tudo. já havia deitado no chão e estava rolando de um lado pro outro, enquanto chorava de rir.
- , esse foi o melhor troll de todos. – sorriu pro amigo, que não conseguia parar de rir.
- Ei, seus babacas! Dá pra me falarem do que os 3 idiotas estão rindo? – abriu os braços.
- Não teve primeira vez! – segurou o riso para explicar ao . – estava te sacaneando e você caiu igual um idiota. – Ele voltou a rir.
- Não... – arqueou uma das sobrancelhas. A única coisa que se ouvia eram risos. – Vocês estão me dizendo que vocês estavam zuando com a minha cara esse tempo todo? – Ele cruzou os braços.
- Você viu a cara dele? – gritou ainda do outro lado do jardim.
- Esses meninos nunca crescem. – negou com a cabeça, enquanto ria. Ela estava com saudade de todas aquelas brincadeiras e risadas que ela só conseguia dar com os amigos.
- Vocês são uns retardados. – também negou com a cabeça.
- , você não corria assim nem na época do futebol. – brincou com o amigo.
- Eu nunca vi o tão irritado. – não conseguia parar de rir.
- No dia que a irmã dele deixar de ser virgem vamos precisar do Hulk. – fez um comentário infeliz, mas que fez todos rirem ainda mais. também não achou tanta graça.
- Vão brincando, seus trouxas! – continuava sério e contrariado. começou a se aproximar do resto do grupo. – Você podia ter morrido, . – Meu irmão apontou para o amigo com um quase sorriso.
- Curtiu, né? – estendeu sua mão e a apertou. – Agora você sabe como eu me senti. – Ele completou.
- Ainda isso? – fez careta. – Você já comprou outra cama, está na hora de superar. – Ele deu alguns tapinhas no ombro do amigo.
- É, mas ela não é tão boa quanto a sua. – voltou a brincar.
- Cala a boca. – disse da maneira mais dócil de todas, enquanto dava uns tapas mais fortes no rosto de , que afastou-se rindo. – E você, hein? – Meu irmão foi até a . – Cara de santinha, dona da moralidade e a mais nova rainha das sacanagens. Bem vinda ao grupo. A pode te ensinar umas coisinhas depois se você quiser. – sorriu para e piscou para a namorada.
- Ah, qual é! – rolou os olhos.
- Isso tudo foi só encenação ou vocês estão juntos mesmo? – perguntou, olhando para o e para a .
- Sim! – disse.
- Não! – disse ao mesmo tempo que ela. Eles se olharam.
- Não! – desmentiu.
- Sim! – novamente falou junto com ela. Os amigos os olharam com desconfiança.
- Mais ou menos... – ergueu os ombros, sem jeito.
- Estão namorando? – questionou.
- Não! – e voltaram a responder juntos, deixando de olhar um para o outro para olharem para os amigos.



- Estão transando? – perguntou em seguida.
- Não! – foi a única a responder e virou-se para olhá-la.
- É, mas.. – pensou em dizer alguma coisa, mas o interrompeu.
- Não! – foi curta e grossa.
- É isso ai, pessoal. Não! – voltou a sorrir para os amigos. saiu, voltando para dentro da casa. , e Amber a acompanharam.
- Hey! – chamou , que se aproximou. – Falando sério agora. Posso emprestar a minha cama pra vocês qualquer hora dessas. – Ele forçou o seu melhor sorriso. e se entreolharam.
- Sério? – olhou para o amigo com esperança.
- Não! – ficou imediatamente sério. – Se chegar perto do meu quarto de novo, eu te arrebento. – Ele deu um tapa no braço do e saiu, indo para o interior da casa. e voltaram a se matar de rir.
- Cuidem da vida de vocês. – rolou os olhos e também entrou na casa.
- Fazia tempo que eu não ria tanto. – olhou pro . Eles estavam sozinhos no quintal da casa.
- Por um momento eu até me esqueci que a vai embora. – riu sem tanta empolgação.
- Você deu sorte, hein. Ainda bem que vocês não estão mais juntos. – também ficou um pouco mais sério, quando tocou no assunto. – Pelo menos vocês não tiveram que passar por aquela fase em que vocês fingem que acham que vocês vão superar a distância e etc. Isso é besteira. – Ele rolou os olhos.
- Isso é um conselho ou um desabafo? – sabia muito bem do que estava falando.
- É um fato! – afirmou com um fraco sorriso e começou a andar em direção a casa. negou com a cabeça, desaprovando as palavras e a atitude do amigo. Acompanhou e também entrou na casa.

A noite de amigos durou mais umas duas horas. A diversão acabou quando anunciou que tinha que ir embora. As garotas também acharam melhor irem embora. estava de carro e as deixaria em casa.

- Não vai mesmo ficar aqui comigo, amor? A casa está vazia e eu vou ficar sozinho. – fez bico. Estava a alguns minutos tentando convencer a ficar.
- Eu não posso. – fez bico. – Mas pede pro ficar com você, já que ele gostou tanto da sua cama. – Ela brincou.
- Eu durmo sozinho mesmo. – rolou os olhos.
- Hey, ! – chamou de canto. – Eu estou indo, mas antes eu queria falar com você. – Ela não sabia por onde começar.
- É claro! – afirmou com a cabeça. Não sabia o que poderia ser.
- Escuta, eu... – ia dizer, mas não sabia como dizer. – Eu sei que de alguma forma eu tive culpa no seu término com a e eu... – Ela ia se estender, mas não permitiu.
- Não, . – imediatamente negou com a cabeça. – Não faz isso, está bem? – Ele pediu. – Foi tudo, menos culpa sua. Acredite em mim. – só queria acabar logo aquela conversa. Ele odiava aquele assunto.
- Está bem, eu sei que você não quer falar sobre isso, mas eu só quero que você saiba que... – hesitou continuar. – Um dia eu vou recompensar de alguma forma, ok? – Ela sorriu sem mostrar os dentes. não soube como responder e nem teve tempo para isso. Ela se aproximou e beijou o seu rosto. – Boa noite, . – se despediu.

As garotas se despediram de todos e as palavras de atordoaram por um tempo. Ele não queria te falado sobre aquele assunto naquela noite. Fazia tempos que ele não falava sobre aquilo. se sentiu culpada por ter ficado do lado da Amber no dia em que nós brigamos. Ela foi a favor da prima e do por um tempo, mas depois de rever alguns conceitos ela havia mudado de opinião.

- Isso foi divertido. – sentou-se no sofá. Só restavam os garotos agora.
- Foi muito legal. Foi muito bom reunir todo mundo de novo. – concordou.
- Nem todo mundo, né? – fez careta. Todos sabiam que ele se referia a mim, mas não se pronunciaram a respeito por causa do .
- A Amber até que se comportou, né? – quis mudar de assunto.
- Se comportou mesmo. Dessa vez ela só comeu o com os olhos. – comentou, causando a risada dos meninos.
- Sério mesmo? – nem havia percebido.
- Vai dizer que não percebeu? – abriu os braços.
- Não percebi nada. – riu e negou com a cabeça.
- Você já não deu o fora nela? Porque ela continua insistindo? – não conseguia entender aquela obsessão.
- É... – fez careta e entregou tudo.
- Ah não, ! – rolou os olhos.
- Seu idiota! – não hesitou em julgar.
- Foram só duas vezes! – se explicou.
- Duas vezes? – o olhou com desaprovação.
- Eu estava bêbado! – se justificou.
- Vocês só ficaram ou... – torcia pela resposta negativa.
- Nós só ficamos. – deixou todos aliviados.
- Cara, você sabe que ela gosta de você! Porque fica dando esperança? – não conseguia entender.
- Eu não sei! Eu já dei milhões de foras nela, mas ela sempre acaba aparecendo. Eu estou bêbado e ela está lá vestindo aquelas roupas provocantes e ai... já era! – se explicou.
- Já era? – arqueou a sobrancelha. – Tem certeza que você não gosta dela? – Ele quis saber.
- É claro que eu tenho! – respondeu sem hesitar.
- Ela é a sua amiga. Você não devia ficar brincando com os sentimentos dela. – aconselhou.
- Está de brincadeira? Minha amiga? – quase riu. – Eu já me conformei que perdi a minha melhor amiga no dia que eu resolvi dormir com ela. Depois daquele dia, tudo ficou um inferno! Ela deve ter colocado algum tipo de rastreador no meu celular, não sei. Ela sempre aparece nos lugares onde eu estou. – Ele fez careta.
- Ela não vai parar enquanto você continuar ficando com ela! – achou que era óbvio.
- Ela é adulta e toma suas decisões sozinha. Eu já disse que não quero, mas se ela insiste em vir atrás de mim e eu estiver afim... – ergueu os ombros.
- Ai, ... – negou com a cabeça.
- Não falo nada. – suspirou longamente.
- Nem eu! – ergueu as mãos.

O fato era que não se importava. Ele não se importava com qualquer garota, que não fosse sua mãe e sua irmã. Ele não queria saber se ia quebrar o coração de todas elas. só queria pensar em si mesmo a partir de agora. Depois de tanto tempo pensando no melhor para a garota que ele sempre amou, ele deu uma chance a si mesmo e esqueceu de se importar com as outras pessoas. Pode chamar isso de egoísmo ou de insensibilidade, mas isso na verdade é o seu desabafo.

Aquele encontro de amigos e as inúmeras vezes em que eu fui indiretamente mencionada não o deixaram tão mal quanto ele temia. Isso foi como uma realização enorme pra ele. Aos poucos ele sentia que estava melhorando e superando e isso era tudo o que ele mais queria. Nem mesmo a palavras de o deixaram tão abalado. A parte mais triste foi saber que ele teria que perder outra pessoa. sempre foi muito amiga do e mesmo ela tendo se afastado, ele ainda sentia um carinho enorme por ela. A insensibilidade não era tão grande sim. Ele sentiria a sua falta, assim como todos os outros amigos.

As notícias chegaram até mim no dia seguinte através do . Ele me contou como foi o aniversário da , contou sobre a viagem e também da brincadeira que eles haviam feito com o . Eu não sabia quem estava rindo mais: o que estava contando ou eu que estava ouvindo. Eu também soube que Amber esteve lá e depois de um breve piti por achar que todos os meus amigos estavam colocando aquela vadia no meu lugar, me acalmou. Uma outra coisa boa era que eu não perguntava mais do . Eu tinha vontade de perguntar, mas eu não perguntava mais. Isso me ajudou muito a não pensar nele. Eu e estávamos nos superando e isso era tragicamente bom.



TROQUE A MÚSICA:



- , você pode vir a sala de reunião agora? – ouviu o presidente da empresa convidá-lo através do telefone.
- É claro. Eu estou indo agora mesmo. – não hesitou. Mesmo se tratando de 6 horas da tarde de uma sexta-feira.

tinha certeza que era mais uma daquelas reuniões que o dono da empresa fazia com a empresa toda para falar sobre comportamentos e benefícios. Ele não estava nem um pouco a fim de ter aquele tipo de reunião naquele dia, mas ele não tinha a opção de não ir até lá. Apesar de ele ser dono de grande metade da empresa, ele respeitava muito o outro sócio e amigo de seu pai, que era o presidente da empresa agora. Caminhou até lá, enquanto despedia-se de várias pessoas, que estavam indo embora, pois o seu expediente já havia acabado.

- Olá, desculpe a demora. – disse assim que chegou na sala. A mesa de reunião estava cheia de gerentes. O presidente ficou na ponta da mesa como em qualquer reunião normal.
- Sente-se, . – O presidente da empresa apontou a cadeira ao seu lado. atendeu o seu pedido e sentou-se. Ele estava muito bem vestido com a sua roupa social que incluia camisa de mangas longas, calças sociais e sapato. A empresa tratava de esportes, mas ele era uma pessoa que tinha um grande cargo na empresa e ele não podia se vestir de qualquer jeito. – Nós decidimos fazer essa reunião de última hora. Eu reuni todos os gestores aqui, pois eu pretendia tomar uma decisão e queria a opinião deles. – O presidente não deu dicas sobre o que tratava.
- Está bem. – ainda não entendia o que estava fazendo ali. Tudo bem que ele era um dos gestores, mas porque o foco estava todo nele?
- Eu em conjunto com todos eles tomei uma decisão e eu gostaria de lhe fazer uma proposta. – O presidente da empresa o olhou com atenção.
- Proposta? Do que se trata? – queria saber logo do que se tratava.
- Bem, diante de inúmeros relatórios e pesquisas qualitativas feitas através de todos esses senhores ao seu lado, você tem sido o nosso maior talento aqui dentro. – O presidente fez uma pausa, enquanto mexia em alguns papeis. – Os contratos adquiridos pela empresa praticamente duplicaram e a maioria dos clientes exigem conversar com você antes de assinar qualquer contrato. – Ele novamente pausou. não podia fazer nada além de sorrir. É claro que ele queria sair gritando JONAS POWER e fazer uma dança de 5 segundos sobre a mesa de reunião, mas não dava. – Diante de todos esses números, você é gestor com ideias mais inovadoras que essa empresa já viu e é por isso que estamos prestes e lhe dar o maior contrato que já chegou ao nosso alcance. – O presidente parecia muito sensato em tudo o que dizia e todos os gestores pareciam estar de acordo.
- Eu fico muito honrado. – sorriu e olhou rapidamente para os outros gestores ali presentes.
- , os Yankees entraram em contato conosco no começo da semana. Eles estão procurando uma nova empresa de publicidade e eles chagaram até nós. – paralisou quando ouviu ‘Yankees’. Era simplesmente o seu time de futebol favorito.
- Nossa, isso é incrível! – falou um ‘PUTA QUE PARIU, NÃO ACREDITO!’ de maneira educada.
- Ao entrar em contato conosco, eles ressaltaram as ótimas recomendações que eles receberam da nossa empresa. – O presidente voltou a explicar. – Apesar das ótimas recomendações a nossa empresa, eles fizeram uma exigência, que para ser sincero, não me surpreendeu nem um pouco. – Ele sorriu fraco para o .
- Qual exigência? – se interessou. Nenhuma exigência poderia impedi-los de conseguir o contrato dos Yankees.
- Eles querem que você negocie com eles e querem que você esteja totalmente ligado ao processo criativo. – não conseguiu nem ter reação alguma. Os Yankees o queriam, tudo bem que não era como jogador, mas não deixava de ser um sonho pra ele. – Diante dessa exigência e de todos os resultados que já foram citados por mim, eu tomei uma decisão. Se você trouxer o contrato dos Yankees para a nossa empresa, eu estou disposto a lhe dar o cargo do qual um profissional como você merece. Eu não vejo você em qualquer outro lugar que não seja a vice-presidência. – A notícia caiu como uma bomba.
- O senhor está dizendo que se eu conseguir o contrato dos Yankees, o senhor vai me promover a vice presidente da empresa? – estava completamente surpreso. Era muito para lidar.
- Exatamente. – O presidente confirmou. – Mesmo você sendo o responsável pelo contrato, vamos te dar toda assistência necessária. Vamos pagar a sua estadia em um dos melhores hotéis de Nova York com direito a todas as refeições e um carro que também será cedido pela empresa. – Nova York? Espera! Ele disse ‘Nova York’ ? Ah não, ele disse!
- É necessário mesmo fazer a negociação em Nova York? Eu posso fazer por aqui mesmo. – não tinha a menor intenção de ir para Nova York. Ele se recusava a pisar naquela maldita cidade de novo.
- Sim, é necessário. Vamos dar a você o tempo necessário para fechar o contrato. – O presidente jamais o pressionaria. Naquele instante, abaixou a cabeça. Foi como a melhor e a mais frustrante notícia da sua vida. – Algum problema, ? – Ele soube que havia alguma coisa errada.

A maior oportunidade da sua vida, sendo arruinada pelo seu ódio e vontade de ficar o mais longe possível da garota que destruiu a sua vida. Que conveniente! A última vez que havia ido para aquela cidade, tinha sido por um motivo bom. Foi a melhor viagem de todas, pois ele sabia que estava indo me encontrar. E agora? Qual é a sua motivação para ir para Nova York dessa vez? Dinheiro? A promoção no trabalho? O seu time do coração? Nada disso vale a quebra de sua promessa de se manter longe de Nova York. havia prometido para si mesmo que não pisaria naquela cidade de novo. Aquela cidade que lhe arrancou a melhor coisa que ele já teve. Aquela cidade em que ele viveu o melhor momento da sua vida, mas também o arruinou de um jeito desigual. O que fazer?

- Me desculpe, senhor. – negou com a cabeça. – Eu vou ter que recusar. – Ele olhou para o presidente que pareceu extremamente surpreso.
- Recusar? Por qual motivo? – O presidente não entendeu. – O problema é Nova York? Você não quer ficar longe da sua família? É isso? – Ele queria bons motivos para uma recusa tão surpreendente.
- Não, eu... – não sabia como explicar. O que ele deveria dizer? ‘Não quero ir pra Nova York porque a minha ex pela qual ainda sou apaixonado está lá?’ ou ‘ Não quero ir para Nova York, pois aquele lugar me trás péssimas lembranças?’ – Eu entendo que é uma grande oportunidade, mas eu estou só começando e não quero me comprometer tão rapidamente. – Foi a melhor desculpa que ele conseguiu. Todos os gestores pareciam perplexos.
- Bem, eu não posso forçá-lo a nada e respeito a sua decisão. – O presidente parecia decepcionado. – Vamos repassar essa informação para a diretoria dos Yankees. – Foi a única coisa que ele disse.
- Obrigado, senhor e desculpe. – se desculpou por ser tão fraco a ponto de recusar a chance de sua vida. Ele se levantou e saiu da sala sem dizer nem mais uma palavra. O presidente da empresa e os gestores não entenderam a decisão. Estavam todos perplexos.

Se já se sentia um idiota antes por tudo o que ele sofreu, agora ele com certeza se sentia ainda mais. Quem recusaria uma proposta daquela? Qual o problema dele? Ele sabia muito bem a oportunidade que estava perdendo, mas ele também sabia que não conseguiria voltar para aquela cidade. não queria ir até lá para ficar olhando para todos os caras que passassem por ele, enquanto ele se perguntava se aquele era o cara que eu havia colocado no seu lugar. Ele não queria saber que estava tão perto de mim de novo. Ele não queria fazer parte de qualquer coisa que pudesse me aproximar dele. Estava decidido! Haveria outras oportunidades.

A recusa da oportunidade de trabalhar com os Yankees foi o assunto mais comentado no escritório durante a semana toda. tinha a impressão de que todos que passavam por ele o xingavam de ‘burro’ mentalmente. não deixava de dar um pouco de razão a eles. Quem recusa uma oportunidade dessas? Independentemente da opinião de todos, a pior parte foi com certeza ver a empresa toda se esforçar para fazer com que os diretores do Yankees aceitassem outra pessoa que pudesse dar ideias e discutir sobre o contrato. A diretoria do Yankees se recusou a negociar com qualquer outra pessoa que não fosse o garoto prodígio da publicidade. Isso fez com que se sentisse mal consigo mesmo. Ele sabia que além de estar perdendo uma oportunidade, ele estava fazendo com que a empresa também perdesse uma enorme oportunidade de entrar de vez no cenário da publicidade no país.

Durante a semana, o presidente da empresa tentou convencer oferecendo-lhe mais alguns benefícios, mas parecia irreversível. Dezenas reuniões foram agendadas na tentativa de achar uma solução para o problema. via a preocupação e o trabalho que todos na empresa estavam tendo para poderem ajudar a empresa a conseguir o contrato milionário. sabia muito bem que ele poderia resolver todos os problemas com uma simples ida a Nova York, mas a ideia ainda lhe parecia incontestável. Ele não queria ir até lá de jeito algum.

- Oi, mãe. – atendeu a porta de sua casa com a cara toda amassada. Os olhos nem sequer chegaram a abrir totalmente. Era 10 horas da manhã de um domingo. É claro que ele ainda estava dormindo, já que chegou bem tarde da balada na noite anterior.
- Tudo bem, querido? – A mãe de sorriu, entrando no apartamento.
- Bom dia, raio de sol. – sorriu ao entrar no apartamento de mãos dadas com a mãe. rolou os olhos. O que elas estavam fazendo ali naquele horário?
- Nossa, mas esse lugar está uma bagunça! – Não podia faltar o sermão. Ele rolou os olhos.

- Eu prometo que arrumo mais tarde, mãe. – voltou a rolar os olhos. Ele queria dormir!

- Buddy! – ajoelhou-se no chão, quando o cachorro correu em sua direção.
- Eu posso arrumar se você... – A mãe dele começou a ajeitar as almofadas do sofá.
- Não, não! Não precisa! Eu arrumo! Pode deixar! – não queria que a mãe se prolongasse muito, pois ele queria muito voltar a dormir.
- Está bem. – Ela conhecia muito bem o filho que tinha. – Então, eu queria te pedir um favor. – Ela acariciou o rosto do filho, que continuava sonolento.
- Que favor? – cruzou os braços.
- As minhas amigas da época da faculdade me ligaram, dizendo que vão ter um encontro hoje. Vamos almoçar juntas, depois vamos ao shopping e jantaremos por lá também. O pai da foi pescar com o irmão e só volta hoje a noite, então eu pensei se... – A mãe de fez careta.
- Ah não, mãe... – choramingou.
- Por favor, querido. Fique com a sua irmã pra mim! – Ela finalmente pediu.
- Justo hoje? – fez careta.
- Olha só, vocês podem aproveitar e passar algum tempo juntos. Ela sente a sua falta. – A mãe de deixou de olhá-lo para olhar para , que brincava empolgadamente com Buddy.
- Mas, mãe.. – estava prestes a inventar uma desculpa qualquer.
- Eu venho pegá-la ás 7, está bem? – Ela se aproximou e beijou o rosto do filho. – Não se esqueça de alimentá-la. – Ela recomendou.
- Mãe... – ainda tinha esperanças de dar a sua desculpa, mas não deu tempo. Depois de beijar a filha, a mãe de e saiu pela porta apressadamente. – Que droga... – fechou os olhos, negando com a cabeça.
- O que nós vamos fazer? – olhou para o irmão.
- Você eu não sei, mas eu vou dormir. – apontou em direção ao seu quarto.
- Você vai me deixar sozinha? – estranhou.
- Você não está sozinha. O Buddy está com você! – virou-se de costas indo em direção ao seu quarto. observou ele se afastar e por fim, entrar em seu quarto.

não hesitou nem por um segundo em deitar em sua cama. Para ele, não passaria de um cochilo. Ele precisava de só um cochilo para deixar de ser zumbi e voltar a ser gente. Acontece que o cochilo acabou durando um pouco mais de duas horas.

- ! – tentou acordar o irmão pela 3° vez. – ! – Ela começou a puxar a sua camiseta. – ! – Ela disse um pouco mais alto e dessa vez foi o suficiente para acordá-lo, ou melhor, assustá-lo. deu um pulo e sentou-se na cama em questão de segundos.
- O que? O que aconteceu? – olhou para os lados e viu sua irmã olhando para ele com cara de tédio.
- Você dormiu. – cruzou os braços.
- Que horas são? – perguntou, preocupado com o tempo que havia ‘cochilado’.
- Eu não sei ver as horas ainda. – rolou os olhos. a olhou com cara feia e pegou o seu celular sobre o criado-mudo para ver o horário.
- Meio dia? – não acreditou que havia dormido por duas horas.
- Eu estava com fome e peguei esses biscoitos na sua cozinha. – mostrou pacote de biscoito, que ainda estava no começo. olhou para a irmã com perplexidade. Sua mãe o mataria se soubesse que havia deixado almoçar biscoitos. Ainda sentado na cama, ele passou a mão pelo seu rosto.
- Esqueça esses biscoitos. Eu vou me trocar e nós vamos sair pra almoçar, está bem? – olhou pacientemente para a irmã.
- Vou poder comer um Mc Lanche Feliz? – aproveitou-se da situação. sorriu para a irmã, que sempre dava um jeito de comer o seu lanche favorito.
- Vai! Vai poder. – afirmou, enquanto levantava-se da cama.
- Eba! – comemorou.
- Eu já volto. – saiu do quarto e foi em direção ao banheiro, onde fez a sua higiene matinal.

era a garota mais importante da vida de . Ela sentia a sua falta e ele também sentia a dela. Porque não dar a ela um dia divertido? Porque não se divertir com a sua irmã mais nova, já que sua mãe não havia dado outra saída? também não tinha mais nada de importante para fazer naquele domingo além de ficar o dia todo na cama jogando o seu videogame.

- E então? Como está a escola? – perguntou entre uma mordida e outra em seu lanche.
- Está legal. Sabe, ainda bem que você me ensinou o que virgem queria dizer por que a minha professora falou muito essa palavra na escola essa semana. – disse na maior inocência. Uma mulher de aproximadamente 40 anos que estava sentada na mesa ao lado olhou para e a irmã.
- Ela disse? – sorriu, sem graça.
- Disse sim! – afirmou com a cabeça.
- Porque ela falaria sobre isso? Você tem o que? 7 anos? – estranhou. Como assim a professora já estava ensinando essas coisas?
- Eu tenho 9 agora. – rolou os olhos.
- Em que aula ela falou sobre isso? – foi mais a fundo.
- Sobre ser virgem? – voltou a falar alto.
- Fala baixo, garota! – a repreendeu.
- Por quê? O que é que tem eu ser virgem? Tem muita gente virgem por ai. – ergueu os ombros.
- Ai... – suspirou longamente, negando com a cabeça.
- A professora estava dando aula de educação sensual. – explicou.
- Sexual. – corrigiu.
- Isso! – sorriu para o irmão.
- Você devia estar aprendendo isso? – fez careta.
- Por quê? Essa é uma daquelas coisas de adultos? – comia suas batatas-fritas.
- É, você só deveria aprender essas coisas depois dos 23 anos. – como um bom irmão ciumento, exagerou.
- Nossa! – se assustou. – Mas nem a mamãe falou isso. Como pode ser verdade? – Ela o olhou com desconfiança.
- O que a mãe disse? – quis saber.
- Ela contou como os bebes são feitos. – se achou super adulta por já saber sobre aquele assunto.
- Ela contou? – fez careta. – E como os bebês são feitos? – Ele cruzou os braços, interessado.
- Ela disse que todo homem tem uma frutinha e ai quando ele ama uma mulher, ele coloca uma sementinha dessa frutinha na barriga dela e ao invés de nascer uma árvore, nasce um bebê! – sorriu, toda orgulhosa.
- Frutinha? – fez careta. Ele deixou da olhá-la. – Isso é broxante... – Ele sussurrou para si mesmo.
- O que você disse? – arqueou a sobrancelha.
- Isso é brilhante! A mãe te explicou certinho. – riu, mas obviamente não entendeu os motivos dos risos. – Mas lembre-se: fique longe das frutinhas e se conseguir, fique longe de amor também. – Ele aconselhou.
- Do amor? Porque do amor? – estranhou.
- Porque amor leva a beijar, o que leva tocar, o que leva a frutinha, o que leva a sobrinhos que vão ter que crescer sem um pai porque eu vou ter que resolver essa situação. – explicou como se ela estivesse entendendo.
- Como é que é? – fez careta. Ela não havia entendido nada.
- Fique longe das frutinhas, ok? – simplificou.
- Mas espera! Onde está a sua frutinha que eu nunca vi? – era curiosa demais e não fazia a menor ideia do que estava perguntando.
- A minha frutinha? – fez cara de frustração. – A minha frutinha fica escondida e só quem pode vê-la é a mulher que eu amo. – Ele mentiu só para não traumatizar a sua irmã pelo resto da vida.
- E a já viu a sua frutinha? – perguntou quase que automaticamente.
- Bem... – sorriu e negou com a cabeça. – Não exatamente. – Ele voltou a olhá-la.
- Desculpa. – colocou uma das mãos em sua boca. – Desculpa ter falado dela. – Ela fez careta. Ela já havia terminado o seu lanche.
- Porque está me pedindo desculpa? – estranhou. nunca havia agido daquela forma.
- A mamãe disse que eu não podia falar sobre a . Ela disse que isso faz você ficar triste. – sorriu sem mostrar os dentes.
- Ela disse? – sorriu fraco.
- Você está triste? – olhou atentamente para o rosto do irmão.
- Não, tudo bem. – negou com a cabeça. não falava de mim para prejudicá-lo. Ela falava porque ela realmente gostava de mim e ele não tiraria isso dela.
- Se a não viu a sua frutinha, quer dizer que você não ama ela? – questionou.
- Mais ou menos... – não soube muito bem como responder.
- Sabe, eu escutei a mamãe falando no telefone esses dias e ela disse que você estava quase namorando com uma menina chata. – queria explicações sobre o assunto.
- Ela disse isso? – arqueou uma das sobrancelhas. De onde sua mãe havia tirado isso?
- Disse! – afirmou. – É verdade? Você está namorando outra menina? – Ela questionou.
- Não, não estou namorando ninguém. – afirmou um pouco irritado.
- Quem é ela? – quis saber.
- O nome dela é Amber. Ela é só uma amiga. – adiantou-se.
- Eu conheço ela? – tentou se lembrar.
- Você conheceu ela há muito tempo. Não vai se lembrar. – olhou atentamente para a irmã. – Qualquer dia eu levo você para conhecê-la. – Ele propos.
- Ela é mais legal que a ? – questionou.
- Na verdade, não... – rolou os olhos.
- É mais bonita? – voltou a perguntar.
- Também não. – negou com a cabeça.
- Então eu nem quero conhecê-la. – fez careta.
- Porque gosta tanto dela, hein? – não conseguia entender aquela afinidade que ela sempre teve comigo.
- Uma vez a mamãe me disse que a fazia você o garoto mais feliz do mundo. – sorriu para o irmão. – Eu gosto que você fique feliz. – Ela ergueu os ombros. – E ela também gosta de mim. Nenhumas daquelas meninas que você levava lá em casa me tratavam do jeito que a me tratava. – completou. Aquilo só tornava tudo ainda pior pro .
- Você sabe que um dia eu vou conhecer outra garota, não sabe? – já queria evitar transtornos.
- Se ela fizer você o garoto mais feliz do mundo, tudo bem! – ergueu os ombros. As palavras de foram como um tapa na cara de . Uma garota que o fizesse mais feliz que eu? Difícil!
- Então ta! – estendeu a sua mão e ele fizeram um high-five em meio a risos de . – Vamos embora? – Ele questionou. Ambos já haviam terminado a refeição.
- Vamos! – saltou da cadeira. – Onde nós vamos agora? – Ela rapidamente perguntou.
- Eu vou pensar. – riu silenciosamente da empolgação de sua irmã. Ela segurou a sua mão e eles seguiram juntos até o estacionamento.

não se permitia falar ou pensar sobre mim há meses, mas naquele dia em que passaria com a sua irmã ele deixaria isso de lado. O que pode ser melhor do que reviver os melhores momentos que passou ao lado da segunda garota que ele mais amou na vida com a garota que ele mais ama? não sabia sobre as traições e ela não podia apontar o dedo pra ele e dizer todos os erros que ele supostamente também teria cometido. era a melhor pessoa com quem ele poderia reviver o passado.

- O que você acha de ir em um parquinho que tem aqui perto? – perguntou, olhando para ela através do retrovisor.
- Eu quero! – gritou, empolgada.
- Que dúvida! – riu, negando com a cabeça.

seguiu o caminho até o tal parquinho que (não por coincidência) era o mesmo que ele costumava a vir quando só queria ficar sozinho pensando em mim. Ele fez isso por 6 anos e depois de tanto tempo, ele fez isso comigo. Ele me levou até lá e nós enterramos aqueles bilhetes que prometemos abrir depois de um ano. Para ele, aqueles bilhetes nunca foram e nunca serão lidos.

- Eu posso ir brincar? – perguntou, olhando pro irmão.
- Vai lá! – apontou com a cabeça em direção ao carro. saiu correndo em direção as outras crianças.

ainda estava próximo de onde havia estacionado o carro. Não sabia se queria se aproximar. Observou o parque o observou o exato lugar em que escolhemos enterrar aqueles bilhetes e o exato lugar que ele costumava ir para se perguntar se deveria desistir de mim ou não. O coração dele se apertou ao resgatar aquelas memórias que agora eram tão tristes. A tristeza que o invadiu o motivou ainda mais a ir até lá e se aproximar. Ele se desafiava o tempo todo para provar a si mesmo que era forte. Com as mãos no bolso, ele seguiu andando pelo parque e sentou-se no banco que era acostumado. Os cotovelos apoiaram-se em suas coxas e as costas manteve-se arcada, enquanto ele olhava fixamente para aquela areia, onde nós havíamos enterrado os bilhetes. não se moveu durante um bom tempo. Ele só ficou lá parado com os olhos fixos naquele local. Ele jamais procuraria aqueles bilhetes. Não dava.

- Ei, ! – levantou-se apressadamente do banco. Ela não ouviu e ele se aproximou dela. – Ei, vamos embora daqui. – Ele precisava sair dali naquele instante. Ele precisava ir pra longe daqueles bilhetes, daquelas memórias e daquela praça.
- Já? – fez bico.
- Vamos! Eu vou te levar pra outro lugar legal. – disse apenas para que ela se apressasse ainda mais. não hesitou e correu até o irmão.



- Para onde nós vamos? – ansiosamente perguntou.
- Você verá! – tentava se recompor. Chegaram no carro e saíram apressadamente do parque. Ele nem sequer olhou para trás.

dirigia sem rumo pela cidade, pensando em um bom lugar para levar . Seu coração estava um pouco mais triste do que normalmente ficava. Fazia tempos que ele não se sentia daquele jeito. Ele odiava se lembrar que ele ainda se importava e que ele ainda sentia alguma coisa além de raiva. Era totalmente frustrante.

Era domingo a tarde e o dia estava ensolarado como poucas vezes ficavam. pensou e pensou e o único lugar ao qual ele poderia levar era naquele Camping. Aquele, sabe? Esse mesmo que você está pensando! Ele tentou evitar aquele lugar, pois não esteve lá desde que foi comigo, mas simplesmente adoraria ir até lá e é por isso que ele havia decidido levá-la. Pra quem já foi até aquela praça, o que custava ir ao Camping? Custava algumas lembranças e a confirmação do que ele já sabe, mas ficaria muito feliz de ir até lá.

- Que lugar é esse? – Os olhos de até brilharam.
- É um Camping. – abaixou a cabeça para olhá-la e ela pareceu não entender. – Eu vou te mostrar. – Ele a puxou para dentro do local.
- Nossa! Quantas árvores têm aqui! – segurou a mão do irmão, pois ficou com medo de se perder dele por causa da quantidade de pessoas que estavam ali.
- Olha ali! Tem alguns cavalos e tem até um lago ali do lado. – apontou e seguiu atentamente a direção de seus dedos.
- Eu posso ver o lago? – perguntou.
- Eu te levo. – começou a puxá-la em direção ao pequeno lago. Ai chegar no lago, que ficava dentro de um enorme tanque redondo feito de cimento, avistou alguns peixes coloridos.
- Olha esse peixe! – apontou, empolgada. sorriu, satisfeito com a felicidade da irmã.
- Ele é enorme! – comentou e concordou entre risos.

Os irmãos ficaram algum tempo brincando e admirando os peixes que pareciam extremamente animados. Um dos inspetores do local chegou para alimentar os peixes e foi gentilmente convidada para ajudá-lo. Ela adorou! ficava correndo em volta do círculo, procurando o peixe mais próximo e logo em seguida, ela começava a jogar a ração. Os peixes se acumulavam para se alimentar e ela quase explodia de empolgação. mantinha-se perto e apenas observava a diversão da irmã, que fez até com que ele esquecesse das memórias que aquele lugar lhe trazia.

- Eu adorei brincar com os peixes. – ainda ria, enquanto ela e se afastavam do pequeno lago.
- Você os alimentou. Acho que eles também gostaram de você. – disse e ela levantou o seu rosto para olhá-lo.
- O que é isso aqui em cima? – apontou para o teleférico. levantou a cabeça e avistou o mesmo teleférico que havíamos andado da outra vez.
- Isso é um teleférico. – explicou sem dar tantos detalhes.
- Nós podemos andar nisso? – perguntou. Era exatamente isso que ele temia.
- Você quer andar de teleférico? – perguntou apenas para ter certeza de que ela já não havia desistido.
- Quero! – afirmou com um enorme sorriso.
- Você não tem medo de altura? – questionou. Aquele seria um bom motivo para não levá-la ao teleférico.
- Não! – afirmou com tranquilidade.
- Eu acho que não vai dar, por que... – ia inventar uma boa desculpa, mas ela o interrompeu.
- Vamos, ! Por favor! Vamos! – começou a implorar. – Eu quero muito andar nessa coisa! Eu nunca andei nisso! – Ela continuou implorando.
- É que... – ia tentar convencê-la do contrário, mas ele novamente foi interrompido.
- Por favor! Por favor! – voltou a insistir. rolou os olhos e respirou fundo antes de tomar aquela decisão estúpida.
- Está bem! Eu levo você. – afirmou com um fraco sorriso no rosto.
- Eba! – comemorou e começou a abraçá-lo fortemente.
- Chega.. – riu, quando ela ficou agarrada a ele por um tempo. – Vamos lá comprar as entradas. – Ele apontou em direção a entrada do teleférico.

comprou as entradas e ficou na fila por alguns minutos. Ele parecia estar revivendo o passado. Por um segundo, ele se lembrou do quão forte eu segurava a sua mão, enquanto estávamos naquela fila. Ele se lembrou do quão empolgado estava porque nós finalmente estávamos juntos. Um casal em sua frente fez ele ter saudade do que nós costumávamos ser.

- Quando o carrinho chegar, você senta nele o mais rápido que você conseguir. – orientou , que parecia não ter medo algum.
- Entendi! – estava pronta para atender a ordem do irmão.

O carrinho do teleférico chegou e e se sentaram apressadamente nele, enquanto um dos inspetores abaixou a barra de segurança que serviu direitinho em , mas ficou um pouco justa em . Ao se ver novamente naquele carrinho de teleférico, ele se sentia tão idiota. perdeu tanto tempo com passeios ao parque, praças e até mesmo aquele camping. Toda essa palhaçada e todo aquele papo de romantismo serviram pra que? Pra absolutamente nada!

- Está com medo? – perguntou, olhando para a irmã.
- Não! – afirmou com um enorme sorriso. – Olha todas aquelas pessoas lá em baixo. – Ela até arriscou-se a olhar para baixo. e eu não compartilhamos o mesmo medo, mas compartilhamos o sentimento por .

Parece até que a sabia que seria mil vezes mais doloroso para ele se ela pedisse que ele segurasse a sua mão e demonstrasse medo em seu olhar. A coragem dela evitou que tivesse que voltar a passar por aquilo, mas não evitou que ele esquecesse. Ele não esqueceu o quão brava eu fiquei quando ele me contou que havia dito pro garoto em quem eu tinha dado o meu primeiro beijo se afastar de mim. Ele se lembrou de quando eu roubei o seu rayban e disse que queria emprestado. Ele lembrou-se do quão forte eu segurei a sua mão naquele dia.

- Vamos descer. – avisou e ela ficou atenta. Eles voltaram para o solo depois de saírem apressadamente do carrinho.
- O que tem aqui? – perguntou, enquanto ela e andavam lado a lado. Eles estavam conhecendo o outro lado do Camping. Ele sorriu fraco e de um jeito um pouco triste, quando lembrou-se da árvore enorme que eu e ele descobrimos logo a frente.
- Vem aqui. – a puxou em direção a árvore que encontramos da outra vez.
- Uau! – ficou algum tempo sem piscar ao ver aquela árvore gigante coberta por flores vermelhas.
- Grande, né? – riu com a reação dela.
- É a maior do mundo! – soltou da mão do e saiu correndo em direção a árvore. não sabia se deveria se aproximar. – Vem aqui embaixo, ! – Ela fez o gesto com as mãos. não podia recusar e foi lentamente se aproximando da árvore e de sua irmã. Cada passo dado em direção aquela árvore, mais memórias enchiam a sua mente.

Foi a pior decisão ter ido até ali. Agora ele foi obrigado a se lembrar que foi exatamente ali em que ele me disse pela primeira vez que estava apaixonado por mim. Foi ali que nós rimos quando as flores caíram sobre as nossas cabeças e ele colocou uma delas atrás na minha orelha. Foi ali que ele me deu aquela pulseira com pingente de coração e foi ali que ele havia prometido me trazer ali de novo. Uma promessa que ele nunca cumpriria.

- Olha, tem alguma coisa escrita ali. – apontou para o tronco da árvore. Mesmo nas pontas dos pés ela não conseguia ler absolutamente nada. Foi com certeza a pior parte. Olhar novamente para o tronco daquela árvore e ver os nossos nomes ali, a minha letra e aquele coração que foi desenhado por mim foi devastador.
- Sim, tem. – abaixou a cabeça por poucos segundos e passou os dedos pelos olhos para enxergar as poucas lágrimas que começaram a se acumular neles.
- O que está escrito? – não percebia o quão inconveniente estava sendo.
- Está escrito... – voltou a encarar o tronco de árvore. – A história de um casal que se amavam e se odiavam mais do que tudo, mas... – Ele sorriu fraco. – Mas acabaram seguindo caminhos diferentes. – Ele completou.
- Que triste... – ficou extremamente comovida.
- Não, não é triste. Apostos que eles estão bem agora. – agachou-se para olhar para o rosto de de mais perto. – Ela com certeza encontrou outra pessoa e ele... – Ele pensou antes de dizer. – Bem, ele ainda vai encontrar. – Ele completou.
- Mas e agora? Essa árvore vai ficar aqui pra sempre com os nomes deles? – olhou atenciosamente para o irmão.
- Essa árvore agora é uma lembrança. É uma boa lembrança do amor deles. – respondeu com um fraco sorriso.
- Você está triste? – olhou com tristeza para o rosto do irmão, que continuava agachado em sua frente.
- Não! Eu estou feliz. – acariciou o rosto da irmã.
- Por quê? – questionou.
- Porque eu tenho do meu lado a garota mais incrível do mundo. – deu um enorme sorriso para a irmã.
- Quem? – ficou preocupada. Quem seria?
- Você! – riu ao ver a expressão de , que ficou toda boba. Ela o abraçou com toda a sua força e logo depois beijou o seu rosto.
- Obrigada por ter ficado comigo hoje. Foi o melhor dia de todos. – olhou carinhosamente para o irmão.
- Valeu, parceira. – estendeu a mão e ele e fizeram um engraçado high-five.

Depois de passar por aquele turbilhão de emoções, levou a irmã de volta para o Camping e para isso eles tiveram que pegar novamente o teleférico. Depois de comprar um chocolate para a irmã, decidiu levá-la para comer em um restaurante que ficava ali perto. Ele tinha que dar janta para ou a sua mãe o mataria. tinha apenas mais 1 hora para fazer isso.

- Não enrola, . Se a mãe chegar em casa e você não estiver lá, ela me mata. – apressou a irmã, quando a garçonete serviu os pratos que ambos haviam pedido.
- Quando você vai me levar pra passear de novo? – perguntou, entre uma garfada e outra.
- Eu não sei. Eu ando meio sem tempo esses últimos dias. – respondeu sem dar muita atenção para a irmã.
- Nós podemos levar a junto da próxima vez? – perguntou, inocente.
- Não vai dar. – voltou a dar atenção para ela. – Ela está longe, lembra? – Essa era a melhor desculpa.
- É, eu lembro. – olhou para o seu prato parecendo decepcionada. – Sabe, agora eu sei por que você ficou tão triste quando ela foi pra longe. – Ela olhou com tristeza.
- Sabe? – estranhou a afirmação da irmã.
- Sim. – afirmou com a cabeça. – O meu namorado também vai se mudar de escola. – Ela fez cara de decepção.
- O seu... – arqueou uma das sobrancelhas. – Espera! O seu o que? – Ele cerrou os olhos.
- O meu namorado. – ergueu os ombros.
- Como assim seu namorado, garota? – estava em choque. – Você ainda usa fraldas! – Ele a encarou.
- Não uso não! – esbravejou.
- A mãe sabe disso? – perguntou, já pensando em dedurar a irmã.
- Sabe! E ela até é a amiga da mãe e do pai dele. – explicou.
- Aquela casa ficou uma bagunça desde que eu saí de lá. – negou com a cabeça. Como a sua mãe havia permitido aquela palhaçada?
- Porque você está tão bravo? – não entendeu muito bem a reação do irmão.
- Por quê? – abriu os braços. – Primeiro a sua professora fala sobre virgindade e depois você diz que está namorando um anão da 2° série? – Ele negou com a cabeça.
- E porque você pode e eu não? – o enfrentou.
- Porque eu sou adulto! Você não sabe nem pentear o seu cabelo direito. – ironizou.
- Eu sei sim! – voltou a esbravejar.
- Beleza! Me fala onde esse moleque mora. – olhou seriamente para .
- O que? – fez careta.
- Onde ele mora? Vamos ter uma conversa de homem pra... criança. – cerrou os olhos.
- Não! – se recusou.
- O que é que vocês já fizeram? Ele tocou em você? – nem estava mais comendo.
- Tocou! – afirmou com inocência.
- Puta que... – negou com a cabeça. – Qual o problema desse idiota? 9 anos? Ele nem está na puberdade ainda. – Ele estava inconformado.
- Puberdade? – fez careta.
- Quando ele chegar na puberdade já vai ser dono de um puteiro. – não conseguia aceitar.
- Puteiro? – arqueou a sobrancelha.
- É... – disse isso alto mesmo?
- O que é um puteiro? – perguntou.
- Puteiro? – arregalou os olhos. Tinha falado besteira. - Puteiro é... – Ele pensou algum tempo antes de dizer. – É um lugar onde os homens costumam ir quando... estão entediados. – completou.
- Você já foi? – sorriu.
- Eu? – se surpreendeu com a pergunta. – Olha aqui! Não muda de assunto não, garota! – Ele desconversou. – Você disse que ele tocou em você! Onde ele tocou? – continuou com o seu interrogatório.
- Foi só uma vez, quando ele chutou a bola de futebol sem querer perto de mim e eu fui devolver pra ele. – disse com um enorme sorriso.
- Só isso? – arqueou uma das sobrancelhas.
- E teve uma outra vez que ele olhou pra mim quando eu e as minhas amigas apresentamos um trabalho lá na frente da sala. – disse com uma felicidade fora do comum.
- Ah não... – rolou os olhos. – Espera! Ele ao menos sabe que é o seu namorado? – Ele cruzou os braços com um tom de deboche.
- Acho que não. – respondeu depois de pensar por um tempo.
- Ótimo! – imediatamente riu da situação. – Esse negócio de amor platônico e não correspondido deve ser de família mesmo. – Ele lembrou-se que havia se apaixonado por mim quando era bem novo também.
- Não sei por que você está rindo. – disse com um ar de superioridade.
- Ele vai mudar de escola? – perguntou novamente.
- Vai. – afirmou.
- Que bom! Vai evitar muito sofrimento futuro. Acredite em mim. – piscou um dos olhos para a irmã.
- Sofrimento? Mas eu achei que quando você gosta de alguém você fica feliz. – demonstrou-se interessada no assunto.



- Você fica feliz sim, até a hora que você é obrigado a ficar sem essa pessoa. O amor é ótimo até a hora que ele deixa de ser correspondido. – sabiamente explicou. – Guarde bem esse meu conselho, porque eu não vou ter outro bom para te dar. – Ele voltou a piscar para a irmã, que o olhou com estranhamento. – Agora vamos! A mãe já deve estar indo te buscar. – a apressou, quando viu que ela havia acabado de comer.
- Ta bom! – concordou, bebendo o seu último gole de refrigerante.

Depois de ir até o caixa para pagar a conta, e seguiram para o carro. ficou pensativa o caminho todo. As palavras de seu irmão ainda rondavam por sua cabeça. Ela não entendeu muito bem aquelas palavras complicadas que ele havia dito, mas ela havia entendido que ele não estava tão feliz quanto dizia estar. sabia muito bem que estava relacionado comigo e com a minha ausência, mas ela não sabia como ajudar o seu irmão mesmo querendo muito.

- Pode ligar a TV se você quiser, enquanto a mãe não chega. – disse, assim que eles chegaram em casa.
- Buddy.. – chamou o cachorro, que ao ouvir a sua voz veio correndo para os seus braços. – Oi, Buddy! – Ela o acariciou.

A mãe de e não demorou nem 15 minutos para chegar. Ela era extremamente pontual quando se tratava dos filhos. Ela chegou fazendo todas aquelas perguntas para ter certeza de que havia cumprido bem o seu dever de irmão. Ela perguntou o que eles comeram, onde eles foram e o que eles fizeram. já havia acostumado com o jeito super cuidadoso de sua mãe. Ele já havia tido a sua época e agora era a de .

- Então nós podemos ir? – A mãe dos irmãos perguntou. não se manifestou, porque ela queria ficar. Ela sempre quer ficar perto do Buddy.
- Tchau, Buddy! – acariciou carinhosamente o cachorro, que parecia adorá-la. – Eu venho te visitar de novo, ta? – Ela conversava com o cachorro como se esperasse uma resposta.
- Muito obrigada, querido. Você ajudou muito. – A mãe de e aproximou do filho e beijou o seu rosto.
- Como foi lá com as suas amigas? – perguntou.
- Foi muito legal. Altas fofocas, sabe? – A mãe de riu, pois lembrava-se do filho reclamar das fofocas das vezes que ela o levou para esse encontro com as amigas.
- Imagino. – riu, rolando os olhos.
- Obrigada mesmo. – A mãe de voltou a beijá-lo.
- Está bem, mãe. Eu até curti o nosso passeio. – olhou para , que levantou-se do chão e foi em direção a mãe.
- Foi muito legal, mamãe! Você tem que ver aquela árvore enorme! – aproximou-se de sua mãe e segurou a sua mãe.
- Um dia nós vamos até lá e você me mostra, ok? – A mãe de como sempre sendo muito atenciosa.
- Legal! – sorriu com empolgação.
- Não vai se despedir do seu irmão? – A mãe de deu a bronca. agachou-se em frente da irmã e da mãe e esperou que se aproximasse. soltou a mão da mãe e foi até o seu irmão.
- Obrigada por ter passeado comigo hoje. – sorriu de forma doce para o irmão.
- Você é baixinha e faz muitas perguntas, mas até que você é legal, sabia? – disse e arrancou um sorriso ainda maior de . Ela se aproximou e o abraçou. – Ei, não fique triste porque o seu namorado vai mudar de escola. – Ele sussurrou bem pertinho dela. – Não vale a pena. – acariciou o rosto da irmã. – Espere até que apareça um outro garoto, que ao invés de te fazer pegar a bola de futebol pra ele, pegue a sua mochila quando você a derrubar no chão. – Ele aconselhou e piscou um dos olhos para ela. – E eu espero que esse cara demore mais uns 20 anos para aparecer. – disse e riu.
- E você, vê se não fica triste por coisas que você perdeu. Você tem que ser feliz. – disse com toda a sua inocência e para a surpresa de com uma enorme sabedoria também.
- Pode deixar. – não soube muito bem como responder. – Bate aqui, parceira. – Ele estendeu a sua mãe e riu quando eles fizeram um high-five.
- Valeu, perceiro. – ainda ria, enquanto voltava a segurar a mão de sua mãe, que quase morreu ao presenciar aquela cena entre os filhos.
- Te amo, querido. Vê se aparece lá em casa! – A mãe de sorriu novamente para o filho, mas parecia um pouco mais comovida dessa vez.
- Pode deixar, mãe. – riu da mãe, que se emocionava com tudo. – Te amo também. – Ele respondeu, vendo ela cruzar a porta com .
- Tchau! – gritou, acenando. A mãe fechou a porta e voltou a deixar sozinho em seu apartamento.

A primeira coisa que fez foi se jogar no sofá. Buddy apressou-se em se aconchegar ao seu lado, enquanto pegava o controle da TV e colocava no canal de esportes. O seu canal de esportes favorito passava um jogo dos Yankees. Já não bastava o dia ter sido uma droga por ele ter ficado lembrando de mim e agora ele tinha que lidar com o jogo dos Yankees, que só o fazia se sentir mais culpado por não aceitar a proposta de seu chefe.

Apesar de ter sido horrível ficar recordando todos aqueles momentos que nós passamos juntos e passar por todos aqueles lugares que nós já estivemos antes, não se arrependia daquele dia. Lembrar não era tão difícil por causa das coisas que haviam acontecido entre nós, mas sim pela falta que ele sentia de mim. Era completamente perturbador se lembrar do que nós vivemos e se dar conta de que não me tinha mais por perto. Ele sentia falta de quem ele costumava ser quando estava comigo e sentia falta do quão feliz ele se sentia naquela época. Era triste ver quem ele era agora. Um idiota que mal consegue superar uma garota para viver o grande sonho de trabalhar para os Yankees.

Além de fazê-lo recordar o passado, aquele dia também fez com que ele tivesse mais um sonho comigo. Era a coisa mais frustrante de todas. Acordar e achar que me tinha de volta e perceber que tudo não passava de um sonho, que certamente já havia se tornado um pesadelo.

Três semanas se passaram. Três semanas inteiras de olhares de julgamentos de toda a empresa e de esforço para conseguir o contrato dos Yankees que o fez o favor de recusar. Os sonhos ou pesadelos, chame como quiser, continuaram. Não aconteciam todas as noites, mas eles eram frequentes. Eles nunca eram iguais, mas eu sempre estava neles.

Era sexta-feira e tinha trabalho para o final de semana todo. Com a recusa do contrato dos Yankees, quase todos os contratos que sua empresa recebia eram encaminhados para o , já que o resto da equipe trabalhava duro para resolver o problema dos Yankees. Tinha tantos contratos, tinha tanto estresse e tanto cansaço de fazer o mesmo trabalho por horas, que a criatividade de já estava no limite. Ele não estava tendo mais paciência para criar a publicidade de várias empresas diferentes em um só dia, para ligar para os clientes e ouvir as suas sugestões idiotas que provavelmente não fariam o mínimo sucesso no mercado.

Pelo vidro de sua sala, viu um dos gestores da empresa chegando de Nova York. Ele tinha ido para Nova York para tentar conversar e chegar a solução para o problema dos Yankees, mas todos já sabiam que a ida dele havia sido em vão. Mesmo sem voltar com o contrato, o homem que deveria ter aproximadamente 27 anos parecia empolgado. observou ele se aproximar de seus dois melhores amigos que também trabalhavam na empresa e ouviu ele contar detalhadamente como a noitada em Nova York havia sido incrível. O gestor que chamou a atenção de contava sobre as garotas, sobre a praia e sobre o calor que fazia na cidade. O cara parecia ter voltado de um spa.

Ao ver as declarações do colega de empresa, só conseguia pensar no que ele havia perdido. Ele perdeu todas as mordomias de um hotel luxuoso e a diversão das noites de Nova York. Tudo isso por causa de que? Da maldita garota que agora vivia em seus sonhos. Por causa dela ele terá que passar o final de semana nadando em contratos, enquanto poderia estar em baladas em Nova York, já que ele só precisaria trabalhar algumas poucas horas por dias. Isso era extremamente tentador.

Sério! Qual a diferença? Qual é a diferença de ficar péssimo por sonhar comigo ou ficar péssimo por estar na cidade em que tudo começou? Qual a diferença entre ter que superar um sonho patético que mais parecia esses filmes de romances ao invés de superar a droga de uma traição? Realmente ele começou a pensar na possibilidade. Talvez ir a Nova York seja o único jeito de me superar de vez.

Que dúvida cruel! Vamos analisar os fatos. Se ele ficar em Atlantic City ele ficará em casa analisando, digitando e desenvolvendo contratos de clientes. Se ele for para Nova York ele poderá ir para as baladas todos os dias, vai poder realizar o seu sonho de trabalhar com os Yankees, irá trabalhar umas 3 horas por dia e ainda vai ter a chance de superar a ex-namorada de uma vez por todas. Realmente, esse é um grande dilema. QUAL É! Que tipo de idiota ele é? Certamente, do tipo que muda de ideia.

- Dane-se! – levantou-se da sua cadeira e foi em direção a porta de sua sala. Apesar de toda a atitude, ele motivava a si mesmo para continuar andando e manter a sua opinião.

não tinha nada a perder! Tudo o que poderia perder, já havia perdido. Sua família entenderia a sua viagem e os amigos o apoiariam e, inclusive, fariam ele conseguir alguns ingressos de primeira fileira para alguns jogos. Eu não deixei que ele interferisse na grande oportunidade da minha vida e ele também não deixaria. Isso seria dar importância demais para mim. continuou caminhando em direção a sala do presidente da empresa.

- Ele está na sala? – perguntou, olhando para a secretária do presidente.
- Está, mas... – A secretaria ia avisar que ele precisava ser avisado antes de entrar, mas nem esperou ela terminar a frase.
- ? – O presidente da empresa se assustou com a entrada repentina de seu sócio. o encarou, tentando conseguir coragem para lhe dar a notícia. – Algum problema? – Ele questionou.
- Eu vou! – abriu os braços. – Eu vou pra Nova York e vou trazer a conta dos Yankees para nós. – Ele completou. O presidente da empresa imediatamente sorriu.
- Isso é ótimo, ! – O presidente estava radiante.
- A promoção, o hotel e o carro ainda estão de pé? – sorriu para o chefe, que admirou a sua atitude.
- É claro que estão! – O presente sorriu ainda mais. – Você embarca hoje mesmo. – Ele decretou e acatou a ordem.

teria aceitado a oportunidade antes se soubesse que ficaria tão aliviado e contente. Ele recebeu as últimas orientações do chefe, que marcou uma reunião extraordinária com os demais gestores, enquanto autorizou a ir para casa para arrumar suas malas. saiu da empresa ainda sem saber qual carro a empresa disponibilizaria para que ele fosse para Nova York, mas seu chefe lhe avisou que em menos de uma hora mandaria alguém da empresa levar o carro até a sua casa e aproveitaria para lhe entregar alguns papéis da negociação que foram enviadas inicialmente pelos Yankees e o cartão da empresa que pagaria todas as suas despesas.

dirigiu rapidamente até a sua casa ainda com o seu carro. Chegou em casa e correu para arrumar as malas. Enquanto jogava as roupas na mala, ligava para a sua mãe e contava a grande notícia. Apesar de ficar empolgada, ela ficou aflita por saber que o filho passaria alguns dias mais longe dela. Depois de milhões de pedidos para que se cuidasse, ela desligou o telefone.

Conseguiu fazer a sua mala em meia hora, mas ainda faltava separar alguns acessórios como relógios, carregador de celular, perfumes e outras coisas do tipo. Apesar de toda a pressa, ele ainda tinha que fazer algumas ligações. Ele não podia simplesmente viajar sem avisar. Foi por isso que ele ligou para , e e pediu que eles fossem para a sua casa imediatamente. não contou o motivo, mas a curiosidade faria com que eles fossem mais rápido. Ele também se sentiu na obrigação de ligar para a Amber, mesmo não querendo.

- Então, eu vou pra Nova York. – disse, enquanto continuava arrumando os últimos detalhes para a viagem.
- Nova York? Por quê? – Amber teve alguns segundos de desespero. Ela sabia muito bem que eu estava em Nova York.
- A empresa está negociando com os Yankees e eu estou indo para lá para representar a empresa. – explicou sem dar muitos detalhes.
- Yankees? – Amber ficou surpresa.
- Legal, né? – forçou uma voz de empolgação só para que Amber não percebesse que ele não estava dando tanta atenção para ela.
- Mas como você vai? – Amber perguntou.
- A empresa vai disponibilizar um carro pra mim. – explicou.
- E onde você vai ficar? – Amber também perguntou.
- Eu vou.. ficar em um hotel. A empresa está resolvendo ainda. – continuou sem dar tanta atenção.
- Mas você vai ficar sozinho? – Amber usou seu tom de tristeza, que fez imediatamente rolar os olhos.
- Pois é! Que droga, não é? – fingiu estar triste. – Mas vai ser bom porque eu vou ter tempo de sobra pra trabalhar e resolver tudo que a empresa quer que eu resolva. – Ele deu uma desculpa, apenas porque ficou com medo dela se oferecer para ir junto.
- Eu entendo. – Amber parecia decepcionada. Ela teria que ficar tempos sem ver o e isso era horrível pra ela.

Depois de um certo sacrifício para desligar a ligação, usou a desculpa de que seu chefe estava ligando e ele precisava atender para resolver os últimos detalhes da viagem. Ao desligar o celular, ele jogou o celular sobre a cama com uma careta engraçada. ainda pegava alguns documentos, quando o interfone tocou e ele liberou a entrada dos amigos. A campainha tocou e ele estava ansioso para contar a novidade.

- E ae! – abriu os braços e um grande sorriso ao ver os amigos.
- E ae? – arqueou a sobrancelha.
- Você está morrendo? – questionou.
- Não. – estranhou a pergunta.
- Sua casa está pegando fogo? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Que? – abriu os braços, pois não estava entendo nada.
- Tem prostitutas na sua casa? – olhou dentro do apartamento.
- Não! – segurou o riso.
- Então porque você nos chamou com tanta urgência? – cruzou os braços.
- Eu tenho uma coisa pra contar pra vocês. – sorriu e deu passagem para que os amigos entrassem na casa.
- Não vai me dizer que teve a sua segunda vez? – disse, jogando-se no sofá.
- Não! Já sei! – apontou pro . – Vai finalmente sair do armário! – Ele riu, enquanto rolava os olhos.
- É claro que não! – olhou pro com um sorriso de desconfiança. – Você vai ser pai! – Ele cruzou os braços. – Eu falei que todas aquelas baladas não iam dar certo. – o olhou com desaprovação.
- Vocês estão drogados? – fez careta para os amigos, que o olharam sem entender.
- O que você tem pra nos contar então? – negou com a cabeça.
- Está bem! Estão prontos? – fez mistério.
- Desde que não seja uma playboy, estou. – olhou calmamente para o ex-cunhado.
- Eu vou pra Nova York! – afirmou com empolgação. , e não tiveram nenhuma reação ao receber a notícia.
- Você vai pra Nova York? – fingiu estar impressionado.
- Vou trabalhar lá! – complementou a informação.
- Vai vender seu corpo na Times Square? – perguntou, sério.
- Não... – não conseguiu segurar a risada.
- Central Park, né? Também acho que é bem menos vulgar. – afirmou com a cabeça.
- Eu vou trabalhar para os Yankees, seus otários! – gargalhou.
- Você disse Yankees? – paralisou.
- Ele disse Yankees? – olhou para os amigos.
- Vai vender o seu corpo para os Yankees? Será que eles aceitam o meu também? – perguntou, sério. Ele afirmou com a cabeça. Ele era disposto a fazer qualquer coisa pelos Yankees.



- Os Yankees estão procurando uma nova empresa de publicidade e eles querem que eu trabalhe no contrato deles. – simplificou ao explicar de vez a notícia.
- Ca-ra-lho. – ficou imóvel.
- Mentira! – negou com a cabeça, perplexo.
- Não acredito. – ficou extremamente surpreso.
- E ai? Não vão falar nada? – riu, quando os amigos ficaram algum tempo olhando pra ele sem dizer nada.
- Vou, vou dizer! – afirmou. – Se você não me arranjar um ingresso de primeira fileira não precisa mais olhar na minha cara. – Ele completou em meia a um sorriso.
- É disso que eu estou falando, cara! – gargalhou e os amigos se levantaram para cumprimentar o amigo.
- Cara, isso é demais! – disse ao fazer um aperto de mãos caloroso com .
- Você é o cara! – abriu os braços e riu.
- Eu sou! – afirmou, enquanto lhe dava um rápido abraço.
- Sabe que eu estava falando sério sobre os ingressos da primeira fileira, né? – sorriu, quando ele e fizeram o seu tradicional toque de mãos.
- Não olhar mais na sua cara? Não sei se eu sobreviveria. – brincou e os amigos riram.
- Você está indo agora? – perguntou, vendo uma mala no canto da sala.
- Estou! Só estou esperando a empresa me enviar o carro e alguns documentos. – explicou.
- Isso é loucura! – não conseguia acreditar.
- Ok, espera um pouco! Só tem um problema. – acalmou um pouco a euforia dos amigos.
- Qual? – perguntou, sério. deixou de olhar para os amigos e olhou para Buddy. Buddy era o problema. Ele não poderia ficar sozinho.
- Ah não... – negou com a cabeça.
- Nem fodendo! – disse com irritação. Todos sabem que ele odeia cachorros.
- Qual é! – fez careta.
- Você vai pra Nova York e eu cuido do seu cachorro? Vai se foder. – voltou a negar.
- Não dá, por que... – pensou em uma boa desculpa. – Minha mãe tem... alergia. – Boa !
- Também não dá pra mim, por que... – enrolou. – Por que... – Ele não conseguia uma boa desculpa. Todos os amigos olharam para ele. – Porque eu não quero, porra! – completou.
- Qual é, ! – abriu os braços.
- Não vem não! – não cedeu.
- Eu sei que você teve outros cachorros. O que custa cuidar dele pra mim? Só alguns dias. Talvez algumas semanas? – deu o seu melhor sorriso para o amigo.
- Tem o e o ! Porque eu? – rolou os olhos.
- Porque o vai matar ele e a ele vai matar a mãe do . – resumiu os motivos.
- ... – negou com a cabeça, demonstrando que não queria fazer aquilo.
- Por favor? – implorou.
- Não! – decretou.
- E se eu conseguir um ingresso da primeira fileira pra você? – tentou negociar.
- Passa ele pra cá! – apontou pro Buddy.
- Ei, ei! – ia intervir, mas não conseguiu.
- Negócios são negócios! – o interrompeu.
- Buddy, bem vindo a família. – segurou o cachorro nos braços e segurou o riso.
- Você está falando sério? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Beleza! Então se o cuidar do Buddy, todos vocês ganham ingresso de primeira fileira. Se ele não cuidar, já era. – voltou a negociar.
- É bom cuidar bem desse cachorro, ! – sorriu, satisfeito.
- Ele pode dormir na minha cama se você quiser. – brincou.
- Ei! – resmungou, pois era injusta aquela negociação.
- Cala a boca, ! – e disseram juntos.
- Ótimo! – ironizou, revirando os olhos. Foi nesse exato segundo que o interfone voltou a tocar. Era a portaria avisando que um dos gestores da empresa estava esperando lá embaixo.
- Essa é a hora, caras. – afirmou, desligando o interfone. – Me ajudem com as malas. – Ele pediu ao e ao .
- Eu te carrego no colo se você quiser. – brincou, pegando uma das malas. – Porra! Porque está tão pesada essa coisa? A Amber está aqui dentro? – Ele brincou.
- Cala a boca. – respondeu, enquanto ria. – , leva essa mochila. Tem um pacote de ração, a barraca em que o Buddy dorme e os brinquedos dele. – Ele explicou.
- Nossa! Tem uma TV também? – ironizou, causando a risada dos amigos. Ele pegou a mochila que havia indicado e segurou o Buddy com a outra mão.
- Pegou tudo? – perguntou, enquanto eles saiam do apartamento.
- Espero que sim. – conferiu rapidamente o apartamento e logo em seguida fechou a porta. Os amigos entraram no elevador e entrou em seguida.
- Com que carro você vai? – perguntou.
- Não sei! Eles não me falaram. – explicou sem muita expectativa. O elevador chegou na portaria e eles desceram. aproveitou para avisar o porteiro que passaria alguns dias fora e deixou o seu telefone no caso de acontecer algum problema. Os garotos seguiram em direção ao portão do prédio. Ao saírem do lado de fora do prédio, eles pararam na calçada. Os olhos se arregalaram e as bocas se abriram.
- Ta de brincadeira! – disse, olhando para o carro estacionado em frente ao condomínio. Era um Elantra 2015. - Eu acho que vou chorar. – suspirou com total surpresa.
- Posso ir com você, ? – olhou para o amigo, que mal conseguia falar.
- Cara, eu amo o meu trabalho. – negou com a cabeça, estonteado.
- Olá, ! – O gestor da empresa se aproximou. – Vejo que conseguiu arrumar suas malas bem rápido, não é? – O rapaz riu, olhando as malas.
- Pois é! – sorriu para o colega de empresa, que por um acaso era o mesmo que havia voltado de Nova York naquele dia. Era ele que estava contando sobre a noitada em Nova York.
- Bem, aqui está toda a papelada dos Yankees. Eu fiz um breve resumo sobre a minha reunião com eles ontem. – colocou as malas no chão para pegar os papéis. – Aqui está o nome e endereço do seu hotel, que já está reservado no seu nome. Este é o cartão da empresa para pagar as suas despesas. – O gestor entregou tudo para .
- Tudo bem. – afirmou com a cabeça e sorriu para o rapaz.
- Oh! E isso aqui. – O rapaz colocou a mão no bolso e depois apontou um papel em direção ao . – É um convite de uma balada que eu fui ontem. Eu achei que ficaria mais tempo na cidade e acabei comprando para hoje a noite. Não vou usar mesmo, se você quiser. – olhou para o papel e sentiu vontade de abraçar o cara em sua frente.
- Nossa! Muito obrigado! Obrigado mesmo. – fingiu que não estava surtando por dentro.
- Obrigado você, ! Você não faz ideia do quanto está ajudando a nossa empresa. – O gestor sorriu todo simpático para o .
- Imagina. – negou com a cabeça.
- Então é isso. – O rapaz parecia estar pensando se havia entregado tudo o que deveria para o . – Aqui está a chave do carro. Bom trabalho! – O gestor estendeu a chave e todos olharam para a sua mão.
- Obrigado. – voltou a agradecer todo bobo, enquanto pegava a chave. O gestor se afastou e caminhou em direção ao ponto de taxi. , , e ainda olhavam perplexamente para o carro.
- Uau... – suspirou.
- Acho que tenho que ir trabalhar, caras. – sorriu, destravando o carro e abrindo uma das portas.
- Vai se foder, Jonas! – fez careta. Depois de rir, se aproximou-se de e olhou para Buddy.
- Comporte-se, parceiro. Logo eu volto! Tente não morrer de saudades e nem.. de fome. – Ele olhou pro , enquanto acariciava o cachorro. forçou um sorriso. afastou-se entrou rapidamente no carro e guardou todos os papéis lá dentro. Abriu o porta malas e com a ajuda de todos, as colocou lá dentro.
- Acho que é isso, né? – pensou novamente se não estava esquecendo nada.
- Sai logo daqui antes que eu pegue a chave e saia correndo. – resmungou.
- Valeu mesmo! – sorriu, agradecido.
- Se divirta! – disse, ao ver entrando no carro.
- Não esquece meu ingresso! – gritou, pois já havia fechado a porta. Ele ficou uns segundos olhando abobalhado para o interior do carro que era deslumbrante. Colocou a chave no contato e ligou o carro.
- Querem um babador? – perguntou, abaixando o vidro do carro. Ele se referia ao jeito que os amigos olhavam para o carro. , e tiveram a mesma reação e todos apontaram o dedo do meio para o amigo, que saiu com o carro, enquanto gargalhava. Os amigos também riram e acenaram. buzinou e afastou-se de vez. Adeus, Atlantic City!

Aquela sexta-feira estava sendo um pouco exaustiva para mim também. Eu havia feito hora extra durante toda a semana e pretendia descansar naquele dia. Meg estava na mesma situação que eu, mas ela parecia bem menos cansada. Eu estava tirando sangue do 20° paciente daquele dia e tinha vários para atender ainda, então quando o meu celular tocou eu não hesitei em atendê-lo, pois eu precisava mesmo de uma pausa.

- Alô? – Eu perguntei, entrando em um quartinho reservado para funcionários.
- Oi, . – Mark sorriu ao ouvir a minha voz.
- Ei, Mark! – Eu também sorri, pois estava feliz com sua ligação.
- Estou atrapalhando? – Mark questionou. Não gostava de me ligar em horário de trabalho, mas foi preciso dessa vez.
- Não, tudo bem. Pode falar. – Eu neguei com a cabeça.
- Então, os meus amigos da faculdade acabaram de me ligar me convidando para ir no ‘DayNight’ hoje a noite. Eles vão se reunir pra jogar bilhar. – Mark fez careta, pois ficou receoso com a minha reação.
- Você quer..ir? – Eu fiz careta. Eu estava cansada e queria dormir.
- Eu não sei. Você está afim? – Mark mordeu o lábio inferior.
- Eu... – Eu queria dizer que não, mas ele parecia querer tanto. Eu não estava nem um pouco a fim de ir em balada naquele dia. – Eu não sei. Por mim tudo bem. – Eu acabei cedendo. Nos últimos meses o Mark tem dedicado todo o seu tempo a mim e nós nunca fazíamos nada que ele queria. Era sempre o meu restaurante favorito, o meu filme favorito e a minha balada preferida. Eu não quero e não tenho o direito de recusar isso.
- Certeza? – Mark não queria me forçar a fazer nada que eu não quisesse.
- Claro! Eu quero muito ir. – Eu minto muito bem.
- Legal! – Mark sorriu, empolgado. – A Meg está por perto? Eu queria convidá-la pra ir também. – Ele perguntou.
- Não, ela está em uma outra sala. Está medindo a pressão dos pacientes hoje. – Eu explique.
- Então, eu vou ligar pra ela. – Mark disse.
- Se quiser, eu posso falar com ela. – Eu dei a sugestão, que foi imediatamente negada.
- Não, tudo bem. Eu não quero mais te atrapalhar. Eu ligo pra falar com ela. – Mark insistiu em ligar.
- Então ta. – Eu ergui os ombros. Se ele fazia tanta questão.
- Eu passo buscar vocês mais tarde. A balada é só mais tarde. – Mark avisou.
- Combinado. – Eu sorri fraco. Ele era tão cuidadoso e fazia sempre questão de me buscar e de fazer todos os meus gostos.
- Te vejo depois. – Mark sorriu sem motivo algum.
- Até depois. – Eu continuei sorrindo.
- Beijos. – Mark esperou que eu respondesse.
- Beijos, beijos. – Eu disse em meio a risos e Mark abriu um enorme sorriso. Ele adorava me ouvir dizer aquilo. Desliguei a ligação e aproveitei que estava próxima da máquina de café para tomar um pouco. Eu precisava me manter de pé, pois a noite seria longa.

Mark ficou extremamente empolgado com o fato de sair com os amigos naquela noite, mas aquele não era o único motivo. Ele tinha alguns planos para aquela noite e não seria possível colocá-los em prática se eu não aceitasse ir na ‘Daynight’ naquela noite. Agora que eu aceitei, ele já pode correr para dar as notícias para Meg.

- Meg.. – Mark sorriu ao perceber que o celular havia sido atendido.
- Fala, lindo. – Meg brincou. Ela sempre estava de bom humor.
- Tenho um convite pra te fazer. – Mark foi direto.
- Qual convite? – Meg se interessou.
- Eu e a vamos hoje a noite ao ‘Daynight’ e eu quero que você vá com nós. – Mark fez o convite.
- No ‘Daynight’? – Meg pensou na possibilidade. – Por mim pode ser. O que vai ter lá? – Ela questionou.
- Os meus amigos marcaram de jogar bilhar lá essa noite. – Mark explicou.
- Eu to dentro. – Meg ergueu os ombros.
- Legal, porque eu queria muito que você estivesse lá. – Mark sorriu, nervoso.
- E por quê? – Meg disse com desconfiança.
- Ta! Eu vou te contar, mas você vai ter que guardar segredo! – Mark deu a condição.
- Minha boca é um túmulo! – Meg sorriu.
- A está por perto? – Mark perguntou. Eu não podia saber ainda.
- Não. Ela está na sala ao lado. – Meg explicou, sem entender.
- Então ta! Eu vou te contar. – Mark voltou a ficar nervoso.
- Contar o que? – Meg ficou super curiosa.
- Eu... – Mark mordeu o lábio inferior e riu sem emitir som.
- Fala logo! – Meg não sabia qual o motivo de tanta enrolação.
- Eu vou pedir a em namoro hoje a noite. – Mark disse de uma vez.
- O QUE? – Meg gritou e só depois se deu conta de que estava em um hospital. – O que? Sério? – Ela disse baixo dessa vez.
- Sério! – Mark riu de sua reação. – Acha que é uma boa? – Ele queria saber a opinião de Meg.
- É claro que é uma boa. Vocês estão juntos há quase dois meses e vocês gostam um do outro! – Meg estava se segurando para não surtar com a notícia.
- Acha que ela vai gostar da ideia? – Mark parecia um pouco inseguro.
- Para de ser tonto, Mark. É claro que ela vai! Ela nem está esperando. – Meg gargalhou silenciosamente.
- Que bom! – Mark ficou um pouco mais aliviado. – Então eu vou passar pegar vocês hoje ás 17hrs e ai vamos pra sua casa, você pega a sua roupa e vamos pra casa da . A balada é só mais tarde e então você se arruma lá. – Ele explicou.
- Beleza! – Meg concordou.
- Combinado então. – Mark sorriu, satisfeito. Estava tudo saindo como planejado. – Não vai falar nada, hein? – Ele avisou.
- Pode deixar! – Meg segurou o sorriso. – Awn, eu estou tão feliz. – Ela estava totalmente empolgada e feliz pelos amigos.
- É, eu também. – Mark sorriu, sem jeito.
- Até mais tarde. – Meg despediu-se antes de desligar.
- Até. – Mark respondeu e ambos desligaram a ligação.

Mark tinha dúvidas sobre o pedido. Ele não sabia se era a hora certa, se eu aceitaria ou se eu queria voltar a ter uma coisa séria, mas com as palavras e o incentivo de Meg ele estava mais tranquilo. Mark havia comprado a aliança há mais ou menos 2 semanas e tem esperado o momento certo para me entregá-la. Passou a tarde toda ensaiando o pedido e pensando em como deveria proceder. Ele só parou quando teve que sair de casa para ir nos buscar.

- Oi, oi! – Meg disse ao entrar no banco traseiro do carro.
- Oi Meg. – Mark virou-se e sorriu para a melhor amiga e ela lhe jogou um beijo. Foi nessa hora que eu entrei no carro e me sentei ao seu lado. Nos olhamos na mesma hora e vi o quanto ele estava bonito. Ele sempre estava bonito para mim. Eu curvei o meu corpo em sua direção e ele fez o mesmo. Selou longamente os meus lábios. – Oi. – Ele disse baixinho.
- Oi! – Eu mordi o lábio inferior, pois fiquei um pouco sem jeito.

Seguimos para a casa de Meg e depois para a minha casa. Fiquei feliz ao saber que a balada era mais tarde e que eu teria um tempo para deitar e descansar um pouco. Eu e Meg tomamos banho e o Mark nos esperou na sala. Como ainda era 18hrs, nem começamos a nos arrumar. Meg ainda penteada o seu cabelo, quando eu desci as escadas e vi o Mark deitado no sofá assistindo TV. Ao perceber que ele não tinha me visto, eu fiquei parada algum tempo observando ele. Mark era realmente uma graça. Eu adorava vê-lo jogado no meu sofá e vê-lo tão a vontade com tudo ao seu redor. Ele não era assim quando escondia todas aquelas coisas de mim.

- Voltei... – Eu disse e ele virou-se para me olhar. O sorriso dele foi espontâneo ao me ver e eu adorava quando isso acontecia. Continuei me aproximando dele e joguei lentamente o meu corpo por cima do dele.



Nos aconchegamos no mesmo sofá e eu deitei sobre ele. Mark ficou surpreso e feliz com a minha atitude. Passou suas mãos em volta de mim e beijou a minha cabeça, que estava apoiada em seu peito. Ao sentir ele beijar a minha cabeça, eu levantei o meu rosto e olhei para o dele. Mark me olhou todo bobo e ainda se aproximou para selar os meus lábios novamente.
- Você está tão cheiroso. – Eu comentei e arranquei um novo sorriso dele.
- Estou? – Mark achou graça.
- Muito. – Eu ri pra ele sem emitir som.
- , eu adoro o seu chuveiro. Quero levar ele pra minha casa. – Meg comentou, enquanto descia as escadas.
- Fique longe do meu chuveiro, Meg. – Eu gritei um pouco mais alto para que ela pudesse ouvir. Meg se aproximou e deitou no sofá ao lado. Ela ficou toda comovida ao me ver deitada sobre o Mark.
- Vocês são tão lindos. – Meg sorriu com os olhos brilhando. – Eu shippo muito vocês. – Ela completou.
- Ela o que? – Mark arqueou uma das sobrancelhas.
- Shippa. – Eu repeti em meio a risos.
- Isso é bom? – Mark fez careta.
- É claro que é bom. – Meg gargalhou.
- O que isso quer dizer? – Mark não estava entendendo nada.
- Shippar é tipo gostar, aprovar ou torcer por um casal. – Eu expliquei rapidamente.
- Eu nunca ouvi isso na minha vida. – Mark negou com a cabeça e eu e Meg rimos ainda mais.
- Você nunca foi fã de ninguém, não? – Meg perguntou, tentando parar de rir.

Permanecemos deitados e vendo TV por um pouco mais de duas hora. Mark foi para casa para se arrumar para a balada e eu e Meg nos arrumaríamos também. Os rápidos cochilos que eu consegui tirar no sofá me deixaram mais disposta para sair. O meu vestido já estava escolhido, então eu não levaria tanto tempo para me arrumar. Mark escolheu sua melhor roupa, pois aquele dia seria especial.

Meg e eu demoramos uns 45 minutos para nos arrumar. Quando eu digo nos arrumar, eu me refiro a maquiagem, escolha de acessórios, cabelo, sapato e perfume. Quando Mark chegou ás 21:30, eu e Meg já estávamos prontas há alguns minutos. Eu havia tomado um energético antes de sair de casa para ficar um pouco mais alegre e não correr o risco de dormir no meio do caminho.

- Uau! Você está linda! – Mark sorriu ao me ver, quando eu abri a porta.
- Obrigada. – Eu ergui os ombros, sem jeito. Eu ajeitei um pouco o vestido (VEJA A ROUPA AQUI).
- Você também, Meg. – Mark foi gentil.
- Você está gatinho também. – Meg piscou para ele, que riu. Ela passou por ele e foi em direção ao carro. Eu fiquei para trancar a porta e Mark me esperou. Depois de entrarmos no carro, seguimos para a balada.

estava chegando naquele exato momento em seu hotel. O GPS havia guiado ele ao famoso hotel New York Palace. Ele só não ficou mais perplexo ao ver o hotel do que ficou ao ver o seu carro. O hotel era simplesmente enorme e luxuoso. Deixou o seu carro com o manobrista do hotel, que se encarregou de guardar o carro e pegar suas malas. foi até a recepção e disse o seu nome, avisando que já tinha reserva. O recepcionista encontrou a sua reserva e o encaminhou para o 10° andar do prédio, que era onde ficava o seu quarto. saiu do elevador e se deparou com um corredor que tinha somente duas portas. Uma delas era a porta de seu quarto.

O quarto de deveria ser maior que o seu apartamento inteiro. Apesar de grande, o apartamento não tinha tantas mobílias. Havia apenas uma cama enorme, dois criados mudos, um armário, uma TV enorme e algumas mesinhas luxuosas espalhadas pelo apartamento. não poderia pedir mais que aquilo.

- O que eu faço primeiro? – falou sozinho, enquanto jogou-se na cama. Pensou por um tempo, enquanto encarava o teto de seu quarto.

O relógio marcava um pouco mais de 22hrs, quando decidiu ir até uma de suas malas e pegar o convite que o gestor da empresa gentilmente havia lhe entregado. Ele encarou o convite que dizia que começaria ás 22hrs. Apesar de ser uma boa ideia, não tinha certeza se queria ir a uma balada depois de um dia tão cansativo. Ele caminhou até a enorme porta que dava passagem para a sacada e de lá, conseguiu ver parte das luzes da cidade. A última vez que viu tantas luzes foi na Times Square e ele estava comigo. Espera. Porque ele está lembrando disso agora? Um longo suspiro carregado frustração foi solto por ele.

- Eu preciso sair. – negou com a cabeça e parecia ter tomado uma decisão. Ele não tinha a mínima intenção de começar a pensar em qualquer coisa que lembrasse a mim. Abandonou a sacada para ir tomar banho e se arrumar. Aquela noite tinha tudo para ser a melhor de todas.


Mark, Meg e eu havíamos acabado de chegar na Daynight. Demorou um pouco porque a boate ficava longe da minha casa. Após estacionar o carro no estacionamento do local, Mark nos guiou até a entrada da balada. As entradas já estavam compradas, portanto, não precisamos ficar na fila. Quando entramos, o local ainda estava meio vazio, porque as pessoas ainda estavam começando a entrar, mas a música alta já estava tocando.

- Esse lugar podia ficar assim, né? – Meg comentou, olhando em volta.
- Só em pensar que toda aquela gente lá fora vai entrar aqui. – Eu rolei os olhos, quando nos aproximamos do balcão.
- Vocês querem beber alguma coisa? – Mark perguntou, olhando para o garçom.
- Eu quero só água. Depois eu bebo alguma coisa. – Eu afirmei.
- Eu quero... uma cerveja. – Meg sorriu para o garçom.
- Eu também. – Mark pediu apenas para acompanhar a amiga.

Nós 3 ficaram próximos ao balcão durante alguns longos minutos, já que os amigos de Mark ainda não haviam chegado. O local ficava cada vez mais lotado e as luzes piscavam com mais frequência. O energético realmente havia me ajudado muito. Eu nem me lembrava que estava cansada e estava louca para dançar.

demorou mais do que deveria para ficar pronto. Ele tentou se arrumar o máximo que conseguiu, porque Nova York era outro nível. Ele vestiu uma camiseta preta bem justinha que tinha uma estampa diversificada de cor cinza e branca. A calça que ele usava também era preta e ele calçava seu tradicional tênis de marca. Colocou alguns acessórios como o relógio e uma correntinha no pescoço. Ajeitou minuciosamente o seu cabelo e passou mais perfume do que deveria. Era um pouco mais que 22:30 e ele estava pronto. Pegou a sua carteira, seu celular e o convite da balada. Antes de sair de casa, analisou bem o convite que anunciava uma balada memorável na boate ‘Daynight’. Saiu do hotel e preferiu ir de taxi, pois sabia que iria beber.

- Eles chegaram? – Eu perguntei, quando Mark voltou. Ele tinha ido até o local onde ficavam as mesas de sinuca para ver se os seus amigos já haviam chegado.
- Chegaram. – Mark afirmou.
- Então vai lá! – Meg abriu os braços. Porque ele tinha voltado?
- E vocês vão ficar sozinhas? – Mark fez careta. Eu e Meg tínhamos ido até lá por causa dele e ele achou injusto nos deixar sozinhas agora.
- O que tem? – Eu abri os braços. Eu não me importava.
- Eu cuido dela. – Meg apontou a cabeça em minha direção.
- E eu cuido dela. – Eu segurei o riso.
- Nós vamos aproveitar pra dançar. – Meg segurou a minha mão e começou a me puxar em direção a pista de dança. Eu olhei para trás e fiz sinal para Mark para que ele fosse com os seus amigos. Ele riu da cena da Meg me puxando e se sentiu menos culpado por nos deixar sozinhas. Nós estávamos nos divertindo. Colocou uma das mãos no bolso só para ter certeza de que as alianças ainda estavam lá. Ele pretendia me entregá-la mais tarde.

chegou ao local e ficou empolgado só de ver o estabelecimento, que parecia ser melhor do que qualquer outro lugar que ele tinha ido em Atlantic City. Entregou a entrada para os seguranças que controlavam a entrada e saída de pessoas. Os seguranças o deixaram entrar. A primeira coisa que fez foi ficar algum tempo observando o lugar que era muito maior do que aparentava ser do lado de fora. A música estava extremamente alta e as luzes piscavam de tempos em tempos. Observou que em um dos cantos do estabelecimento havia várias mesas de sinuca, que pareciam totalmente lotadas. No centro ficava a pista de dança e o balcão de bebidas ficava no outro canto. Era lá mesmo que ele queria ir.

Meg e eu dançávamos e nos divertíamos na pista de dança. O DJ estava tocando a versão remix de vários sucessos e eu sabia cantar praticamente todas as músicas. Fazia quase meia-hora que Mark tinha ido jogar com os amigos e que ele havia dito que dali algum tempo voltaria para nos ver. Meg e eu bebíamos um drink bem fraco preparado por um dos bartender do local. Isso fez com que eu me soltasse um pouquinho mais.

- É uma pena que eu não esteja solteira. – Meg comentou, olhando para os garotos em volta.
- Eu não vi nenhum cara que me chamasse tanta atenção assim. – Sim, eu estava com o Mark, mas eu não sou cega. Além do mais, eu estava com a minha amiga. Todas as amigas falam e comentam esse tipo de coisa.
- Você está tão apaixonada pelo Mark que está cega. – Meg me provocou e eu rolei os olhos.

estava apoiado no balcão de bebida com uma pequena garrafa de cerveja nas mãos. Ele observava as pessoas dançarem empolgadamente na pista de dança e chegava a rir de algumas bêbadas que estavam na pista. Começou a analisar atenciosamente as garotas que dançavam em sua frente. já tinha visto umas três olharem pra ele e fofocarem com as amigas. Todas as garotas pareciam muito interessantes. Como não ser interessante com um vestido curto, decotado e colado, não é?

Um pouco mais de 3 horas de festa e não tinha nem sequer pisado na pista de dança. Ele não era e nem nunca foi de dançar. Umas três garotas já tinham chegado nele e pra todas ele dizia que ‘ainda estava de boa’. Ele não tinha tanta certeza se queria beijar alguém naquela noite. Só a música, a bebida e o local já estavam fazendo bem demais pra ele. Apesar de não estar tão interessado, ele não deixava de analisar a bunda, as coxas e os peitos das garotas que dançavam logo ali na frente na pista de dança. Homem é homem, né?

Mark já tinha ido e voltado da mesa de bilhar umas 3 vezes. Ele vinha só para conferir se eu e a Meg estávamos bem, já que estávamos sozinhas. Ele também nos deixava informadas sobre quantas partidas ele havia ganhado e quantas ele já havia perdido. Já tinha feito uns 40 minutos desde a última vez que ele veio nos ver. Eu e Meg não cansávamos nem um pouco de dançar. Aquele energético fez mesmo efeito.



TROQUE A MÚSICA:



- Oh, meu Deus! Eu adoro essa música. – Eu gritei no ouvido de Meg quando começou a tocar o remix de ‘The One That Got Away’.
- É sério! Eu nunca vi tantos caras bonitos nesse lugar. – Meg comentou, perplexa. Ela era quase uma veterana daquele lugar.
- Não exagera, Meg. – Eu disse, enquanto mexia lentamente a minha cintura de um lado pro outro. Nós estávamos dançando, mas não chamávamos muita atenção.
- Juro! – Meg sorriu pra mim. Ela voltou a olhar discretamente em volta e passou os olhos rapidamente pelo balcão de bebidas. Era a 4° vez que ela via aquele cara, que esteve naquele mesmo lugar nas últimas 3 horas. Ela não fazia ideia de que aquele cara era o . Primeiro porque ela não havia visto tantas fotos dele e as que ela viu foram há meses atrás e segundo porque estava escuro.
- Todos os caras bonitos que eu vi aqui até agora estavam acompanhados. – Eu comentei ao olhar em volta.
- Tem um garoto ali atrás que é muito bonito. – Meg olhou para , que nem havia percebido os seus olhares. – Eu já vi umas 5 meninas chegarem nele. – Ela riu.
- 5 meninas? Até parece. Que cara recusa 5 garotas em uma só noite em uma das melhores baladas da cidade? – Eu achei que Meg estava exagerando de novo.
- Eu estou falando sério! Metade das garotas daqui está comendo ele com os olhos. – Meg voltou a olhar para a atração da balada.
- Ele não pode ser tão bonito assim. – Eu sorri ao negar com a cabeça.
- Olhe você mesma! – Meg queria provar o que estava dizendo.
- Onde ele está? – Eu perguntei antes de me virar, porque eu pretendia ser o mais discreta possível.
- Ele está encostado no balcão de bebidas. Camiseta preta com umas estampas, calça preta e tênis. – Meg passou os detalhes para que eu olhasse para o cara certo.
- Está bem. – Eu ri do que iria fazer e virei o meu rosto para trás. Meus olhos foram imediatamente para o balcão de bebidas e eu procurei pelo único cara que estava encostado nele. O sorriso ainda estava em meu rosto, quando eu o vi. Eu simplesmente não conseguia acreditar no que estava vendo. O meu coração parecia ter congelado e o ar parecia me faltar. O sorriso desapareceu instantaneamente do meu rosto e eu fiquei totalmente paralisada. Mesmo de longe, eu consegui ver que ele estava olhando para o movimento da pista de dança e antes que eu tomasse qualquer atitude, ele me encontrou no meio da multidão. Os olhos que eu esperei nunca mais ver ficaram fixos em mim e o coração que antes estava congelado, começou a bater de uma forma totalmente inexplicável. Era como se ele fosse sair do meu peito.

não conseguia tirar os olhos de mim. Ele tinha medo até de piscar e se dar conta de que tudo não passou de ilusão. Nossos olhares continuavam se cruzando mesmo depois de tanto tempo. Foi desesperador e chocante sentir de novo aquele frio na barriga e aquela parada instantânea de seu coração. Ele não teve reação alguma. simplesmente ficou parado e manteve o contato visual, que já se prolongava há alguns segundos. Ele não conseguiu sentir ódio, raiva ou qualquer outro sentimento. Ele só conseguia me olhar.

Não foi fácil me dar conta de que ele já tinha me visto e que estávamos nos olhando por algum tempo. Apesar de não saber se eu tinha o total controle dos meus movimentos e sentimentos, eu tentei. Deixei de olhá-lo, enquanto sentia um enorme vazio dentro de mim. Meg me olhou e percebeu a minha mudança de expressão e de comportamento. Eu a olhei completamente sem chão.

- ? – Meg me olhou de forma mais séria. – Ei! – Ela voltou a me chamar atenção, já que eu estava completamente paralisada. A minha ficha parecia estar caindo. Uma expressão de pesar tomou conta do meu rosto.



No auge da minha insanidade, eu novamente voltei a virar o meu rosto para trás e ele continuava me olhando. A expressão no rosto dele também havia mudado. Ele parecia um pouco mais bravo dessa vez. O olhar dele fez com que eu sentisse algo ruim.

- ! – Meg voltou a me chamar, mas dessa vez aumentou o seu tom de voz. Eu estava um pouco mais consciente dessa vez e consegui deixar de olhá-lo com mais rapidez. Quando eu virei novamente o meu rosto para a Meg, eu fui surpreendida com a chegada de Mark, que não hesitou em me beijar repentinamente.

Foi o pior beijo de toda a minha vida e a culpa não era do Mark. Eu mal consegui curtir o beijo, pois eu sabia que estava vendo tudo. Eu sabia tudo o que estava passando pela cabeça dele e eu não conseguiria imaginar nada pior do que isso. Se a expressão de ódio estava no rosto do antes, agora o ódio havia tomado conta do corpo inteiro. Ele se esforçou um pouco para ter certeza de que o cara que estava me beijando era quem ele pensava ser. O beijo parecia algum tipo de provocação para ele e ele não conseguia sentir nada além de ódio. Em outros tempos, resolveria com um simples soco, mas naquele momento não. Ele não conseguia acreditar que eu estava beijando o Mark. apenas respirou fundo e deixou de nos olhar.

nunca havia se sentido tão idiota em toda a sua vida. Agora tudo fazia sentido. Aquela carta, o cara que eu tinha conhecido e o cara que eu havia dito que era bem melhor do que ele. Todo esse tempo era o Mark. Sempre foi o idiota do Mark! Como ele não pensou nisso antes? Idiota! Eles são vizinhos e ele sempre foi maluco por ela. É claro que ia acabar acontecendo. É obvio que é muito mais fácil ter um cara que mora ao lado da sua casa do que um cara que mora em outra cidade. Sério que foi por esse cara que o se rebaixou? Foi esse cara que fez com que ele se sentisse tão inferior? Ridículo! Tudo era ridículo demais para se aceitar.

- Eu precisava fazer isso. – Mark disse em meu ouvido, depois de terminar o beijo. Eu nunca me esforcei tanto para sorrir quanto naquele momento. Parecia até que eu conseguia sentir os julgamentos vindos dos olhares do .
- E o jogo? – Eu disfarcei o máximo que eu pude. Mark não poderia nem sonhar que o estava ali.
- Estamos ganhando. – Mark sorriu com empolgação.
- Ótimo. – Eu voltei a forçar um sorriso.
- Tudo bem? – Mark olhou pro meu rosto com um pouco de desconfiança.
- Sim, tudo ótimo. Eu só preciso ir ao banheiro. – Eu olhei para a Meg e ela parecia ter entendido o recado.
- Eu vou com você. – Meg se prontificou.
- Vamos então. – Eu me afastei um pouco do Mark.
- Eu vou voltar pro jogo então. – Mark apontou em direção as mesas de sinuca e eu afirmei com a cabeça. Eu não tive coragem de olhar para trás. Agarrei a mão de Meg e a puxei em direção ao banheiro. Eu estava com tanta pressa, que só faltou eu correr.
- Calma! – Meg não estava entendendo absolutamente nada. Nós entramos no banheiro e eu fechei a porta. – Nossa! Mas o que está acontecendo? – Ela percebeu o quão conturbada eu estava.
- Não, não, não... – Eu levei uma das minhas mãos até a minha cabeça e entrelacei meus dedos em meu cabelo.
- ... – Meg tentou me interromper, mas eu não estava ouvindo nada que ela estava dizendo.
- Não pode ser... – Eu neguei incessantemente com a cabeça. – Isso não pode estar acontecendo comigo. – Eu comecei a andar de um lado para o outro.
- ! – Meg me chamou novamente. Ela viu que eu não dei atenção e se aproximou. – Ei! – Ela gritou, segurando os meus ombros e me fazendo olhar pra ela. – O que está acontecendo com você? – Meg me olhou extremamente séria.
- Ele está aqui... – Eu tentei conter o meu desespero ao dizer aquilo em voz alta. – ELE ESTÁ AQUI! – Eu repeti em meio a um surto.
- Ele quem? – Meg me olhou, confusa. Eu me desvencilhei de suas mãos e virei o meu corpo em direção ao espelho.
- Não... – Eu fechei os meus olhos, sentindo o desespero tomar conta do meu corpo. – Ele não pode estar aqui. – Eu neguei com a cabeça.
- , me fala o que está acontecendo. – Meg voltou a ir até mim. – Quem está aqui? – Ela perguntou, me fazendo olhar pra ela.
- O ... – Eu disse em meio a um suspiro. Abaixei o meu rosto por um segundo. – Ele está aqui. – Eu completei e voltei a olhar para o rosto de Meg.
- Não brinca comigo. – Meg não conseguiu acreditar.
- Brincar? Acha mesmo que eu brincaria com uma coisa dessas? – Eu fui grossa por um momento. Eu estava muito nervosa.
- Mas onde? – Meg não se lembra de ter visto nenhum cara parecido com o ou que tenha chamado a minha atenção. – Oh não! – Ela negou com a cabeça. O tal do não podia ser aquele gato do balcão de bebidas. – Não, não! – Meg sorriu, desacreditando.
- O cara do balcão de bebidas. – Eu disse apenas para confirmar as teorias dela.
- Mentira! – Meg abriu a boca, surpresa. – Você namorava aquele gostoso? – Ela apontou em direção a porta. – Não, não! Aquele cara maravilhoso não pode ser o babaca do . – Ela não conseguia se conformar.
- Você está de brincadeira com a minha cara, né? – Eu a olhei, furiosa. Eu estava ali surtando, prestes a ter um colapso e ela elogiando ele.
- Sério, ! – Meg chegou a rir um pouco. – Aquele cara é o ? – Ela esperava pela resposta.
- Você não está ajudando, caralho! – Eu fiquei ainda mais furiosa.
- Você terminou com aquele cara? Como você terminou com aquele cara? – Meg estava completamente chocada.
- Você me disse para terminar com aquele cara! – Eu disse de forma grosseira.
- Meu Deus... – Meg suspirou longamente.
- Dá pra você me ajudar? – Eu abri os braços. – O Mark está lá fora e o meu ex-namorado por quem eu ainda sofria há 3 meses atrás também está. O que eu estou fazendo aqui? – Eu passei uma das mãos pelo meu rosto.
- Droga... – Meg negou com a cabeça. Só agora que ela havia se lembrado do pedido de namoro.
- O que eu faço? – Eu precisava de ajuda. – Lembra da carta? Ele deve estar achando que é o Mark! Eu vi o jeito que ele me olhou! Ele está bravo! Eu tenho medo que ele encontre o Mark e... – Eu não queria nem dizer em voz alta.
- Acha que ele consegue fazer alguma coisa com o Mark? – Meg desacreditou. Mark era maior que o .
- Você não conhece o , querida. – Eu disse com sarcasmo. – E se ele vir falar comigo? O que eu vou dizer pra ele? – Eu sentia minhas mãos suarem frio.
- Você precisa dar o fora daqui o mais rápido possível! – Meg concluiu. O pedido de namoro não podia acontecer com a presença do .
- Como? – Eu estava disposta a fazer qualquer coisa.
- Olha só! Vamos fazer assim: vamos sair. Você vai pro balcão do outro lado e eu vou atrás do Mark. Eu trago o Mark e você inventa uma desculpa qualquer pra ir embora. – Meg deu a ideia.
- Está bem. – Eu afirmei com a cabeça.
- Você vai no balcão e fica lá! Ele não pode te ver. – Meg explicou.
- Eu entendi. – Eu afirmei com a cabeça.
- Pronta? – Meg me olhou.
- Acho que eu quero vomitar, mas sim... – Eu respirei fundo.
- Vamos lá! Vai dar tudo certo. – Meg sorriu para me tranquilizar.
- Ok. – Eu afirmei com a cabeça e fui em direção a porta.

Não é que tivesse a intenção de falar comigo, mas ele lançava olhares por todo o lugar na esperança de me ver novamente. As sensações dentro dele se misturavam e faziam com que ele ficasse em uma total confusão. Ele não sabia se era raiva ou a felicidade de me ver que se sobressaía. A única certeza que ele tinha era que ele queria me localizar novamente. Seja para se manter longe ou para se aproximar.

Era incrível a forma como eu sempre me sobressaía para ele dentre as outras pessoas de qualquer outro lugar que eu estivesse. Nós poderíamos estar no meio de uma multidão, mas ele sempre reconheceria o meu corpo, o meu jeito de andar e de jogar o meu cabelo. viu quando eu saí do banheiro e me seguiu com os olhos. Me viu sentar no balcão de bebidas que ficava do outro lado. Ele não pensou duas vezes antes de ir em minha direção. Era a atitude mais irracional que já tomou, mas ele tinha que fazer isso.

Eu me sentei em um dos bancos que ficava em frente ao balcão e tentei me acalmar. Eu encarava os meus dedos das mãos, que brincavam uns com os outros sobre o balcão e eu tentava regular a minha respiração novamente. Eu estava pensando em qual desculpa eu iria dar para o Mark e qual desculpa eu daria a mim mesma para superar tudo o que havia acontecido. Notei alguém sentar no banco ao meu lado, mas eu jamais imaginei que fosse ele.

- Se tivéssemos combinado, não daria tão certo. – disse ao se sentar ao meu lado. A voz dele fez o meu estômago dar um nó e as minhas pernas enfraquecerem. Ainda bem que eu estava sentada. Eu tirei uma das minhas mãos do balcão e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha para que eu pudesse ter uma visão melhor dele. Virei o meu rosto e olhá-lo de perto foi a mesma coisa que levar um tiro. Quando ele percebeu que eu o olhei, ele fez o mesmo. Caralho, porque ele fez isso?
- Com certeza não teria. – Eu parei de olhá-lo e voltei a encarar as minhas mãos. Droga! Ele não está tão perto. Como eu estou conseguindo sentir o perfume dele?

Toda a atitude e simpatia de escondiam um nervosismo absurdo. Ele tentava se manter calmo para conseguir me passar tranquilidade. não queria que eu soubesse de jeito algum que ele estava nervoso de alguma forma. Ele queria que eu visse que os efeitos que antes eu causava nele não existiam mais. evitava me olhar, pois isso só tornava tudo ainda mais difícil pra ele.

- Desculpa, mas eu não posso te deixar ir embora sem tomar uma cerveja comigo. Nós nunca fizemos isso. – segurou o sorriso e novamente virou o seu rosto para me olhar. Ele esperava uma resposta. Pra quem já está fodida, uma cerveja não é nada, né? Além disso, eu também não quero demonstrar nervosismo.
- É claro. – Eu concordei, mas não olhei pra ele.
- Duas cervejas! – aumentou um pouco mais o tom de voz para que o garçom ouvisse. O garçom foi bem rápido ao colocar duas garrafas pequenas de cerveja na minha frente e depois na frente do . Isso era muito desconfortável. ia propor um brinde, mas achou exagero.
- E como está a faculdade? – perguntou depois de beber um gole de cerveja. O que estávamos fazendo? Que conversa é essa?
- Está tudo ótimo. – Eu não quis me prolongar. – Eu adoro medicina. – Eu completei.
- Que bom. – olhou para as suas mãos, que seguravam a garrafa de cerveja sobre o balcão.
- E... – Eu hesitei por um momento. Foda-se! – E o que você veio fazer em Nova York? – Eu perguntei, sem jeito. escondeu o sorriso de deboche, pois tinha certeza que eu achava que ele veio para Nova York por causa de mim.
- Eu vim a trabalho. – respondeu com gosto. – A empresa vai tentar fechar um contrato com os Yankees e eles me mandaram para cá por um tempo. – Ele explicou, apenas para mostrar que ele estava muito bem, obrigado.
- Os Yankees? – Eu virei o meu rosto para olhá-lo. Pela primeira vez eu fiz isso espontaneamente. – Uau! Você deve estar muito feliz. – Eu deduzi. Eu sabia da paixão dele pelo Yankees.
- É, eu estou. – fez questão de confirmar. – Eu estou muito feliz mesmo. – Ele disse e eu percebi o que ele estava tentando fazer. Olhei pra ele de canto de olho e tentei não fazer caretas.



- Ótimo. – Eu afirmei e tomei mais um gole da cerveja.
- Eu estou hospedado no hotel ‘New York Palace’ aqui perto. – explicou para deixar claro que a vinda dele para Nova York era mesmo temporária.
- Ahn, eu conheço. – Eu afirmei com a cabeça.
- E o hospital? Salvando muitas vidas? – disse e conseguiu me arrancar um fraco sorriso, que eu tratei de desfazer rapidamente.
- Nem um pouco. – Eu rolei os olhos. – Estagiária. Sabe como é, né? – Eu brinquei com a minha própria situação.
- Difícil. – afirmou com a cabeça.
- Mas eu adoro. Eu sempre adorei essa área. – Eu completei.
- É, eu sei. – comentou sem nem perceber. Quando se deu conta, já havia dito. Voltei a virar o meu rosto para olhá-lo e ele fez o mesmo. – Você está diferente. – Ele disse, sem deixar de me olhar. Certamente ele se referia ao meu novo corte de cabelo, as luzes e talvez a minha maturidade que evoluiu 100%.
- Você está diferente também. – Eu sorri sem mostrar os dentes. O cabelo dele estava um pouco maior e agora ele tinha uma barba bem rala no rosto. Ele parecia mais maduro, mais adulto e... forte. Deixamos de nos olhar, pois já estava ficando estranho.
- Bem, foi bom te ver. – achou que já estava bom e que eu já sabia que ele estava muito bem sem mim. Era o suficiente. Ele colocou uma das mãos no bolso e tirou algumas notas de dinheiro.
- Foi bom te ver também. – Eu estava aliviada, porque parecia que ele ia embora.
- Cuide-se e seja feliz. – se levantou do banco, mas me olhou ainda de pé. Eu também virei o meu rosto para olhá-lo.
- Você também. – Eu dei um sorriso maior. – Valeu pela cerveja. – Eu agradeci, quando ele colocou o dinheiro sobre a mesa.
- Não por isso. – afirmou, sem nem ao menos me olhar e se afastou. Eu me peguei observando ele se afastar e tentava me recuperar daquela aproximação, daquela voz e daquelas indiretas que ele deu durante a conversa. Foi só eu perdê-lo de vista para virar quase a garrafa de cerveja toda de uma vez só. Eu precisava disso.

Foi a coisa mais estranha de todas vê-lo de novo depois de tudo. Eu sempre achei que não estava pronta para esse reencontro e hoje eu tive certeza de que não estava mesmo. O que foi aquela reação? Porque eu surtei tanto? Era nervosismo por estar perto dele ou era remorso pelo que eu havia feito com ele? Talvez os dois. Só sei que foi esquisito ter as mesmas reações, sentir os mesmos sentimentos e ter os mesmos sintomas como tremedeira, disparo do coração e etc. Faz meses desde que tudo aconteceu e eu ainda me sinto do mesmo jeito quando se trata dele. Isso é insano.

- Você está bem? – Mark chegou ao meu lado. Meg estava logo atrás.
- Eu... – Eu olhei para Meg. – Eu estou com um pouco de dor de cabeça. – Eu fiz careta.
- Nós podemos ir embora se você quiser. – Mark propôs todo preocupado. Foi nessa hora que eu me senti a pior pessoa do mundo. Primeiro porque eu estava mentindo e segundo porque eu estava prestes de estragar a noite dele com os amigos por causa do . - Não... – Eu não posso fazer isso. – Nós podemos ficar mais um pouco. – Eu afirmei.
- Você tem certeza? – Mark me olhou de forma doce.
- Sim! – Eu afirmei com a cabeça. – Vai lá e eu vou ficar aqui. A Meg vai cuidar de mim e qualquer coisa ela te chama. – Eu o avisei.
- Eu não sei... – Mark negou com a cabeça. Ele não queria me deixar sozinha de novo.
- Vai! Tudo bem! – Eu o incentivei e ele foi obrigado a ceder.
- Eu volto daqui a pouco. Qualquer coisa você me chama, Meg. – Mark olhou para Meg, que afirmou com a cabeça. Ele beijou a minha testa e se afastou.
- Você é maluca ou o que? – Meg me olhou. O plano era ir embora!
- Eu não podia fazer isso, ok? Ele está se divertindo. Eu não posso tirar isso dele por causa do . – Eu expliquei.
- Ai, ... – Meg rolou os olhos.
- Além do mais, ele já veio falar comigo. O que poderia acontecer de pior? – Eu ergui os ombros.
- Ele veio falar com você? – Meg voltou a ficar surpresa.

Eu contei detalhadamente toda a conversa para Meg, enquanto parecia satisfeito com a sua atitude durante a conversa. Ele não foi fraco em nenhum momento e deixou bem claro que estava muito bem. Ele demonstrou indiferença e mostrou que não se importa mais. Era isso que ele queria. Era esse o melhor jeito de se vingar. Quer dizer, é o segundo melhor jeito. O melhor jeito seria colocado em prática agora.

- Oh, meu Deus. É o beijando aquela garota? – Meg cerrou os olhos para ter certeza de que era ele. beijava empolgadamente uma morena em um dos cantos da boate. Eu me virei discretamente e confirmei que era ele.
- Que idiota! Está tentando esfregar na minha cara. – Eu ri e rolei os olhos, apenas para provar para mim mesma que não me importava.
- Uau! Que pegada. – Meg ficou impressionada.
- Cala a boca, Meg. – Eu rolei os olhos.

Mais meia hora se passou e eu tentava lidar com cada garota nova que beijava. Eu contei 3 só nos últimos 15 minutos. O que ele acha que está fazendo? Tudo isso pra me ensinar uma lição? Pra ver se eu fico com ciúmes? Lembra da maturidade que eu vi nele há minutos atrás? Esquece. Ele ainda é o galinha do ensino médio, talvez com uma pegada a mais.

- Já chega! Eu quero ir embora daqui. – Eu disse ao vê-lo beijando a quarta garota da noite. Eu não vim pra isso!
- Demorou! Vou chamar o Mark. – Meg se levantou e eu puxei o seu braço.
- Eu vou esperar lá no estacionamento. – Eu apontei em direção a saída. Eu não ficaria nem mais um minuto naquele lugar. Olhei para trás pela última vez e vi que ainda beijava a mesma garota. Que decepção.

Saí da boate com uma sensação ruim. Não, eu não estava prevendo nada de ruim, mas eu estava daquele jeito por algo que já havia acontecido. Foi péssimo ter encontrado o logo agora. Foi péssimo nós termos conversado como se fossemos dois estranhos. Foi horrível ver o cara desprezível que ele havia voltado a ser, que beijava todas sem nem saber seus nomes. Ele parecia ter se tornado outra pessoa. Uma pessoa que eu desprezaria se eu não tivesse crescido com ele. Mesmo com a sua nova personalidade, a minha reação foi totalmente exagerada e chegou até a me dar medo. Eu não quero sentir nada. Eu não quero tudo isso de novo.

Entre um beijo e outro, percebeu que eu saí da boate e também notou o meu incomodo ao vê-lo com aquelas garotas. Aquilo o deixou totalmente satisfeito, mas não por tanto tempo. Afastou-se das garotas quando percebeu que não seria mais necessário ficar com elas e voltou a se aproximar do balcão de bebidas. Ele precisava beber alguma coisa. Com uma cerveja nas mãos, ele isolou o seu olhar em um lugar fixo e a sua também se isolou do mundo, da música e de todas aquelas pessoas ali. Talvez tenha sido por isso que ele tenha evitado aquela viagem por tanto tempo. Ele temia me encontrar em qualquer lugar.

O reencontro aconteceu logo na primeira noite e já tirou toda a sua empolgação. Ele só conseguia pensar que eu havia trocado ele pelo Mark. Ele só conseguia se lembrar da imagem minha e do Mark se beijando. se sentia péssimo e um grande idiota. A melhor parte com certeza foi quando ele me mostrou que estava feliz e que não sentia falta alguma de mim. Aquela era a única parte da noite da qual ele se orgulhava. A parte que ele menos se orgulhava? Foi quando não conseguiu esconder de si mesmo a atração que ele ainda sentia por mim, que parecia ainda maior do que antes. Para ele, eu estava mais bonita que antes e muito mais madura também. Aquilo só o fez ficar ainda mais atraído de um jeito que nenhuma outra garota conseguia.

Eu caminhei sozinha até o carro do Mark no estacionamento. Em passos pequenos, eu pensava e me lamentava por ter me permitido sentir todas aquelas coisas quando eu o revi pela primeira vez depois de tanto tempo e quando ele se aproximou. Foi perturbador e aceitar isso era impossível pra mim.

Cheguei no carro e encostei o meu quadril na lateral do carro, enquanto esperava por Mark e Meg. Mark não reclamou um só segundo por ter que ir embora. Quando a Meg o chamou, ele se prontificou rapidamente a ir embora e começou a se despedir dos amigos. Meg o esperou e observava ele cumprimentar cada um dos amigos. Ele parecia um pouco triste ou talvez decepcionado. Meg tinha quase certeza que era por causa do pedido de namoro, que ele planejava fazer durante a balada e agora não poderia mais fazer. Não do jeito que havia planejado.

Meg e Mark seguiram para a saída do local. Meg explicou que eu tinha ido para o estacionamento e o Mark não se manifestou. Ele saiu do local e Meg o acompanhou. Por um segundo, Meg odiou ainda mais do que já odiava. Ele era o responsável por tudo mesmo o Mark não sabendo. Eles seguiram em direção ao carro e Mark puxou algum assunto com Meg para que ela não notasse o quão decepcionado estava.

Apoiada na lateral do carro, eu observei Mark e Meg se aproximarem. Olhei para o Mark com mais atenção e vi um garoto incrível, que estava preocupado comigo e estava deixando os seus amigos para ficar com a garota que ele tanto gostava e que precisava imensamente dele. Vê-lo se aproximar com o seu jeito despojado me fez dar a ele um valor ainda maior. Não era como se eu estivesse comparando, mas depois do que eu vi do naquela noite, eu fiquei tão feliz em ter um cara como ele. Eu estava feliz porque ele não era o .

- Você está bem? – Mark me olhou, parecendo preocupado. Eu o encarei e vi o quão feliz eu estava por ele estar ali.



Eu levei uma das minhas mãos até o seu ombro e o puxei para mais perto de mim. Passei meu braço em torno de seu pescoço e o abracei, aconchegando a minha cabeça em seu pescoço. Meus olhos se fecharam e eu senti o meu coração se acalmar e também senti que eu era a garota mais sortuda de todas.

- Eu estou bem agora. – Eu disse bem próxima ao seu ouvido. O pouco da decepção que sentia foi desfarçada por um fraco sorriso que surgiu de forma involuntária em seu rosto.
- Bom. – Mark afastou um pouco os nossos corpos para olhar em meu rosto. Sua mão se aproximou de meu rosto e o acariciou com doçura. A atitude dele fez com que eu me aproximasse e selasse rapidamente os seus lábios. – Eu vou te levar pra cara, ok? – Ele olhou em meus olhos e eu apenas afirmei com a cabeça.

Entramos no carro e Meg se sentou no banco traseiro. Ela passou o caminho todo em silêncio, pois ela estava escondendo coisas de seus dois amigos. Ela se sentia um pouco mal por isso. Mark não podia saber sobre o e eu não podia saber sobre o pedido de namoro. Essa foi uma das razões para ela querer ir para casa e não para a minha. Ela queria ficar longe de nós agora. Era uma coisa que nós tínhamos que resolver. Deixamos ela em sua casa e seguimos para a minha e para a de Mark.

Estávamos sozinhos no carro agora e o silêncio permanecia. Mark usava a atenção no trânsito como desculpa do seu total silêncio, quando na verdade ele estava apenas pensando no que fazer. A decepção e o medo que ele sentia estavam corroendo ele por dentro. Eu mantinha os meus olhos fixos na janela do carro e via as ruas vazias passarem rapidamente pelos seus olhos. Eu estava com medo do que eu estava sentindo desde a hora que eu vi . Eu não sabia o que pensar.

também havia abandonado a boate há alguns minutos. Esperou algum tempo antes de chamar o taxi, pois não queria correr o risco de me encontrar lá fora. Havia um vazio em seu peito e uma enorme confusão em sua cabeça. Ele planejou aquele reencontro por meses e quando ele finalmente aconteceu, ele só conseguiu me olhar, enquanto sentia o seu coração disparar como nunca. Não houve xingamentos, insultos e nem desabafos. Ele só conseguiu me convencer de que estava bem, mas não disse nada do que ele sempre quis dizer desde o momento que leu aquela carta no dia do nosso aniversário de namoro.

Chegamos em minha casa e eu desci rapidamente do carro. Estava tão avoada, que nem lembrei de esperar Mark abrir a porta como ele costumava fazer. Eu ainda tinha a desculpa da dor de cabeça, mas eu sabia que era mentira e isso me fazia ficar um pouco mal. Mark também desceu do carro e nós caminhamos juntos até a porta da minha casa. Ainda em silêncio, eu abri a porta e entrei em minha casa. Mark entrou logo atrás e fechou a porta. Passei a mão pelo meu rosto na tentativa de melhorá-lo e em seguida, me virei para olhar o Mark. Os olhos dele que encaravam o chão se levantaram para olhar em meu rosto.

- Me desculpa ter feito você ir embora da boate. Eu sei que estava se divertindo. – Eu o olhei com um fraco sorriso.
- Tudo bem. Você precisava de mim. – Mark também sorriu fraco. – Você... está melhor agora? – Ele deu alguns passos em minha direção.
- Estou! Eu... – Eu passei uma das mãos pelo meu cabelo e o tirei de perto do meu rosto. – Eu não sei. Acho que talvez fosse a música alta. – Eu me referia ao motivo da minha dor de cabeça. Mark hesitou algum tempo e decidiu falar sobre o assunto que tanto queria. O assunto que havia feito ele desistir daquele pedido de namoro.
- Ou talvez tenha sido o . – Mark afirmou e eu senti o meu corpo gelar. Ele sabia? Ele sabia sobre o ?
- O que? – Eu tentei desconversar. Eu precisava de tempo para pensar no que dizer.
- Eu vi ele, . – Mark afirmou e parecia um pouco irritado. A irritação era mais porque eu estava tentando esconder algo dele do que pelo em si. Ele sabia sobre o . Ele sabia o quão desestabilizada aquele reencontro havia me deixado. O que eu faço agora? O que ele vai fazer agora?










CONTINUA...









Nota da Autora: 


Hey! Então, eu espero que estejam gostando da fanfic. Está dando muito trabalho, mas eu estou AMANDO escrevê-la. Eu me inspirei em uma outra fanfic que eu li e fiz as minhas MUITAS alterações (com a autorização da autora da mesma). Como vocês já perceberam, ela está em andamento. Eu vou postar de acordo com o que eu for escrevendo. 

Vocês devem ter percebido que nessa fanfic, os Jonas não são tão 'politicamente corretos' e nem tem uma banda. Eu achei legal fazer uma coisa diferente.

Enfim, deixe o seu comentário aqui embaixo. A sua opinião é importante, pois me incentiva a escrever ainda mais e mais.

Beijos e qualquer coisa e erro, mandem reply pra mim lá no @jonasnobrasil . 


2 comentários:

  1. Puta q pariu q fic perfeita!!!! continua logo
    -tay

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