Capítulo 39





Capítulo 39 – Beijando o inimigo



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:


- Senti! Fazia tempo que eu não sentia tanto nojo de uma pessoa. – Eu forcei um sorriso.
- Você era maluca por mim. O que aconteceu? – Ele riu, não acreditando que eu não sentia mais nada por ele.
- O que você está fazendo aqui? – Eu perguntei, começando a me irritar.
- Eu fui convidado. – Peter sorriu. – Eu ainda tenho amigos naquela porcaria de escola. – Ele explicou.
- Não acha que está na hora de me superar? – Eu não tirava aquele sorriso sarcástico dos lábios.
- Eu não consigo. Ainda mais depois de ver você desse jeito. – Ele abaixou a cabeça para olhar pro meu corpo.
- Vai se ferrar. – O sorriso desapareceu do meu rosto. Nojento, filho de uma mãe.
- Você não era tão durona assim na minha época. – Ele riu, olhando em meus olhos. O corpo dele ainda pressionava o meu contra a parede.
- Você está me machucando. – Eu tentei empurrá-lo, mas não consegui.
- Você fica ainda mais irresistível agindo desse jeito, sabia? – Eu sentia a respiração dele em meus lábios. Cheirava a cerveja. Argh!
- Isso é porque você ainda não viu o agir assim. É ainda mais irresistível, eu juro. Qualquer dia peço pra ele te mostrar. – Eu ri, vendo que ele não havia gostado da brincadeira.
- Que bom que tocou nesse assunto. – Peter olhou pra trás. – Está vendo aqueles caras ali? – Ele apontou com a cabeça. Eu olhei e vi uma rodinha de garotos, que mais pareciam jogadores de basquetes. Eles eram enormes e fortes.
- O que? Você está pegando todos eles? – Eu voltei a olhar pro Peter. – Você não era gay na minha época ou... era? – Eu repeti o que ele havia dito anteriormente.
- Não. – Peter me olhou, sério. – Eles são do time. – Ele voltou a olhar para os garotos e depois pra mim. – Meu time. – Ele adicionou, se achando.
- Você é novo nisso de capitão, não é? Talvez possa te dar alguns conselhos depois. – Eu pisquei um dos olhos e Peter cerrou os seus.
- Eu quero que você dê um recado pra ele. – Peter me olhou mais sério. Acabei com a graça dele, ops!
- Acha que eu tenho cara de pombo correio? Vá você mesmo falar com ele. – Eu o desafiei. – Ah não ser que você esteja com medo dele. – Eu voltei a tirá-lo do sério.
- Eu sou o capitão agora, querida. – Peter voltou a olhar para os garotos enormes. – Eles fazem qualquer coisa que eu mandar. – Ele finalizou.
- Você tem marionetes agora? – Eu fiz careta.
- Diga ao seu capitãozinho de merda que é melhor ele não dar uma de espertinho pra cima de mim. Eu não estou sozinho dessa vez. – Peter ameaçou.
- Isso é uma ameaça? – Eu o fuzilei com o olhar.
- Não, estou apenas avisando. Me agradeça por estar sendo tão gentil em avisar. – Peter piscou pra mim.
- Fica longe dele, Peter. – Eu pedi, entendendo o que Peter estava querendo dizer.
- É só ele não me provocar. – Peter finalmente descolou seu corpo do meu. – Aliás, diga a ele para manter os olhos em você. Da próxima vez, pode ser que eu não queira te devolver. – Peter piscou mais uma vez, virando-se de costas pra mim. Eu o observei sair, sentindo nojo de mim mesma ter sido tocada por ele.

Ótimo, meu ex-namorado está de volta e dessa vez com diversos amigos (leia-se gigantes musculosos). Ele pediu que não o provocasse, sendo que isso é a coisa que mais faz quando Peter está por perto. sairia machucado daquela história se eu não interferisse. Aqueles caras acabariam com ele em 3 segundos. Eu não posso deixar isso acontecer.

Desencostei meu corpo da parede, ainda meio conturbada com tudo o que havia acabado de acontecer. Amber, Jessie e agora o Peter! Como eu vou suportar todos de uma vez? Ajeitei o meu vestido, que havia subido um pouco por causa de Peter. Voltei a andar em direção ao local onde e estavam. Dessa vez, ninguém me impediu.

- Desculpa por ter te deixando sozinha. – apareceu atrás de mim. Eu havia acabado de chegar ali. Bem a tempo!
- Tudo bem. Eu estou amando observar o casal diabete aqui. – Eu apontei a cabeça pra e , que estavam cochichando um na orelha do outro há uns 10 minutos.
- Eu demorei, né? – sorriu, segurando a risada.
- Não tem problema. – Eu neguei com a cabeça, olhando para onde estavam os amigos de Peter. Eles não estavam mais lá. Eu estava em pânico. Eu estava com um medo absurdo deles virem atrás de .
- Tudo bem? – se aproximou, colocando seus braços em torno da minha cintura.
- Porque está perguntando? – Como ele sabia? Estava tão na cara assim?
- Parece que está preocupada. – sorriu, me olhando de perto.
- Ok, eu preciso conversar com você. – Eu fechei os olhos por poucos segundos.
- Eu sabia. – riu, sem saber da gravidade da conversa.
- É sério. – Eu avisei e ele ficou rapidamente sério. – Vamos sair daqui, está muito barulho. – Eu afastei meu corpo do dele e o puxei pelas mãos até a cozinha da casa. Não havia quase ninguém lá e o barulho da música era mais baixo.
- O que foi? – me olhou, curioso. Eu encarei o chão e depois olhei pra ele.
- Ok, não fique irritado. – Eu pedi e ele pareceu ficar ainda mais sério.
- Eu já estou irritado só por você me pedir pra não ficar. – cruzou os braços.
- O Peter está aqui. – Eu disse, rapidamente. Ele arqueou uma das sobrancelhas.
- Peter... seu ex-namorado? – não havia entendido muito bem qual era a gravidade de tudo aquilo.
- É, obrigada por me fazer lembrar disso. – Eu fiz careta, me referindo ao ‘ex-namorado’.
- Ele falou com você? – já estava começando a ficar irritado. Está vendo?
- Espera! Escuta. – Eu olhei pra ele, séria. – Antes de tudo, eu quero que me prometa uma coisa. – Eu estava dizendo com calma.
- Eu não vou prometer que não vou bater nele, . – me olhou. – Porque é exatamente isso o que eu vou fazer. – deu até um sorrisinho.
- Não, você não vai. – Eu o desafiei.
- Você sabe que eu vou. – ergueu os ombros.
- É por isso que eu estou pedindo pra você prometer que não vai. – Eu estava me irritando. Porque ele não promete de uma vez?
- Porque eu vou prometer algo que não vou cumprir? – estava levando tudo na brincadeira.
- Então cumpra! – Eu disse, como se fosse óbvio.
- , essa é a lei da vida. O Peter aparece, eu quebro a cara dele e ele some como uma garotinha assustada. – riu, querendo descontrair o clima tenso que estava se estabelecendo ali.
- Você pode parar de levar tudo na brincadeira por um minuto? – Eu o olhei, impaciente.
- Porque está tão preocupada com isso? – não gostou do jeito que eu havia falado.
- Eu estou pedindo pra você deixar ele em paz. Dá pra fazer isso por mim? – Eu continuava séria, eu só queria que ele prometesse. Eu só queria mantê-lo a salvo.
- Agora você se importa com o Peter? – me olhou de um jeito desconfiado.
- É melhor que não esteja desconfiando de mim. – Eu cerrei os olhos.
- Não importa, eu não vou prometer nada! – mudou o foco do assunto, pois não queria mais problemas.
- Não vai? Então tudo bem! – Eu disse, sorrindo de um jeito forçado. Eu virei de costas pra ele e dei alguns passos.
- Espera, espera! – Ele entrou na minha frente. – Como assim ‘Então tudo bem?’ O que você vai fazer? – disse, sabendo que eu estava brava com ele e que faria alguma coisa a respeito.
- Vou falar com a Amber, talvez jogar água na cara dela não tenha sido suficiente. – Eu tentei empurrá-lo, mas ele não saiu da minha frente.
- Não, não! Por quê? – Ele não entendeu a minha atitude repentina.
- Se você não pode me prometer uma coisa, eu também não posso cumprir as minhas promessas. Desculpa. – Eu tentei passar por ele novamente.
- Não, para com isso! – cerrou os olhos. – São coisas totalmente diferentes. – Ele estava odiando o que eu estava fazendo. Bem feito.
- Você odeia o Peter e eu odeio a Amber. Peter é meu ex-namorado e a Amber é a sua ex-namorada. Peter é um imbecil e a Amber é uma vadia. – Eu fiz a comparação e olhou pra cima e suspirou, como se estivesse sem paciência. – Onde está a diferença? – Eu o encarei, furiosa.
- Amber é a minha amiga! E o Peter? Ele não é nada seu. – respondeu daquele jeito sério e ignorante.
- E? – Eu cruzei os braços.
- Ele não significa nada pra você! – abriu os braços como se fosse algo óbvio.
- Tem certeza? – Eu disse e a expressão dele mudou. Agora sim ele estava puto da vida.
- Que conversa é essa agora? – respirou fundo, tentando se acalmar.
- E se eu quiser ser amiga dele? E se eu me importar? – Eu arqueei a sobrancelha, encarando ele de perto.
- Você nunca disse que queria! Eu tenho que saber dessas coisas. Você tem que me falar! – Ele me olhou, indignado. Pra ele, eu não poderia estar falando sério.
- Eu tenho? – Eu descruzei os braços e apontei uma das mãos pra mim mesma. – Porque eu não me lembro de você me pedir permissão pra ser o melhor amigo da Amber. – Certo, agora eu não só queria defende-lo do Peter, mas eu também estava irritada com o jeito que ele estava falando da Amber. não esperava por aquilo.
- Você precisa de terapia, sabia? – me olhou de forma indignada, enquanto negava com a cabeça.
- Você quer bater em todos os caras que se aproximam de mim e sou eu quem preciso de terapia?- Ok, agora ficou pessoal.
- Oh, me desculpe se eu quero te proteger dos outros caras, que só querem te levar pra cama. – disse com um riso irônico.
- Me desculpe também se é um pouco difícil pra mim aceitar o fato do meu namorado querer ser melhor amigo da sua ex! – Eu disse no mesmo tom de ironia.
- Porque colocou ela na conversa? Você é a errada aqui e está tentando jogar toda essa porcaria pra cima de mim. – estava totalmente irritado e impaciente com aquela conversa.
- Eu tenho que atender o seu pedido pra não fazer nada com a Amber, mas você não pode atender a um pedido meu pra ficar longe do Peter? – Eu cerrei os olhos. – E eu sou a errada? – Neguei com a cabeça, indignada.
- Pelo menos a Amber não fica tentando me agarrar, certo? – deu um sorrisinho, achando que tinha ganho aquela guerra.
- Ela não tenta, mas ela quer. – Eu respondi, acabando com a graça dele. Ele voltou a ficar sério e me olhou, furioso.
- Você não vai chegar perto dele, . Esquece! – disse em tom de aviso.
- Está vendo? – Eu ri, voltando a negar com a cabeça.
- O que? – abriu os braços, fingindo que não havia entendido a minha revolta na frase anterior.
- Já tentou se colocar no meu lugar, ? – Eu dizia naquele tom de irritação, que já conhecia.
- O que você quer dizer? – olhou seriamente em meus olhos. Ele estava me encarando de perto.
- E se eu dissesse a você que eu quero ser amiga de um ex-namorado? E se você tivesse que conviver com um ex-namorado meu colado em mim o dia todo? E se você, , tivesse que lidar com o meu ex-namorado dando em cima de mim o tempo todo? – Eu não deixei de olhar nos olhos dele nem por um minuto, enquanto eu dizia aquilo. – O que você faria? – Eu dei alguns passos em direção a ele. – Eu estou fazendo isso por você, mas e você, ? Faria isso por mim? – Eu fiquei bem próxima a ele. Nossos lábios estavam apenas a alguns poucos dedos de distância.
- Sou eu ou essa festa ficou um lixo de repente? – olhou para os meus lábios e depois para os meus olhos. Ele se afastou, indo em direção a porta.
- Onde você está indo? – Eu gritei, furiosa. Esse idiota acha que vai me deixar falando sozinha?
- Pra longe de você! – gritou, sem nem mesmo me olhar. Empurrou a porta e saiu do meu campo de visão.
- Droga... – Eu suspirei, passando uma das minhas mãos pelo meu rosto. Eu odiava brigar com ele, mas era realmente algo que estava enroscado em minha garganta há algum tempo.

estava irritado, mas ao mesmo tempo ele queria ter evitado isso. Ele não tinha certeza se eu era a única errada naquela história. Quer dizer, ele não sabia se conseguiria lidar com todas aquelas coisas com as quais eu estava tendo que lidar. Talvez ele estivesse pedindo demais, mas mesmo assim não justificava o jeito que eu havia falado com ele. Ele achava que eu não precisava ter protegido e defendido o Peter daquele jeito. Ele odiou me ouvir falar do Peter daquele jeito e odiou ainda mais o fato de nós termos brigado por causa do Peter, que já era carta fora do baralho há algum tempo.

- Que cara é essa, cara? – apareceu ao lado de , que estava parado perto de uma das paredes da sala do local.
- Essa festa está uma droga. – suspirou, olhando todos na festa se divertirem.
- O que aconteceu? – também observava as outras pessoas se divertindo. havia deixado ele sozinho, pois estava conversando com , que estava extremamente decepcionada depois de Amber deixa-la ali sozinha. Elas nem conversaram, Amber simplesmente foi embora da festa. sabia que uma hora teria que contar toda a verdade pra Amber.
- sendo . – bebeu um gole de seu refrigerante, ainda sem olhar para o amigo.
- Ela não está fácil hoje, né? – fez careta. Também já havia discutido comigo naquela noite.
- Se fosse só isso... – suspirou e olhou pro amigo.
- O que mais? – também olhou pro .
- Adivinha quem está aqui? – perguntou, fazendo careta.
- Por favor, diga Megan Fox. – olhou pra cima, sabendo que a noticia não seria boa.
- Peter... – respondeu, passando o olho pelos convidados da festa. Queria ver se achava o Peter.
- Peter? – voltou a olhar pro . - Não brinca. Eu não vi ele. – começou a olhar para os convidados, procurando o Peter.
- Eu também não vi, mas a viu. – revirou os olhos, quando disse a última parte.
- Oh... entendi. – fez careta, olhando pro amigo. Já sabia o motivo da nossa briga.
- Eu não quero nem encontra-lo aqui. Não vai acabar bem. – negou com a cabeça. – Vou ao banheiro. – disse, colocando seu copo de refrigerante sobre uma mesa qualquer.
- Eu vou com você. – andou rapidamente atrás do .

Eles foram juntos até a porta do banheiro. esperou do lado de fora. O banheiro era como um banheiro de uma casa normal, ou seja, só havia lugar para um. saiu do banheiro e viu que ainda o esperava.

- Eu vou esperar você sair. Eu tenho que falar com você. – disse, antes que fechasse a porta do banheiro. Ele se referia a corrente da amizade que eu havia pedido pra ele devolver ao .
- Eu já volto. – fechou a porta e saiu de lá menos de um minuto depois. O lugar estava mais silencioso. Era um bom lugar para ele e conversarem. – Pronto. – olhou para o amigo.
- Ok, eu não sei como dizer isso. – sorriu, sem jeito. Suas mãos estavam no bolso, ele sentia a correntinha em uma das suas mãos.
- É sobre a , né? – deduziu. – É sobre a briga de vocês? – Ele fez cara de chateado. Não fazia ideia que a conversa era sobre ele.
- É sobre ela, mas não é sobre a nossa briga. – olhou pro chão rapidamente. Não sabia como mesmo dizer aquilo, pois sabia que ficaria muito chateado.


Eu já havia saído da cozinha. Passei os olhos pela sala e não vi . Consegui achar , ela chorava sentada no sofá. estava ao seu lado. Eu não sabia o que havia acontecido, mas eu senti vontade de ir até lá e ajuda-la. Não me entenda mal, eu não sou uma má pessoa. Eu e a não estamos bem, mas eu não quero o mal dela. Ela já me ajudou muito, mas também já me machucou muito. Eu quero que as coisas deem certo pra ela. Eu sabia que estava ajudando ela e além disso, eu não seria bem recebida. Eu ainda estava muito decepcionada com , as vezes eu chamo isso de raiva.

Alguém veio até o meu lado. Eu olhei e vi . Ele também observava de longe. Havia um copo de bebida em uma das suas mãos e ele parecia chateado. Ele me olhou e sorriu fraco. Eu devolvi o sorriso. Não havia falado com ele ainda, depois de toda aquela confusão. era o único amigo que havia me restado.

- Ela está mal, não é? – Eu disse, voltando a olhar pra .
- Em todos os aspectos. – afirmou e virou-se em minha direção. Me virei de frente pra ele também.
- Faz um tempo que não nos falamos. Senti saudades. – Eu sorri de um jeito chateado.
- Eu também estou sentindo a sua falta. Eu não consigo conversar assuntos inteligentes com mais ninguém. É uma droga. – riu e eu também ri.
- Você sabe que é importante pra mim, certo? – Eu estava com medo de que os meus problemas com a atrapalhassem a minha relação com ele.
- Eu sei e você é importante pra mim também. Você sempre foi a minha amiga e eu não vou te deixar agora, ok? – certamente sabia do que havia acontecido com . Ele era incrível.
- Você não sabe o quanto isso significa pra mim, . – Eu segurei a sua mão e ele sorriu de um jeito incrível.
- Sim, eu sei! Você sempre fez isso por mim. Sempre esteve do meu lado e me ajudou em tanta coisa. – apertou a minha mão. – Eu sei que o que aconteceu entre você e a foi algo muito ruim. – Ele olhou em meus olhos.
- Sim, não foi fácil. Não está sendo fácil, mas eu ainda tenho com quem contar, né? – Eu sorri pra ele sem mostrar os dentes e ele fez o mesmo.
- É o que eu vim te falar. – voltou a ficar sério. – O que aconteceu entre vocês duas, não vai atrapalhar a nossa amizade. Nada mudou, ok? – terminou a frase e sorriu fraco. Eu não aguentei e me aproximei para abraça-lo. Ele me abraçou forte e eu até senti meus olhos lacrimejarem.
- Eu amo você, amigo. – Eu disse, ainda abraçada a ele.
- Eu também. – sorriu ao me ouvir dizer aquilo. Terminamos o abraço e nos olhamos. – Se você precisar de mim, não hesite em me chamar. – esperou que eu concordasse.
- Eu chamarei! Você também. – Eu afirmei e ele sorriu.
- Certo. – Ele deixou de me olhar para olhar pra . – Eu tenho que ir agora. Tenho que leva-la pra casa. – apontou pra com a cabeça.
- Vai lá. – Eu afirmei com a cabeça, dizendo que estava tudo bem.
- Até mais. – se aproximou, beijando o meu rosto.
- Até. – Eu respondi, vendo ele se afastar.

Certo, aquilo havia salvado o meu dia. fez eu me sentir muito melhor. Eu ainda tinha alguém que se importava comigo. Ele poderia muito bem ficar do lado da namorada dele, mas não. Ele está me apoiando. Ele está sendo o amigo que eu esperava que ele fosse. Com nunca houve altos e baixo como com . Nós sempre estivemos bem, sempre nos ajudávamos e fazíamos as coisas um pelo outro. é o amigo perfeito.

mudou o meu humor. Eu já não estava mais irritada como antes. Eu queria achar e fazer as pazes. Nós podíamos conversar de um jeito diferente. Eu não precisava ser tão grossa. Olhei em torno de mim e não achei ele. já não estava no lugar que estava. Ela já deveria ter saído com . Dei mais alguns passos, ainda procurando pelo .

- Procurando por alguém? – De novo, aquela maldita voz.
- Estou, mas é claro que não é você. Pode ir embora. – Eu nem olhei pro Peter.
- Você está sozinha de novo? – Peter entrou na minha frente para que eu pudesse olhá-lo.
- Quem dera. – Eu disse, demonstrando que preferia ficar sozinha a tê-lo por perto.
- O que você acha de dar uma volta? Eu estou entediado. – Peter fez careta.
- Está entediado? Vá pra casa, vê um pornô. – Eu pisquei pra ele.
- Vamos, saia comigo. Eu te levo pra casa. – Peter insistiu, achando que eu diria que sim. Ele é idiota?
- Eu não vou a lugar algum com você. – Eu fiz careta e neguei com a cabeça.
- Sério? – Peter me olhou mais sério. – Que pena. Eu tinha duas opções: sair com você ou procurar o com os meus amigos aqui. – Peter mostrou os dois caras enormes que estavam atrás dele. Ótimo, agora ele estava me chantageando!
- Você está tentando me chantagear? – Eu cerrei os olhos.
- É claro que não! – Ele pareceu se sentir ofendido com a acusação. – Eu só estava tentando ser legal, te convidando pra dar uma volta. – Peter explicou. – Mas tudo bem se você não quer. Eu jamais te obrigaria a nada. – Peter sorriu daquele jeito irônico e virou-se de costas.

O que eu deveria fazer? Deixar apanhar? Porque jamais daria conta daqueles grandões. Ele dá conta do Peter, mas dos outros dois? Eu posso impedir isso. Todas as vezes que bateu em Peter até agora foi por minha causa. Peter queria dar o troco e eu não vou fazer nada pra impedir? Me desculpa, mas eu não sou tão estúpida ao ponto de deixar o garoto que eu amo se machucar por minha causa. não apanharia naquela noite.

- EU VOU! – Eu gritei e Peter parou de andar. Virou-se para mim e sorriu. Deu alguns passos em minha direção e voltou a parar em minha frente.
- O que você disse? – Peter fingiu não ter escutado.
- Eu vou sair com você. – Eu afirmei, tentando esconder a minha raiva.


ainda estava pensando em como daria aquela notícia ao . não sabia do que se tratava. A corrente da amizade jamais havia passado pela sua cabeça. Viu a expressão de e começou a perceber que era pior do que pensava.

- Fala, . – pediu, impaciente.
- A pediu pra eu te falar uma coisa. – disse, olhando pro amigo. sorriu, esperando que fosse algo bom. Quer dizer, talvez eu quisesse dar uma chance a ele.
- O que? – perguntou, curioso.
- Na verdade, ela pediu pra eu te dar uma coisa. – fez cara triste.
- Dar o que? – perguntou ainda mais curioso. Ele esperava alguma carta, qualquer coisa que pudesse mudar a nossa situação. tirou uma das mãos do bolso e estendeu a sua mão, ainda sem saber o que era. olhou pra ele antes de soltar a corrente da amizade em sua mão. olhou a corrente e depois olhou pro .
- Eu sinto muito, cara. – disse, sem saber como lidar com aquilo.
- Ela não pode ter feito isso. – negou com a cabeça com seus olhos cheios de lágrima. Aquela parecia ser a confirmação que a nossa amizade havia acabado. – Ela não pode acabar com tudo desse jeito. Eu não posso deixar acontecer. – estava enlouquecendo. Sua ficha estava caindo de que dessa vez, as coisas não teriam volta. Saiu correndo, deixando ali sozinho.
- , espera! – gritou, mas nem o escutou. estava indo atrás de mim e ia fazer de tudo para concertar as coisas.


Peter ainda falava comigo. Ele queria deixar bem claro de que não estava me forçando a nada. Sair com ele era uma decisão minha e de mais ninguém. Eu estava certa do que estava fazendo. Peter não vai encostar no . Eu não vou deixar.

- Eu já disse que vou com você. – Eu disse, irritada.
- Tem certeza? Parece que você não está muito empolgada com isso. – Peter fez careta. Eu respirei fundo, me segurando para não manda-lo se foder.
- Peter... – Eu olhei pra ele e tentei sorrir. – Eu quero sair com você. Por favor, vamos. – Eu pedi. Eu estava com medo de que nos visse ali.
- Já que você insiste. – Peter riu para os amigos, fazendo um sinal com a cabeça.

Peter foi na frente e eu fui seguindo ele até a saída. estava no começo da escada, quando me viu sair pela porta. Havia diversas pessoas dançando na escada, o que dificultou bastante a sua passagem. Seus olhos ainda estavam cheios de lágrimas e a corrente da amizade ainda estava em sua mão.

- ! – Ele gritou, tentando chamar a minha atenção. É claro que eu não escutei. A música estava alta demais.

Sai pro lado de fora do lugar e vi o quanto estava frio. Cruzei os braços, tentando me aquecer e continuei seguindo o Peter. Os outros dois garotos vinham mais atrás. tentava chegar ao final da escada, mas as coisas não estavam fáceis pra ele.

- DÁ LICENÇA! – gritava, empurrando todo mundo em sua frente. – LICENÇA, SAI. – Ele continuava empurrando.

Chegamos ao carro do Peter. Era o mesmo carro que ele tinha quando estudava na escola. Eu esperei, achando que ele fosse abrir a porta e ele nem sequer pensou nessa hipótese. Deu a volta, abrindo a porta do motorista. Eu suspirei, irritada. Vi os dois amigos de Peter entrando em outro carro. Um carro preto e bonito.

conseguiu chegar ao final da escada e correu até a porta da casa. Abriu ela rapidamente e me viu dentro de um carro. Não era o carro do , nem do , muito menos do . Peter deu a partida no carro e eu coloquei o cinto de segurança. correu até a calçada, mas só conseguiu ver a parte de trás do carro. Foi o suficiente pra ele saber quem era o dono do carro.

- Merda! É o carro do Peter. – engoliu rapidamente as lágrimas e correu até o seu carro. Na verdade, era o carro de seu pai. Ele havia lhe emprestado para a festa. Enfiou a mão no bolso, pegando as chaves do carro. A corrente da amizade foi colocada no outro bolso. A prioridade não era mais a nossa amizade, mas sim, me salvar do Peter. sabia que eu não estava no carro com o Peter por livre espontânea vontade. Ligou o carro e saiu cantando pneu com a esperança de ainda alcançar o carro de Peter.


desceu as escadas, estava indo atrás de mim. Sabia que eu precisaria da sua ajuda, depois da conversa que eu e supostamente já estávamos tendo. Procurou perto do e depois olhou para as pessoas em sua volta e não me encontrou. Foi até a cozinha, imaginando que eu ainda poderia estar lá. Andou a festa inteira atrás de mim e não me achou. Talvez eu estivesse no banheiro ou algo assim. Esperaria um pouco e voltaria a me procurar.


havia encontrado Peter. O carro tinha ficado um bom tempo parado no semáforo, o que facilitou que o alcançasse. não queria saber se eu já não era mais a sua amiga, a única coisa que ele sabia é que algo ruim estava acontecendo e ele faria de tudo para me ajudar.

- Pra onde nós estamos indo? – Eu perguntei, sem olhá-lo. Eu estava quase grudada com a porta, só para ficar mais longe dele.
- Surpresa. – Peter sorriu, me olhando. Percebi o olhar de Peter descer pelo meu corpo e senti um enorme nojo.
- Porque está fazendo isso? – Eu perguntei, sentindo meus olhos lacrimejarem. Eu disse com tanta raiva, que ele certamente não as percebeu.
- Eu gosto de você! Você sabe disso. – Peter respondeu sem o mínimo de romantismo.
- Você sabe que eu não gosto mais de você, Peter. Porque está fazendo isso? Porque está insistindo em algo que já acabou? – Eu olhei pra ele e percebi que ele não havia gostado do que eu havia dito. Mudou de marcha de forma brusca e aumentou a velocidade do carro.
- Talvez não tenha acabado. – Peter me olhou com um doce sorriso. Cara, ele gostava mesmo de mim. Não acredito.
- Nós podemos ser amigos. – Eu tive uma ideia instantânea. Era um jeito de acalmá-lo. – Peter, porque não podemos ser amigos? – Eu disse, vendo ele aumentar a velocidade do carro. Parece que ele não se acalmou.
- Eu quero você! não pode me tirar tudo! Você não pode gostar dele. Não pode. – Peter negou com a cabeça.
- Ok, ok. Eu entendi. – Eu disse, vendo o carro alcançar a velocidade de 100 km/h no painel do carro. – Você bebeu, Peter. Diminui a velocidade. – Eu pedi, começando a ficar nervosa.
- Eu não estou bêbado. – Peter me olhou e riu. – Se eu estivesse eu estaria a uma velocidade bem maior. – Peter aumentou ainda mais a velocidade. Chegou aos 140 km/h.
- PETER, DIMINUI! – Eu gritei, apertando uma das laterais do meu banco. Peter parecia não me ouvir. Ele chegou a 150 km/h. – PETER! DESACELERA! – Eu gritei novamente, sentindo o desespero tomar conta do meu corpo.


ainda nos seguia. Ele estava assustado com a velocidade do carro de Peter. sabia que Peter bebia e também sabia como aquilo poderia acabar. A cada minuto que ele achava que a velocidade do carro de Peter estava alta, ele se surpreendia ao ver Peter aumenta-la ainda mais.

- Caralho, ele está correndo muito. – falou sozinho. Havia um carro preto atrás de Peter, que acompanhava as suas insanidades. não sabia quem era e nem estava interessado em saber. – Droga. – disse, tirando seu celular com dificuldade do bolso, enquanto ainda seguia o carro de Peter. Ele ia ligar para o , que deveria estar preocupado com o meu sumiço, mas tinha medo de sua reação. Discou o número e ouviu o celular chamar por diversas vezes.

estava conversando com os jogadores do seu time, quando sentiu o seu celular tocar no bolso de sua calça. Ele olhou no visor do celular e viu o número de . Sorriu, satisfeito por finalmente estar dando um sinal de vida. Tinha quase certeza de que eu estava com ele.

- Eu vou atender. Já volto. – deu um tapinha no braço de um dos companheiros de time e saiu em direção a cozinha. Preferia atender lá por causa do barulho. Entrou na cozinha, que estava vazia. Seu celular estava em uma das mãos e ele olhou novamente pro visor. Aproximou o telefone do rosto com um quase sorriso no rosto. – Alô? Onde você está? – disse, olhando pra pia da cozinha que estava coberta de copos de plástico.
- , me escuta com ATENÇÃO! – foi direto ao assunto. percebeu que havia algo de errado só pelo tom de voz do amigo. A expressão de preocupação tomou conta de seu rosto. Não conseguiu dizer nada, apenas queria ouvir o que tinha a dizer. – O Peter está com a . – disse, sem tirar os olhos do carro de Peter. arqueou as sobrancelhas e ele já sentia a raiva tomar conta de seu corpo.
- O QUE? O QUE VOCÊ QUER DIZER? – deu alguns passos pela cozinha, encarando o chão.
- Eu vou trazê-la de volta. Eu prometo. – disse, tentando tranquilizar , mesmo sabendo que não funcionaria.
- Não, não. , espera.. – percebeu que ia terminar a ligação. – !? ? – começou a gritar histericamente com o telefone, que já demonstrava que a ligação havia acabado. - SEU FILHO DA MÃE! – olhou o visor do celular, vendo que a chamada realmente havia sido finalizada. Como pode dar uma noticia dessa e desligar?

não sabia o que pensar. Eu e ele havíamos brigado, mas ele sabia que eu não estava com Peter por vingança. Eu jamais faria isso. Isso não estava mais em cogitação. Peter havia me levado à força. Era isso! Ele tinha certeza!

Nada disso importa agora. Não importa como eu fui parar lá, mas sim que eu estava lá. Eu estava sozinha com o Peter. tinha que dar um jeito de me tirar de perto dele. não sossegaria, enquanto eu não estivesse ali ao lado dele de novo. Não que ele não confiasse na promessa de , mas era diferente quando a responsabilidade estava em suas mãos.

- Vamos, vamos. Atende... – sussurrava, enquanto escutava o celular de chamar dezenas de vezes. – Atende a porcaria do telefone! – falava sozinho, não sabendo se o que estava sentindo era raiva ou desespero. Talvez os dois. O celular continuava chamando e chamando. – DROGA! – desistiu, quase socando o balcão em que apoiou suas mãos. Ele ficou um tempo parado, pensando no que faria.


Peter havia diminuído a velocidade do carro, mais a velocidade ainda estava alta. Fazia tempo que eu não sentia tanto medo como eu estava sentindo naquele carro. Meu histórico com acidentes de carro não é pequeno. Só em pensar que eu poderia passar por tudo aquilo de novo eu ficava aterrorizada. tentou ultrapassar o carro preto por diversas vezes, mas nunca conseguia. O tal carro preto sempre impedia a sua passagem. Parecia que havia alguém dando cobertura pro Peter.

- Peter, me leva embora. Todos vão dar falta de mim na festa. Eu não conto que estive com você. Eu prometo que não conto. – Eu pedi, sentindo meus olhos lacrimejarem. Eu queria ir pra casa, eu queria sentir a sensação de estar protegida de novo. Antes que Peter me respondesse, o seu celular tocou. Observei ele pegar o seu celular e olhar o seu visor por um tempo. Aliás, muita burrice da minha parte deixar o meu celular em casa logo naquela noite.
- Fala, companheiro. – Peter disse, olhando pra estrada em sua frente. Parecia que havíamos saído da cidade ou estávamos em alguma estrada que ficava ali por perto. Eu olhei em um dos espelhos laterais e vi que o carro dos amigos do Peter ainda nos seguia. – Alguém está nos seguindo? – Peter olhou pra mim, demonstrando a sua desconfiança sobre a tal pessoa.

Ótimo! Agora sim estava tudo perdido! Tudo o que eu fiz até agora foi em vão! Eu tinha certeza que era o quem estava nos seguindo. Eu não sabia como ele soube onde estávamos, mas era ele. O que eu faço agora? Como eu vou impedir que ele seja machucado pelo Peter e seus amigos? Como eu protejo ele?

- Vamos parar e ver o que ele quer. – Peter disse, nem um pouco contente. Ele desligou o celular, irritado. Eu olhei pra ele, pensando em uma forma de fazê-lo não parar o carro. Ele não podia parar o carro.
- Não, não precisamos parar. – Eu pedi e ele me olho com cara feia.
- Algum palpite de quem seja o idiota que esteja nos seguindo? – Peter estava furioso. – Você está vendo. Eu não preciso ir atrás dele, ele vem atrás de mim. – Apesar da ironia, ele continuava sério.
- Deixa ele pra lá! Não para o carro, Peter! – Eu já estava entrando em desespero. Peter e os amigos não podiam bater no , muito menos em um lugar tão deserto como aquele. Não haveria ninguém para ajudar o . – Deixa ele seguir. Eu estou aqui, não estou? Quem se importa com o que está lá fora? – Eu estava usando todos os meus argumentos para impedi-lo de parar o carro.
- Ele já me irritou demais. Está na hora de eu resolver isso de uma vez por todas. – Peter disse em tom de ameaça.
- Não, não, não... – Eu comecei a dizer, pensando no que fazer. Peter me olhou com aquele sarcasmo repugnante. Ok, eu havia tido uma ideia, mas ela deveria ser a pior que eu já tive. Peter me olhou, prestes a me dizer algo desagradável, mas eu fui mais rápida. Me aproximei inesperadamente e selei os lábios dele. O beijo foi rápido, porque ele estava dirigindo. Eu não podia tirar muita atenção dele. Minha intenção era mostrar pra ele que nós deveríamos continuar aquilo e deixar pra lá.
Mesmo eu tendo descolado os nossos lábios, Peter ficou me olhando com cara de bobo. Eu deixei de olhá-lo, para ver se me odiava menos por ter feito aquilo. Quando olhei pra frente do carro, vi um animal passando pela estrada logo á frente.

- PETER, CUIDADO! – Eu gritei e ele olhou pra frente rapidamente, freando o carro. Os pneus cantaram de um jeito que eu nunca havia ouvido e se eu não estivesse com o cinto de segurança, teria voado pelo vidro da frente. Olhei para trás e vi que os outros 2 carros também haviam conseguido frear a tempo. Eu estava muito assustada. Eu quase havia sofrido o 3° acidente da minha vida. Olhei pro Peter, como quem dissesse ‘Você é maluco?’.
- VOCÊ ME ASSUSTOU! – Peter gritou, irritado.
- Você quase nos matou, seu idiota! – Eu gritei, sentindo minhas mãos tremerem.
- Você me fez perder a concentração. – Peter disse, menos irritado.
- Eu só queria que você não parasse o carro. – Eu passei uma das mãos pelo meu rosto e depois pelo meu cabelo, ainda sem acreditar que havíamos passado por aquilo.
- Bem, eu já parei. – Peter ergueu os ombros e sorriu. Ele olhou pra mim e depois desceu os olhos pelo meu corpo. Eu percebi o que ele estava olhando e voltei a sentir nojo. – Aliás, onde nós estávamos mesmo? – Peter se aproximou, tentando me beijar.
- Não, para. – Eu me afastei, colando o meu corpo na porta do carro.
- Qual é, vem aqui. – Peter se aproximou ainda mais e segurou o meu braço, me puxando pra perto dele.
- Peter, para com isso. – Eu tentei puxar o meu braço e não consegui.
- Eu sei que você ainda sente alguma coisa por mim. Eu sei.. – Peter segurou o meu rosto de frente pro dele. – Me dá mais uma chance. – Ele pediu com um olhar arrependido. Eu olhei pra ele e senti pena. Pena, aquele sentimento que tanto me assustava. – Diz que sim. – Ele se aproximou, me olhando nos olhos. Tentou me beijar mais uma vez e eu me esquivei e empurrei o seu rosto.
- Em outra época isso era tudo o que eu queria ouvir. – Eu disse, olhando pra ele de um modo sério. – As coisas mudaram. – Eu neguei com a cabeça. O braço dele ainda segurava o meu e sem que eu percebesse, ele se aproximou e selou os meus lábios a força.
- ME SOLTA! O QUE HÁ DE ERRADO COM VOCÊ? – Eu o empurrei, voltando a sentir nojo e ódio. – VOCÊ É NOJENTO! – Eu puxei o meu braço com força e consegui me desvencilhar das mãos dele e abri a porta do carro. A única coisa em que eu pensei era sair de perto dele.

Sai do carro, passando uma das mãos pela minha boca, tentando tirar aquele gosto, tentando desfazer aquele beijo, tentando fazer aquele nojo desaparecer. Dei alguns passos, sem saber o que fazer. Peter me olhou, furioso. Abriu a porta com força e andou em direção a mim.

- VOCÊ ME BEIJOU PRIMEIRO! – Peter gritou, irritado.
- Eu só queria que você deixasse o em paz. – Eu me virei para olhá-lo e gritei.
- Você faz tudo por esse imbecil, não é? – Peter negou com a cabeça, indignado.
- Porque você não desaparece da minha vida? Você terminou o namoro! Eu só segui em frente! – Eu gritava, impaciente.
- Eu me arrependi! Eu quero você de volta. – Peter voltou a se aproximar.
- Fica longe! – Eu estiquei os braços, demonstrando que era para ele não se aproximar.
- Só mais uma chance! – Peter pediu com uma expressão triste.
- NÃO-CHEGA-PERTO! – Eu gritei, colando a parte detrás do meu corpo no carro dele. Não tinha mais pra onde correr.
- Vamos tentar mais uma vez... – Peter chegou em minha frente. Eu olhei pra ele, sentindo o ódio se misturar com as lágrimas, que agora estavam em meus olhos. Ele estava me agarrando à força. Eu estava assustada.
- Sai de perto de mim, Peter. – Eu pedi com a voz trêmula, vendo que ele não parava de se aproximar.
- HEY! NÃO ESCUTOU O QUE ELA DISSE? – Uma voz disse. Peter me olhou e negou com a cabeça. Eu achava que havia reconhecido a voz, mas não tinha certeza. Não podia ser ele.
- VOCÊ? – Peter disse, depois de se virar para olhá-lo. Eu curvei o meu corpo para poder olhá-lo também. Era ele mesmo: . – Eu esperava o Jonas, talvez o irmão, mas o melhor amigo? – Peter riu. – Eu não esperava. – Deu alguns passos na direção do .


e eu nos olhamos quando ouvimos Peter dizer ‘Melhor amigo’. Aquelas palavras pareciam ecoar em nossas cabeças. Nossos olhares diziam tudo. Diziam o quanto aquilo ainda era real, mesmo eu não querendo que fosse. Nós ainda tínhamos aquela ligação que só os melhores amigos tem. Eu ainda me importava com ele. Me importava porque ele estava ali, me ajudando. Ele está fazendo o papel de . Ele estava tentando proteger a sua melhor amiga. Eu estava com medo de que ele tivesse que sofrer as consequências por mim, às consequências que provavelmente acabaria sofrendo.

- Deixa ela em paz. – olhou seriamente pro Peter.
- Eu nunca gostei de você sabia? Eu odiava ter que ficar ouvindo ela dizer como você era importante pra ela, que vocês eram melhores amigos e que nada e nem ninguém mudaria isso. Era muito chato. – Peter revirou os olhos. Eu e nos olhamos de novo. As lágrimas em meus olhos não eram mais culpa do Peter.
- Certo, você quer brincar de ser sincero? – sorriu falsamente. – Eu nunca gostei de você também. – deu alguns passos na direção de Peter. – Você sempre foi um pé no saco pra todo mundo. Você nunca tratou ela como ela deveria ser tratada. – O sorriso de aumentou, quando viu a raiva crescer em Peter. – E eu não vou citar o homossexualismo, porque não sou preconceituoso. – encarou Peter, que cerrou os olhos ao olhá-lo.
- Pense o que quiser de mim. Eu não ligo para o que você pensa e sim o que as garotas pensam. Elas sabem o quão homem eu sou, inclusive a sua amiguinha aqui. – Peter apontou a cabeça pra mim. o fuzilou com o olhar.
- Eu vou levar ela embora. AGORA! – avisou Peter. Era melhor ir embora dali para não fazer uma besteira.
- Pergunte a ela se ela quer ir. – Peter olhou pra mim. também me olhou, me chamando com a cabeça. Eu queria ir. Eu queria tanto ir! Mas eu não podia. Eu não queria que ninguém pagasse pela minha fraqueza. Olhei pro Peter e ele me olhava com aquele sorriso irônico.
- Vai embora, . – Eu disse, cruzando os braços. Estava morrendo de frio. A expressão de mudou. Ele não estava entendendo.
- Não. O que você está fazendo? – mantinha aquele olhar de perplexidade. – Vem logo! – disse em tom de ordem.
- ELA NÃO QUER IR! – Peter entrou na frente de , impedindo que ele continuasse me olhando.
- O QUE VOCÊ FEZ? – gritou, olhando pro Peter.
- O que eu fiz? Não fiz nada! Ela quer ficar. – Peter me olhou. – E com esse corpo, eu também não deixaria ela ir embora. – Peter deu uma risada escrota e eu o olhei com nojo. Abaixei um pouco mais o meu vestido.
- É melhor ter respeito, imbecil. – começou a perder a paciência que lhe restava.
- Ou o que? – Peter quase riu da cara de . Eu estremeci quando vi os dois amigos do Peter chegando por trás do . Eu olhei pra ele e neguei com a cabeça, querendo dizer que era pra ele parar de enfrentar o Peter. não entendeu o que eu estava querendo dizer.
- , vai embora! Por favor. – Eu pedi, implorei. Peter voltou a me olhar.
- Ele pode ficar. – Peter deu alguns passos na minha direção. – Eu não sou tímido, você sabe. Ele pode ver tudo se quiser. – Peter chegou em minha frente e virou-se para olhar e sorrir de forma sarcástica para .
- SAI DE PERTO DELA. – disse em tom de aviso, pronto para partir pra cima de Peter.
- Me obrigue! – Peter provocou e voltou a me olhar e a se aproximar. Ele queria que viesse pra cima. Eu olhava pra Peter com nojo, enquanto voltava a me recostar em seu carro.
- Para com isso, Peter. – Eu pedi, negando com a cabeça.
- PETER! – gritou, querendo fazer Peter parar. percebeu que eu não queria nada daquilo. Ele percebeu que Peter estava fazendo tudo á força. Quando Peter encostou suas mãos em minha cintura e sua boca beijou o meu pescoço, perdeu a paciência. – SEU FILHO DA MÃE...- deu alguns passos em direção do Peter para arrancá-lo de perto de mim a socos, mas seus braços foram brutalmente segurados. Os amigos de Peter estavam segurando . – ME SOLTEM! – gritou, furioso.

Eu escutei gritar e olhei pra ele rapidamente. Vi os dois garotos segurando ele pelos braços. Havia um de cada lado. Eles riam, enquanto tentava se soltar. O que eu mais temia, estava prestes a acontecer. Peter também olhou para e riu, totalmente satisfeito com o que estava acontecendo.

- PAREM! NÃO MACHUQUEM ELE! – Eu empurrei Peter e dei alguns passos.
- ME SOLTEM, SEUS FILHOS DA PUTA. – gritava e esperneava.
- Bem, acho que você já conheceu os meus amigos. – Peter deu alguns passos em direção ao .
- Eu vou acabar com você, Peter. – disse, respirando com dificuldade. Ele havia se cansado de tentar se soltar dos dois amigos do Peter.
- Então venha! VAMOS! – Peter fez sinal com as mãos, chamando . – OH, VOCÊ NÃO PODE! – Peter gargalhou.
- É melhor aumentar o seguro de vida, porque quando eu te pegar... – ameaçou, matando Peter com o olhar.
- Peter, deixa ele ir. – Eu pedi, entrando na frente de Peter. – Nós não precisamos dele! Você não precisa dele. DEIXA ELE IR! – Eu estava tremendo novamente. As lágrimas transbordavam pelos meus olhos. Eu estava em pânico.
- Eu não vou a lugar algum sem você! – gritou e eu olhei pra ele, querendo mata-lo.
- FICA FORA DISSO! Você não está ajudando! – Eu gritei, querendo que ele calasse a boca.
- NÃO, FICA FORA DISSO VOCÊ! DEIXA QUE EU RESOLVO! – voltou a gritar.
- Isso, . Deixa que os homens resolvem. – Peter se aproximou, alisando o meu rosto com uma das mãos. Deixou de me olhar e olhou pro . Deu mais alguns passos em direção a ele e eu fiquei mais atrás.
- Você quer brigar não quer? Então pede pra eles me soltarem. Vamos fazer isso direito. – sugeriu, tentando controlar a sua raiva.
- Nossa, está tentando dar uma de machão. Quem enganar quem? – Peter riu, se aproximando ainda mais de .
- Olhe pra você mesmo, Peter. Você precisa da ajuda de dois idiotas pra bater em mim. – também riu.
- Eu precisava de ajuda pra manter você longe, enquanto eu resolvo alguns problemas... – Peter voltou a olhar pra mim.
- Não, não, não. PETER! – gritou, vendo Peter voltar a vir em minha direção. – EU VOU ACABAR COM VOCÊ, SEU DESGRAÇADO! – ameaçou, tentando se soltar novamente das mãos gigantes dos amigos do Peter.
- Peter, para. – Eu disse, sentindo as lágrimas escorrerem pelos meus olhos, enquanto ele apertava a minha cintura e beijava o meu pescoço.
- PETER, EU ESTOU AVISANDO. SAI DE PERTO DELA! – gritou, entrando em desespero por me ver passar por aquilo e não poder fazer nada para impedir.
- Qual é, ! – Peter parou com os beijos para olhar . – Você sabe que os homens tem as suas necessidades. – Peter riu. Ele ainda apertava a minha cintura. Minhas mãos estavam apoiadas no carro. – Você sabe do que eu estou falando, né? – Peter voltou a me beijar.
- ME SOLTEM! – continuava tentando se ver livre dos amigos de Peter.
- É claro que você não sabe do que estou falando, não é? – Peter disse, depois de descolar seus lábios de meu pescoço novamente. – Quando foi sua última vez, hein? – Peter provocou e voltou com os beijos.
- PERGUNTE A SUA MÃE! – gritou, furioso. A frase dita pelo meu amigo fez Peter para imediatamente com os beijos. Ele me olhou, como quem dissesse ‘Seu amigo está ferrado’.
- Não, não! Peter, espera. – Eu disse, vendo ele soltar a minha cintura e virar-se de costa pra mim. – PETER! – Eu gritei mais alto e ele continuou me ignorando. Ele estava andando em direção ao .
- VEM, SEU COVARDE! – chamou Peter pra briga. Ele se esqueceu de que ele não poderia bater em Peter, porque seus braços ainda estavam sendo segurados.
- PETER, PARA! – Eu comecei a andar atrás dele, mesmo ele estando muito a frente de mim. Eu parei de andar no segundo que vi ele parar na frente de e lhe dar um soco muito forte no rosto. – NÃAAAAAAO! – Eu gritei, vendo a cabeça de baixa.
- FICA LONGE! – Peter olhou pra trás e me deu a ordem, antes que eu chegasse ao seu lado. Peter acertou a parte íntima de com o joelho, fazendo ele gemer de dor.
- PETER, POR FAVOR! NÃO MACHUCA ELE! – Eu implorei, sem conseguir me segurar.
- Soltem ele. – Peter ordenou e os seus dois amigos soltaram , que caiu no chão se contorcendo de dor. Ele não se levantaria tão cedo. Saí correndo em direção a eles e quando cheguei perto, puxei Peter pela camiseta.
- SOU EU QUEM VOCÊ QUER, NÃO É? VOCÊ QUER DORMIR COMIGO, CERTO? – Eu gritei, passando as mãos pelo meu rosto para secar as lágrimas. – EU VOU ATENDER O SEU PEDIDO! EU PROMETO! – Eu disse, sem ao menos respirar. Peter acompanhava tudo o que eu dizia, interessado. – Mas deixa ele em paz. Não machuca mais ele. Eu estou te implorando. – Eu tentei dizer a frase sem chorar, mas é claro que eu não consegui. O medo e a vontade de proteger o meu amigo era maior que qualquer coisa dentro de mim.
- Não... – Ouvi a voz fraca de dizer. – Não faz isso. Não precisa fazer isso. – estava se esforçando para dizer aquilo em meio as dores que sentia.
- CALA A BOCA, IMBECIL. – Peter virou-se e chutou , dessa vez no estômago. O gemido de dor de foi ainda maior. Tudo o que eu mais queria era me abaixar e ajuda-lo, tirá-lo dali, mas eu sabia que não adiantaria. Eu tinha um plano. Um plano arriscado, mas eu arriscaria qualquer coisa por ele.


continuava mais aflito do que nunca, sem saber pra onde ir, onde procurar, a quem pedir ajuda. Ele tentava pensar em um plano. Qualquer plano seria bom e funcionaria diante de todo aquele seu desespero. Saiu rapidamente da cozinha, empurrando a porta da forma mais bruta que já se viu. Olhou para os lados e viu os jogadores e amigos do Peter. sabia exatamente o que tinha que fazer.

- Sai, sai da frente. – foi empurrando todo mundo sem o mínimo de educação. Os amigos de Peter riam e brincavam em uma rodinha. Havia uns 5 deles. se aproximou deles e pegou o primeiro que apareceu na sua frente pelo colarinho, colocando-o contra a parede.
- Ei, ei! O que há de errado? – O garoto perguntou, assustado.
- CADÊ ELE? – gritou, encarando o garoto.
- ELE QUEM? EU NÃO SEI DE QUEM VOCÊ ESTÁ FALANDO! – O garoto gritou, demonstrando desespero. Não sabia o que estava acontecendo.
- O SEU CAPITÃOZINHO DE MERDA. CADÊ ELE!? – voltou a gritar, furioso. – CADÊ O PETER? – voltou a perguntar, desencostando o garoto da parede e voltando a encostá-lo, dessa vez com mais força do que antes.
- EU NÃO SEI! EU NÃO SEI, CARA! – O garoto estava quase chorando. – ELE ESTAVA AQUI AGORA MESMO! EU NÃO SEI PRA ONDE ELE FOI! – percebeu que o garoto dizia a verdade.
- VOCÊ TEM O NÚMERO DO CELULAR DELE? – gritou, diminuindo a intensidade da sua força.
- EU TENHO! PEGA AQUI NO MEU CELULAR. LEVA ELE EMBORA SE VOCÊ QUISER, MAS NÃO ME MACHUCA, CARA! – O garoto estendeu o celular pro . Ele o observou e percebeu que o garoto estava extremamente assustado. Negou com a cabeça, pensando que só um amigo do Peter poderia agir daquele jeito.

procurou o nome de Peter no celular do tal garoto. A festa inteira havia parado para observar a possível briga. achou o número de Peter e digitou ele em seu celular. voltou a olhar para o garoto assustado em sua frente. O garoto fechou os olhos e ergueu as mãos, mostrando-se inocente. revirou os olhos e bateu o celular com força no peitoral do garoto. O amigo de Peter pegou o seu celular e viu se afastar. Ele estava indo para a cozinha, precisava de silêncio para fazer aquela ligação.


- EU VOU FAZER O QUE VOCÊ QUER, PETER. VAMOS SAIR DAQUI, MAS DEIXE ELE FORA DISSO. – Eu continuava passando as mãos trêmulas pelo meu rosto para enxugar as lágrimas que não paravam de escorrer.
- Já que você insiste, não é? – Peter riu, olhando novamente para todo o meu corpo. Antes que ele se aproximasse, ouvimos o seu celular tocar. – Espera, vou só atender. – Peter pegou o celular nas mãos e observou a tela por um tempo, tentando se lembrar do número que estava ali.
- Alô? – Peter disse, sem fazer ideia de quem era a pessoa do outro lado da linha. ouviu a voz de Peter e ficou maluco.
- CADÊ ELA? – gritou com a sua voz grossa. Peter me olhou e sorriu.
- Pelo telefone, Jonas? Eu esperava que você viesse até aqui. Estou desapontado. – Peter disse, sarcástico. Quando ouvi ele dizer o sobrenome de , eu senti ainda mais medo. Ele não podia dizer ao onde estávamos. já estava quase desacordado no chão, não poderia aparecer ali agora.
- EU VOU ACABAR COM VOCÊ! – estava fora de si. – VOCÊ ESTÁ FERRADO, PETER. – gritou em tom de ameaça. Mesmo estando há alguns passos de Peter, eu conseguia ouvir a voz de pelo telefone.
- Você ligou pra me ameaçar? Está brincando? – Peter fez cara de tédio.
- CADÊ ELA? EU QUERO FALAR COM ELA. – precisava ouvir a minha voz e saber que estava tudo bem.
- Ela está aqui. Ela e o seu vestido curtíssimo. – Peter riu, voltando a me olhar. Eu segurava o choro. Eu não queria irritar Peter.
- SEU FILHO DA PUTA... – negou com a cabeça, sem conseguir se controlar. Respirou, sabendo que daquele jeito que estava agindo não conseguiria resolver nada. – EU ESTOU TE AVISANDO, PETER. – estava se esforçando muito para parecer mais calmo.
- Sabe qual o seu problema, Jonas? Você fala muito! Você avisa, você ameaça, mas porquê você não está aqui? Porque não veio salvar a princesa em apuros? – Peter provocou ainda mais.
- ME FALA ONDE VOCÊS ESTÃO. EU VOU! – nunca teve medo de Peter, não era agora que teria.
- Eu não sei se dá agora. Estou um pouco ocupado. – Peter voltou a me olhar daquele jeito safado.
- FODA-SE! EU QUERO ELA AQUI, PETER. TRAGA ELA AQUI AGORA! – havia entendido o que Peter quis dizer.
- Eu acho que ela não quer ir. – Peter disse e eu afirmei com a cabeça. Era exatamente o que eu queria. Eu queria que ficasse longe, eu queria protege-lo de qualquer coisa que pudesse machuca-lo. – As coisas não são como você está pensando. Eu não a trouxe a força, foi escolha dela. – Peter avisou, sabendo que aquilo poderia afetar de vez.
- O que? – ficou tão transtornado, que nem conseguiu gritar com a raiva de antes. – Mas... – encarava o chão da cozinha, pensativo. – Não, eu não acredito. Você fez alguma coisa... – concluiu. – O QUE VOCÊ FEZ, PETER? – Ele voltou a gritar.
- Eu? Já disse que não fiz nada! Vou te provar... – Peter tirou o telefone da orelha e o entregou em minha mão. Agora, o celular estava no viva-voz. Peter queria ouvir tudo que eu e conversaríamos. – Diga a ele. – Peter disse, quase sem emitir som. Eu faria qualquer coisa que ele pedisse, porque agora queríamos a mesma coisa: manter longe.
- ? – Eu disse, depois de aproximar o celular da minha boca.
- ! – gritou de forma espontânea. – ONDE VOCÊ ESTÁ? VOCÊ ESTÁ BEM? – perguntou tudo muito rápido. Olhei pro Peter e ele sorriu pra mim e arqueou a sobrancelha, como quem dissesse ‘Você é quem sabe...’.
- Eu, eu.. estou bem. Estou ótima. – Eu tentei disfarçar a minha voz de choro. se surpreendeu com a minha voz calma.
- Onde você está? Eu vou buscar você. – disse, mais calmo.
- Não. – Eu respondi, séria. Peter quase riu. – Não precisa. – Eu tentei demonstrar segurança.
- Não precisa? Como não precisa? – fez cara e voz de indignação.
- Eu... – Eu fechei os olhos para dizer. – Eu não quero que você venha aqui, . Eu não preciso da sua ajuda, ok? – Eu disse, me sentindo péssima. Era difícil, mas era o certo a se fazer.
- Mas.. – ia tentar argumentar, mas eu o interrompi.
- Tchau, . – Eu disse, olhando pra Peter com todo ódio do mundo. Passei o telefone pra ele, que sorria de forma satisfeita. As lágrimas continuavam nos meus olhos, ainda mais depois do que eu havia acabado de fazer.
- Ok, agora que você viu que ela quer ficar aqui por vontade própria, vai parar de me encher o saco, né? – Peter revirou os olhos. – Você sabe, nós temos... coisas para fazer. – Peter disse de propósito, para provocar ainda mais o .
- Peter, eu juro por Deus que se você encostar nela, eu mesmo vou arrancar os seus dedos com a faca de carne da minha mãe. – disse da forma mais ameaçadora do mundo. – UM POR UM. Você está me entendendo? – perguntou e Peter não respondeu. – VOCÊ ESTÁ ESCUTANDO, SEU DESGRAÇADO? – gritou, impaciente.
- Tchau, . – Peter desligou, depois de sorrir pra mim.

ouviu que Peter havia finalizado a ligação e o tirou de sua orelha. Observou a tela por poucos segundos e negou com a cabeça, prestes a explodir de tanta raiva. jogou o celular sobre o balcão e respirou longamente, tentando acalmar a si mesmo. Suas mãos foram até a sua cabeça e seus dedos se entrelaçaram entre seus fios de cabelo. Ele sabia que havia algo errado. Certo, nós havíamos brigado da última vez que nos vimos, mas isso não me faria sair em uma fuga de vingança com o Peter. sempre soube o meu desprezo por Peter. Não importa o que foi dito, ele sabia que o que eu disse não era o que eu realmente queria dizer.

- Onde nós estávamos mesmo? – Peter cerrou os olhos, achando que parecia sexy. Olhei discretamente pra . Ele ainda estava caído no chão e ainda gemia de dor. Os dois caras ainda estavam ao seu lado e conversavam sobre algo que eu não fazia ideia. Hora de colocar o meu plano em prática. Engoli o choro no mesmo instante.
- Nós estávamos falando sobre sair daqui e ir para um lugar mais... confortável. – Eu consegui dar o sorriso que eu queria.
- É, era quase isso. – Peter grudou novamente suas mãos em minha cintura. Dessa vez, minhas mãos descolaram do carro em que eu estava apoiada e foram até os braços de Peter.
- Mas, sabe o que é? – Eu subi uma das minhas mãos pelos braços e cheguei em seu rosto. – Você não pode contar pra ninguém. – Eu quase ri e ele não tirava os olhos dos meus lábios.
- Eu faço qualquer coisa que você pedir, princesa. – Peter riu por poucos segundos, sem deixar de olhar meus olhos.
- Bem, eu... – Eu me esforcei ao máximo para controlar a ânsia que eu sentia naquele momento. Me aproximei um pouco mais do rosto dele. – Eu sempre tive essa fantasia de ... – Eu hesitei dizer, simplesmente porque só a palavra me faria vomitar por 1 semana. – Você sabe... em um carro. – Eu apontei a minha cabeça para o carro de Peter, ao qual eu ainda estava apoiada. Peter olhou para o seu carro e depois pra mim.
- Vai ser um prazer realizar essa sua fantasia. – Peter se aproximou, pretendendo me beijar. Eu consegui me esquivar.
- Espera, espera. – Eu pedi, ainda grudada ao corpo dele.
- O que foi? – Peter me olhou com aquele olhar impaciente.
- Esses caras tem que ficar mesmo aqui? – Eu disse, apontando a cabeça para os amigos dele. Ele virou-se para olhá-los.
- Qual o problema? – Peter não havia entendido o que eu realmente queria.
- Você sabe que eu sou tímida. Eu não me sentiria confortável em fazendo isso com esses caras nos olhando. – Eu fiz careta.
- Eles não vão olhar nada. Não dá pra ver dentro do carro. – Peter tentou me convencer.
- Mesmo assim. – Eu fingi estar decepcionada. – Fica pra outra vez. – Eu tirei as minhas mãos, que ainda estava em seu rosto e me afastei um pouco nossos corpos.
- Não, não, não. Ok! Eles vão embora. – Peter voltou a colar nossos corpos. – Eu vou resolver isso. Um minuto. – Peter piscou pra mim e saiu andando em direção aos amigos.

O plano parecia estar saindo como o planejado. Peter estava falando com os amigos e eles afirmavam com a cabeça, como se estivessem entendendo tudo o que Peter estava dizendo. Os amigos de Peter viraram-se de costas e foram em direção aos seus carros. Peter os observou saírem com o carro. Eu sorri, satisfeita. Olhei e mesmo de longe ele parecia quase desacordado. O soco que havia levado no rosto e o chute no estômago haviam sido muito fortes. Peter virou-se para mim novamente. Eu escondi a minha preocupação com e forcei um sorriso. Ele começou a andar em minha direção e eu comecei a me preparar para finalizar o plano.

- Então, onde estávamos? – Peter sorriu e voltou a colar nosso corpos. Suas mãos estavam em minha cintura e seus lábios beijavam loucamente o meu pescoço. Eu aproveitava que ele não estava olhando e revirava os olhos e fazia careta.
- Espera. – Eu pedi e o empurrei um pouco pra trás.
- O que foi agora? – Peter suspirou longamente, impaciente.
- Eu tenho que te falar uma coisa. – Eu disse e ele revirou rapidamente os olhos.
- Não pode ser depois? – Peter me olhou com desgosto.
- Não. – Eu afirmei e ele concordou com a cabeça.
- Fala. Vai em frente. – Peter não parecia nada satisfeito. Nós ainda estávamos próximos, bem próximos, mas nossos corpos não estavam mais colados.
- Eu quero te agradecer. – Eu sorri, para convencê-lo que se tratava de algo bom.
- Pelo que? – Peter também sorriu.
- Por ter terminado comigo. – Eu ainda sorria, mas com um certo sarcasmo. – Se você não tivesse feito aquilo, talvez eu não teria sido capaz de fazer. Se não fosse por você, eu ainda estaria cometendo o maior erro da minha vida, que foi ficar com você. Eu nunca vou conseguir ser grata o suficiente por isso. – Eu disse e o sorriso de Peter se desfez.
- Isso é algum tipo de piada? – Peter perguntou, arqueando a sobrancelha.
- Na verdade, a piada é você achar que eu deixaria o por você. – Eu segurei a risada. – A piada, Peter, é você achar que em algum dia passou pela minha cabeça a ideia de dormir com você. – Não havia mais lágrimas em meus olhos, que estavam fixos nos olhos dele.
- Mas você disse. – Peter não estava entendendo.
- É, eu menti. – Eu observei seus olhos se fecharem um pouco, me olhando de forma ameaçadora.
- Então você estava mentindo até agora? – Peter finalmente havia entendido o meu plano. Ele já estava ficando revoltado.
- Você realmente achava que eu queria beijar você? . – Eu ri por poucos segundos. – Qual é, eu estava quase vomitando. – Eu revirei os olhos.
- Isso não é verdade... – Peter não queria acreditar.
- E sabe do que mais? Eu sinceramente achei que eu havia te amado algum dia, mas agora eu sei que não amei. – Eu neguei com a cabeça, ainda sorrindo. – Você apenas preparou o terreno pro , querido. – Eu levei uma das minhas mãos até o rosto dele e dei alguns leves tapinhas em uma de suas bochechas. Ele tirou a minha mão de lá, furioso.
- Eu vou acabar com ele. Você sabe, não é? – Peter sorriu, sem mostrar os dentes.
- Faça! Seja o covarde que você sempre foi. – Eu deixei o sorriso de lado. – Mostre pra todo mundo que você morre de medo do e por isso precisa de ajuda pra bater nele, assim como precisou com o . – Eu disse, acabando com ele.
- Já acabou com o discurso, vadia? – Peter me encarava com raiva. Escutar ele me chamando de vadia foi o que precisou para eu terminar com aquilo naquele minuto.
- Na verdade não. – Eu voltei a sorrir de um jeito falso. Levantei um dos meus braços, fechei a mão e acertei o seu rosto com toda a força que eu consegui. Ele não esperava.
- AI! VOCÊ É MALUCA? – Peter me olhou com uma das mãos em cima do local onde eu havia dado o soco.
- Esse foi pelo . – Eu disse com aquele sorriso de superioridade. Levantei o meu outro braço, fechei novamente a mão e dei mais um soco do outro lado do rosto dele. – Esse é pelo meu melhor amigo. – Eu mantinha o sorriso maléfico no rosto. Peter abaixou o rosto, colocando as duas mãos no rosto.
- AI, DROGA! – Peter gemeu, arqueando um pouco o seu corpo pra frente. Segurei seus ombros com as minhas mãos e levantei uma das minhas pernas, acertando em cheio o meu joelho em suas partes íntimas. – Ai.. – Peter gemeu, colocando as duas mãos no local onde eu havia acertado.
- E isso é por mim. – Eu sorri, vitoriosa. Ajeitei o meu vestido, abaixando-o um pouco. Peter continuou com as mãos nas partes íntimas com o seu corpo arqueado pra frente. Eu também arqueei o meu corpo, deixando meu rosto de frente pro dele. – Eu sou a vadia mais perigosa que você já conheceu, não é? – Eu ironizei e ele levantou o rosto pra me olhar. Ele estava vermelho. Devia estar doendo muito. Aproximei uma das minhas mãos do rosto dele e estiquei o meu dedo indicador, colando ele na testa de Peter. Empurrei com o dedo e Peter desabou no chão. – Ops.. – Eu quase ri. Peter começou a se contorcer no chão.

Eu me lembrei do e olhei pra ele um pouco mais séria. Ele ainda estava caído no mesmo lugar. Eu precisava ajuda-lo, saber como ele estava. Passei por cima de Peter e andei o mais rápido que eu consegui até o . Me ajoelhei em sua frente, tocando seu rosto com as minhas duas mãos. Coloquei a cabeça dele em meu colo, pois seu nariz estava sangrando. Se eu não levantasse um pouco a sua cabeça, o sangramento não pararia nunca.

- ? – Eu o chamei e ele abriu os olhos no mesmo instante. Seus olhos demonstravam que ele estava meio zonzo e fraco. sorriu quando me viu.
- Você disse... – Ele disse com a voz um pouco fraca e trêmula.
- O que? – Eu arqueei a sobrancelha, sem entender do que ele estava falando.
- Você disse ‘melhor amigo’. – continuava sorrindo o máximo que conseguia. Minha expressão mudou. Eu não queria que ele tivesse escutado. Eu não queria que ele soubesse o quanto ele ainda significava pra mim.
- Acho que você ainda está delirando. – Eu neguei com a cabeça, desviando o meu olhar. – Eu preciso de uma toalha pra limpar todo esse sangue. Deve ter no carro. – Eu demonstrarei que me afastaria e ele agarrou o meu braço. Eu olhei pra ele, não entendendo o que ele estava fazendo.
- Não, espere. – pediu, se esforçando para colocar uma das mãos em seu bolso. Eu só conseguia pensar que ele não podia se esforçar daquele jeito.
- Não, não. Não se esforça. Você está fraco. – Eu dei uma bronca, demonstrando uma expressão séria.
- Isso. – Ele disse, tirando a mão do bolso. Ali estava a nossa corrente da amizade. Eu vi a corrente em sua mão e depois olhei pra ele, querendo saber o que diabos aquilo estava fazendo com ele. Só depois me lembrei que havia pedido pro devolver pra ele. Olhei novamente para a corrente em sua mão e ele a trouxe pra perto de seu peito. – Isso é seu. – disse, me fazendo olhar pro seu rosto novamente. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e as lágrimas que eu segurava até agora, encheram os meus olhos. – Pegue. – Ele pediu. Olhei a corrente em sua mão e depois voltei a olhá-lo e neguei com a cabeça, demonstrando que eu não aceitaria de volta.
- Não, eu não posso. Isso não é mais meu. – Eu disse com a voz trêmula por causa do choro. Eu ainda ouvia Peter gemer lá atrás, mas eu não estava nem me importando.
- É sua. Sempre foi sua. Sempre... vai ser sua. – disse, deixando algumas poucas lágrimas escorrerem pelo seu rosto. – Pegue, por favor. – Ele voltou a pedir, segurando a minha mão, abrindo-a e colocando a corrente de amizade sobre ela. Eu voltei a negar com a cabeça, sentindo as lágrimas também escorrerem pelos meus olhos.
- Eu.. peguei. – Eu sorri sem mostrar os dentes, depois de fechar a minha mão. Eu levei uma das mãos até o meu rosto para secar as lágrimas e respirei fundo. – Agora fique quieto, você não pode se esforçar. – Eu pedi, fingindo que nada havia acontecido.
- Nós temos que sair daqui, antes que ele levante. – apontou a cabeça pro Peter.
- Consegue levantar? – Eu perguntei, tendo certeza que não.
- Eu acho que sim. – tirou a cabeça do meu colo e eu me levantei para ajuda-lo a levantar.
- Vem, eu te ajudo. – Eu estendi a minha mão e ele a olhou.
- Claro, como se isso fosse o suficiente pra me ajudar. – riu, negando com a cabeça.
- Vem logo. – Eu disse, irritada. Me abaixei e passei seu braço em torno do meu pescoço e o puxei pra cima. Ele conseguiu se levantar com dificuldade.
- Pra onde você está me levando? – perguntou, enquanto eu arrastava ele em direção ao seu carro. Seu braço ainda estava em torno do meu pescoço.
- Pra casa. – Eu disse, parando em frente ao carro dele. O carro estava aberto. Ele havia saído tão rápido do carro, que até se esqueceu de trancar. Abri a porta do passageiro e o coloquei sentado no banco. Dei a volta rapidamente no carro e me sentei no banco do motorista.
- O que você acha que vai fazer? – virou o seu rosto para me olhar.
- Me dá a chave. – Eu estendi a mão.
- Não. – negou com a cabeça.
- Sério? – Eu olhei pra ele e revirei os olhos.
- É o carro dos meus pais! – tentou se justificar.
- DÁ A CHAVE! – Eu pedi e ele colocou a mão no bolso, sabendo que não me convenceria a nada.
- Aqui. – Ele colocou a chave em minha mão e eu a peguei. Liguei o carro e comecei a dirigir de volta para a cidade. – Se alguma coisa acontecer alguma coisa com o carro, prometa que vai me deixar morrer. – disse, apenas para me irritar.
- Cala a boca. – Eu revirei os olhos. – Não tem nada pra você colocar no nariz pra estancar o sangramento? – Eu perguntei, depois de olhá-lo e ver que o seu nariz ainda sangrava muito.
- Tem papel higiênico aqui. – pegou o papel no porta luvas e tirou um pedaço, colocando no seu nariz.
- Alguma coisa está doendo? – Eu perguntei, preocupada.
- Ele chutou o meu saco, o que você acha? – disse, olhando pra cima. Ele estava fazendo isso para o sangramento parar.
- Você não deveria ter vindo. – Eu resmunguei, negando com a cabeça.
- É claro que eu deveria. – respondeu.
- Para que? Pelo menos eu não estaria me sentindo culpada agora. – Eu respondi, olhando pra estrada em minha frente.
- Não foi culpa sua. Nada teria me impedido de ir atrás de você. – abaixou a cabeça e virou-se para me olhar.
- Você não tinha nada que bancar o herói. – Eu continuei sem olhá-lo.
- Coloca uma coisa na sua cabeça: você é a minha amiga, minha melhor amiga. Eu faço tudo por você. Eu sempre vou proteger você. – ainda me olhava. Eu também olhei pra ele, sentindo meus olhos arderem novamente. Eu fiquei em silêncio por um tempo. Eu não podia lidar com aquele assunto agora.
- Você falou com o ? – Eu perguntei, imaginando que a aquela altura já havia colocado o FBI atrás de mim.
- Eu falei. Ele deve estar querendo me matar agora. – arqueou o corpo para pegar o celular em um dos buracos que havia no painel do carro.
- Por quê? – Eu não entendi o que ele quis dizer.
- Eu não sei, mas talvez seja por causa das 40 ligações perdidas dele no meu celular. – me mostrou a tela de seu celular.
- É, faz meio que sentido. – Eu dei uma rápida risada e neguei com a cabeça. – Eu vou mandar uma mensagem de texto falando pra ele me esperar na minha casa. – explicou, enquanto digitava. – Assim, talvez ele tenha piedade de mim ao me ver todo ferrado assim. – Ele disse, me fazendo ter que segurar a risada.

ainda estava na festa, quando recebeu a mensagem de texto de . Estava em frente a casa, onde a festa acontecia. Se Peter ou voltassem pra festa, ele queria ser o primeiro a saber. Quando recebeu a mensagem, pegou o seu carro e foi imediatamente pra casa de . Chegou lá antes mesmo de eu e . não sabia o que esperar. Ele não tinha notícia alguma. Não sabia nem se eu estava com ou não. Ele só precisava de notícias. Sentou-se na calçada em frente a casa de . O carro não estava na garagem, portanto ele sabia que não havia chego ainda.

Entramos na rua da casa de e eu já vi o carro de . Procurei por ele com os olhos e demorei para vê-lo sentado na calçada. Só ao vê-lo, eu já senti uma paz. Uma paz que só ele conseguia me trazer. estava ali, nada ruim poderia me acontecer. Meu coração se acalmou, mesmo sem saber se ele me perdoaria por ter feito essa loucura por ele.

Estacionei o carro do outro lado da calçada. , que encarava o chão, levantou a cabeça e viu o carro de há alguns passos à frente. Ele se levantou rapidamente e observou o carro, sem coragem de se aproximar. Tinha medo de que alguma notícia ruim estivesse a caminho. Viu pela janela da porta do passageiro, ele nem se movia. A expressão de ficou ainda mais séria. Franziu a sua testa, sem entender o que estava acontecendo.

Eu abri a minha porta com os olhos cheios de lágrimas. Dei alguns passos e parei em frente a lateral do capô do carro e me virei para olhar pro . Agora ele conseguia me ver. Mesmo de longe, consegui ver o sorriso aliviado surgir em seu rosto. Ficamos alguns segundos nos observando. Não aguentei por tanto tempo. Dei mais alguns passos em direção a ele e cada vez que eu ia chegando mais perto, a velocidade dos meus passos aumentavam. continuava parado, esperando que eu chegasse até ele. Cheguei em sua frente e o abracei.

O abraço foi tão forte. Transmitia o meu medo e alívio por finalmente estar nos braços dele novamente. percebeu que havia algo errado. Me apertou ainda mais com seus braços. Abaixei um pouco a cabeça e beijei o seu ombro, enquanto diversas lágrimas escorriam pelo meu rosto e acabam ficando em sua jaqueta. subiu uma das mãos pelas minhas costas e chegou em meu cabelo, entrelaçando seus dedos nele. Beijou a parte detrás da minha cabeça de forma carinhosa, sabendo que aquilo me acalmaria.

- Tudo bem. Eu estou aqui agora. – sussurrou da forma mais calma do mundo. Eu não conseguia parar de abraça-lo. Era tão bom ali. – Tudo bem. – afastou nossos corpos, pois queria olhar em meu rosto. Viu todas as lágrimas que haviam ali e sentiu seu coração pesar.
- Eu estava com tanto medo. – Eu disse e ele colocou as mãos em meu rosto, secando as lágrimas existentes em cada lado do eu rosto.
- Eu sei, eu sei. Me desculpa por não estar lá para proteger você. – negou com a cabeça, olhando em meus olhos.
- Tudo o que importa é que você está aqui agora. – Eu tentei sorrir e os olhos dele abaixaram para ver aquele sorriso. Ele se aproximou, selando meus lábios, enquanto uma de suas mãos deslizava os dedos pelos fios de cabelo que estavam próximos de meu rosto.
- Hey, eu não quero incomodar vocês, mas eu estou morrendo aqui. – resmungou, abrindo a porta do carro com dificuldade. Eu e descolamos nossos lábios no mesmo instante e olhamos pro .
- O que aconteceu? – perguntou, vendo que o amigo estava mesmo machucado.
- O ‘Eu estou morrendo aqui’ não foi suficiente? – ainda tinha dificuldade para sair do carro sozinho.
- Vamos ajudá-lo. – Eu disse, deixando as minhas emoções para outra hora. Eu tinha que ajudar o agora. Eu e afastamos nossos corpos e fomos juntos até o carro.
- Ai, cuidado. – resmungou, quando o levantou rapidamente.
- Desculpa. – fez careta. – Vem. – colocou o braço do amigo em torno do pescoço e foi levando em direção a porta de sua casa. Eu tranquei o carro e fui logo atrás deles. – Seus pais estão em casa? – perguntou, antes de tentar abrir a porta.
- Não, pode entrar. A chave está aqui. – mostrou a chave e a pegou, colocando-a na fechadura da porta e abrindo-a.
- Coloca ele no sofá. – Eu pedi ao , fechando a porta da casa de . – Tem uma maleta de primeiros-socorros por aqui? – Eu perguntei, depois de ver que já havia colocado ele no sofá.
- Na última gaveta do banheiro. – respondeu, sem me olhar. Eu andei rapidamente até o banheiro e abri a última gaveta, pegando a pequena maleta que havia lá. Voltei correndo pra sala e voltei para o lado do .
- Ok, o seu nariz parou de sangrar, mas a sua sobrancelha está um pouco cortada. Eu vou ter que fazer o curativo. – Eu avisei, fazendo careta.
- Vai doer, eu já sei. – suspirou. – Vai em frente. – Ele autorizou. Eu levantei a sua cabeça e me sentei no sofá, colocando sua cabeça em meu colo.
- Pronto? – Eu perguntei, antes de passar qualquer remédio em seu corte, o que provavelmente arderia muito.
- Me dá a sua mão, . – estendeu o braço, olhando pro amigo.
- Que dá a mão o que! – sorriu de forma irônica.
- DÁ LOGO A MÃO! – gritou e bufou, negando com a cabeça.
- Ta bom, ta bom! – cedeu, demonstrando estar insatisfeito. – Mulherzinha.. – resmungou, segurando a mão do amigo.

fechou os olhos, fazendo cara de dor. Eu fiz careta, por ter que fazê-lo passar por isso, mas era necessário. Eu passei o medicamento em um algodão e fui me aproximando lentamente do local do corte. me observava, esperando apertar a sua mão a qualquer momento. Eu cheguei no local do corte e passei o algodão delicadamente, enquanto assoprava para que não ardesse tanto.

- AI, AI, AI, AIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII! – gritou, fechando os olhos com ainda mais força. Olhei pro , ele fazia careta. estava quase quebrando os seus dedos de tanto que estava apertando-os.
- Calma, calma. Eu estou acabando. – Eu disse com pena de . Coitadinho! Peguei o curativo e coloquei sobre o corte. – Pronto. – Eu sorri, vendo ele voltar a abrir os olhos.
- O Peter não tem noção do quanto ele está ferrado! – queria fazer Peter pagar pela dor que estava passando.
- O que aconteceu com você? Desde quando você apanha do Peter? – soltou a mão de , enquanto perguntava pra ele.
- Com certeza não tem nada a ver com os dois amigos gigantes dele que me seguraram, enquanto ele acabava comigo. – disse, irônico. Ele se sentou no sofá, quase de frente pro .
- E porque você não me chamou pra ajudar? – começou a dar a bronca.
- Oh, me desculpe se eu estava ocupado demais apanhando. – ironizou.
- Tem noção do quanto eu fiquei preocupado? Você liga, me fala aquilo e desliga? Qual o seu problema? – demonstrou-se irritado.
- O Peter estava com ela, . Você acha que eu estava pensando direito? – arqueou a sobrancelha. – A única coisa que eu conseguia pensar era que eu tinha que tirá-la de lá. Eu tinha que levá-la pra longe dele. – Ele continuou explicando. – Eu dava conta do Peter, mas eu não esperava pelos amigos dele. – negou com a cabeça.
- Esse é um problema meu e dele. Eu é quem tenho que resolver. Eu devia estar lá e não você. – suspirou, irritado.
- Não era pra nenhum de vocês estarem lá. – Eu disse, sem olhá-los. Percebi que me olhou com aquele olhar ameaçador.
- Claro! Com certeza eu deixaria você sozinha com o Peter. – disse de forma irônica.
- Vocês não percebem que eu sou o problema? Que é por causa de mim que o Peter vem infernizando a vida de todo mundo? – Eu perguntei retoricamente. Os dois me olharam demonstrando não concordar. – É tudo a minha culpa! – Eu elevei um pouco o volume da voz. – E vocês, idiotas, não me deixam resolver. – Eu me levantei do sofá, furiosa. Eu me sentia culpada por tudo aquilo que vinha acontecendo e eu me sentia mal por não conseguir concertar aquilo.
- O que você queria que eu faça? – riu, querendo dizer que aquela era a sua única opção.
- Eu quero que vocês parem de bancar os heróis. – Eu me virei para olhá-los. – Não há nenhuma princesa em apuros pra vocês salvarem aqui. – Eu voltei a me virar de costas pra ele, andei em direção a porta sai por ela, irritada.

Não é que eu seja ingrata. Não me entenda mal. Eu não quero a ajuda de ninguém, se alguém que eu amo tiver que se machucar. Se qualquer um deles se machucarem por minha causa, vai doar 10 vezes mais em mim. Eu me sentia tão culpada pelo , que eu sentia raiva dele e de mim mesma. Eu devia ter evitado aquilo de alguma forma.

- Eu não sei mais o que é certo. – negou com a cabeça. – Se eu tento ajudar, eu estou errado. Se eu deixo de contar uma coisa pra ela, eu sou o pior amigo do mundo. – riu da sua própria desgraça.
- Eu vou falar com ela. – suspirou longamente. – Não saia daqui. – deu a ordem ao .
- Muito engraçado. – deu um sorriso sarcástico. É óbvio que ele não sairia dali. Ele mal conseguia andar direito. riu, enquanto andava em direção a porta.

saiu lado de fora da casa e me encontrou sentada em um dos bancos que havia na varanda da casa de . Ele não disse nada. Apenas pegou um banco e levou até a minha frente, onde se sentou. Me olhou, ainda em silêncio. Minha cabeça estava baixa. Eu brincava com a aliança de compromisso, que estava em um dos meus dedos.

- Quer conversar sobre isso? – perguntou, sem tirar os olhos de mim. Eu demorei para responder. Levantei a minha cabeça para olhá-lo.
- Eu tive tanto medo. – Eu disse, sentindo as lágrimas alcançarem os meus olhos.
- Então porque você não me deixa cuidar de você? Proteger você? – esticou o seu braço e segurou a minha mão.
- Porque VOCÊ não deixa eu te proteger? – Eu disse e a expressão no rosto dele mudou rapidamente. Abaixou ambas as sobrancelhas, demonstrando-se confuso.
- Eu não estou entendendo. – negou com a cabeça.
- Eu não estava com medo por mim. Eu estava com medo por você, pelo . – Eu abaixei a nossa cabeça para olhar nossos dedos entrelaçados. – Eu já passei por tanta coisa, que eu já não me importo mais. Eu só quero... proteger você e as outras pessoas que eu amo. – Eu voltei a olhá-lo e ele me olhava daquele jeito sério e ao mesmo tempo tão doce.
- Não fala isso. – Ele negou com a cabeça. – Eu posso cuidar de mim mesmo. Não se preocupe comigo. – sorriu, sem mostrar os dentes.
- Como você pode me pedir isso? – Eu cerrei um pouco os olhos, achando aquilo um absurdo.
- Ele te chantageou, não é? – deduziu rapidamente.
- Sim. – Eu afirmei. – Ele estava ameaçando bater em você. Eu não pensei duas vezes antes de fazer o que ele queria. – Eu revelei logo toda a verdade.
- O que ele queria? – A expressão doce de desapareceu de seu rosto.
- Eu beijei ele, . – Eu disse e eu vi seus olhos se arregalarem de perto.
- Não. – negou novamente com a cabeça. – Você não pode ter feito isso. – Ele estava indignado. - Eu faria de novo. Quantas vezes fossem necessárias. – Eu engoli o meu choro.
- Não, não. ! Você não podia ter feito isso! – parecia não estar acreditando. Desentrelaçou os nossos dedos.
- Sim, eu podia, ! Eu tinha o melhor motivo do mundo pra fazer! – Eu continuava, engolindo as minhas lágrimas.
- Para de dizer isso! – elevou o tom da voz. – Eu não acredito que você fez isso. No que você estava pensando? – estava enlouquecendo, exatamente como eu achei que ele faria.
- Eu não sei por que você está tão surpreso. – Eu quase sorri, mas as lágrimas ainda enchiam os meus olhos.
- Você realmente não sabe o por quê? – disse, irônico.
- Não, eu não sei, ! – A ironia dele me irritou de vez. – Eu não sei por que você acha tão errado eu fazer por você, uma coisa que você já fez mais de uma vez por mim. – Eu disse em tom de desabafo e deixou de me olhar nos olhos para olhar para a rua, que estava vazia. – Eu sei que é difícil de entender. Eu sei tudo o que está passando na sua cabeça agora. – Eu disse, olhando pra ele, mesmo ele não estando olhando pra mim. O meu tom não era mais de irritação. – Você já esteve no meu lugar. Eu sei que você pode entender isso, . Você sabe que eu faria qualquer coisa por você. Você sabe que eu só fiz isso porque eu amo você. – Eu estava tentando controlar todas as minhas lágrimas, que pareciam não caber mais em meus olhos. – Olha pra mim. – Eu pedi, colocando uma das minhas mãos em seu rosto e colocando-o em frente ao meu. Os olhos dele também estavam cheios de lágrimas. – Como eu poderia dormir a noite sabendo que eu poderia ter feito algo por você que eu não havia feito? – Eu repeti a frase que ele havia me dito há poucos meses atrás. – Lembra? – Eu disse, quando um sorriso fraco surgiu em meu rosto.
- Essa frase fica bem melhor saindo da minha boca. – continuava me olhando de um jeito sério, como se ainda não aprovasse o que eu havia feito.
- Você sabe que eu amo você, . – Minha mão ainda continuava em seu rosto. Estávamos olhando nos olhos um do outro. – Você sabe que tudo o que eu mais quero é ficar com você. – Eu acariciei o seu rosto, enquanto observava as lágrimas em seus olhos. – Mas você tem que saber que eu sempre vou fazer de tudo pra te proteger. Você tem que saber que eu preciso que você esteja bem pra eu estar bem. – Os olhos de não se decidiam entre meus lábios e meus olhos. – Se você não pode aceitar isso. Se você não pode entender esse nosso amor maluco que nós temos um pelo outro... – Eu não queria dizer a próxima frase, mas eu tinha. Eu hesitei dizê-la, enquanto uma lágrima escorria lentamente pelo eu rosto. – Acabe com isso agora. Acabe com esse amor, com esse namoro e com tudo o que nós construímos juntos até agora. – Eu ainda me segurava para não chorar mais. – Porque esse amor louco não vai mudar, essas loucuras que fazemos um pelo outro não vão acabar e as coisas só vão ficar piores a partir de agora. – Eu me referia a minha ida pra Nova York. afirmou com a cabeça, como se já soubesse de tudo o que eu estava falando.
- Sabe o que é pior? – tocou a minha mão, que ainda estava em seu rosto e a levou até os seus lábios, onde ele beijou a parte superior. Ele abaixou nossas mãos e nossos dedos voltaram a se entrelaçar. – Eu sei de tudo isso e isso me assusta pra caramba. – sorriu, ainda com seus olhos cheios de lágrimas. – E quer saber? Eu não me importo. – Ele negou com a cabeça, me olhando com aquele olhar doce. – Eu quero mais é que toda essa porcaria vire um inferno pra nós provarmos pra todo mundo o quão forte nós somos. Eu quero mostrar pra cada um desses filhos de mãe que tentaram nos separar que é impossível de se separar o inseparável. Eu quero mostrar pra todo mundo que não importa o que aconteça, não importa pra onde formos e nem com quem estivermos, vai ser você e eu, sempre. – se aproximou, colocando sua mão de meu rosto. Acariciou uma das minhas bochechas, olhando em meus olhos de bem perto. – Nós vamos lidar com isso juntos. Lembra? – sorriu daquele jeito contagiante, que fazia com que meu coração se acalmasse também.
- Você e eu. – Eu afirmei com a cabeça e ele fez o mesmo, se aproximando e beijando meus lábios. Nossos lábios se entrelaçaram, mas o beijo nem chegou a se aprofundar. Ele terminou o beijo com alguns selinhos e quando chegou no último deles, fez uma careta e me olhou.
- Você realmente beijou ele? – fez cara de nojo.
- Duas vezes. – Eu afirmei com a cabeça, também fazendo cara de nojo.
- Argh... – A cara de nojo de ficou ainda pior. – Eu odeio você. – Ele negou com a cabeça, incrédulo. Ele não se conformava que eu havia feito isso. voltou a se afastar um pouco de mim.
- Já está feito. Não adianta. – Eu voltei a ficar um pouco mais séria.
- Me prometa uma coisa... – Antes que ele continuasse, eu o interrompi.
- Prometer? Eu achei que não faríamos mais isso. – Eu estava me referindo a nossa briga, antes mesmo de tudo acontecer.
- É, aquilo foi uma droga. Eu sei! – fez cara de insatisfação.
- Agora você entende o porquê de eu querer tanto que você prometesse. – Eu continuei séria. Afinal, eu é quem estava certa em toda aquela discussão.
- Agora eu sei que você não é a fã número um da minha amizade com a Amber. – Quando ele tocou no assunto da Amber, eu deixei toda a minha razão de lado. – Ou o que você disse foi só pra me atingir? – não estava chateado com o que eu havia dito. Ele só estava curioso. Curioso pra saber da minha verdadeira opinião sobre aquela amizade.
- Eu não me orgulho de ter dito aquilo, mas eu disse. – Eu deixei de olhá-lo por alguns poucos segundos. Dizer aquilo a ele foi egoísta da minha parte.
- É, você disse. – continuava me olhando, esperando uma explicação melhor sobre o assunto. – É verdade? – Os olhos dele estavam meio cerrados. Parecia que ele estava esperando alguma confissão ruim da minha parte.
- Eu não posso mentir pra você. – Eu olhei pra ele. – Amber não é a melhor garota do mundo pra mim. Nunca foi, nunca vai ser. – Eu não estava nem um pouco orgulhosa com o que eu estava dizendo. Era a verdade, mas ainda era egoísta. – E ela é a sua ex-namorada. – Eu disse, sabendo que teria mil argumentos sobre a minha última frase.
- Mas.. – Ele tentou me interromper, mas eu fui mais rápida.
- Não significou nada. Eu sei disso. Eu ouvi as outras 10 vezes que você disse isso e eu acredito. Eu realmente acredito em você, . – Eu disse, vendo suspirar longamente.
- Então qual é ponto? Porque isso continua sendo um problema pra você? – negou com a cabeça, demonstrando que não estava nem um pouco satisfeito.
- Não importa o que significou pra você ou pra ela. Não importa se você não sente mais nada por ela. Não importa, . – Eu fiquei mais séria para dizer a última frase. – Ela sempre vai ser a sua ex-namorada. Eu ainda vou olhar pra ela e lembrar que um dia ela já significou algo pra você. – já não parecia tão irritado.
- Você não quer mais que nós sejamos amigos, certo? – estava certo da minha resposta.
- Não. – Eu respondi e ele me olhou, perplexo. – Eu não posso ser egoísta. Não com você, . – Dizer aquilo me deixava realmente me deixava furiosa, mas o que eu posso fazer? – Eu sei o quanto essa amizade é importante pra você. Eu sei que vocês tem uma história juntos. – Eu estava dizendo tudo de forma séria. – Isso começou antes mesmo de nós. Eu nunca tiraria isso de você. – Eu vi um sorriso orgulhoso nascer em seu rosto.
- Isso significa muito pra mim. – voltou a tocar o meu rosto, acariciando-o. – Essa é a minha garota. – disse de forma doce. – A garota que eu amo. – completou a frase, fazendo com que surgisse um sorriso espontâneo em meu rosto.
- E o que você queria r que eu prometesse? – Eu estava curiosa. Saímos totalmente o foco do assunto.
- Isso o que aconteceu com o Peter. Eu sei que fez por mim. – Eu sabia que haveria um ‘mas’ em alguma parte daquela frase. – Mas isso não poderia ter acabado bem. Ele poderia ter feito coisas terríveis com você. – demonstrou-se preocupado. – Então da próxima vez, venha até mim e me conte o que está acontecendo. Não vamos dar um jeito juntos. Nós vamos lidar com isso juntos. – estava propondo. – Prometa que vai fazer isso da próxima vez. – realmente parecia estar levando tudo aquilo a sério.
- Eu prometo. – Eu prometi, sem hesitar. – E você, me promete que vai ficar longe do Peter? – Eu voltei a pedir que ele prometesse. fez careta.
- Eu tinha esperanças de que você desistiria de me pedir pra prometer isso. – suspirou longamente.
- Promete ou não? – Eu arqueei a sobrancelha, olhando pra ele.
- Depois de tudo o que aconteceu hoje, você ainda quer que eu prometa que não vou encostar um dedo nele? – continuava fazendo careta.
- Mesmo depois de tudo o que aconteceu hoje, ele ainda pode machucar você. Então sim, eu ainda preciso que você me prometa. – Eu estava começando a ficar brava com o fato dele resistir a promessa.
- Mas ele beijou você! Ele chantageou você! Eu não posso deixar isso pra lá. – tentava argumentar a seu favor, mas eu não aceitaria qualquer argumento.
- Sim, você pode! Porque eu estou te implorando! Porque eu simplesmente não vou ficar em paz enquanto não souber que você está seguro! – Eu falei, demonstrando o quanto eu estava irritada. – Mas quem se importa, certo? Toda essa sua testosterona fala mais alto, né? Você não vai sossegar enquanto não provar pra ele e pra você mesmo que você é o cara mais valente do mundo! Estou certa, ? – Eu estava indignada. – Eu estou tão cheia de toda essa porcaria. – Eu neguei com a cabeça, olhando pra ele com aquela expressão de desapontamento. – Eu vou pegar um taxi pra casa. – Eu me levantei do banquinho, irritada. fechou os olhos por poucos segundos.
- Eu prometo! – disse, enquanto fazia careta. Eu parei de andar no mesmo instante em que ouvi ele dizer aquilo. – Eu vou ficar longe dele. Eu vou fazer o que você está me pedindo. – Eu sorri, aliviada por ouvir aquilo. também se levantou do banquinho e foi até mim, voltando a ficar em minha frente. – Satisfeita? – perguntou, nada satisfeito.
- Agora sim. – Eu sorri da forma mais doce que eu consegui.
- Não adianta vir com esse sorrisinho. – rolou os olhos. Apesar de ter prometido, não estava satisfeito por eu ter pedido aquela promessa a ele.
- Não adianta? Talvez eu deva tentar outra coisa. – Eu me aproximei lentamente. Nossos corpos ficaram bem próximos. Nossos narizes estavam quase se tocando. Nossos rostos se tocaram, quando eu toquei meus lábios em uma das suas bochechas. Minha mão tocou o outro lado do seu rosto. Deixei meu rosto de frente pra ele novamente, mas ainda não o beijei. Os olhos dele que estavam fixos em meus lábios, agora estavam fixos nos meus olhos.
- Tentar me provocar? Muito amador. – fingiu que não estava sendo seduzido por mim. Eu cerrei os olhos, surpresa por não estar conseguindo alcançar o meu objetivo. Eu não queria que ele ficasse bravo comigo por causa da promessa.

ainda não estava me tocando, ele queria demonstrar que estava bravo. Me aproximei ainda mais, selando seus lábios. Depois os descolei, olhei em seus olhos e vi que ele olhava para os meus lábios. Deslizei minha mão que estava em seu rosto e desci, pelo seu peitoral e cheguei em sua barriga. Os olhos dele voltaram a olhar nos meus, como se ele estivesse me julgando pelo o que eu havia acabado de fazer. Aquele olhar, me deixava maluca.

- Continua amador. – disse com aquele mesmo olhar. Ele deu aquele sorriso de lado, que era único. Meus olhos continuaram cerrados, indignados com as duas palavras. Me aproximei de vez e voltei a selar seus lábios. O selinho foi mais longo dessa vez e parecia que ia se tornar algo a mais quando eu puxei seu lábio inferior. Levei minhas duas mãos pra parte de trás de seu corpo e coloquei cada uma delas em um dos bolsos detrás da sua calça jeans, colando de vez nossos corpos. O sorriso dele interrompeu o nosso beijo, que estava prestes a se aprofundar.
- Pegar na minha bunda? Isso sim é novo. – disse com nossos lábios praticamente colados e ele ainda sorria como um idiota.
- Oh, isso é um sorriso? – Eu olhei para os lábios dele, segurando a risada.
- Não dá! – riu, negando com a cabeça. – Eu não consigo me fazer de difícil pra você. – foi quem me beijou dessa vez. O beijo foi rapidamente aprofundado, enquanto uma de suas mãos entrelaçava-se em alguns fios do meu cabelo que estavam bem perto do meu rosto. Minhas mãos saíram dos bolsos dele e subiram juntas pelas suas costas.

O beijo não foi tão longo como queríamos que fosse, mas foi suficiente pra matar a nossa vontade. Além do mais, não estava nas melhores condições dentro da casa. Não podíamos deixa-lo sozinho por tanto tempo. Beijar novamente, depois de tudo o que havia acontecido naquela noite foi incrível e ao mesmo tempo tranquilizador. Abrir os olhos e ver aqueles lindos olhos me olhando daquele jeito tão doce. Ver aquele sorriso contagiante e indescritível de tão perto. Não sentir nojo algum em tê-lo tocando o meu corpo daquele jeito único. Como eu posso ter demorado tanto tempo pra perceber que ele esteve ali, tão perto?

- Quando foi que você se tornou tudo o que sempre quis? – Eu perguntei, assim que os nossos lábios se descolaram.
- Quando foi a primeira vez que você me viu sem camisa? – fez cara de pensativa.
- Cala a boca. – Eu ri e ele começou a rir também.
- Você ainda não me contou o que aconteceu quando você estava com o Peter. Como vocês se livraram do Peter e dos amigos dele? – finalmente perguntou. Ele estava curioso. Eu tirei as mãos de suas costas, mas nós ainda continuamos bem próximos.
- Nós tínhamos brigado e ele me encontrou na festa de novo. Me convidou pra dar uma volta com ele. Eu disse que não queria, mas ele disse que se eu não fosse, ele e os amigos acabariam com você. – Eu comecei a explicar.
- Covarde, como sempre! – revirou os olhos.
- Nós saímos com o carro dele. Os amigos dele estavam em um outro carro atrás. deve ter me visto sair com ele e foi atrás de mim. – Eu não sabia muito bem como havia me encontrado. – Eu só sei que eu pensava em um jeito de me livrar dele, mas eu estava com medo de que ele acabasse descontando em você. – Eu neguei com a cabeça, quando me reprovou com o olhar.
- E quando apareceu? – não queria ouvir mais aquela parte que tanto lhe desagradava.
- Os amigos do Peter notaram que tinha alguém nos seguindo. Ligaram pro Peter e o Peter pediu pra eles pararam o carro. – Eu continuava explicando. – Eu não queria que ele parasse o carro. Eu achava que fosse você quem estava nos seguindo. Eu sabia que você não ia se controlar e que ia acabar indo pra cima dele. – Eu disse.
- Você me conhece tão bem. – sorriu, sarcástico.
- Eu implorei pra ele não parar o carro. Eu até... beijei ele. Não adiantou. – Eu voltei a negar com a cabeça. – Ele quase bateu o carro. Eu estava assustada e então.. – Eu hesitei dizer. Eu sabia que ficaria furioso.
- E então o que? – arqueou a sobrancelha.
- Ele tentou me agarrar dentro do carro. – Eu voltei a ver o ódio no rosto de . – Eu sai do carro, mas ele continuou vindo atrás de mim. Nós estávamos no meio da estrada. Não era tão longe daqui. Era no meio do nada e eu não tinha pra quem pedir ajuda. – Parecia que eu estava revivendo tudo, enquanto eu contava pra ele.
- Desgraçado.. – resmungou, demonstrando-se indignado.
- E então o apareceu. Eu fiquei tão surpresa quanto o Peter. Parecia que ele tinha certeza de que era você que estava nos seguindo. O tentou resolver as coisas do jeito certo. – Eu disse e revirou os olhos.
- Ele não foi pra cima do Peter? O que esse imbecil tem na cabeça? – realmente estava indignado.
- Ele fez o certo, mas parecia que o Peter queria confusão. Ele começou a dizer coisas sobre mim e o quando o foi pra cima dele, os dois amigos do Peter o seguraram. – Eu expliquei, já pensando na parte que viria a seguir.
- O Peter bateu nele. – deduziu.
- Sim. – Eu concordei com a cabeça.
- Mas e você? Como você conseguiu se livrar deles? – perguntou, perplexo.
- Eu... – Eu não sabia como explicar. não acreditaria. – Eu.. – Eu tentei dizer mais uma vez, olhei pra ele e hesitei dizer.
- Ela bateu no Peter, . – Eu ouvi a voz de dizer. Olhei para o lado e vi parado na porta. olhou pro e depois pra mim, surpreso.
- Como assim? – arqueou a sobrancelha, me olhando.



PARTE 2:




- O que você está fazendo aqui fora, ? Você tem que ficar deitado. – Eu me afastei do e foi até o .
- Espera! – continuava sem entender nada. Eu estava levando de volta pra dentro da casa e foi atrás de nós. – Dá pra alguém me explicar? – olhou pro e depois pra mim. Eu já havia colocado sentado no sofá, mas permaneci de pé.
- Você deveria ter visto, . – sorriu pro amigo. – Ela deixou o Peter no chão, gemendo de dor. – riu, se lembrando da cena. arregalou os olhos pra mim.
- Você... – ainda não conseguia acreditar. – Você bateu no Peter? – ainda mantinha a mesma expressão de perplexidade em seu rosto.
- Eu só sabia algumas coisas que o meu irmão me ensinou uma vez. Eu não tinha outra opção. Eu.. – Eu não sabia mais como explicar.
- Você nunca me disse que sabia lutar! – continuava perplexo. Até quando?
- Mas eu não sei! – Eu ri, demonstrando sinceridade.
- Você está falando sério, ? – voltou a perguntar pro amigo.
- Cara, ela deu dois socos na cara dele, sem tirar o chute no saco. – voltou a rir.
- MEU DEUS! – não sabia se ria ou se me abraçava. – Você.. Você.. – Ele não conseguia completar a frase sem rir. – Está vendo, cara? – olhou pro , apontando pra mim. – É por isso que ela é perfeita pra mim. – parecia ter ganhado na loteria. Sério!
- Não foi nada demais. – Eu neguei com a cabeça, segurando o riso.
- Você foi até lá pra salvar ela e ela é quem acabou te salvando? Seu imprestável. – atacou a almofada no amigo.
- AI! FILHO DA PU.. – se segurou para dizer a última palavra. Ele já estava todo ferrado e ainda ataca a almofada nele. – Ataca essa porra de almofada de novo que quem ela vai ter que salvar será você. – disse, furioso.
- Desculpa! Eu esqueci! – riu, se sentindo culpado.
- É melhor nós irmos embora, antes que você machuque ainda mais ele. – Eu olhei pro .
- Eu vou dormir aqui. – avisou.
- Você o que? – achou que não havia escutado direito.
- Você está mal e os seus pais não estão na cidade. Eu não vou deixar você sozinho. – respondeu, demonstrando-se preocupado com o amigo.
- Qual é! Eu estou bem! Não precisa. – revirou os olhos.
- Já está decidido. – disse com autoridade.
- Tanto faz. – suspirou.
- Eu vou só levar ela embora e passar em casa pegar uma roupa. – avisou, colocando a mão no bolso para pegar a chave do carro em seu bolso.
- Ok, prometo que não vou morrer até lá. – brincou, fazendo com que eu e olhássemos pra ele com cara feia. – Brincadeira. – mostrou a língua.
- Ok, eu já volto então. – olhou pra mim, querendo saber se eu me despediria de de alguma forma. também me olhou, esperando qualquer tipo de aproximação.
- Tchau, . – Eu apenas acenei de longe.

Eu sei que eu precisava falar com ele. Eu sei que eu tinha que agradecê-lo pelo que ele fez por mim hoje, mas eu ainda não estava pronta pra isso. Não depois de tudo o que eu havia passado naquela noite. Também havia um pouco de orgulho, que eu não conseguia deixar totalmente de lado.

- Tchau. – sorriu, chateado.

Eu estava muito confusa. havia demonstrado que apesar de tudo, ainda havíamos aquele elo de amizade que jamais teríamos com mais ninguém. havia se sacrificado para me ajudar, mesmo eu tendo maltratado ele como ninguém nos últimos dias. ainda estava lá por mim como ele sempre esteve. Como eu sempre esperei que ele estivesse. Mas como eu chegaria até ele e diria que eu sinto muito pelo que eu disse? Que eu sentia muito por ter acabado com a nossa amizade?

- Você vai ficar bem? – estava me deixando em casa. Apesar de toda aquela confusão já ter passado, ele ainda estava preocupado.
- Eu vou ficar. Não se preocupa, ok? – Eu me virei para olhá-lo. Ele já havia desligado o carro.
- Não me peça o impossível. – negou com a cabeça, sorrindo pra mim.
- E o , será que já chegou? – Eu olhei pra garagem. Não vi o seu carro.
- A última vez que eu vi, ele e a estavam quase se pegando em um dos cantos da festa. – riu.
- É, parece que o nosso plano deu certo. – Eu também ri.
- Nós arrasamos. – esticou o braço e abriu a mão para que fizéssemos um High Five.
- Sim, arrasamos. – Eu toquei a sua mão.
- Bem, você sabe... – ficou um pouco mais sério. – Seu irmão vai reagir pior do que eu quando souber o que o Peter fez. – Ele já queria me preparar.
- Eu sei disso. Eu não sei o que vou fazer. – Eu disse, pensativa. – Talvez ele nem deva saber. Pelo menos, não até o jogo da final. – ficaria bem bravo, quando soubesse que havíamos escondido isso dele, mas era um jeito de eu protegê-lo também.
- Nós podemos fazer isso se você quiser. Você é quem sabe. – não queria se meter, mas que ele adoraria ver Peter levando uns bons socos do , ah ele adoraria. – Eu estou com você pro que der e vier. – voltou a me olhar, vendo que eu ainda pensava no assunto.
- Não vamos contar ele. Vamos só dizer que ele e brigaram hoje à noite, mas não precisamos contar a história toda. – Era o melhor a se fazer por agora.
- Certo, vamos fazer isso. Vou avisar o . – disse e continuou me olhando por um longo tempo.
- Porque está me olhando assim? – Eu segurei o riso.
- É a última semana de aula. – relembrou.
- É a minha última semana em Atlantic City. – Eu adicionei e o sorriso no rosto dele se desfez aos poucos.
- Está ansiosa? – tentava sorrir, mas eu sabia que ele não queria. Ele estava se esforçando.
- Eu acho que sim. Eu ainda não me dei conta de que vou pra lá. É muito estranho.. – Eu sorri, demonstrando o quanto ainda era estranho perceber que dali uma semana, eu não estaria mais na cidade.
- Sabe o que é mais estranho? – viu uma oportunidade de mudar o assunto. Ele fugia dos assuntos que estavam relacionados a Nova York, porque ele não queria demonstrar toda a sua tristeza em relação a aquilo. – O seu ex-melhor amigo péssimo, ingrato e traidor ter feito tudo aquilo por você hoje. – disse e eu fiz careta. – Quer dizer? Porque ele faria isso se ele não se importa? Porque ele faria isso logo pela garota que mais pisou nele nas últimas horas? – estava tentando me dar uma lição. Eu havia notado o seu sarcasmo.
- Ok, ok, ok, eu entendi! – Eu revirei os olhos. – Talvez ele não seja tão ruim assim. – Eu suspirei longamente.
- Talvez? – mostrou-se indignado.
- Ele é um ótimo amigo. O que mais eu posso dizer? – Eu estava nervosa por causa do assunto e não por estava me pressionando.
- Um ótimo amigo? – arqueou a sobrancelha. – Qual é, você pode fazer melhor que isso. – queria que eu assumisse de vez.
- Ele é o melhor e eu estraguei tudo. – Eu neguei com a cabeça, colocando algumas mexas do meu cabelo atrás da orelha.
- Não. Ele é quem estragou tudo. – sabia que não era o santo da história. – Mas ele está tentando concertar. – finalmente sorriu.
- Ele está fazendo isso muito bem, não é? – Eu voltei a suspirar.
- Está.. – Entortou a boca com os lábios fechados, demonstrando que não havia mais jeito.
- Ótimo! Maravilha! Então agora eu tenho que ir atrás dele e dizer que eu estive errada o tempo todo e que fui egoísta. – Eu já estava suando frio só em pensar naquela possibilidade.
- Por sorte, não é igual a mim. Ele jamais forçaria um pedido de desculpa seu. – tocou o meu rosto com uma das mãos e acariciou uma das minhas bochechas. – Ele te conhece tão bem, que com um olhar, ele já entenderá tudo o que você sente. Apenas faça com o coração, ok? – sorriu de forma doce. – Não tem como dar errado. – se aproximou, selou os meus lábios de forma carinhosa. – Não há nada de errado em cometer erros. Todos cometem erros, mas nem todos são corajosos para se arrepender deles e tão pouco para repará-los. – deu mais um selinho.
- Obrigada. – Fui eu quem acariciou o seu rosto dessa vez. – Eu precisava ouvir isso. – Toquei meus lábios nos dele e ambos sorrimos em meio ao selinho, que durou alguns poucos segundos.
- Eu amo você. – disse, quando nossos lábios ainda estavam praticamente colados. Descolei nossos lábios para responder. Olhei seu rosto, antes de dizer qualquer coisa. O meu sorriso bobo certamente demonstrava tudo o que eu queria dizer.
- Eu também te amo. – Eu sussurrei, levando uma das mãos até o cabelo dele e bagunçando-o, apenas para irritá-lo.
- Se você estivesse bagunçando o meu cabelo, dizendo qualquer outra coisa, eu mataria você. – cerrou os olhos.
- Desde quando você liga pro seu cabelo? – Eu também cerrei os olhos para ele.
- Desde quando eu tenho preguiça de arrumá-lo. – riu rapidamente, enquanto beijava o meu rosto em um local bem próximo da minha boca.
- Eu gosto dele assim. – Eu ainda olhava pro cabelo dele, enquanto ele beijava cada parte do meu rosto.
- É, fica legal, tirando a parte em que parece que eu acabei de fazer sexo no banheiro de um avião. – riu de sua própria piada.
- No banheiro de um avião? Que horror, ! – Eu não conseguia parar de rir.
- É verdade! – voltou a rir.
- Eu gosto dele assim. Eu não me importo com o que os outros pensam. – Eu ergui os ombros, fingindo que realmente não me importava. – Exceto o meu pai, a minha mãe, o meu irmão, o resta da minha família... e todas as outras pessoas que eu conheço. – Eu disse, pensativa.
- Viu só? – gargalhou como nunca.
- Ta, eu entendi. – Eu fiz careta.
- Eu tenho que ir. – fez bico. – está sozinho e está me esperando. – continuou com o bico.
- Tudo bem. Eu estou cansada também. Preciso dormir. – Eu sorri pra ele.
- Boa noite, então. – aproximou seu rosto do meu.
- Boa noite. – Eu selei os lábios dele rapidamente.
- Hey, espera! Espera ae! – disse, quando viu que eu já ia sair do carro. – Só isso? Está brincando? – Ele se referia ao selinho.
- Eu achei que estava com pressa. – Eu voltei a olhá-lo, meio rindo.
- O pode esperar mais um pouco. – voltou a tocar meu rosto, trazendo ele ao encontro do seu. Eu ainda sorria, quando nossos lábios voltaram a se tocar.

aprofundou o beijo, depois que eu permiti. Toquei o outro lado de seu rosto com uma das minhas mãos, para que nós aproximássemos ainda mais. A mão dele, que antes estava em meu rosto, deslizou até uma das laterais do meu pescoço, onde ele jogou algumas partes do meu cabelo que estavam ali para trás. O beijo não foi intensificado, mas também não foi tão lento. finalizou o beijo, puxando o meu lábio inferior, como sempre.

- Agora sim, boa noite. – disse, assim que descolamos nossas bocas.
- Boa noite. Não esquece de sonhar comigo. – Eu brinquei, dando um último selinho nele.
- Eu já estou fazendo isso, boba. – deu um enorme sorriso.
- Amo você. – Eu disse, apenas para retribuir o que ele havia acabado de dizer.
- Eu também, linda. – respondeu, me vendo descer do carro.

Caminhei até a porta da minha casa, trocando olhares com o . Cheguei na porta e a abri. Acenei pro , antes de fechar a porta. A casa estava silenciosa. Meus pais já deveriam estar dormindo ou apenas estavam vendo televisão no quarto. Subi com cuidado para não chamar a atenção deles e fui até o meu quarto. Tomei um banho demorado, porque eu simplesmente não podia dormir com aquele cheiro de Peter. Eu ainda sentia nojo por ele ter tocado em mim. Tirei a maquiagem e coloquei o pijama, deitando em minha cama em seguida.

passou em sua casa e avisou os pais que dormiria na casa de . Apesar de fazer tempo que ele não dormia na casa do amigo, ele costumava fazer muito isso antes. Então não era nenhuma surpresa para os pais de , que o filho fosse dormir na casa do amigo. pegou a sua roupa e seguiu direto para a casa de .

ainda estava deitado no sofá de sua casa quando o amigo retornou. Ele queria muito dormir, mas não faria isso antes de chegar. Sabia que o mataria se fizesse isso.

- Demorei? – perguntou, ao abrir a porta.
- Demorou, mas eu sei que você estava se agarrando com a ), então eu te perdoou. – respondeu, sem tirar os olhos da TV.
- Como você está? – perguntou, ainda rindo por causa da afirmação feita pelo .
- Estou melhorando. – disse com sinceridade. sentou-se ao seu lado no sofá. – E eu estou falando sério, cara. Eu vou acabar com o Peter. – sorriu de forma maléfica.
- A ) me mandou prometer que não tocaria nele. – revirou os olhos.
- O que ele fez... – negou com a cabeça. – Ele vai me pagar. – Ele reafirmou com raiva.
- O que ele fez com ela? Eu sei que ela não me contou tudo. – quis saber.
- Quando eu cheguei, ele estava tentando agarrá-la a força. Eu tentei tirá-la de lá, mas os dois amigos dele me seguraram. Então, ele voltou a tentar agarrá-la e eu pirei. – suspirou ao relembrar. – Ele me bateu, enquanto os dois amigos dele me seguravam. A tentou me ajudar. – parou, pois sabia que a parte que viria a seguir, não agradaria .
- Como ela ajudou? – continuava querendo saber.
- Ela disse que aceitava dormir com o Peter, se ele me deixasse ir embora dali. Eu não pude fazer nada! Eu estava no chão e os caras ainda estavam do meu lado. – disse, indignado. ficou maluco da vida. – Ela conseguiu fazer os caras irem embora e quando ela ficou sozinha com o Peter, ela acabou com ele. – finalizou.
- Eu tenho medo do que vai acontecer se eu ver o Peter. Eu prometi pra ela que não faria nada, mas eu não sei se vou conseguir cumprir isso. – fez cara feia. – Só em pensar que ele agarrou ela a força, eu.. – negou com a cabeça, passando uma das mãos pelo cabelo.
- Quando o souber disso.. – riu, sabendo que Peter estava ferrado.
- Ele não vai saber. A não quer que ele saiba. – aproveitou para avisar.
- Ela está com medo de que ele apanhe como eu. – revirou os olhos.
- Sim, ela está. – revirou os olhos do mesmo jeito.
- Que droga. – voltou a olhar pra TV, descontente.
- Ok, esquece isso. Vamos dormir logo. Você precisa dormir. – se levantou, esperando se levantar.
- É, você está certo. – desligou a TV com o controle remoto e se preparou para se levantar. se abaixou para ajuda-lo, mas ele rejeitou a ajuda. – Não, não precisa. Eu consigo. – não queria ficar dependendo de pra tudo.
- Certeza? – observou se levantar, fazendo uma careta.
- Tenho, eu to bem. – sorriu pro amigo, demonstrando-se feliz por ter conseguido se levantar sozinho.
- Vamos pro quarto. – disse, pegando as roupas que havia trazido de casa.
- Eu ficaria bem mais feliz se fosse a quem estivesse me propondo isso. – brincou, andando em direção ao quarto.
- Não, eu não vou ser o último dos caras a perder a virgindade. Então é melhor você apagar esse fogo, cara. – riu.
- Nada ainda com a ? – disse, vendo arrumando a sua cama.
- Não. – fez careta.
- Bom mesmo ou eu mataria você. – ameaçou , que o olhou quase rindo. – Depois que eu tivesse condições físicas pra fazer isso, claro. – também riu.
- Sei que não estou demonstrando, mas eu estou muito assustado por dentro. Eu juro, cara. – piscou pro amigo.
- Vai se ferrar. – voltou a rir. puxou o colchão que havia embaixo da cama de e o colocou há alguns passos de distância da cama para que ele pudesse dormir.
- Faz tempo que não durmo aqui. – relembrou.
- Então você deveria saber que o colchão que você está deitado, é o mesmo em que e fizeram sexo. – disse, sentando em sua cama. deu um pulo do colchão, fazendo cara de nojo. – EU TO BRINCANDO! CALMA! É SÓ BRINCADEIRA. – teve ataques de risos.
- Eu te daria um soco, se você tivesse condições para levar um. – suspirou, irritado.

aproveitou que estava de pé e foi até o banheiro, onde ele trocou de roupa e escovou os dentes. fez o mesmo, voltando pro quarto em seguida. já estava deitado em seu colchão e a sua cama esperava por ele.

- Então você está bem mesmo? – perguntou mais uma vez.
- Se mais alguém me perguntar isso, vai levar um soco. – revirou os olhos, deitando em sua cama.
- Vou aceitar isso como um sim. – quase riu. apagou a luz e eles permaneceram em silêncio por um curto tempo. – ? – chamou pelo amigo, achando que ele já pudesse ter dormido.
- O que foi? – respondeu com os olhos fechados.
- Tudo o que você fez hoje... foi pra tentar mostrar pra o quanto você se importa com ela, não é? – estava querendo perguntar isso há algum tempo. – Você achou que talvez pudesse recuperar a amizade de vocês com isso. – completou.
- Eu ajudaria ela de qualquer jeito, mas... isso passou pela minha cabeça. Eu achei que se ela percebesse que eu ainda sou o mesmo, ela também pudesse perceber que a nossa amizade também é a mesma. Parece que eu estava errado. – sorriu, sem mostrar os dentes.
- O dia não foi fácil pra ela. Ela nem teve tempo pra pensar em tudo o que aconteceu. Dê um tempo a ela. – pediu. – Ela não vai ignorar tudo o que você fez por ela. Eu tenho certeza. – Ele tentou tranquilizar o amigo.
- Isso não significa nada se ela não quiser me ter como amigo de novo. – respondeu.
- Talvez ela queira. Talvez ela perceba que você nunca deixou de ser o melhor amigo dela. – voltou a tentar fazer o amigo se sentir bem. – Só... espere. – voltou a pedir.
- Talvez? É, parece que eu não tenho outra opção. – suspirou longamente.
- Boa noite. – disse para finalizar a conversa.
- Boa noite, amigo. – percebeu que só disse aquelas coisas para fazê-lo se sentir melhor. Ele admirava isso no amigo. sempre tentava fazer as pessoas ficarem bem.

O dia seguinte foi bem calmo. Qual domingo que não é, certo? foi até a minha casa. Nós passamos o dia juntos. também nos fez companhia. Tentamos tirar alguma informação dele sobre o que tinha acontecido na noite passada, mas ele não quis nos contar nada. apenas sorria daquele jeito malandro. Alguma coisa boa havia acontecido, mas só saberíamos o que era quando eu encontrasse a .

Domingo que vem eu já estaria indo pra Nova York. Isso queria dizer que aquela era a minha última semana em Atlantic City. Eu ainda não tinha dado a importância necessária pra isso. Eu não queria pensar que dali poucos dias eu estaria deixando a minha família, os meus amigos e o garoto que eu amo. Eu não queria ter que colocar em uma balança para saber o que realmente era importante pra mim, porque eu tinha medo da resposta. Eu não estava mais na idade de ficar cometendo loucuras de adolescente. É sobre o meu futuro que estamos falando e eu não posso jogar tudo para o alto dessa forma.

Já era segunda-feira novamente e eu estava acordando para ir pra escola. Todos já havíamos feito as provas finais e naquela semana só iriamos saber as notas e confirmar se tínhamos passado em todas as matérias.

O sono não estava sendo a única coisa que estava me mantendo na cama quando o despertador tocou. Eu também não queria ter que olhar para depois do que aconteceu. Eu não queria ter que dizer todas as palavras que eu já havia repetido 20 vezes pra mim mesma para que quando chegasse a hora de dizer a ele, não soasse tudo uma droga. Apesar de tudo, eu tinha um enorme medo de que ele não aceitasse as minhas palavras, já que ele teve que chegar tão longe pra me convencer de que a nossa amizade esteve no mesmo lugar de sempre.

Eu cheguei com na escola. O clima de férias já estava em todos os cantos. Todos estavam comemorando a aprovação na faculdade, outros ainda se inscreviam para os vestibulares da região. Eu queria estar feliz como eles, mas eu não estava. Eu não estava feliz porque eu não continuaria estando por perto dos meus amigos como eles. Eu estaria a vários km dali, em uma outra cidade, sozinha.

- Você está bem? – me perguntou, enquanto nos aproximávamos da nossa roda de amigos.
- Eu estou. – Eu vi , assim que respondi a pergunta. Aquilo fez com que eu ficasse ainda mais sem coragem de encará-lo. – Eu preciso emprestar um caderno de uma garota da sala. Avisa o que eu vou estar na sala. – Eu disse, me afastando de . Desci as escadas, enquanto percebia os olhos de me acompanharem.
- O que está acontecendo? – perguntou, quando chegou ao seu lado.
- Ela precisa emprestar um caderno de uma garota. – fez careta, como se não soubesse direito o que eu estava tentando fazer. – Eu não sei. Ela pediu pra eu te avisar, . Ela está na sala. – olhou pro amigo.
- Ela está me evitando. – negou com a cabeça.
- Ela está me evitando também. – fez cara de chateada.
- , o que aconteceu com você? – perguntou, vendo o corte no rosto de seu amigo.
- Você saberia se não tivesse sumido na festa de sábado. – olhou pro com uma cara engraçada.
- É, nós tínhamos coisas pra resolver. – disfarçou, fazendo , e rirem. – Mas, o que aconteceu? – foi quem perguntou dessa vez.
- Peter. – demonstrou-se irritado ao pronunciar aquele nome.
- Peter? Que Peter? – arqueou a sobrancelha.
- Peter Paker. O Homem Aranha. Já ouviu falar? – forçou um sorriso irônico. – Qual outro Peter seria, idiota? – rolou os olhos.
- Olha como você fala comigo, palhaço. – cerrou os olhos pro amigo.
- Você e a sumiram na festa e perderam a briga. – explicou.
- Você... apanhou do Peter? – achava que aquilo era impossível.
- Não, não. Eu mesmo me dei uma surra. – sorriu com a mesma ironia usada por anteriormente. – Sabe como é, eu estava entediado e aconteceu. – fez cara de tédio.
- Quer saber? Vão se foder vocês, seus ignorantes. – bufou, furioso. e se olharam e riram.
- Eles brigaram sim, . O só levou a pior porque o Peter estava com mais dois caras. – finalmente explicou. já havia contado toda a história pra ela e ela já sabia que não podia saber.
- Peter sendo covarde. Que novidade. – revirou os olhos.
- E a , onde está? – perguntou, sentindo falta da amiga.
- O também não chegou ainda. – também deu falta do amigo.
- Eu só sei que ela e a Amber brigaram na festa. – não quis dar detalhes.
- Brigaram? Como brigaram? – perguntou, preocupada.
- Não sei. – ergueu os ombros, demonstrando que não sabia mais sobre o assunto.
- Que droga, vou ter que ligar pra depois. – pensou alto.
- Cheguei! – chegou, respirando com dificuldade. Parece que tinha vindo correndo.
- Não precisa mais treinar pro jogo de sexta. Parece que você já correu o suficiente. – brincou.
- Não queriam me deixar entrar. Quase dei uma voadora naquele inspetor escroto. – disse, furioso.
- Porque chegou tão atrasado? – perguntou, curioso.
- Eu fiquei esperando a passar me buscar e quando liguei pra ela, fiquei sabendo que ela não vinha. – revirou os olhos.
- O que diabos aconteceu com ela? – questionou.
- Eu não sei muito bem o que aconteceu. Algo entre ela e a Amber. – demonstrou não se importar.
- Você é o namorado dela! Como não sabe? – arqueou a sobrancelha.
- Eu não ando sabendo de mais nada ultimamente. – disse com cara de poucos amigos.
- Crise no namoro? Bem, eu te perguntaria o que está acontecendo, mas eu sei que o já vai fazer isso. – forçou um sorriso.
- Vamos pra sala. – suspirou.
- Levar suspenção na minha última semana não está nos planos. – pegou a sua mochila na escada e a colocou em um dos ombros.

Todos foram para a sala de aula. Tivemos as 3 primeiras aulas. Eu não tive aula com nenhum deles. Não sei se algum deles tiveram aulas juntos. Eu não estava ligando. Minha cabeça estava em outros lugares. Nova York, , , Amber, menos naquela sala de aula. O sinal do intervalo parece ter me acordado de um transe. Eu até me assustei com aquela alta campainha.

- Quase fiquei em recuperação em Matemática! POR UM PONTO! – chegou, comemorando com .
- Se eu ficar,, vou manipular a sua prova. Eu não vou ser o único de recuperação nessa escola. – sorriu pro amigo.
- Ainda tem o , lembra? – disse alto, pois viu se aproximar.
- Vão se foder, seus bichas. Não fiquei de recuperação em Matemática. – riu da cara dos amigos.
- O nem precisa falar. É o único inteligente daqui. – apontou pro amigo.
- Tirando a minha namorada, né? Quem foi que foi aceita na melhor faculdade de Nova York mesmo? – colocou uma das mãos no ouvido, demonstrando que queria ouvir a resposta de alguém.
- Nós todos estamos felizes por ela. – fez careta pro .
- Aliás, cadê ela? – olhou em volta.
- Aposto que ela não vai subir pro intervalo. – me conhecia bem.
- Por causa de mim, é claro. – sorriu de um jeito fraco, demonstrando-se chateado.
- Eu vou ir até lá falar com ela. – Além de querer me ver, queria resolver qualquer problema pelo qual eu estivesse passando naquele momento. – Qual a sala de Inglês mesmo? Ela vai ter a próxima lá. – fez careta, não se lembrava.
- Inglês? – repetiu. – Eu tenho inglês na próxima aula também. – olhou pro e eles pareciam ter conversado através dos olhares.
- Desde quando você tem inglês hoje? – olhou pro ‘amigo’, sem entender.
- Olha só, ela até já sabe o horário de aulas dele. – aproveitou para zoar .
- E você? Já sabe agir como um namorado de verdade? – se vingou.
- Ouch! Podia ter ficado sem essa, amigo. – riu da cara do amigo, assim como e .
- Isso não foi legal. – cerrou os olhos para , enquanto negava com a cabeça.
- Então, o professor disse que juntaria duas salas para fazer a correção das provas de uma vez só. – se recordou de ter escutado o professor dizer aquilo na última aula.
- Ótimo, o clima da aula vai ser ótimo. – deu alguns tapinhas no braço do amigo. – Eu vou comprar algumas coisas na cantina e vou descer pra falar com ela. Vejo vocês na saída. – se despediu rapidamente dos amigos e saiu.

sabia que apesar de eu não subir para o intervalo, eu estava com fome. Ele sabia que do jeito que eu estava, nem o café da manhã eu havia tomado. Ele comprou algumas bolachas, Ruffles e uma Coca-Cola. Desceu as escadas e foi em direção à sala de Inglês. Eu estava sentada em uma das carteiras. Só havia eu na sala, já que todos haviam subido para o pátio. Eu fuçava em meu celular, quando percebi alguém sentar em minha frente.

- Está muito ocupada? – me olhou com aquele quase sorriso. O sorriso surgiu em meu rosto só em vê-lo ali.
- Pra você, nunca. – Eu vi o sorriso dele aumentar.
- Que bom, porque eu trouxe comida. – levantou a sacola.
- Oh, não. Não precisava. – Eu fiz careta.
- É claro que precisava. Você não comeu nada, que eu sei. – disse em tom de bronca.
- Ok, eu não vou nem insistir, porque eu sei que você não vai desistir de me fazer comer. – Eu revirei os olhos. – Eu quero o Ruffles. – Eu disse, apontando pro pacote.
- Espera. – disse, abrindo o pacote. – Aqui. – Ele me entregou as batatas.
- Você até trouxe Coca-Cola! – Eu quase ri, quando vi ele abrindo a lata de refrigerante.
- Eu pensei em tudo. – piscou pra mim.
- Pega. – Eu apontei o pacote de batatas em sua direção.
- Lembra quando costumávamos a brigar por causa do Ruffles? – riu, enquanto enfiava algumas pequenas batatas na boca.
- Bons tempos. – Eu também ri, me recordando. Ficamos em silêncio por um tempo, nos lembrando daqueles momentos em que as coisas pareciam tão mais fáceis do que agora.
- O que há de errado? – finalmente perguntou.
- Eu não sei como enfrenta-lo. Eu não sei como dizer a ele tudo o que eu quero dizer. – Eu expliquei, sabendo que já sabia sobre quem se tratava.
- Você é forte e confiante. Use isso. – tocou o meu rosto, acariciando uma das minhas bochechas.
- Eu sei que eu tenho que perdoá-lo. Eu sei disso, mas eu não sei se eu estou pronta pra isso. – Eu disse, demonstrando toda a minha chateação com o assunto.
- Você está pronta pra qualquer coisa. Você pode fazer qualquer coisa que você quiser, basta acreditar em você mesma. – sorriu novamente pra mim. – Lembra da música? – queria alguma coisa que me encorajasse ainda mais. A música que havíamos escrito juntos foi a única coisa que passou pela sua cabeça.
- A música.. – Eu afirmei com a cabeça. – Isso me lembra que eu tenho que ensaiar ainda mais do que eu estou ensaiando. – Eu ri da minha própria desgraça.
- Eu preciso ver você ensaiando qualquer dia. Eu ainda não vi. – finalmente se deu conta daquilo.
- Não, você não vai ver. É surpresa! – Eu afirmei e ele cerrou os olhos pra mim.
- Ah, é assim? – Ele manteve os olhos semifechados.
- Vai ser surpresa pra todos e eu quero que também seja surpresa pra você. – Eu expliquei novamente.
- Certo, você é quem sabe. – se aproximou, selando meus lábios. – Eu vou estar na primeira fileira gritando, aplaudindo e dizendo pra todo mundo que aquela garota linda em cima do palco é a minha garota. – disse, depois que descolamos nossos lábios.
- Vai ser a melhor coisa do mundo ter você me apoiando ali. – Eu adicionei e ele voltou a acariciar o meu rosto, antes de colocar uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Ahn não. – resmungou, quando ouviu o sinal do fim do intervalo tocar.
- Tudo bem. Daqui a pouco já é a hora da saída. – Eu beijei seus lábios pela última vez.
- Eu esqueci de te contar. – fez cara feia.
- O que foi? – Eu o olhei, sem saber o que esperar.
- tem a mesma aula que você agora. – disse de uma vez.
- Ele o que? – Eu arregalei os olhos.
- Surpresa! – forçou um sorriso.
- Ai não, que droga. – Eu suspirei, passando uma das mãos pelo meu rosto.
- Tudo bem, tudo bem. Não fica nervosa, ok? – parou em minha frente, segurando meu rosto com suas duas mãos. – Se você estiver pronta, você fala com ele. Se não estiver, deixa pra outro dia, ok? Não tem problema. – disse e beijou meus lábio. – Eu tenho que ir pra minha sala. O meu professor de Geografia não é o mais gentil. – suspirou longamente, enquanto guardava a sacola com as bolachas e o resto do Rufles dentro de sua bolsa.

- Eu vou ficar bem. Vai logo. – Eu disse, sem querer que ele se encrencasse.
- Eu te amo. – me beijou rapidamente e em seguida saiu correndo da sala de aula, trombando em todas as carteiras e cadeiras, me fazendo rir do quanto ele era desastrado.

Os alunos começaram a lotar a sala. A melhor coisa do mundo foi perceber que já haviam pessoas sentadas em cada um dos meus lados e outra atrás de mim. não poderia sentar perto de mim e isso me deixava bem mais aliviada. O professor de Inglês entrou na sala com todos os seus materiais e entrou atrás dele, percebendo que estava atrasado. Parece que a primeira pessoa que ele viu na sala fui eu. deu um sorriso que demonstrou toda a sua chateação por eu nem ao menos ter olhado pra ele. Os olhares tristes procuraram qualquer carteira vazia e achou uma que ficava no fundo. Foi até lá e se sentou.

A aula não podia ser mais chata. Pelo menos, eu havia ido bem na prova. Eu havia passado sem precisar de recuperação e pelo que eu pude notar, também conseguiu. Eu não olhei pro ele durante toda a aula. Eu me monitorei para isso.

Quando o sinal da saída tocou, eu nem acreditei. Eu estava maluca para sair correndo daquela sala, mas o meu medo de encontra-lo na porta era maior. Decidi que esperaria todos saírem da sala para não correr esse risco. Arrumei o meu material da forma mais lenta do mundo. Não fiquei observando quem saia, mas eu percebia que o barulho na sala ficava cada vez mais baixo.

O silêncio finalmente tomou conta da sala de aula e eu percebi que estava sozinha. Fechei o zíper da minha bolsa e mexi em meu cabelo, apenas para dar uma ajeitada. Me levantei da cadeira e coloquei a bolsa em um dos meus ombros. Dei alguns passos e cheguei na parte da frente da sala, onde o professor costuma ficar. Naquele momento eu percebi que eu não estava sozinha. Eu virei o meu rosto para olhar e ali estava ele, me olhando.

Em segundos, minhas mãos já estavam soando frio e eu só queria sair correndo dali, mas eu sabia que eu não podia. Deixei de olhá-lo e encarei a porta. Eu queria tanto que ela estivesse mais perto de mim nesse momento. Eu respirei fundo e dei mais alguns passos em direção a ela.

não acreditava que eu sairia sem ao menos dizer nada a ele. Eu podia pelo menos acenar de longe, mas nem isso eu fiz. A cada passo que eu dava em direção a porta, as chances de a nossa amizade voltar a ser o que era antes diminuíam. Meu peito se apertava, porque por dentro eu estava lutando comigo mesma para fazer aquilo ou não. Eu cheguei na porta. Eu estava a um passo da liberdade, um passo de perder uma pessoa muito importante pra mim, meu melhor amigo. Eu não posso. Não posso fazer isso.

A expressão no rosto de mudou rapidamente, quando ele me viu parar na porta. Eu ainda estava de costas pra ele. Passei uma das mãos pelo meu rosto e neguei com a cabeça, novamente reafirmando pra mim mesma que eu não podia fazer aquilo. Eu me virei e olhei diretamente pra ele. sorriu de um jeito fraco, mas ainda sim foi um sorriso de sincera felicidade.

- Como está curativo? – Foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça.
- Está ótimo. A minha médica é realmente boa. – respondeu de um jeito descontraído.
- É, eu aposto que é. – Eu afirmei com um sorriso forçado no rosto.
- É... – sorriu, afirmando com a cabeça. Eu continuei sorrindo pra ele por um tempo e voltei a me virar de costas. Não, não! Porque eu não consigo dizer? Porque era tão difícil falar sobre aquele assunto que havia me devastado há dias atrás? A única coisa que me veio na cabeça naquele instante era a imagem de , me pedindo para ser forte. Eu tinha que ser forte.
- Eu posso te perguntar uma coisa? – Eu disse e em seguida me virei para olhá-lo mais uma vez. Ele já não estava sentado, mas sim de pé, há alguns passos de mim.
- Claro, qualquer coisa. – tentou sorrir, mas eu mesmo assim vi as poucas lágrimas em seus olhos. Parecia que aquele assunto também mexia com ele do jeito que mexia comigo.
- Bem, na verdade eu preciso da sua ajuda pra uma coisa. – Eu coloquei a minha bolsa sobre uma das certeiras e a abri, procurando algo dentro dela por um tempo. observava a cena, curioso.
- Ajuda pra que? – continuava olhando para as minhas mãos, que reviravam o interior da minha bolsa.
- Aqui. – Eu havia achado. Puxei de dentro da minha bolsa a nossa corrente da amizade. O sorriso que tanto quis manter no rosto, de repente desapareceu quando ele viu aquela corrente em minhas mãos. – Bem, eu ganhei isso de uma pessoa muita especial. – Eu levantei a correntinha, deixando todo o seu resto à mostra. Olhei pra ele e deixou de olhar a corrente para me olhar. Percebi ele engolindo o choro, mas as lágrimas alcançaram de vez os seus olhos. – Na verdade, eu ganhei isso do meu melhor amigo. Significa muito pra mim. – Eu sorri, nervosa. sorriu de lado, sem tirar os olhos de mim. – Eu queria saber se você podia me ajudar a colocar no pescoço. – Eu finalmente disse e percebi que eu choraria. Eu tentei sorrir ainda mais para que as minhas lágrimas não ficassem tão em evidência, mas eu sei que não funcionou.

Eu continuei olhando para e vi quando ele ainda me olhava, enquanto negava com a cabeça. Ele tirou uma das alças da sua bolsa, que estava em um de seus ombros e a colocou sobre uma carteira qualquer que estava perto dele. Eu ainda esperava pela sua resposta, quando ele começou a andar em minha direção com passos rápidos. Antes do que eu esperava, ele estava em minha frente e seus braços estavam em torno de mim, me apertando contra o seu corpo. Meus braços também fizeram a volta em seu corpo, enquanto eu também o apertava com toda a minha força. Mesmo sem estar olhando para o seu rosto, eu percebi que ele estava chorando, ali em meus braços.

- Me desculpa. – Ele disse com a voz trêmula. – Eu sinto muito ter magoado você. – Ouvir ele dizer aquilo, me fez desabar no choro junto com ele.
- Eu sei, eu sei. – Eu tentava acalmá-lo, mesmo que a calma fosse a coisa que mais faltasse em mim naquele momento. – Me desculpa também. Eu não queria ter dito todas aquelas coisas. – Nós ainda estávamos abraçados.
- Não, você estava certa. Você esteve certa o tempo todo. – terminou o abraço para me olhar. – O que eu fiz foi errado e me dói ainda mais saber que eu fiz isso com você. Logo com você, a pessoa que mais ficou ao meu lado todos esses anos. A garota que me ajudou a pegar todos aqueles livros que eu havia derrubado no meio do pátio no meu primeiro dia de aula. A mesma garota que me incentivou a me inscrever no time da escola. Aquela pirralha que um dia me disse para não desistir, que sempre disse que eu poderia conseguir tudo o que eu quisesse. A primeira garota no mundo que eu quis chamar de melhor amiga. – dizia tudo aquilo com a voz embargada e com aquela carinha de choro, que me fazia chorar com ele.
- Tudo bem.. – Eu não queria que ele continuasse dizendo aquelas coisas tão tristes.
- Você sempre fez parte de todos os momentos da minha vida e naquele dia terrível, quando eu vi o seu rosto , a sua expressão de desapontamento... – negou com a cabeça. – Eu sabia que você já não estava na minha vida e a culpa era minha. – Uma lágrima solitária escorria de um dos cantos dos seus olhos. – Eu preciso de você na minha vida. Eu preciso da minha melhor amiga. – não conseguia parar de chorar.
- Hey, eu estou aqui. – Toquei seu rosto com minhas duas mãos, secando suas lágrimas, enquanto várias escorriam pelo meu. – Eu não vou a lugar nenhum. – Eu tentei sorrir, olhando em seus olhos.

voltou a colar nossos corpos, fazendo com que ficássemos abraçados por mais um tempo. A dor que eu havia sentido naquele dia em que eu achei que a nossa amizade havia acabado, diminuía aos poucos a cada segundo daquele abraço. Eu terminei o abraço daquela vez e olhei seu rosto, coberto de lágrimas.

- Eu não vou conseguir parar de chorar, se você não parar. – Eu disse, sorrindo pra ele.
- Ok, eu vou parar. – riu, passando as mãos em seu rosto. – Eu já parei. – Ele continuava rindo.
- Melhor. – Eu disse, depois de ter feito o mesmo.
- Então, você precisa de ajuda? – apontou pra corrente, que ainda estava em minha mão.
- Sim, por favor. – Eu entreguei a corrente pra ele e me virei de costas, segurando o meu cabelo, enquanto ele terminava de coloca-la.
- Pronto. – disse e eu me virei de frente pra ele. Olhei a corrente em meu pescoço e depois olhei pra ele. – Nunca pareceu tão bonita em você. – sorriu fraco.
- Como assim, ‘nunca’? – Eu fingi estar indignada. – Está brincando comigo? – Eu cerrei os olhos.
- Não, não. Está linda, como sempre. – mudou rapidamente de ideia. – Tão linda quanto a . – disse, sem jeito. – Está vendo? Eu caprichei nesse elogio. – Ele apontou o dedo pra mim, demonstrando que agora eu não teria do que reclamar.
- Falando nisso... – Eu voltei a olhá-lo de forma mais séria. – Eu estou feliz por você. Conseguiu a garota. – Eu disse e ele ficou todo sem graça.
- É, eu consegui. – riu, me olhando de forma agradecida. – Aliás, você me desculpou, mas você também desculpou a ... – Ele ia dizer o nome de , mas eu o interrompi.
- Não abusa... – Eu disse e ele voltou a rir, demonstrando-se arrependido por ter dito aquilo.
- Ok, entendi. – Ele afirmou com a cabeça.
- E eu queria aproveitar pra te agradecer por ontem. – Eu sorri, sem mostrar os dentes.
- Eu é quem deveria te agradecer, já que foi você quem me salvou. – revirou os olhos, rindo de si mesmo.
- Não. – Eu afirmei, séria. – Se você não estivesse lá, eu não teria coragem pra fazer tudo aquilo. Eu fiz tudo aquilo porque eu não podia deixar você se machucar. Se você não estivesse lá, eu nem sei o que Peter teria feito comigo. – Eu neguei com a cabeça. – Então, obrigada. – Eu me aproximei e beijei o seu rosto.
- Obrigado por ter me ajudado e por ter cuidado de mim. – também beijou o meu rosto.
- Eu adorei fazer isso, porque daqui alguns anos essa será a minha profissão. – Eu disse, meio rindo.
- Me usar de cobaia não é legal. – cerrou os olhos.
- Awn, desculpa. – Eu gargalhei.
- Vamos sair, que devem estar nos procurando. – passou os braços pelo meu ombro, me puxando.
- Vamos.. – Eu concordei, pegando a minha bolsa e colocando-a de volta em meus ombros. Olhei meu celular e vi que tinha uma mensagem de texto de . – disse que está me esperando no estacionamento. – Eu li em voz alta e me olhou.
- Vamos até lá então. – continuou me puxando.

não sabia o motivo da minha demora. Estava prestes a me ligar, quando a sua melhor amiga apareceu em sua frente. Pela cara dela, ela havia passado a noite chorando. Ainda assim, haviam vestígios de maquiagem em seu rosto. O lápis de olho, o blush e o brilho labial. Ela usava um macacão curtíssimo. não sabia se perguntava sobre ela ou sobre . Não sabia nem se devia perguntar alguma coisa.

- Nós podemos conversar? – Amber cruzou os braços, olhando pra ele de forma séria.
- Podemos, é claro. – sorriu, apenas para tirar um pouco de tensão daquela conversa.
- Você não me contou. – Amber parecia estar furiosa. sabia sobre o que ela se referia.
- Eu, eu... – hesitou dizer. Não sabia o que dizer. – Faz tanto tempo que eu achei que não fazia mais diferença. – também ficou sério.
- Eu passei a minha vida inteira achando que você havia terminado o nosso namoro, porque você simplesmente deixou de me amar. Agora eu descubro que foi porque a te obrigou a isso. – Amber repetiu aquela história que conhecia bem.
- É complicado... – negou com a cabeça.
- Eu sei que é complicado! Minha prima é uma vadia mentirosa. Consegue sentir o drama familiar? – Amber ironizou.
- Ela não queria que eu contasse. – se convenceu de que aquele era um bom argumento.
- Ela não queria? Bem, , ela quer que você termine com a . Você vai terminar? Você vai ouvi-la dessa vez? É claro que não. – Amber parecia indignada.
- Ela é a sua prima, Amber. Eu não podia resgatar o passado e estragar a relação tão bonita de vocês duas. – procurava argumentos cada vez mais convincentes.
- Que se dane que ela é a minha prima! Que se dane a nossa linda relação! A única relação que importou pra mim até hoje era a minha relação com você! – Amber estava ficando cada vez mais irritada.

Eu cheguei no estacionamento com . Nós riamos de alguma piada idiota que ele havia contado. Paramos de rir por alguns segundos para procurarmos . Achamos ele na mesma hora. Enquanto a minha reação era de raiva e surpresa, a reação de era uma simples careta que parecia dizer ‘Ferrou!’.

- Talvez nós devêssemos ter demorado um pouco mais. – comentou, forçando um sorriso. Eu não parava de olhar para e Amber, mas eu ainda escutava o que dizia.
- Qual o problema, não é? Eles são amigos. – Eu disse tentando convencer a mim mesma.
- Sim, só amigos. – concordou, apenas para me dar um apoio emocional.
- Odeio esse casal e você? – Jessie chegou ao meu lado, olhando para Amber e .
- Dá o fora, Jessie. – Eu revirei os olhos.
- Sabe, analisando melhor, eles não são tão ruins assim. Eles até que combinam. – Jessie disse apenas para me tirar do sério.
- Eles só são amigos, garota. Para de querer causar. – Eu cruzei os braços, ainda olhando e sua amiga conversando.
- As alturas deles são compatíveis e ela chama a atenção de todo mundo, assim como ele. – Jessie continuava tentando me provocar. – Eles parecem ser aquele tipo de casal que, se fossem famosos, seriam os favoritos da mídia. – Jessie riu sozinha, porque sabia que eu já estava furiosa.
- Eu estou falando sério... – Eu olhei pro , que estava do meu outro lado. – Eu vou arrancar o aplique dela com apenas um puxão. – Eu sorri falsamente.
- Jessie! – foi em direção a Jessie. – Para de encher o saco dela e vai viver a sua vida. Isso já está ficando chato. – Jessie o olhou com cara feia.
- Olha quem está falando, a chatice em pessoa. – Jessie tentou dar o troco.
- Ótimo, ainda bem que eu não me importo, né? – sorriu falsamente para Jessie. – Vamos, dá o fora logo. – deixou Jessie tão sem graça, que ela saiu discretamente.
- O que será que eles estão conversando? – Eu ainda tentava ler os lábios de de longe.
- Eu não sei. – ergueu os ombros.
- Eu sou a namorada dele, não sou? Eu tenho todo o direito de saber o assunto dessa conversa. – Minha frase havia me encorajado a ir até lá. Eu dei alguns passos em direção a eles, mas entrou em minha frente.
- Wow, wow, wow, onde você pensa que vai? – tentava prevenir qualquer problema.
- Eu vou falar com o meu namorado. Eu já volto. – Eu pisquei pra ele, desviando e voltando a andar em direção a e Amber. Cheguei atrás de e coloquei meus braços em torno de seu pescoço, beijando uma de suas bochechas. – Hey. – Eu disse e ele me olhou, sorrindo.
- Hey, eu estava te esperando. – ficou todo sem jeito.
- Estava? – Eu olhei pra Amber e ela revirou os olhos.
- A Amber acabou de chegar. – apontou pra amiga.
- Nós estávamos tentando conversar. Pode nos dar licença? – Amber já começou com a ignorância.
- O que? – Eu fingi não ter ouvido para dar a chance dela consertar.
- Eu quero conversas a sós com o . Dá pra sair? – Amber apontou pra qualquer outra direção que eu poderia ir.
- E o que faz você pensar que eu vou atender o seu adorável pedido? – Eu sorri, sendo sarcástica.
- SAI LOGO! – Amber gritou, impaciente.
- Oh, ela gritou! Agora sim eu estou aterrorizada. – Eu só disse para irritá-la ainda mais.
- Ou você sai por livre espontânea vontade ou eu mesma tiro você daqui. – Amber cerrou os olhos pra mim.
- Eu quero ver você tentar. – Eu a encarei.
- Hey, parem com isso! – gritou, achando que conseguiria impedir aquela briga.
- Não, ! Eu já estou cheia dessa garota! – Amber voltou a me olhar. – Ela adora me provocar e esfregar esse namorinho de vocês na minha cara. – Amber estava colocando tudo pra fora. Tudo o que ela vinha segurando nas últimas semanas.
- Te incomoda eu beijar o meu namorado? Te incomoda o jeito de eu ter alguém que me ame, mesmo com todos esses defeitos que você ama enumerar? Te incomoda o fato dele ter te trocado por mim, mesmo com todo o trabalho que você tem pra parecer a garota perfeita? – Eu fui falando naquele tom grosseiro que eu sabia usar muito bem. – Eu gostaria de dizer que eu sinto muito por você, mas eu não sinto. – Eu finalizei, sabendo que eu havia acabado com ela.
- Se você é assim tão segura de si mesma, qual o problema em me deixar sozinha com ele? – Amber sorriu com sarcasmo. – Qual o seu medo? – Ela arqueou a sobrancelha, me olhando.
- Medo? Eu não tenho medo de você. – Eu a encarei, ficando mais séria.
- Você não tem medo de mim, mas você tem medo do que eu sou e o que eu represento para todas as pessoas que você ama. – Amber pegou no meu ponto fraco. Vadia!
- Cala essa boca. – Certo, agora ficou pessoal. Ela não devia ter entrado nesse assunto.
- Wow! Está vendo? Foi só falar que você já se coloca na defensiva. – Amber riu.
- De onde você tirou toda essa porcaria? – Eu me fiz de desentendida. Se eu demonstrasse fraqueza, ela pisaria de vez em mim.
- Qual é, não seja hipócrita! – Amber voltou a rir. - Essa armadura que você colocou sobre você mesma não engana mais ninguém. – Amber estava indo cada vez mais longe.
- , me espera no carro. – entrou na minha frente e começou a me empurrar.
- Me solta! Eu não vou a lugar nenhum. – Eu puxei meus braços, que ele segurava com as suas mãos.
- Você não precisa ouvir isso. – me olhou, sabendo que aquele assunto era delicado pra mim.
- Fica fora disso. – Eu o avisei e sai de sua frente, voltando a olhar pra Amber.
- Vá direto ao ponto, Amber! Fala de uma vez o que você quer falar! – Eu disse, me sentindo forte para ouvir aquilo. O meu ódio por ela era mais do que qualquer fraqueza.
- Assuma, ! Assuma que você tem medo do que sentiu por mim no passado. Assuma que você tem medo de que eu o agarre e que ele não resista a mim de novo. Assuma que você fica aterrorizada só em pensar no fato de que todos os seus amigos preferem a mim do que você e que talvez o seja o próximo a fazer isso. – Amber dizia com aquela arrogância, que me deixava mais furiosa a cada palavra. Eu não aguentei.
- Agora EU vou te dar motivos pra ter medo de mim, sua vadia desgraçada! – Eu parti pra cima dela e quando eu estava há poucos passos dela, me segurou pela cintura. QUE DROGA! ALGUÉM ME DEIXA BATER NESSA VADIA, POR FAVOR?
- ! Para com isso! – entrou na minha frente. – PARA! SE ACALMA! – gritou, quando viu que eu não estava dando ouvidos.
- Eu vou matar ela, . SAI DA MINHA FRENTE. – Eu tentei passar por ele de novo, mas ele me impediu.
- HEEEEEEY! – Ele gritou de um jeito que eu nunca havia escutado. Eu parei com a histeria e olhei pra ele. – Entra no carro! – Ele disse em tom de ordem.
- Não, mas eu vou.. – Eu tentei argumentar, mas ele me interrompeu.
- EU FALEI PRA ENTRAR NA PORCARIA DO CARRO! – me encarou, furiosamente. Eu suspirei, sabendo que eu não conseguiria mesmo resolver aquilo com ele ali. Eu fuzilei ele com o olhar e me virei, indo pro carro dele.
- Você viu, ! Você viu que foi ela que começou! – Amber disse, mesmo estando de costas pra ela.
- Que coisas eram aquelas que você estava falando? – se referia as partes em que Amber falou sobre ele.
- Eu não sei. Eu só... - Amber passou a mão pelo cabelo, confusa. – Eu só queria atingir ela. – Ela olhou pro e negou com a cabeça.
- Vá pra casa e se acalma. Nós conversamos uma outra hora. – também não parecia nada feliz com Amber.
- , espera.. – Amber tentou impedi-lo de ir, mas não conseguiu.

Eu estava sentada no banco do passageiro. Meus braços estavam cruzados e a minha bolsa estava em meu colo. Eu continuava com a expressão séria, quando se sentou ao meu lado. Ele não disse nada, apenas começou a dirigir o carro. Eu não olhava pra ele e nem ele olhava pra mim. O silêncio estava me matando. Quando eu decidi me manifestar, fez isso antes de mim.

- Já se acalmou? – perguntou, sem me olhar.
- Você não devia ter me tirado de lá. – Eu também não olhei pra ele.
- Você está certa! Eu devia ter comprado uma pipoca e ter sentado para assistir a maravilhosa briga entre você e a Amber. Talvez eu devesse ter filmado para colocar no Youtube! O que você acha? – disse, irônico.
- Você não tinha que se intrometer. Isso não tem a ver com você, . – Eu continuava sem olhá-lo.
- Eu? Como isso poderia ter a ver comigo? São vocês duas. Vocês são o problema! – finamente virou o seu rosto para me olhar.
- Você não ouviu o que ela disse? Como eu poderia não ter saído do sério com o que ela disse? Ou você vai ficar do lado dela e dizer que ela estava certa e eu estava errada? – Eu também olhei para ele.
- Eu estou do MEU lado! – parecia irritadíssimo me dizendo aquelas coisas. – Como você acha que é pra mim ver a minha namorada e a minha melhor amiga brigando? – perguntou retoricamente. – Pense, ! Como você reagiria se fossemos eu e o brigando? – Ele me olhou.
- É, mas o não é apaixonado por mim. – Eu argumentei, mas ele nem me deixou terminar de falar.
- Não use essa desculpa! – ficou ainda mais irritado. – Não importa o que a Amber sente. , não importa o que você acha que ela sinta por mim. A única coisa que interessa é o que eu sinto. A única porcaria que interessa é que não é correspondido por mim! – estava quase gritando. – Qual é a dificuldade em entender isso? Você acha o que? Que eu vou te trair com ela? Que do dia pra noite eu vou descobrir que eu deixei de te amar e que estou apaixonado por ela? – parou o carro. Eu nem ao menos tinha percebido que já estávamos em minha casa.
- Olha, eu sei que está bravo. – Eu tentei dizer, mas ele voltou a me interromper.
- Bravo? É claro que eu estou bravo! Você tem a mínima noção do que é ver duas pessoas com as quais você se importa brigando? – continuava bravo. – Droga! Você tem que entender que o fato dela sentir qualquer coisa por mim, não influencia em nada pra mim. Não influencia no que eu sinto por você. Como pode ser tão difícil de entender isso? – estava quase socando o volante do carro.
- Ok, talvez eu tenha exagerado. – Eu suspirei, me rendendo.
- TALVEZ? ESTÁ DE BRINCADEIRA COMIGO? – me olhou, indignado.
- OK! OK! Eu exagerei! Eu errei e eu sinto muito. – Eu precisava fazer ele me perdoar agora. – Eu sinto muito se eu te desapontei e se eu te coloquei em alguma situação difícil. Eu... sinto muito. – Eu suspirei longamente.
- Ta, tudo bem. – disse, mas não pareceu verdadeiro.
- Não, não está tudo bem. – Eu disse, percebendo que ele ainda estava bravo.
- Eu sei que eu já te pedi isso milhões de vezes, mas... confie em mim e no que eu sinto por você. – disse de um jeito mais calmo.
- Eu confio mais do que tudo. Eu juro. – Eu disse e ele me olhou daquela forma doce que só ele conseguia olhar.
- Certo, eu acredito em você. – disse, mas ainda faltava alguma coisa.
- O que eu tenho que fazer pra você me desculpar? – Eu propus e ele me olhou, parecendo pensativo.
- Eu já desculpei. – achou que já havia me convencido.
- O que eu tenho que fazer? – Eu voltei a insistir. me olhou e pensou.
- Ok, eu quero que você diga uma coisa. – disse com a expressão séria.
- Dizer o que? – Eu perguntei, sem saber o que esperar.
- Repita comigo. – Ele pediu e eu afirmei com a cabeça. – Eu.. – Ele disse, esperando eu repetir.
- Eu... – Eu sorri, apenas por ter certeza de que aquilo acabaria de forma engraçada.
- Tenho.. – esperou que eu repetisse.
- Tenho... – Eu revirei os olhos com um sorriso fraco no rosto.
- Ciúmes de você. – disse e eu abri o sorriso, negando com a cabeça. também riu, afirmando com a cabeça como quem dissesse ‘Você tem que dizer!’. Eu rolei os olhos, segurando a risada.
- Ciúmes de você. – Eu olhei pra ele. – Satisfeito? – Eu arqueei a sobrancelha.
- Não, ainda não acabou. – fez cara feia. – Repete de novo e ai nós continuamos. – Eu olhei pra ele, indignada.
- Eu tenho ciúmes de você... – Eu esperei pelo resto. afirmou com a cabeça, querendo dizer que eu havia dito tudo certinho.
- E eu.. – me olhou, esperando que eu repetisse.
- E eu... – Eu cerrei os olhos pra ele.
- Amo você. – disse entre sorrisos e eu não contive o meu, depois de ouvir o que ele queria que eu repetisse.
- Amo você. – Eu dei um fraco sorriso, enquanto ele me olhava daquele jeito carinhoso.
- Isso foi incrível! – aproximou seu rosto do meu.
- E onde está o meu prêmio? – Eu perguntei e ele abriu um enorme sorriso, enquanto olhava para os meus lábios. tocou meu rosto com uma das mãos, trazendo meu rosto pra mais perto do seu. Nossos lábios se tocaram e começaram a brincar uns com os outros. A brincadeira durou até decidir aprofundar o beijo, que até que foi longo, levando em conta os últimos que demos.
- Agora eu estou perdoada? – Eu descolei nossos lábios e depois dei alguns selinhos.
- Totalmente. – riu, me dando mais um intenso selinho.
- Que bom. – Eu sorri, olhando pra ele de perto.
- O que você vai fazer hoje à tarde? – perguntou, sabendo que não poderíamos passar a tarde juntos.
- Eu vou começar a arrumar as malas. Quer dizer, eu já comecei, mas eu ainda não coloquei nada em malas. Eu só separei algumas coisas. – Eu disse, sabendo o quanto estava atrasada.
- Já estava na hora, né? – sorriu, sem querer deixar aquele assunto lhe abalar.
- É, faltam apenas 5 dias. – Eu não disse com toda a empolgação que deveria.
- É, passou rápido. – forçou um sorriso.
- Você tem treino hoje, não é? – Eu só quis mudar o assunto.
- Sim, faltam 3 dias para o jogo. – disse, demonstrando-se nervoso.
- Você é o capitão. Não pode se atrasar. – Eu disse e ele concordou.
- Você está certa. Eu já tenho que ir. – fez bico e se aproximou para mais um selinho. – Aliás, eu gostei do sua corrente. – olhou para o meu pescoço, referindo-se a corrente da amizade.
- É, parece que eu tenho um melhor amigo de novo. – Eu também olhei para a corrente em meu pescoço.
- Eu estou feliz por vocês. – sorriu de forma doce. – E estou orgulhoso de você. Eu disse que você conseguiria. – Ele me olhou.
- É, você disse. Você acredita em mim mais do que ninguém. – Eu disse, olhando em seus olhos. – Obrigada. – Eu voltei a me aproximar para selar os seus lábios mais uma vez.
- Não precisa agradecer. – devolveu o selinho. – Nos falamos mais tarde? – Ele perguntou.
- Combinado. – Eu me afastei, pois sabia que ele já estava atrasado para o treino.
- Até lá então. Te amo. – Ele viu que eu já estava abrindo a porta do carro.
- Eu também te amo. – Eu pisquei pra ele, antes de sair do carro, fazendo com que ele risse por poucos segundos.

Desci do carro e entrei em minha casa. Eu tinha tanta coisa para fazer que não sabia nem por onde começar. Eu estava feliz porque as coisas haviam voltado ao normal com o . me deixava cada vez mais confiante com relação a Amber. A cada dia eu tinha mais certeza de que aquele namoro não havia tido significado nada para ele.

Eu almocei e comecei a separar algumas roupas e sapatos. Eu tinha tanta coisa, que achei que não fosse precisar levar tudo. Certamente não caberia dentro da mala, por maior que ela fosse. Falando em malas, já estava mais do que na hora de eu pegá-las no sótão. Eu as peguei e voltei para o meu quarto com todas elas. Comecei a enchê-las de roupas. Mexendo em uma delas, achei um envelope. Abri ele porque sou curiosa demais pra deixar passar. Havia uma foto, que parecia ser muito antiga. Na foto haviam dois homens, na verdade, pareciam garotos. Eles usavam roupas do exercito e pareciam ser muito próximos. Eu não fazia ideia de quem eles eram.

Deixei a foto de lado e continuei arrumando as malas. Eu encontrei roupas que eu nem me lembrava mais que tinha. Parecia até que eu era como das outras vezes em que eu só estava arrumando as malas para ir para uma viagem em família. Eu ainda não havia entendido a proporcionalidade de tudo aquilo Eu não percebi que estava arrumando as malas para me mudar de cidade.

- Como está essa bagunça? – Meu pai apareceu na porta do quarto.
- Oi pai. – Eu sorri pra ele. – A bagunça está um pouco... bagunçada. – Eu disse, rindo.
- Eu ia dizer que era para você levar poucas malas, mas parece que será impossível. – Meu pai também riu.
- Eu acho que não vai caber nessas malas. – Eu disse, apontando para todas as malas. – Ah, pai! Eu estava me esquecendo. – Eu peguei a tal foto que eu havia achado. – Em uma das malas eu achei essa foto. – Eu a entreguei pra ele. – Quem são esses? – Eu observei ele olhar a foto com atenção.
- Esse sou eu. – Meu pai riu, me devolvendo a foto. Eu olhei para foto e finalmente percebi que era o meu pai ali.
- Nossa, é mesmo! Eu nem tinha notado. – Eu disse, surpresa. – Nossa, pai! O senhor era bonitão. – Eu disse e ele gargalhou.
- Era o que sua mãe dizia. Aliás, ela ainda diz. – Meu pai disse, fazendo graça.
- Isso foi há muito tempo atrás, não é? – Eu perguntei, apenas por curiosidade.
- Foi há quase... 22 anos atrás. – Meu pai disse, indeciso sobre a data.
- Nossa, faz tempo mesmo. – Eu gargalhei. – E quem é esse do seu lado? – Eu aproveitei para perguntar.
- É um velho amigo. – Meu pai sorriu fraco. - Eu procurei muito por essa foto. Ainda bem que você achou. – Meu pai estendeu a mão e eu a entreguei pra ele.
- Guarde isso. É uma antiguidade. – Eu sorri, vendo que aquela foto parecia importante pra ele.
- É, eu vou. – Ele sorriu pra mim. – Continue com a bagunça. – Ele girou a maçaneta e abriu a porta.

Malas, malas e mais malas. Foi isso o que resumiu a minha semana. Eu arrumava um pouco em cada dia. esteve comigo todos os dias. Eu falava em arrumar as malas, ele fugia. Ele odeia arrumar malas e eu acho que ele não gostava de me ver arrumando as malas para ir embora. Ele treinou a semana toda com os companheiros do time. havia conseguido se recuperar bem e até conseguiria jogar na sexta-feira. e pareciam ter reatado com o namoro. Eles viviam sumindo entre os intervalos das aulas. e também não tinham nada assumido publicamente. Não, eu e não havíamos voltado as boas. Ela veio tentando se aproximar de mim a semana toda, mas eu estou meio que com trauma de amigas. Não é que nós não estejamos conversando. Nós só conversamos o mínimo, sem intimidade nenhuma. era a única que me restava mesmo assim, ela já não estava tão presente por causa dos vestibulares que estava fazendo.

Brigas? Não se anime. Eu não vi mais Amber naqueles 4 dias. voltou para a escola, mas ela andava meio afastada de todos, inclusive de . Não que estivéssemos excluindo ela do grupo de amigos, mas ela fez questão de se excluir e se manter longe de todos os amigos, depois de toda aquela briga com Amber. Ninguém soube direito o que aconteceu entre elas. Nem ao menos sabia.

, ele vinha me impressionando a cada dia. Ele sempre se mostrou tão apaixonado por , que quando toda a confusão aconteceu eu achei que ele jamais olharia na minha cara de novo, mas não. Ele esteve comigo e com os nossos amigos todos os dias. queria ficar sozinha e ele não fazia questão de insistir.

Hoje era sexta-feira! Dia do jogo e o último dia de aula! Como poderia ser mais emocionante? Eu nunca fiquei tão feliz em ir para a escola. Eu até levantei ser reclamar! Me arrumei mais do que eu me arrumava todos os outros dias para ir a escola. Aquele dia era um dia especial. Era a última vez que eu fazia aquilo. Tinha que ser especial, inesquecível e talvez um pouco triste.

- Nossa, mas já acordou? – chegou em meu quarto, enquanto eu me maquiava em frente ao espelho. – Hoje é o último dia que eu podia te acordar aos berros, sua chata. – riu.
- Esse é o tipo de coisa da qual não vou sentir falta. – Eu também ri, olhando ele através do espelho.
- Você está animada? – perguntou.
- Eu não sei. É estranho. É o último dia, sabe? Eu não sei se eu comemoro ou se eu choro. – Eu me virei para olhá-lo.
- É, eu estou sentindo a mesma coisa. Acho que todo mundo está. – sorriu fraco.
- E o jogo? Está pronto? – Eu vi que ele também parecia ansioso.
- Eu estou muito ansioso. Eu jogo com aqueles caras há anos. Essa é a última vez. – também parecia triste com aquilo.
- Eu tenho certeza que vocês vão arrasar! – Eu tentei animá-los.
- Estou louco para ver o Peter levando uns socos do . – riu.
- Não começa com isso. – Eu revirei os olhos. – Vai, vamos. – Eu o empurrei em direção a porta.
- Ah, hoje você está com pressa, né? – me provocou.
- Não começa com isso também. – Eu rolei os olhos, enquanto descíamos as escadas.

Tomamos o café da manhã sem pressa. Não estávamos atrasados. Não tínhamos que fazer tudo correndo dessa vez. Saímos de casa 10 minutos antes da hora que costumávamos sair. não precisou correr com o carro e nem ficar falando do quanto eu me atraso em tudo. Chegamos na escola e vimos o sorriso no rosto de todos. Eram férias de verão para alguns e férias eternas para outros. Descemos do carro e fomos em direção ao portão da escola. As pessoas iam cumprimentando no caminho até lá, outros desejam sorte para ele e para o resto do time.

Entrar na escola pela última vez foi a sensação mais estranha. Era a última vez que eu passava por aquele portão, pelo qual tantas vezes passei correndo porque estava atrasada para aula. Olhar para a escada e ver todos os meus amigos ali, reunidos. Aquele era o nosso ponto de encontro. Onde seria o nosso ponto de encontro agora?

- É o primeiro dia na história dessa escola que eu e a não chegamos atrasados! – ergueu os braços, comemorando.
- Um dia tinha que acontecer, né? – gargalhou.
- Você está linda. – me puxou pra perto dele, beijando o meu rosto e depois os meus lábios.
- E como está a ansiedade do capitão? – Eu perguntei, enquanto nossos narizes ainda estavam se tocando.
- Está enorme. É a grande final e eu sei que vamos acabar com o jogo. – disse alto para que os amigos ouvissem.
- Vamos arrasar! – comemorou.
- Eu vou fazer 2 gols hoje. – fez a previsão.
- A vitória não seria tão boa se não fosse sobre o Peter. – completou.
- Eu juro que se eu quebrar uma das pernas dele vai ser totalmente sem querer! – disse, causando a risada de todos.
- Eu não acredito que eu tenho aula de Matemática no último dia de aula! – fez bico.
- Nós não deveríamos ter aula no último dia de aula. Nós podíamos só... ficar aqui conversando. – idealizou.
- É, mas um dia eu vou sentir falta dessas aulas chatas e entediantes. – sorriu sem mostrar os dentes.
- É, eu também. – Eu sorri pro , enquanto concordava com eles.
- Não vamos começar com a choradeira antes da hora! Podem parar! – disse de um jeito engraçado, querendo tirar aquele clima de tristeza.
- Acho que já devemos ir pra sala. Os professores já estão indo pra lá também. – apontou com a cabeça para alguns professores que iam em direção a sala de aula.
- Vamos então. – disse, pegando sua mochila em um dos degraus da escada.
- Encontro vocês no intervalo. – saiu com , que acenou com uma das mãos.
- Beijos. – Eu mandei um beijo no ar e sai com . foi para o outro lado com e .

e eu caminhamos de mãos dadas até a porta da minha sala. Depois de trocarmos alguns selinhos, eu entrei em minha sala e ele foi para a dele. As aulas passaram muito rápido. É sempre assim, né? Quando você quer que tudo aconteça lentamente, as coisas voam como nunca. Antes de sair da sala, o professor nos disse sábias palavras que emocionou a classe toda. Nos falou sobre futuro, sonhos e sobre escolhas certas.

As pessoas foram saindo da sala e eu fiz o mesmo, enquanto observava os detalhes da sala de aula. Aquela sala que eu sentiria tanta falta. Passei pela parte da frente dela e andei até a porta. Pisei no corredor e alguém me puxou pela cintura.

- ! Que susto! – Eu ri, apoiando minhas mãos em seus braços, enquanto suas mãos continuavam em torno da minha cintura.
- Vem comigo. – segurou a minha mão e começou a me puxar.
- Espera! Onde você está me levando? – Eu perguntei, enquanto ele ainda me puxava.
- Vem logo! – me puxou ainda mais e quando me dei conta estávamos correndo pelo pátio da escola. Eu estava rindo como uma idiota e também.
- Você é maluco! – Eu gritei, enquanto ainda corríamos.
- Porque está tão surpresa? – Ele gritou, rindo. Nós paramos de correr e ele virou-se pra mim. – Aqui. – Ele sorriu, ainda segurando a minha mão. Eu olhei em volta e logo reconheci o lugar.
- É o lugar onde escrevemos as redações. – Eu disse, me recordando daquela manhã em que tudo começou e nós nem fazíamos ideia disso.
- Eu te trouxe aqui porque eu quero te dar uma coisa. – ficou me olhando, esperando pela minha reação.
- O que é? – O meu sorriso aumentou, enquanto eu olhava pra ele, curiosa. soltou a minha mão e virou a sua mochila para frente, abrindo o seu zíper e pegando algo ali dentro.
- Abra. – me entregou um embrulho. Nós trocamos olhares e eu tentei fazê-lo dizer o que tinha ali. – Eu espero que você goste. – observou, enquanto eu abria o presente.
- Hm, é uma roupa. – Eu disse, assim que senti o tecido. Puxei de dentro do embrulho e logo notei as cores da camiseta. Era a camiseta do time de futebol da escola. – Oh, não! Não acredito. – Eu sorri, adorando ter a minha própria camiseta para usar no jogo de daqui a pouco.
- A garota do capitão do time deve ter uma camiseta do time, não acha? – ficou todo empolgado em ver o quanto eu havia gostado do presente.
- , eu adorei. Eu nunca ganhei uma. – Eu ainda não havia aberto a camiseta. estava esperando por isso.
- Deixe-me ajudar. – pegou a camiseta e a abriu, deixando a parte detrás dela de frente pra mim. Eu não acreditei quando li o nome que estava na camiseta: ‘Sra. Jonas’.
- Não acredito que você fez isso. – Eu ri, ainda sem ter reação.
- Eu quero que use isso hoje. – me olhou de forma doce.
- É claro que eu vou usar. – Eu peguei a camiseta em minhas mãos. – Eu adorei. Estou muito honrada por ser a garota que está recebendo isso. – Eu me aproximei e selei seus lábios. Eu queria beijá-lo, mas na escola não dava. Então, ficamos apenas nos selinhos.
- Estou feliz que tenha gostado. – disse, depois de um de nossos selinhos.
- Obrigada. – Eu acariciei o seu rosto e dei o último selinho.
- Obrigado por ter estado comigo em todos os outros jogos. Obrigado por estar comigo no meu último jogo. Significa muito pra mim. – O sorriso doce de fez meu coração amolecer.
- Você e eu... sempre. Lembra? – Eu disse a frase que havia nos marcado há dias atrás.
- Sim, você e eu. – deslizou a sua mão pelo meu braço e chegou em minha mão, entrelaçando nossos dedos. – Vamos? – apontou para o pátio da escola com a cabeça.
- Pronto para o seu último intervalo nessa escola? – Eu perguntei, guardando a camiseta em minha bolsa.
- Vamos ver. – Ele voltou a me puxar com uma das mãos. Dessa vez não estávamos correndo. Chegamos no pátio e fomos até a mesa onde nossos amigos costumavam sentar. Eles estavam lá. Nos aproximamos e eles abriram espaço para que eu e sentássemos.
- Onde vocês estavam? – perguntou, enquanto comia uma de suas bolachas de chocolate.
- Estávamos conversando ali em cima. – disse, roubando uma das bolachas de .
- Estão dizendo que o time da outra escola vai vir mais cedo para reconhecer o campo. – se lembrou de que ainda não tinha contado ao .
- Não brinca... – fez careta.
- Eu só não sei que horas eles vão chegar. – explicou.
- Eu não vejo a hora de ganhar daqueles idiotas. – já parecia estar concentrado para o jogo.
- Acabar com um deles já é suficiente pra mim. – disse, parecendo querer vingança pela surra que havia levado no final de semana passado.
- Eu quero que foquem no jogo! Entenderam? – pareceu ficar bravo. Estava apenas assumindo a sua postura de capitão. – Não importa com quem vamos jogar. Importa que vamos dar tudo de nós naquele jogo. – olhou para os companheiros.
- É, mas no final do jogo nada me impede de dar uns tapas naquele merda. – disse, demonstrando já ter toda a vingança planejada.
- Não vou falar mais nada porque eu sei que não adianta. – Eu revirei os olhos.
- Realmente não adiantará. – piscou pra mim.
- É parece que está na hora das nossas últimas aulas do ensino médio. – fez bico, assim que ouviu o sinal do intervalo soar.
- Depois da aula nós conversamos. – fez careta.
- , ! Espera! – Eu me levantei e fui atrás dele. Ele virou-se para me olhar.
- O que foi? – Ele sorriu pra mim.
- Está tudo bem? Quer dizer... você e a ? – Eu passei a semana toda preocupada com aquilo. Eu mal via mais a e juntos.
- Bem, está uma droga. Eu nem reconheço mais ela. – suspirou longamente. – Mas não preocupe. Está tudo bem. Eu to bem. – voltou a sorrir apenas para me deixar menos preocupada.
- Tudo bem então. – Eu pisquei pra ele e ele riu. Eu dei alguns passos para trás e ele acenou com a mão.
- Vejo você no jogo. – Ele gritou, antes de virar-se de costas e subir as escadas.
- O que aconteceu? – chegou ao meu lado, querendo saber o que eu queria com o .
- Eu só estava preocupada com o e a , mas ele disse que está tudo bem. – Eu me virei para olhar .
- Você... sempre se preocupando com todos, né? – sorriu pra mim, segurando uma das minhas mãos. – Vamos, eu te levo pra sala. – Ele me puxou pelo braço.
- Até depois. – Eu gritei, me despedindo dos meus amigos.
- Quando a aula acabar, não demora! Eu vou te buscar na sua sala. – gritou e eu me virei e fiz joia com o dedo polegar.
- Onde nós vamos comemorar a vitória de hoje? – Eu perguntei ao , enquanto andávamos pelo corredor da escola.
- Eu não sei. Onde eles decidirem, eu acho. – sorriu, gostando do fato de eu já acreditar na vitória deles. - E como estão os preparativos para apresentação? Já é amanhã. – perguntou.
- Eu fico nervosa só em pensar. Eu ensaiei a semana toda, mas cantar na frente do espelho é diferente do que cantar na frente de 100 pessoas. – A única coisa que me tranquiliza é que você vai estar lá na primeira fileira. Ver você lá vai me acalmar. – Eu disse e ele me olhou, comovido.
- Para de dizer coisas que me fazem querer te beijar, porque eu não posso fazer isso aqui. – queria dizer de forma séria, mas não conseguiu.
- Oh, me desculpa. Eu achei que você gostasse de viver perigosamente. – Eu voltei a provoca-lo e nós paramos no meio do corredor.
- Você está certa. – me puxou pela mão, olhou para os lados para ver se nenhum inspetor estava por perto e me encostou em um dos armários dos alunos.
- Não, eu estou brincando. – Eu ri, quando vi que ele ia me beijar.
- Só 1.. – se aproximou enquanto ria, me roubando um selinho.
- Certo. – Eu disse, depois de descolarmos nossos lábios.
- Talvez 2... – Ele selou de novo os meus lábios, me fazendo rir mesmo com nossos lábios ainda colados.
- Olha só quem eu encontrei! O casal favorito da escola. – A voz nos interrompeu e nós não precisamos nem nos virar para saber que Peter estava ali. descolou nossos lábios e me olhou, sério.
- O que você quer, Peter? - virou o seu rosto para olhá-lo e afastou seu corpo do meu.
- Como está o seu amigo? – Peter se referia ao .
- E como você está? Ouvi dizer que andou levando uns socos. – sorriu, sarcasticamente.
- É, obrigado por isso, vadia. – Peter me olhou, furioso. cerrou os olhos e demonstrando que partiria pra cima de Peter, mas eu entrei em sua frente.
- , você me prometeu. – Eu olhei pra ele, séria. suspirou longamente, tentando se acalmar.
- Mas... – tentou argumentar, mas eu o interrompi.
- Você prometeu. – Eu voltei a lembra-lo e ele demonstrou-se irritado.
- Awn, o que foi? Ele não pode quebrar a promessa que fez pra namoradinha ou está apenas sendo covarde? Talvez os dois? – Peter riu.
- Peter, é melhor você ir embora. – riu, tentando acalmar a si mesmo.
- Jonas, eu te entendo. Sua namorada pode ser vadia, mas não deixa de ser gostosa. – Peter disse, me olhando dos pés a cabeça com aquele olhar nojento.
- Eu vou acabar com esse.. – passou as mãos pelo cabelo, demonstrando que estava mesmo se segurando para não acabar com Peter naquele minuto.
- , para. Ele está fazendo isso de propósito. Não cai nas provocações dele. – Eu voltei a empurrar pra trás.
- Qual é, ! Eu estou aqui! Você não esperou tanto por isso? – Peter abriu os braços.
- Cala essa boca, Peter. – Eu olhei pra trás, irritada. já estava impaciente e Peter ainda ficava provocando.
- Não se intromete, vadia. Você já me fez perder tempo demais com você. – Peter disse, irado.
- Se ele te chamar de vadia de novo.. – disse baixo, olhando pra mim.
- SOLTA ELE, VADIA! – Peter gritou ainda mais alto, chamando a atenção de algumas pessoas que passavam por nós.
- Eu avisei.. – tentou passar por mim e eu não deixei.
- , me escuta. Ele está tentando te provocar de propósito! Se você bater nele aqui na escola, você levará suspensão e será proibido de jogar a final. É isso o que ele quer! Não responda as provocações dele. – Eu disse com as minhas duas no peitoral de .
- Ok, ok... – fechou os olhos por poucos segundos, tentando se acalmar.
- Você é patético, Jonas! Deixa ela mandar e desmandar em você a hora que ela quer. – Peter disse e fingiu ignorar.
- Vai pra sua sala. É melhor. – Eu pedi ao . Quanto mais longe de Peter ele estivesse, melhor.
- Eu vou.. – suspirou longamente. Peter ainda estava próximo, observando. – Te vejo no jogo, ok? – forçou um sorriso, beijou o meu rosto e se afastou, passando pelo Peter sem olhar em sua cara.
- Você já era no jogo de hoje.. – Peter disse, quando passou em sua frente. Foi o suficiente para fazer parar de andar no mesmo instante. Virou-se pro Peter e foi em sua direção.
- ... – Eu tentei intervir mais uma vez, mas quando eu vi, ele já estava pressionando Peter contra o armário de algum aluno.
- Eu não posso te bater agora, mas eu vou acabar com você depois do jogo. Está entendendo? Fica esperto. – encarou Peter de perto, que não se atreveu a dizer nada. Eu fiquei observando e vi soltar ele e me olhar. – Está tudo bem. – sorriu pra mim, esperando que eu entrasse na sala.
- Ok... – Eu suspirei. – Vejo você depois. – Eu entrei na sala, ainda preocupada. encarou Peter de longe e se afastou. Peter não teve coragem de dar um passo, enquanto estava por perto.

As três últimas aulas do ensino médio... Isso está começando a parecer triste pra mim. Eu não queria que tudo acabasse assim. Eu não queria me dar conta de que o próximo lugar em que eu estivesse estudando fosse longe dos meus amigos. Eu mal consegui me concentrar na aula. Eu só conseguia pensar que tudo estava acabando. O último sinal soou e eu não queria me levantar e sair daquela sala. Eu nem tive tempo de ficar ali o tempo que eu queria, entrou na minha sala desesperada.

- Vamooooooooos! Temos que pegar bons lugares. – puxava de um lado e eu de outro.
- Espera, eu tenho que ir ao banheiro antes. – Eu disse, me lembrando que eu tinha que colocar a camiseta que havia me dado.
- Então corre! – me puxou pela mão e fomos até o banheiro. Troquei a camiseta do uniforme pelo presente de . Quando as garotas viram a camiseta, quase choraram de tanta comoção.
- Awwwwwwwwwn, não acredito! – disse, olhando para as minhas costas.
- Não! Não é possível! Eu não acredito que o fez isso. – sorriu feito boba.
- Ele fez... – Eu disse, olhando a parte detrás da camiseta no espelho.
- Eu vou implorar uma igual a essa pro depois. – riu.
- Eu te ajudo a convencer ele. – Eu também ri.
- Ótimo. – sorriu pra mim e depois se olhou no espelho. – Pronto, já podemos ir? – perguntou toda apressada.
- Acho que sim. – Eu dei uma ajeitada no cabelo e sai com e em direção ao ginásio.

Estava absurdamente lotado. Nunca esteve tão lotado até hoje. Haviam cartazes, faixas e tudo mais. nos mandou uma mensagem de texto falando que eles haviam reservado lugares para nós. Corremos tanto para nada! Chegamos em nossos lugares reservados e percebemos que ele era ótimo e que nos deixava ter uma ótima visão. Estava ótimo! Nós até conseguíamos ver as vadias dançando com os pom poms, quer dizer, as líderes de torcida. Jessie estava lá com aquela sainha curta e com os peitos saltando para fora do top.

- WOWWWWW! – Nós gritamos quando os garotos entraram em campo. estava lindo como sempre. Aquela cara séria de capitão era muito sensual. O time do Peter entrou logo depois e é claro que eles foram vaiados. A única coisa que eu queria é que não houvesse briga naquele campo.

O jogo estava começando. e estavam no centro do campo, eles começariam com a posse de bola. O juiz apitou e então a bola começou a passar por diversos pés. Logo se viu que os jogadores do time do Peter tinham apenas tamanho. Eles eram ruins de bola. Peter era o melhor do time para se ter uma noção.

O inicio do jogo foi bem chato. Parece que ninguém ainda havia se tocado de que era a grande final, apenas a torcida. Eu e gritávamos como malucas. era mais discreta, mas ainda assim gritava. Eu estava sentindo falta da histeria de e me deixava ainda mais triste o fato de que também sentia falta do apoio dela. Como ela podia perder o jogo final? Era por isso que os meus gritos estavam divididos entre o e o . Alguém tinha que gritar por ele e eu estava fazendo isso. Eu gritava por e também, mas não era fácil concorrer com e .

Faltava 10 minutos para o final do primeiro tempo e o jogo começou a esquentar. O time de Peter pareceu não ser mais tão ruim assim. Eles perderam muitos gols. As jogadas que havia combinado com o seu time pareciam que não estava funcionando. Ele estava ficando maluco por causa disso.

- TOCA AQUI! EU TO AQUI, PORRA! – gritava, quando via passando com a bola por ele. O time de Peter parece ter vindo preparado para anular no jogo. Toda vez que a bola era tocada pra ele, alguém a roubava antes de chegar aos seus pés. estava muito furioso. Ele tinha que arranjar um jeito de se livrar daquela forte marcação.

O primeiro tempo acabou e o placar ainda estava zerado. Peter parecia satisfeito, mas não. estava maluco para chegar no vestiário e xingar todos os seus jogadores e manda-los acordar. Os jogadores começaram a ir em direção do vestiário e é claro que Peter não perdeu a oportunidade de irritar o .

- HEY, JONAS! VOCÊ FOI SUBSTITUÍDO? EU NEM TE VI EM CAMPO. – Peter riu, mesmo estando longe de .
- Desgraçado.. – resmungou, dando alguns passos em direção ao Peter, mas e o seguraram.
- Deixa, ! Deixa! – disse, empurrando em direção ao vestiário. percebeu que o amigo estava certo e desceu as escadas em direção ao vestiário. Chegou em frente aos armários dos jogadores e fechou uma das mãos para dar um soco em um deles.
- DROGA! – Ele disse, enfurecido.
- Calma, ! – Um dos jogadores disse e virou-se para olhá-lo.
- CALMA? O TIME NÃO ESTÁ JOGANDO NEM METADE DO QUE SABE JOGAR E VOCÊ QUER QUE EU ME ACALME? – gritou, furioso.
- Nós podemos melhorar agora, . – disse, bebendo uma garrafinha de água.
- NÃO, VOCÊS NÃO PODEM! VOCÊS VÃO! – olhou para todos os jogadores que estavam sentados em alguns dos bancos do vestiário. – JUNTA TODO MUNDO AQUI! – mandou e todos se aproximaram, formando uma roda. – Nós estamos juntos há 3 anos! Estou há 3 anos olhando pra cara feia de vocês todos os dias, em todos os treinos e em todos os jogos. – disse, causando a risada de alguns jogadores. – Eu não cheguei aqui pra perder e nós NÃO VAMOS PERDER! Eu confio em vocês! Confio no meu time e eu sei o quanto vocês são bons e o quanto querem isso! – continuava fazendo o seu papel de capitão. – Esses são os nossos últimos 45 minutos como time e eu não queria estar jogando eles ao lado de mais ninguém! – disse, fazendo os colegas de time sorrirem.
- É ISSO AE! – Vários deles gritaram para apoiar .
- Então eu quero que entrem naquele campo e façam o melhor jogo de suas vidas! – gritou, fazendo alguns jogadores ficarem extremamente empolgados. – EU QUERO QUE ENTREM LÁ E DÊEM TUDO DE VOCÊS! EU QUERO QUE FAÇAM TUDO O QUE PUDEREM POR ESSE TIME PELA ÚLTIMA VEZ! ENTENDERAM? – gritou ainda mais e todos gritaram, concordando. – ENTÃO VAMOS LÁ! – colocou a mão no centro do circulo e todos os outros jogadores fizeram o mesmo, gritando o nome da escola pela última vez. , e também estavam ali, orgulhosos pelo ótimo trabalho do amigo como capitão.

Os jogares que subiram naquele campo de futebol não pareciam os mesmos que desceram cabisbaixos e desmotivados. Eles estavam prontos pra ganhar o campeonato. A torcida vibrou ao ver a motivação dos seus jogadores e Peter ficou mais preocupado do que nunca.

- ! ! ! – Me arrepiou da cabeça aos pés, ver e ouvir aquela torcida gritar pelo nome de seu capitão, demonstrando o quanto era grata a ele pelos últimos 3 anos.
- HORA DE ACABAR COM ELES! – gritou, achando que os jogadores pudessem ouvir.
- VAMOS LÁ! – gritou, sem tirar os olhos do gramado.
- ACABA COM ELEEEEEEEES! – Eu também tinha que gritar, né?

A bola voltou a rolar e o jogo parecia outro. O time de Peter estava mais perdido do que nunca em campo. Os caras perdiam todas as bolas e sempre acabava sobrando para ou . ainda sofria com a marcação. Ele nem conseguia chegar no ataque. Peter estava tão preocupado com , que colocou diversos jogares do seu time para marca-lo, deixando os outros jogadores do time sozinhos.

- GOOOOOOOOOOOOOOOL! – A torcida vibrou, quando viu tocar a bola para fazer o gol. Os jogadores do time do comemoravam, enquanto os do time do Peter levavam uma bronca de seu capitão. não ia perder a oportunidade de zoar o rival. Abriu os braços, rindo pro Peter como quem quisesse dizer ‘O que aconteceu? Você não era tão bom?’. Peter estava ficando puto da vida.

O jogo ficava cada vez mais fácil para o time de e não demorou muito para que marcasse o seu gol (o 2° da partida) depois de mais um ótimo passe de , que apesar da forte marcação, conseguia dar bons passes. A torcida já contava a vitória, enquanto Peter quase morria de tanto gritar com os seus companheiros. É claro que não perdeu a chance de provocar Peter, que não se aguentava mais de tanta raiva.

- Marquem o , seus imbecis! – Peter gritou para alguns se seus jogadores. - VENHA VOCÊ ME MARCAR, PETER! – abriu os braços, rindo. – O QUE FOI? TODOS OS SEUS AMIGOS NÃO ESTÃO DANDO CONTA DE MIM? – gritou e todos os jogadores do time do Peter olharam feio pra ele.
- Para de arrumar confusão, caralho! Deixa o jogo acabar. – disse em baixo tom.

Os jogadores do Peter novamente se atrapalharam com a bola e acabaram levando mais um gol, dessa vez de . Outro ótimo passe do ! O público começou a gritar pelo nome de e eu fiquei toda feliz por ele. passou os olhos pela multidão, pois tinha esperanças de que pudesse estar ali como em todos os outros jogos. Ela não estava, mas mesmo assim ele não deixou de comemorar. Os companheiros de time o abraçaram.

- É isso ai, garoto. – bagunçou o cabelo de , que ria todo empolgado.
- Sua vez, . – sussurrou perto de , que afirmou com a cabeça.

Os erros de passe continuavam fazendo com que o time de se destacasse mais do que nunca no jogo. A bola novamente foi parar nos pés do , que ao invés de tocar para qualquer outro companheiro de time, preferiu seguir com ela, driblando alguns poucos jogadores e tropeçando em alguns deles. Conseguiu chegar na frente ao gol e marcar o seu gol! 4x0 não é pra qualquer um.

- GOOOOL! GOLLLLLL! – Eu fiquei histérica por ter feito o gol. A torcida começou a gritar o seu nome e ele se aproximou da grade, virando-se de costas e mostrando o nome em sua camiseta, que combinava perfeitamente com o nome da minha. Ele apontou pra mim e mandou um beijo, fazendo o público gritar ‘own’.

O jogo estava acabando e os jogadores de Peter já tinham desistido. Peter era o único que ainda tentava alguma coisa em campo. A torcida já gritava que éramos campeões, quando o apitou soou. A gritaria aumentou e a torcida pulava como nunca. Os jogadores do time do começaram a comemorar e a se abraçar.

- WOW! SOMOS CAMPEÕES! – gritou, pulando nos braços de .
- NÓS GANHAMOS! NÓS CONSEGUIMOS! – abraçou .
- Você foi ótimo, cara! VOCÊ ARRASOU! – disse, fazendo ficar orgulhoso de si mesmo.
- VENHA AQUI, CAPITÃO!EU QUERO TE DAR UM BEIJO! – abriu os braços em direção ao .
- Não fala isso alto, idiota. – disfarçou. - CAMPEÕES! – gritou, rindo. Eles se abraçaram.
- BELO GOL, PARCEIRO. – abraçou .
- O seu gol também foi ótimo, . – correspondeu o abraço.
- EU TE FALEI QUE EU IA FAZER O GOL! EU TE AVISEI! – apontou pro , que gargalhou.
- SEU FILHO DA MÃE! COMO FEZ AQUELE GOL? – e fizeram o seu aperto de mão habitual antes de se abraçarem.

Os jogadores campeões continuavam comemorando uns com os outros, enquanto Peter e os seus companheiros desciam cabisbaixos para o vestiário. A torcida ainda comemorava, inclusive eu, e .

- ELES GANHARAM! – estava quase chorando de tanta empolgação.
- NÓS GANHAAAAAAAMOS! – pulava feito uma perereca.
- SOMOS OS CAMPEÕES! ELES CONSEGUIRAM! – Eu gritei, ainda sem acreditar.

Os organizadores da competição entraram em campo com as medalhas e o troféu. Os garotos ficaram enfileirados, enquanto uma medalha era colocada no pescoço de cada um. O troféu foi dado ao capitão, que dividiu aquele lindo troféu com os parceiros. Eu não me lembro de ver tanta felicidade junta em um mesmo lugar.

- Agora, o capitão fará o seu discurso. – O microfone anunciou, pegando de surpresa. Todos começaram a gritar o seu nome, incentivando o seu discurso. Ele teve que ir até lá, mas antes deixou o troféu com os amigos.
- Bem, oi... – parecia meio envergonhado. O publico gritou ainda mais e ele riu com a reação daquela linda torcida. – Se eu soubesse que teria que fazer esse discurso, eu não teria me inscrito pra ser o capitão do time. – disse e todos gargalharam. – Não, agora é sério. – ficou um pouco mais sério, mas ainda havia um sorriso de orgulho em seu rosto. – Eu gostaria de agradecer aqueles caras ali. – apontou para os companheiros de time. – Eles deram o melhor deles hoje. Sem eles, eu não estaria nesse palco agora. Sem eles, nós nem havíamos conquistado esse título. O mérito é todo deles. – olhava para os amigos. – Eu tenho orgulho de ter jogado com esses caras. Eu tenho orgulho de fazer parte dessa escola. Vocês são uma bela torcida. – disse e todos voltaram a gritar. – Esse provavelmente é o nosso último dia aqui na escola. É a última vez que estamos juntos desse jeito. É a última vez que estamos torcendo juntos, mas eu quero que saibam que eu ainda vou estar torcendo por cada um de vocês. – parecia emocionado, mas não queria que ninguém notasse. – Eu queria agradecer a vocês por todos os jogos que vocês vieram assistir, todas as vezes que vocês vieram torcer, gritar e se emocionar com todos nós. – Cada pausa que o dava, o público gritava de forma histérica. – Eu quero agradecer aos meus amigos que não me abandonaram nem por um dia. – olhou para , e . – E eu quero agradecer a minha linda namorada que está aqui hoje, como sempre esteve. – olhou pra mim, mesmo eu estando bem longe. – Ela esteve do meu lado, mesmo quando nem percebia que estava. – Meus olhos se encheram de lágrimas. Lágrimas de alegria e orgulho. – Obrigada, . – Ele sorriu pra mim e eu ri ao ouvir aquele apelido idiota. Mandei um beijo de longe e ele também riu. – E em nome de todo o time, muito obrigado. Nós ganhamos esse campeonato pra vocês. Obrigado. – se afastou do microfone, recebendo gritos e mais gritos da torcida.
- Belo discurso, . – deu alguns tapinhas do braço do amigo.
- Você foi a minha inspiração, . – olhou docemente pro . queria fazer os amigos rirem ao invés de chorar.
- Não enche vai. – riu, empurrando para o mais longe dele possível.
- Vamos descer. Eu estou fedendo. – fez careta. Ele estava todo suado.
- Você sempre está fedendo. – brincou com o amigo.
- Nossa e você está super cheiroso! Dá pra fazer uma colônia com todo esse seu perfume. Talvez devêssemos usar o seu suor. – disse, causando a risada de todos.

Os garotos foram pro seu vestiário. Tomaram banho e vestiram roupas menos fedidas. Os outros jogadores se despediram do e depois de , e . Os 4 demorariam um pouco mais no vestiário por tinham que pegar seus pertences, já que no ano seguinte aqueles armários não pertenceriam mais a eles.

Peter continuava no vestiário ao lado, não se conformando da derrota. Ele não sossegaria enquanto não se vingasse de uma vez por todas. Peter percebeu que vários jogadores saíram do vestiário em que o time do estava, mas ele não havia visto o seu maior inimigo sair. Peter concluiu que estava sozinho lá e essa foi a chance que ele tinha de fazê-lo pagar.

- Vocês pegaram as toalhas de vocês? Se vocês esquecerem, já era. – percebeu, que só ele estava guardando a toalha dentro de sua mochila.
- Eu sempre esqueço essa merda. – revirou os olhos.
- É óbvio que eu esqueci. – saiu, indo para os chuveiros.
- Eu não esqueci, eu deixei lá de propósito por que... – ia arrumar uma desculpa, mas não conseguiu pensar em nenhuma. – Esquece. – riu e saiu em direção aos chuveiros ao lado de . riu, enquanto continuava tirando as coisas de seu armário e colocando em sua mochila.
- Você passou dos limites, Jonas. – Peter disse, vendo de costas. sorriu ao ouvir a voz de Peter. Sabia que ele viria.
- Peter! Hey! – virou-se, sorrindo. – Veio comemorar a sua derrota comigo? – continuou bem humorado.
- VOCÊ NÃO PODE ME TIRAR TUDO. ESTÁ OUVINDO? NÃO PODE! – Peter gritou, irado. – EU VOU FAZER VOCÊ PAGAR POR CADA COISA QUE VOCÊ TIROU DE MIM. – Peter ameaçou.
- Você está se referindo ao campeonato, o cargo de capitão ou a ? Porque você sabe, tirar as coisas de você é mais fácil do que tirar doce de criança. – continua com aquele sorriso sarcástico no rosto.
- Eu vou acabar com você... – Peter suspirou, todo raivoso.
- Pode vir! Está esperando o que? – chamou Peter com os dedos, ficando mais sério.
- Acontece que eu não estou sozinho, . – Peter olhou pro lado e chamou seus dois amigos gigantes, que ficaram cada um de um lado.
- Mais perdedores... – riu, zoando os dois caras. – Só tem um problema. – olhou pro lado e viu , e que estavam esperando pela hora certa de aparecer. – Eu também não estou sozinho. – cruzou os braços, enquanto os seus 3 amigos se aproximavam e ficavam ao seu lado.
- Isso não será um problema. – Peter disse, forçando um sorriso. – Não é, pessoal? – Peter olhou para os amigos, que não pareciam mais tão intimidadores.
- Peter, o campeonato acabou. Você não é mais o nosso capitão. – Um dos ‘amigos’ de Peter disse.
- É, talvez esteja na hora de você se virar sozinho. – O outro amigo de Peter disse. Os dois gigantes se olharam e foram saindo. Eles simplesmente não tinham mais motivo de puxar o saco de Peter, já que nem um bom amigo ele era.
- HEY! HEY! VOLTEM AQUI. – Peter gritou, mas eles nem lhe deram ouvidos. – HEY! Seus... – Peter viu que era inútil, já que eles já estavam bem longe e não ouviria seus insultos.
- Seus amigos são bem fieis. – comentou, rindo.
- Oh não! O Peter está sozinho! Agora sim estamos ferrados! – brincou e , e riram.
- Seus covardes.. – Peter ainda tentou dar uma de durão.
- Não, não. Quer saber? Nós não somos igual a você. Você vai ter o prazer de levar uns socos só de UM de nós. Quer escolher? – fingiu ser gentil.
- Eu, eu! Me escolhe! – ergueu a mão.
- Vocês são imbecis ou o que? – Peter pareceu estar um pouco mais assustado.
- Imbecil? Sou eu! Eu mesmo! Estão vendo? Ele me escolheu. Desculpa pessoal. – disse, dando alguns passos a frente.
- É justo! Ele tem contas a acertar com o Peter. – fez bico, queria dar uns tapas no Peter também.
- Não curti, achei ofensivo. – cruzou os braços. Ok, todos queria dar uma lição no Peter.
- Eu sempre quis fazer isso. – fez cara de desanimo. Ele era o único que não havia socado Peter até hoje.
- Então, Peter? Você estava tão valente no final de semana. O que aconteceu? – parou na frente dele.
- Vai se ferrar. – Peter disse, raivoso.
- AWNR, RESPOSTA ERRADA. – disse e deu o primeiro soco no rosto de Peter.
- Seu desgraçado.. – Peter tentou bater em , mas errou. revidou com outro soco.
- Como é mesmo? – fez cara de pensativo, enquanto Peter gemia de dor. – Eu sou o desgraçado mais perigoso que você já conheceu, não é? – repetiu a frase que eu usei depois de bater em Peter no final de semana. Ele começou a rir sozinho.
- Foi gay, mas foi legal. – ergueu os ombros.
- VAMOS, LEVANTA! – queria que Peter levantasse para brigar. Peter se levantou, meio zonzo.
- Você sempre foi um fraco. Sempre precisou dos outros, porque nunca foi bom sozinho. – Peter disse, achando que as palavras atingiriam .
- Eu me sinto bem forte agora, cara. – riu, olhando o rosto de Peter de perto. Peter tentou dar mais um soco em Peter, mas ele errou novamente. – Como diria a minha melhor amiga... – riu e depois deu um 3° soco em Peter. – Esse é por mim... – fazia tudo na brincadeira, fazendo os amigos rirem. ergueu o seu joelho e chutou as partes intimas do . – Esse é... – pensou por um tempo, enquanto Peter colocava as mãos no local atingido. – Foda-se. Esse é por mim também, porque eu estava maluco pra fazer isso. – se abaixou para poder olhar no rosto de Peter. – E a melhor parte... – esticou o dedo e o colocou na testa de Peter e o empurrou. – OPS... – disse, depois de ver Peter desabar como no final de semana.
- PALMAS! GENIAL! – não se aguentava de tanto rir.
- Isso é tão a cara da . – gargalhou, sabendo que toda aquela cena tinha alguma coisa a ver comigo.
- Faz de novo? Eu esqueci de filmar. – disse, pegando o celular e depois também riu.
- Claro, quantas vezes você quiser. – ia levantar Peter, mas o impediu.
- Não, não! Chega, já está bom. – disse, vendo que Peter já estava todo machucado. Foi até ele e se agachou. – Vamos, levanta! – mexeu no Peter e ele ainda gemia de dor.
- Ele está chorando? – se aproximou para averiguar.
- Não, ele só está gemendo como uma garotinha. – adicionou.
- LEVANTA, VAI! – disse mais alto, segurando Peter pelo braço e o levantando.
- Aonde você vai levar ele? – perguntou, vendo levar Peter em direção a porta.
- Vou levar ele pro vestiário. Os amigos que ajudem ele. – disse, colocando o braço de Peter em torno de seu pescoço e levando ele, quase arrastado. Peter estava acordado, mas estava zonzo.
- Sua vadiazinha vai ficar sabendo disso. – Peter disse, pois sabia da promessa que havia me feito. aproveitou que estava perto da porta e quando foi passar por ela, deixou que Peter batesse a cabeça em uma das parede que faziam o contorno da porta.
- Ops.. – disse, fingindo que foi sem querer. Ouviu os seus amigos rirem de longe e continuou andando.

entrou no outro vestiário e deixou Peter com os amigos. Saiu e voltou para o seu vestiário, onde pegaria a sua mochila que continha suas coisas. , e também já haviam arrumado suas mochilas. Só estavam esperando voltar para irem embora.

- Já fez a sua boa ação do ano. Podemos ir? – revirou os olhos. Estava exausto.
- Vamos. – pegou a sua mochila, que estava em um dos bancos do vestiário.
- É meio triste sair daqui. – disse, enquanto eles caminhavam em direção à porta.
- Nós já passamos tantas coisas aqui. – sorriu, olhando para trás.
- Eu já xinguei vocês muitas vezes aqui. – riu, se referindo às vezes em que eles perderam os jogos.
- É, mas você também já nos incentivou muito aqui, . – sorriu pro amigo.
- Como hoje. – também sorriu pro .
- É o meu trabalho, né? Aliás, era... – sorriu, olhando para os detalhes do vestiário.
- Você foi o melhor capitão que nós poderíamos ter, . – disse. merecia ouvir aquilo.
- Você nos agradeceu no seu discurso hoje, mas nós também queremos te agradecer por tudo. – completou.
- É, você foi um bom capitão, . – deu alguns tapinhas no ombro do amigo.
- Awn, abraço em grupo? – abriu os braços. Ele estava fazendo brincadeira para disfarçar seus olhos cheios de lágrimas.
- Só que não. – sorriu falsamente e saiu.
- Não força, . – riu, passando pelo amigo.
- Estou saindo... – forçou um sorriso e também passou pelo amigo, indo em direção à saída do vestiário. riu sozinho. Era a reação que ele esperava dos amigos. Olhou o vestiário pela última vez e voltou a sorrir. Engoliu as lágrimas para que pudesse dizer qualquer coisa.
- Eu espero que cuidem tão bem daqui, como fiz questão de cuidar todos esses anos. – falou sozinho e sorriu. – Adeus, melhor parte da minha adolescência. – disse, antes de apagar a luz e fechar aquela porta pela última vez. andou pelo corredor para chegar onde seus amigos estavam e no final dele, me encontrou. Eu estava esperando por ele.
- ! – Eu gritei e sai correndo, pulando em seus braços.
- Heey! – riu, me abraçando forte.
- Parabéns, você foi ótimo. – Eu terminei o abraço para selar os seus lábios. – Você foi incrível, o seu discurso foi incrível. Eu estou orgulhosa. – Eu voltei a abraça-lo.
- Obrigado. – sorriu, agradecido.
- Você foi ótimo, capitão. – sorriu pro amigo.
- Obrigado, . – abraçou rapidamente a amiga.
- Parabéeeens, ! Seu discurso foi lindo. – também disse, mas de um jeito engraçado.
- Valeu. – segurou o riso. - Faz tempo que vocês estão nos esperando? – perguntou.
- Faz! Nós vimos os meninos e estávamos só te esperando. – explicou.
- Aonde nós vamos agora? – perguntou, enquanto caminhávamos em direção à saída.
- Espera, vamos fazer uma coisa antes. – parecia ter tido uma ideia. Segurou em minha mão e me puxou. Todos vieram atrás de nós.
- , o que você está fazendo? – disse, assustado.
- A escola vai ficar aberta até as 6! Dá tempo de darmos uma última volta aqui. – disse, passando pela porta que ligava o ginásio ao pátio da escola.
- Está vazia... – comentou, percebendo o silêncio do local.
- Os alunos da tarde foram liberados pro jogo. Não tem ninguém aqui. – explicou.
- Essa mesa. Eu vou sentir falta dela. – disse, enquanto passávamos pela mesa que ficávamos em todos os intervalos.
- E essa escada... – sorriu fraco.
- Nós sempre ficamos aqui na entrada e na saída. – complementou.

Estava sendo uma sensação nova pra mim. Agora sim eu estava vendo tudo aquilo pela última vez. Era a última vez que eu via todos aqueles lugares que costumavam ser parte da minha rotina. Estava sendo mais triste do que eu imaginava. Qualquer lugar que eu olhasse, tinha uma memória. Memórias são sempre memórias e não importa se elas foram ruins e boas, você sempre vai se lembrar delas e dos lugares em que viveu cada uma delas.

- Vem.. – Eu chamei todos, indo em direção as salas de aula. Todos me acompanharam.
- Sala de Matemática... – riu. – Eu quis tanto ficar longe daqui. – observou a sala pela porta.
- Sociologia.. – disse, enquanto passávamos pela sala da Sra. Dark.
- Eu gosto dessa sala. Não sei por quê.. – disse e olhou pra mim.
- Porque será? – Eu sorri fraco, lembrando de tanta coisa que aconteceu ali.
- Lembra quando tínhamos aula de Biologia juntos, ? – me olhou, apontando pra sala ao seu lado.
- É, nós levávamos todas as broncas, porque não parávamos de conversar. – Eu ri, me lembrando.
- Foi nesse corredor que nós nos conhecemos. Lembra, ? – disse, olhando para a namorada.
- É claro que eu lembro. – Ela sorriu para o namorado. – Foi... bem aqui. – Ela se recordou com uma expressão triste.
- Não é estranho? Tudo o que nós mais queríamos era terminar a escola e agora que terminamos, nós não queremos ir embora. – olhou para os amigos.
- Eu sinto uma coisa ruim vendo essa escola vazia desse jeito. – olhou para os lados.
- Eu vou sentir falta daqui, mas eu vou sentir ainda mais falta de ver vocês todos os dias. – disse com a voz embargada.
- Awn, não chora. – a abraçou.
- Nós ainda vamos continuar sendo amigos. – tentou consolar a amiga, sabendo que logo precisaria de alguém para lhe consolar.
- É o que todos dizem antes de sair da escola e irem viver suas vidas. – completou, segurando as lágrimas em seus olhos.
- Nós vamos continuar nos vendo sempre. – também tentou ajudar.
- Menos eu, não é? – Eu me referia a Nova York. – Quer dizer, eu vou estar em Nova York e vocês vão estar aqui... – Eu sorri, sentindo meus olhos começarem a arder.
- Nós nunca nos esqueceríamos de você. – sorriu de forma doce pra mim.
- Não é isso... – Eu neguei com a cabeça. – É que vocês vão continuar aqui, se vendo e tendo uns aos outros. Eu vou estar em uma cidade nova em que eu não conheço ninguém. – Eu encarei o chão e depois olhei pra eles. – Eu estou acostumada a acordar todas as manhãs e ver vocês. Vocês são a minha rotina. Eu sei que quando eu chegar aqui, eu vou encontrar vocês. – Eu voltei a olhá-los. – Mas e agora? Vocês não vão estar lá e eu não vou estar aqui. Eu acho que.. – Eu sorri, passando as mãos pelos meus olhos antes que qualquer lágrima escorresse por eles. – Eu já deveria ter me acostumado com isso, não é? – Eu neguei com a cabeça, julgando a mim mesma.
- As coisas mudam de uma hora pra outra e nós nem temos controle sobre nada. É terrível. – disse, meio pensativo. – A , por exemplo, há meses atrás nós estávamos bem. Eu tinha certeza de que tudo o que eu queria era ficar com ela o resto da minha vida, mas agora? É como se ela não me amasse mais e o pior é que eu estou me acostumando com isso. – negou com a cabeça.
- Não é fácil vida de adulto... – suspirou. - Eu lembro do meu primeiro dia nessa escola. Eu me lembro de todos vocês e agora estamos aqui, nós despedindo desse lugar onde a nossa amizade cresceu. – disse, meio chateado.
- Não vai ser fácil pra mim chegar na faculdade e olhar para os lados e não ver a minha melhor amiga, não ouvir o fingindo ser gay, não ver a e a falando de um novo clipe que saiu, não ver o falando suas frases nerds e engraçadas e não ouvir mandando eu me foder. É estranho saber que vocês não vão estar lá. – disse de um jeito meio engraçado.
- Eu já estou tão acostumada a chegar aqui em todo o inicio do ano letivo e encontrar vocês. Estou acostumada em não ter aquele medo de ‘Será que eu vou conseguir arrumar amigas?’, porque eu sempre soube que vocês eram os únicos amigos que eu precisava ter. O ano letivo vai começar e eu nem sei por onde começar. Eu estou perdida... – riu, quando percebeu que estava quase chorando.

Eu estava segurando todas as minhas lágrimas, porque eu não queria tornar aquilo mais triste do que já estava. Nós estávamos sentados naquela escada que costumávamos sentar. Eu me lembro da primeira vez que sentamos ali, todos juntos. Nós éramos 8 crianças, que só queriam sobreviver naquele mundo de popularidade e falsas amizades. Eles foram as minhas únicas amizades verdadeiras que eu tive em minha vida. Todos eles, inclusive . Não importa o que ela fez. O que importa é que ela estava naquele dia, naquela mesma escada em que nós decidimos por nós mesmos a confiar em cada um que estava ali. Nós nunca achávamos que aquilo acabaria. Acabou mais cedo com a e parecia que estava acabando com todo o resto.

Você está na faculdade e você arranja novos amigos. Os novos amigos que você terá que conviver diariamente. Foi tão fácil passar por aquilo pela primeira vez. Foi tão fácil confiar naqueles que estavam ali comigo agora, que eu tinha certeza que jamais se repetiria com qualquer outra pessoa. Ninguém tomaria os lugares deles. Não dá!

- , você está bem? – perguntou, percebendo que havia ficado calado todo esse tempo. - Eu estou, eu só não quero tornar isso mais triste. – tentou sorrir. – É uma nova fase das nossas vidas e só nós podemos escolher quem entra e quem sai dela. Eu sei que nenhum de nós está de saída, porque essa nossa amizade está apenas no começo, não é? – O sorriso dele aumentou, novamente para esconder suas lágrimas.
- É exatamente isso, . – concordou.
- A escola vai continuar aqui nesse mesmo lugar, mas a nossa amizade vai continuar com cada um de nós. Cabe a nós manter isso. – sorriu, comovido.
- Já que decidimos isso, podemos sair daqui? Eu não quero chorar. – sorriu fraco.
- Vamos.. – Todos se levantaram ao mesmo tempo da escada.
- Nós vamos comemorar? – perguntou, sabendo que o clima estava meio abalado.
- Não tem clima, né? – afirmou. – Amanhã é o baile. Nós podemos comemorar amanhã. – deu a ideia.
- Boa ideia. – concordou.
- Eu tenho que terminar de arrumar as malas mesmo. – Eu concordei.
- Então, vamos de uma vez. – apontou em direção a saída. Todos foram saindo e conversando, sem nem notar que eu e ficamos pra trás. segurou a minha mão para sairmos juntos, mas eu o segurei. Ele olhou pra trás, sem entender o porquê de eu ter parado. Eu abaixei o rosto, sem saber o que dizer.
- Então é assim? – Eu olhei pra ele, sentindo algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. – Acabou? Minha próxima despedida é você? – Eu perguntei e negou com a cabeça. Se aproximou e me abraçou, beijando a minha cabeça carinhosamente.
- Não fica assim. – sentiu as lágrimas alcançarem novamente os seus olhos. As lágrimas que ele veio evitando vieram de uma só vez.
- Eu não quero que acabe. Eu não quero começar a ter que dizer adeus.. – Eu o abracei ainda mais forte. estava sendo muito forte, muito forte mesmo para guardar tudo o que sentia dentro de si.
- Então não diga. Ainda tem amanhã. – terminou o abraço e me olhou com carinho. – Ainda tem a sua apresentação, lembra? Você vai arrasar. Tem o baile de formatura, o sonho de toda garota. Nós vamos estar juntos e vai ser incrível. Não sofra por antecedência. – acariciou o meu rosto, secando todas as minhas lágrimas. estava me dizendo o que ele precisa ouvir.
- É, você está certo. Eu tenho que pensar só no agora. – Eu completei, também passando as minhas mãos pelo meu rosto.
- Isso.. – sorriu e se aproximou pra selar os meus lábios.
- Eu preciso parar de chorar.. – Eu disse, rindo.
- É, você precisa. – também riu. – Vem, vamos... – foi em minha direção e me levantou do chão, me colocando em seu ombro. Eu parecia um saco de batata.
- , o que você está fazendo? – Eu disse, rindo.
- Você está rindo, não está? – disse, me levando em direção à saída da escola. Ele só queria me fazer rir.
- Ok, muito esperto. – Eu gargalhei ainda mais, fazendo com que ele risse junto comigo.

Nós fomos daquele jeito até o estacionamento. Todos estavam nos esperando. Fomos xingados por causa da demora, mas havia me feito esquecer todas as coisas ruins. Ele tinha o dom de fazer isso. levaria e para casa, enquanto levaria . se prontificou a me levar para casa. Nós queríamos ficar o máximo de tempo juntos.

- A apresentação já é amanhã cedo. Já fez o último ensaio? – perguntou, quando já estávamos a caminho de casa.
- Ainda não. Vou fazer antes de dormir. Eu já escolhi a roupa que vou usar, mas eu ainda não sei se vou ter coragem de cantar na frente de todos. – Eu sorri, nervosa.
- Você vai sim. Você sabe que vai. – me apoiou. – Além disso, você tem que acabar com a Jessie. – quis me dar um novo objetivo para fazer aquilo.
- É, eu preciso fazer isso. – Eu concordei entre risos. – Eu estou ainda mais preocupada com o meu vestido do baile. Quer dizer, eu comprei um, mas ele não me agradou. Foi o que eu encontrei em cima da hora. – Eu disse, irritada.
- Ele é bonito. – disse pela vigésima vez.
- É o baile de formatura! Tem que ser épico! – Eu expliquei. Garotos não entendem nada.
- Você vai com aquele e vai ficar linda. – pôs um ponto final na história.
- Ok, ok... – Eu nem discutiria mais. Ficamos em silêncio por um tempo. estava pensativo, mas ele não queria demonstrar isso, por isso ele decidiu falar alguma coisa.
- Certo e agora? – virou-se para me olhar.
- O que? – Eu não sabia do que ele estava falando.
- O seu sonho está quase realizado. Quais são os outros? Sempre tem mais de um. – quis saber.
- Os outros? – Eu disse, pensativa. – Eu sonho com um vestido épico pra usar no meu baile de formatura. Eu sonho com... o meu último dia aqui. – Eu disse e ele me olhou, sem entender. – Eu quero que ele seja bom. Eu quero me divertir. Eu quero fazer tudo o que eu não tenho coragem de fazer ou o que eu nunca fiz. Eu não quero ficar triste. – Eu expliquei.
- Esse é um sonho muito bonito. – forçou um sorriso.
- É simples, mas...é o que eu quero. – Eu disse com um sorriso fraco.

No momento em que perguntou aquilo, sabia que não deveria ter perguntado. sabia que não deveria saber a resposta daquilo, porque ele iria querer realizar aquele sonho de todos os modos. A noite havia acabado pra ele. Ele foi muito cuidadoso para que eu não percebesse isso. não queria me envolver em algo que só dizia respeito a ele.

O mundo de havia desabado no momento em que ele entrou naquela escola. Quando ele percebeu que nunca mais voltaria ali, pensou se seria a mesma coisa quando ele se despedisse de mim. Pensou se o que nós tínhamos nunca mais seria o mesmo. finalmente se deu conta de que a hora do adeus se aproximava e ele fica cada vez menos pronto pra isso.

chegou em seu quarto, depois de me deixar em casa e seu desespero já estava maior do que pudesse controlar. se deu conta de que dali dois dias eu não estaria mais ao seu alcance. Eu não estaria mais acessível para que ele pudesse me ver quando tivesse vontade. Eu estaria longe e com a cabeça em tantas outras coisas, menos nele. não conseguiu me dizer o que ele queria dizer. não conseguiu me pedir pra ficar. Simplesmente porque ele não poderia me impedir de viver o meu sonho.

Sonhos... depois de um sonho tão devastador e grande como o de estudar em Nova York pode ter se transformado em um simples sonho de ter um último dia perfeito? Eu só queria ter o dia perfeito, eu só queria ser feliz no meu último dia em Atlantic City. Eu só queria ser tudo o que não conseguia ser há dias, pelo simples fato de saber que eu vou partir.

Pela primeira vez na vida, pensou em se colocar na frente de tudo, inclusive de mim. pensou em ser prioridade pra si mesmo. pensou em ir até a minha casa e dizer que tudo o que ele mais queria na vida é que eu ficasse. Ele não conseguia ser assim, ele não conseguia pensar em qualquer coisa que ele pudesse fazer que não fosse o melhor pra mim. sabia que o melhor era estar em Nova York, mas doía tanto.

As almofadas que estavam sobre a sua cama agora estavam no chão, o porta retrato estava quebrado e os lençóis de sua cama estavam espalhados pelo quarto. O violão provavelmente tinha desafinado com a raiva em que quase o jogou no chão. Raiva por saber que era tão mais fácil me deixar realizar o sonho mais impossível, do que o mais fácil. A raiva e o desespero fez ele tomar uma grande decisão.

Eu acordei, achando que tivesse ouvido o meu celular tocar. Vi o relógio em minha frente e vi que eram 3 da manhã. Voltei a fechar os olhos, ninguém me ligaria aquela hora da madrugada. Eu devia estar sonhando. O barulho do celular continuou a me atrapalhar e eu voltei a abrir os olhos. Me levantei um pouco e olhei para ver o celular e percebi que a luz do seu visor estava acesa. Droga, estava mesmo tocando! Me sentei na cama, ainda com os olhos quase fechados e peguei o celular, sem ao menos ver qual era o nome no visor.

- Alô? – A minha voz falhou na hora de dizer. Isso geralmente acontece, quando você atende o telefone no meio da madrugada.
- Hey, é o . – sorriu sem mostrar os dentes ao ouvir aquela voz de sono. As lágrimas estavam presas aos seus olhos.
- Hey.. – Eu também sorri, simplesmente por saber que era ele. Passei a mão pelo meu rosto, tentando despertar de vez.
- Eu sinto muito ter te acordado. – estava de pé no centro do seu quarto. Toda a bagunça que havia feito estava em torno dele agora.
- Não tem problema. – Eu neguei com a cabeça como se ele estivesse ali na minha frente. – Porque você ainda está acordado? – Era estranho, considerando que eram 3 horas da manhã.
- Eu... não estava conseguindo dormir. – levantou o seu rosto, que antes encarava o chão.
- Porque não? Tem alguma coisa errada? – Eu olhava fixamente para o meu edredom, que estava sobre a parte debaixo do meu corpo. não respondeu. - Tudo bem? A sua voz.. está estranha.. – Eu já fiquei preocupada.
- O tempo está acabando. – encarou o chão de seu quarto.
- Que tempo? – Eu ainda estava lenta.
- Nosso tempo. – passou a mão pelo seu cabelo, sentindo uma enorme dor em seu coração.
- Nós temos mais amanhã, lembra? – Eu tentei apoiá-lo da mesma forma que ele havia feito naquele dia mais cedo
- Não... nós não. – negou com a cabeça, se esforçando para não deixar uma só lágrima escorrer pelo seu rosto.
- Do que você está falando? – Eu comecei a tremer e os meus olhos começaram a querer lacrimejar.
- Você não pode realizar o seu sonho comigo por perto. Eu não posso... – sentiu as lágrimas finalmente escorrerem pelo seu rosto. – Eu não consigo. – ainda se segurava para não deixar o choro transparecer em sua voz.
- , o que você está fazendo? O que você está dizendo? Eu não estou entendendo. – Meus olhos se encheram de lágrima de vez.
- Eu não estou bem. A verdade é que eu não consigo lidar com isso. Eu nunca consegui.. – fez uma pausa. – Eu não posso dar a você o seu último dia feliz, porque provavelmente será o pior dia da minha vida. – finalmente conseguiu dizer.
- Você está querendo dizer... – Eu ainda não havia entendido.
- Eu não posso ver a sua apresentação. Eu não posso ir ao baile com você, porque você merece ter o melhor último dia e seu eu estiver com você, eu sei que não vou conseguir te deixar feliz, por que... – fez a pausa por causa de seu choro. – Porque eu simplesmente não consigo parar de chorar. – se sentiu a pessoa mais fraca do mundo. – Me desculpa.. – terminou a ligação, porque precisava descarregar todo aquele choro. Ele não sabia se eu o perdoaria dessa vez.










CONTINUA...









Nota da Autora: 


Hey! Então, eu espero que estejam gostando da fanfic. Está dando muito trabalho, mas eu estou AMANDO escrevê-la. Eu me inspirei em uma outra fanfic que eu li e fiz as minhas MUITAS alterações (com a autorização da autora da mesma). Como vocês já perceberam, ela está em andamento. Eu vou postar de acordo com o que eu for escrevendo. 

Vocês devem ter percebido que nessa fanfic, os Jonas não são tão 'politicamente corretos' e nem tem uma banda. Eu achei legal fazer uma coisa diferente.

Enfim, deixe o seu comentário aqui embaixo. A sua opinião é importante, pois me incentiva a escrever ainda mais e mais.

Beijos e qualquer coisa e erro, mandem reply pra mim lá no @jonasnobrasil . 


12 comentários:

  1. Estou amando a fic! Nunca passou pela minha cabeça que tudo isso iria acontecer no 39!

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  2. OMG! ME DIZ POR FAVOR QUANDO MAIS OU MENOS VC VAI POSTAR A PARTE 2?
    EU AMO ESSA FIC VEI!

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  3. Caralho!! Mds. To surpresa do mesmo jeito que a protagonista ficoo ver o melhor amigo. Gente. Eu nao esperava isso desse capitulo, voce consegue me surpreender sempre com suas novas ideias. Melhor fanfic que eu ja li, serio. Amo o jeito que voce escreve, cada pedaco, cada detalhe... É tudo!! Serio. Parabens!! Esperando anciosamente pela parte 2!

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  4. Socorro, q perfeita *----------* Agr como vc posta mes q vem o 40 dá tempo de reler toda a fic de novo =3

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  5. CARAAAACA RAISSA! ILAHY MRXR MUUUUITO COMIGO :'''''''')
    AI QUE PENINHA DO MEU JONAS CARA :'( SÓ DIGO UMA COISA: QUERO FINAL FELIZ EM!! *---*
    TENHO QUE COMPRAR MAIS LENÇOS PARA O CAP 40 NÉ KKKKKK

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  6. Mês que vem nada! Tem que postar logo antes que mate todo mundo de curiosidade!
    Você passou praticamente mais de um mês para escrever que pensei que seria muito maior ou pelo menos tivesse feito o 40 logo!
    Anyway... o capítulo tá ótimo! Me arrependo amargamente de ter começado essa fic, porque eu agora tô viciada e falto ter um troço esperando pelo proximo capitulo... kkkkk

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  7. Sinceramente eu não sei se vou conceguir ler o cap 40 porque é impossivel não chorar e acho que até o final eu vou estar desidratada.Enfim amei o cap 39 chorei horrores mas não importa,o que importa é que você esta de parabéns,você é muito talentosa.

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  8. Poooosta logo o cap 40!!!!! Amooo sua fiic <33 bjoos

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  9. Poooooooossssssssssta o 40 loooggoooo! Leio sua fic e amo ela

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  10. Nossa eu estou viciada na sua fic é perfeita,cara eu chorei muito ja estou ate imaginando no ultimo capitulo,continua pfff !!!!!!!!!

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  11. Posta o 40. Eu to muito viciada nessa Fic. Eu to Amando A história. Eu preciso do capitulo 40. Eu Preciso da continuação agora.

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  12. Eu choro praticamente em todos os capitulos. Posta logo o quarenta. Eu precisooooo do 40

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